Opinião

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Pais, acolham seus filhos adolescentes. Eles podem estar sofrendo…

 

Cristina Thomaz*

Quando começou a pandemia da Covid-19, o isolamento social foi a principal medida tomada pelas autoridades governamentais e da saúde para evitar o contágio em massa – que poderia colapsar o sistema de saúde.

Estávamos em meados de março. Muitos de nós não imaginavam as consequências deste isolamento. E, principalmente, a duração. Lá se vão quase quatro meses …

Vamos voltar os olhos para os nossos adolescentes?

Imagine que, de um dia para o outro, por causa de uma doença que nem conhecemos direito, eles não puderam mais ir à escola. Perderam o convívio diário com os amigos num espaço que era só deles: na escola, não tem pai e mãe. Lá, se vivem outras histórias, tem muito aprendizado e descobertas. Sim, eles reclamam das atividades, das provas, mas … como tudo isso faz falta!

Os adolescentes têm saudades dos amigos, dos professores, das conversas, do esporte. Tem também os amores, as festas e encontros combinados ao longo da semana. “Cadê tudo isso? Por que está demorando tanto a voltar? Cadê minha vida, aquela rotina à qual eu estava acostumado?”

Agora, a interação social e o aprendizado acontecem intermediados por uma tela. Por mais que os adolescentes conheçam como ninguém este meio tecnológico – e o use, muitas vezes de forma excessiva – a presença, convívio, o contato têm feito muita falta.

Pais, acreditem, eles estão sofrendo. Uns conseguem verbalizar, reclamar, chorar até … e pedem ajuda. Outros, porém, estão sofrendo sozinhos – muitas vezes, nem por falta de espaço para se expressar, mas por não conseguirem traduzir uma eventual angústia em palavras. Podem apresentar sintomas depressivos – estão mais quietos em seus quartos, mais calados, sem disposição ou vontade de acompanhar as aulas on-line. Podem estar ansiosos, com dificuldade para dormir e até apresentar sintomas como falta de ar, taquicardia, sudorese sem que haja uma razão física.

Por isso, cabe aos pais olhar mais para os filhos adolescentes. É de vocês a responsabilidade pela saúde mental dos seus filhos. Mas, calma: como mãe, eu não estou aqui para crucificá-los. Todos nós sentimos – de alguma forma – algum baque causado por esta pandemia.

Alguns perderam o emprego. Outros, tiveram redução em seus rendimentos. E aqueles que ainda estão com seus negócios fechados? É difícil estar bem com tantas perdas financeiras, a gente sabe…

Têm também os pais que adoeceram ou perderam entes queridos. Têm os que estão paralisados pelo medo. E, acreditem, há muita gente com depressão, crise do pânico ou ansiedade.

Fica difícil, sim, olhar para as necessidades dos filhos se tudo parece estar tão fora de ordem.

Mas, apesar de todo este contexto tão desafiador, temos os nossos filhos para cuidar. Eles não podem ser esquecidos ou negligenciados. E precisamos estar bem para conduzir nossa família por esta travessia tão sinuosa. É difícil enfrentar tudo isso, mas acreditem: para os nossos adolescentes, é mais difícil ainda. Eles cresceram, é verdade, mas precisam de colo, conversa, acolhimento, carinho e cuidado.

Pais, se eu posso dar algumas dicas, com base em tudo o que estudei e ainda estudo na Psicanálise, e também com base no que vivencio em casa, aí vão … A primeira delas é:  se cuidem! Se necessário for, busquem uma ajuda profissional para que a saúde mental de vocês estejam em dia. Com as emoções em equilíbrio, será mais fácil atravessar este momento e dar o apoio que a família necessita. E o mais importante: não minimize a dor do seu filho. Não ache que é besteira ou “mimimi” quando ele reclama que não está bem ou está triste. Não somos capazes de medir o tamanho do sofrimento de ninguém. Nem dos nossos filhos.

*Jornalista e psicanalista

E-mail: [email protected]; Instagram e Facebook: @psicanalisecristinathomaz

Falta gari no voto

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Varre varrevasourinha

Varre varre a bandalheira

Que o povo já está cansado

De sofrer dessa maneira.”

Essa coisa, aí encima, é parte da musiquinha que o povo cantava na campanha do Jânio Quadros, ao Governo de São Paulo. E isso no início da década dos cinquentas. Assistindo à televisão, ontem à tarde, refleti sobre a condição política do mundo, sobretudo nas últimas seis décadas. E isso porque foi um época que vivi intensamente. A bagunça que está acontecendo nos Estados Unidos nos indica que entre nós, brasileiros, o que está faltando para melhorar a política, são vassouras de piaçaba, para varrer voto. Porque, cá entre nós, só quem viveu a política a partir do Getúlio Vargas, sabe como analisar os desajustes de hoje. Porque nada mudou.

A bagunça que se formou depois da “Renúncia” do Jânio continua até agora. Os mesmos ingênuos que cantavam a musiquinha do Jânio estão aí, só que sem músiquinha. Quem se preocupou em descobrir, o descoberto, com a resposta do Jânio, quando lhe perguntavam o porquê de sua renúncia? Nunca prestou atenção a isso? O repórter mais comentado na época foi o Tico-Tico. Ele conhecia e escreveu toda a trajetória, do Jânio, até mesmo a visita dele ao Fidel Castro, dias antes da “renúncia”. As aspas aí são por minha conta. É que nunca parei de rir quando me lembro da fanfarra do Jânio, tentando fingir uma renúncia. E o tiro saiu pela culatra. E sabem onde estão, ou está, o que o Jânio chamava de forças ocultas? O Tico-Tico sabia.

Mas tudo bem. Vamos deixar o Jânio, o Auro de Moura Andrade, o Porfírio da Paz e tantos outros daquela história, que era mais uma estória, de lado e vamos cuidar dos nossos estoriadores. E o mais importante é que tudo está em nossas mãos. Nós, os garis da política que ainda não conseguimos entender o quanto temos que varrer na varrredura eleitoral. Vamos mirar nos exemplos dos países desenvolvidos, mas não para imitá-los, mas para aprender com eles, o que não devemos fazer. Aprendermos com seus erros, ensinando-lhes o que eles não conseguem ver no atrasa político. A Cultura Racional, no seu livro “Universo em Desencanto” nos diz: “O ser humano é o mais hediondo dos animais sobre a face da Terra, em função dos crimes que pratica contra a Natureza.” E mesmo como animais, apelidados de racionais, fazemos parte da Natureza. E esta não está somente nas matas, mas nos centros urbanos, onde vive a maioria de nós.

Não nos esqueçamos de que a política é um dos instrumentos mais importantes para o desenvolvimento da humanidade. E sem educação nunca haverá uma política adequada ao desenvolvimento humano. Pense nisso.

*Articulista

E-mail: [email protected]

95-99121-1460