Opinião

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ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL, EXERCÍCIO FÍSICO E SONO REPARADOR – O TRIPÉ QUE SUSTENTA A QUALIDADE DE VIDA

Eugênio Patrício de Oliveira*

Já parou para analisar como está a sua vida? Não? Então vamos analisar agora a qualidade dela. Pense quantas horas você trabalha por dia e quantos dias na semana. Como se alimenta no decorrer do dia, incluindo os lanches não previstos ao se confraternizar com os amigos. Quanto tempo realiza exercícios físicos. Quantas horas de sono por dia e a qualidade desse sono. E principalmente, se estás feliz com toda a sua rotina.

Percebeu que algo não está certo? São mais do que oito horas diárias de trabalho, com menos de oito horas de sono? Ou sua alimentação está bem ruim, comendo muito Fast Food e frituras? Você não é o único que vive assim. Na realidade a maioria das pessoas possuem uma qualidade de vida ruim e nem sequer percebem isso. A rotina é tão pesada que resta pouco tempo até para pensar que algo não vai bem.

Após a Revolução Industrial, as pessoas passaram cada vez mais a trabalharem muitas horas por dia, a levar trabalho para casa ou se submeterem a regimes de trabalhos escravizantes. Tempo para o almoço ou descanso foram encurtados para poucos minutos e a recompensa salarial se manteve quase sem acréscimos. Com baixos salários e pouco tempo em casa as refeições passaram a ser as que mais facilmente são preparadas como os fast food. E ainda, pelo regime escravizante, resta pouco tempo para as atividades físicas e de lazer.

Diante disso, a qualidade de vida da maioria dos trabalhadores assalariados tende a ser regular a ruim. E assim favorecendo a ocorrência de doenças metabólicas como diabetes, hipertensão arterial e obesidade. Esse conjunto de fatores piora a qualidade do sono e ainda a intensidade e frequência de dores como cefaleia e dores osteomusculares.

O que fazer então, já que a maioria precisa se submeter a uma jornada de trabalho cansativa? Fazer uma Metanóia! Metanóia é uma palavra grega que quer dizer – Mudança de pensamento. E é exatamente isto que é necessário ser feito – Mudança do Estilo de Vida.

Para melhorar qualidade de vida é fundamental o tripé: alimentação saudável, exercícios físicos regulares e sono reparador. E esse tripé só é levantado quando o indivíduo passa a pensar diferente e a agir diferente. Vamos falar hoje brevemente de cada um deles e os seus benefícios. Nas semanas seguintes iremos expor mais detalhes sobre esse tripé.

Dentro de uma rotina pesada é de se esperar que haja pelo menos 30 minutos por dia para se dedicar a uma atividade física. Esse é o tempo mínimo considerado para iniciar um exercício físico. Que pode ser academia, caminhada, corrida, pedalada, ou algum esporte como futebol ou vôlei. O importante é se movimentar de maneira contínua e prazerosa.

Alimentação saudável é um desafio complicado. Visto que os produtos naturais tendem a ser mais caros que os industrializados. Porém, a dica de hoje é investir em frutas, verduras e legumes no decorrer do dia. São produtos baratos e com alto teor de nutrientes.

Quanto ao sono reparador é necessária uma investigação sobre o que está levando a insônia ou indisposição ao acordar. Algumas dicas: deligue a TV uma hora antes de ir dormir, não fique com o celular no quarto, somente deite na cama quando estiver com sono, cultive o hábito da leitura antes de dormir e evite tomar café depois das 16 horas.

Não é fácil modificar hábitos, porém é uma construção diária em que a cada dia algo a mais vai sendo modificado. Não tente mudar tudo de uma vez. Mudanças bruscas tem uma grande chave de darem errado. Invista em sua vida e na qualidade dela. Viva mais e viva melhor.

*Médico – Cuidando de Pessoas com Dores Crônicas

 

A ESCOLA ESTÁ FORMANDO “NOVOS” CIDADÃOS?

Flavia Sucheck Mateus da Rocha*

 

É ousado pensar no futuro, mas necessário, quando refletimos sobre que cidadãos estamos formando, enquanto professores de crianças ou adolescentes. O que a nova sociedade esperará do ser humano daqui a alguns anos? Que habilidades precisamos desenvolver nos estudantes da Educação Básica para que eles estejam aptos a viver, conviver e tomar decisões acertadas no futuro?

Temos lido sobre o novo normal e sobre as adaptações que a crise vivenciada pela pandemia do coronavírus trará. Também já se discute sobre os impactos no mercado de trabalho, nas profissões e no modo de viver. Estima-se que novas profissões surjam e a maneira de trabalhar também se altere. O home office pode se tornar definitivo e a mobilidade humana pode ser significativamente alterada. Todas essas suposições e possibilidades convergem em um ponto: mudanças.

Ao longo da história, grandes crises, guerras ou revoluções foram causando mudanças no modo de vida do ser humano. O desenvolvimento científico e tecnológico alterou a forma do homem se comunicar e se informar. O mercado de trabalho também experimentou transformações contínuas no caminhar da sociedade. Mas a escola, embora tenha tido sutis transformações, acabou insistindo em um modelo mais tradicional, com aulas expositivas, alunos enfileirados e foco em conteúdo.

O momento é de reflexão. Focar apenas em conteúdos garantirá que os estudantes desenvolvam as competências e habilidades que serão solicitadas deles no novo normal? Insistir em modelos tradicionais de ensino realmente contribui com a atuação desses estudantes na sociedade contemporânea?

Se pensarmos nos jovens adultos atuais e no conhecimento que eles possuem sobre ciências e matemática, podemos considerar que o sistema educacional dos anos 1980 ou 1990 foi eficiente? Temos percebido a dificuldade dos pais em auxiliar os estudantes com os conteúdos, agora que experimentam o ensino remoto. Nesse sentido, é possível imaginar que um ensino tradicional e focado em conteúdo não possibilitou uma aprendizagem significativa, já que muitos pais têm precisado de auxílio até em conceitos das séries iniciais. Ainda focando nesses adultos, quantos deles fazem afirmações equivocadas sobre ciências? Quantos deles, diante de uma doença tão cruel quanto à Covid-19, têm realmente respeitado o isolamento social e contribuído com o próximo?

Que tipo de ser humano desejamos para o futuro? Se não for possível sairmos pessoas melhores dessa crise, que nossa sociedade seja melhor no futuro. Então, o caminho é pensar na educação das crianças, dos adolescentes. E a escola faz parte desse processo. Por isso, considero importante que, nessa fase, toda a comunidade escolar se reúna para refletir e discutir sobre o que precisa ser mudado para que a preparação dos estudantes contribua para que eles desenvolvam as habilidades necessárias para o novo normal.

Algumas dessas habilidades já vinham sido discutidas mesmo antes da pandemia: criatividade, capacidade de resolver problemas, trabalho em equipe, versatilidade. Hoje, percebemos que muitas outras habilidades são bem-vindas: empatia, respeito, tolerância, alteridade. Além disso, notamos a importância de um amplo conhecimento a respeito das tecnologias digitais. Outro aspecto importante se refere à criticidade diante de tantas informações disponíveis na internet. Por isso, a escola precisa sim focar em conteúdo, pois eles são extremamente importantes. Somente com conhecimento científico, o cidadão pode realmente tomar as melhores decisões. Mas, mais do que nun
ca, notamos uma urgência em ir além, em se preocupar com um completo desenvolvimento do estudante, com valorização de suas características individuais, com desenvolvimento de inteligência coletiva e com criação de possibilidades para que muitas e novas habilidades sejam desenvolvidas.

Que nossa futura sociedade seja melhor, sem crise, sem vírus, com cidadãos com conhecimentos e habilidades suficientes para uma vida digna. E que nós, professores, tenhamos orgulho de ter contribuído com a formação desses novos cidadãos.

Professora mestre, docente na área de Exatas da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter

O TEATRO DA VIDA

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charlie Chaplien)

A verdade é que estamos sempre dançando. Ou comemorando a vitória, ou chorando a derrota. Por isso, vamos viver como se estivéssemos no palco. Refleti sobre isso, ontem, numa caminhada pelo calçadão da praia. E a reflexão veio antes de eu sair para a caminhada. Como sempre, cheguei até a varanda e percebi que o movimento havia melhorado. As pessoas caminhavam pela Praça externando uma beleza que há dias eu não contemplava. Aí percebi que eu estava dando mais atenção ao feio do que ao bonito. Não pude deixar de sorrir.

Mas o mais interessante foi quando observei uma senhorinha que se aproximava. Estatura média, caminhar acelerado, para a idade que ela mostrava ter. Mas o que me chamou mesmo a atenção foi o seu cabelo. Branquinho e bem clarinho. O corte era bem curtinho e bem arrumadinho. A cor branca chamava a atenção pelo que refletia. Era brilhante. Ela passou em direção à Candapuí Norte. E minha atenção assumiu outra maravilha, bem jovem. Uma garota lindinha, caminhando elegantemente, como se estivesse numa passarela. Porque afinal, estava. Pelo menos pelo que eu via.

Percebi que meu dia estava para contemplações. Resolvi ver como as coisas andavam lá pela praia. E pra criar coragem, resolvi ir cortar o cabelo. E lá fui, entusiasmado, caminhando rumo à praia. Foi outra delícia. Tudo me parecia bonito e encantador. E pra variar, o mais bonito vinha exatamente naqueles rebolados, em caminhadas lindinhas, rumo à praia. Novamente sorri.

O salão estava fechado. Até gostei. Eu iria perder tempo cortando os cabelos, quando havia tanta coisa bonita e prazerosa para eu admirar e desfrutar, mesmo em pensamentos. E continuei a caminhada. O mar não estava brabo. Ondas branquinhas como os cabelos daquela senhora da Praça. O barulhinho penetrava pelos meus ouvidos como se fosse uma canção de ninar. Quase ninguém passeando pela areia gostosa de ser pisada. E todos mascarados. O que tentou me tirar da admiração mais importante do que o descaso. Aí continuei caminhando.

Lá na frente, voltei. E sem me esforçar, continuei admirando o que me faria feliz durante o dia que se iniciava. No final das contas, ele, o dia, veio para ser vivido, e não para ser rejeitado. Aí senti vontade de bater esse papo com você. Não sei se você gostaria de estar nessa caminhada comigo, admirando a beleza natural. E, com certeza, a beleza natural está na beleza humana, quando a sabemos admirar. Pense nisso.

*Articulista

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