Opinião

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DIAS EM NOITES, NOITES EM DIAS   Tamille Cunha*

Boca seca, batimentos cardíacos acelerados, sensação de dormência, dor de barriga, náuseas, dor de cabeça, tensão muscular, falta de ar, “nó” na garganta. Tudo isso é sentido desde a adolescência e desde essa época sabia que era diferente das demais pessoas, só não sabia nomear o distúrbio que o torturava. Entendia que o que acontecia em seu interior não era normal, porque acordar com a sensação de sufocamento e/ou perder a consciência a qualquer momento, com isso, vinha o medo de não haver ninguém por perto para ajudar, o fazia paralisar, diante de tudo que sabia que precisava fazer, mas aflição, a agonia que aquilo causava. O desassossego de querer fazer tudo e ao mesmo tempo não conseguir fazer absolutamente nada, o imobilizava.

A luta diária contra os próprios pensamentos, contra a mente que raramente se aquietava, o levava à exaustão, e assim o inabilitava até mesmo de sair da cama para viver a rotina diária. Também tarefas mais simples, como assistir TV, comer, tomar banho, eram um grande tormento durante os dias em que briga consigo mesmo. O hábito de sempre se precipitar, de querer controlar o que não depende de si, de pensar demais e acabar não agindo quando deveria, em procrastinar as obrigações, o medo do fracasso, a insegurança que o fazia pensar ser insuficiente, de se importar demais com a opinião dos outros, de não saber lidar com as frustrações, resultam em consequências por vezes pesadas, as quais não ocorrem a uma pessoa que não possui esse transtorno, que não precisa conviver e sobreviver a isso.

As emoções quase sempre estão sem controle e desordenadas. É um sentimento que inclusive causa dor física. Muitos imaginam que é tolice ou falta de consideração quando decide cancelar algo em cima da hora. Isso e outras situações fazem quase que constantemente se desculpar em demasia, por sentir que causa incômodo às pessoas com as quais convive. São vários dias de tensão, de choro compulsivo, de só conseguir adormecer por volta das 3h ou 4h da madrugada e, ainda assim, acordar diversas vezes, confuso, assustado, aéreo. Ao lhe perguntarem se está tudo bem, normalmente responde que sim, para não ter de explicar pelo o que tem passado. Aliás, quase nunca realmente querem entender ou se propor a ajudar.

Tudo isso que aqui descrito, é só para promover uma reflexão aos que não sentem, aos que não precisam “matar um leão” por dia, a fim de não ser devorado pelo transtorno de ansiedade, para que tentem ter o mínimo de compreensão do que isso significa e o que provoca na vida do indivíduo que enfrenta e se esforça para superar esse problema. Não é necessário críticas ou julgamentos, apenas respeito pela luta constante de quem encara esse turbilhão de sensações.

*Historiadora, servidora pública e mãe

ENQUETE: VOCÊ É CONTRA OU A FAVOR DO FUTURO?

Ciro Campos*

Esta semana foi lançada uma enquete para saber se a população é contra ou a favor da construção da Hidrelétrica do Bem Querer, no rio Branco, o maior rio de Roraima.  A enquete está aberta no site do Fórum de Energias Renováveis de Roraima (energiasroraima.com.br). Ainda é cedo para especular o resultado da enquete mas, seja qual for, os organizadores acertaram em fazê-la, colocando em evidência um tema que tem enorme importância e pouca visibilidade. E que está mais perto do que se pensa: os estudos estão em andamento e a usina deve ir a leilão em 2023.

A enquete não tem a pretensão de ser uma pesquisa de opinião, esta sim, capaz de apurar o que pensa a população. Mas pode ter sucesso se for capaz de chamar atenção para o tema. Grande parte da população ainda nem sabe como votar nessa enquete porque não sabe como seria a usina, qual o tamanho do lago, qual a altura do muro, onde seria, e como esse projeto afetaria as nossas vidas, para o bem ou para o mal. É por isso que essa enquete é tão importante, para mostrar que ainda há tempo para saber mais e opinar, a favor ou contra, uma obra que pode mudar o nosso estado – e as nossas vidas – para sempre. 

Mal ou bem o governo federal está tentando resolver o problema da energia em Roraima. Mais mal do que bem, em minha opinião – o que já sugere o meu voto na enquete. Agiu mal porque demorou a agir, teve vinte anos após a ligação com a Venezuela e fez muito pouco nesse tempo. Quando tentou fazer, no caso do Linhão de Tucuruí, não fez direito. Foi incapaz de negociar um acordo respeitoso com os Kinja (Waimiri-Atroari) e com a lei. Os índios foram acusados, mas depois se viu que o atraso se deve ao desacerto entre o governo e a empreiteira. E para piorar, quando chegou a hora de apostar na geração local, repetiu a aposta do século passado, a hidrelétrica do Bem Querer, um projeto obsoleto, caro e impactante. 

Mas o governo acertou em 2019, quando realizou o leilão de energia para reduzir a dependência de combustíveis fósseis a partir de 2021, limpando um pouco a energia e incluindo o empresariado local na solução do problema. Acertou também quando chamou o 1º leilão de eficiência energética do país, que vai acontecer em Roraima e tem um potencial enorme. E mesmo que o leilão de 2019 não tenha sido realizado até o fim, o mercado de energia solar e eólica sinalizou claramente que poderia – e ainda pode – entrar com fôlego na matriz energética de Roraima, assim como as empresas de armazenamento de energia.

Não é mais necessário mostrar números impressionantes de como outras fontes de energia como o sol, o vento e a biomassa, que temos de sobra em Roraima, estão mais baratas e crescendo no Brasil e no mundo. É um movimento imparável, que está ganhando velocidade, e logo ter energia solar em casa vai ser tão comum quanto ter um celular. 

As grandes hidrelétricas, portanto, estão com os dias contados. Entretanto, as últimas unidades deste modelo obsoleto ainda podem sair da prateleira. E Bem Querer é uma delas. Infelizmente trata-se de um projeto ruim, e não adianta botar a culpa nos engenheiros, porque não dá para fazer um bom projeto quando a geografia é tão plana que é preciso caminhar mais de oito quilômetros para conseguir um metro de queda.

O impacto ambiental seria enorme, e irreversível, para o rio, para a natureza, e para a sociedade como um todo. E dificilmente esta hidrelétrica vai entregar energia limpa, pois o seu lago gigante emitiria gás metano em quantidade equivalente ao gás carbônico das usinas termelétricas, igualmente ruim para a atmosfera. Grande também seria o impacto social, que sempre acompanha estas obras, tornando cidades pacatas em campeãs de violência.

Neste momento seria prudente e muito oportuno ouvir a população e o empresariado de outras cidades que receberam hidrelétricas, pessoas que também sonharam com a parte boa do projeto, mas depois descobriram que a parte ruim era tão grande que não compensava. 

*Analista do Instituto Socioambiental – ISA

O BOM HUMOR

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O bom humor é contagiante: espelhe-o. fale de coisas boas, de saúde, de sonhos, com quem você encontrar. Não se lamente, ajude as outras pessoas a perceber o que há de bom dentro de si.” (Aristóteles Onassis) ,  Nunca se sinta como uma pessoa estranha por ser alegre e divertido, ou divertida, desde que não seja vulgar. Quando aprendemos e respeitamos, sabemos como ser agradável com os outros. E nada importa se somos amigos ou desconhecidos. O importante é que haja respeito. E a coisa anda meio confusa, atualmente. Mas nossa importância está no que somos, e não no que pensam ou dizem que somos. Simples pra dedéu.

M
antenha-se sempre alegre. A alegria se propaga, independentemente das atitudes. Ela, a alegria, tem a força do poder. Não amamos com tristeza, nem com mau humor. Tudo que acontece em nossas vidas faz parte de vida. Quando nos entregamos à derrota somos derrotados. Assim como você nunca encontrará uma solução enquanto estiver centrado no problema. Não importa o que aconteceu de ruim pra você. O importante é que você aprenda a aprender com o resultado positivo do seu comportamento diante do acontecimento.

Vá sempre em frente. Todas as porteiras da vida estão abertas. O importante é que saibamos escolher que porteira abrir, e seguir a vereda certa na escolha. É só você saber escolher. E você nunca escolherá uma boa vereda dirigido, ou dirigida, pelo mau humor. Seja agradável com você mesmo, ou mesma. Busque sempre a felicidade dentro de você mesmo. Porque é aí que ela está. Quando você sai por aí procurando a felicidade, você está enganado, procurando apenas algo que lhe desperte para a felicidade que está em você. E é só isso.

Comece a ser feliz respeitando o fato de que somos todos iguais nas diferenças. E só entenderemos isso quando entendermos que as diferenças não fazem diferença. Cada um de nós está no seu grau de evolução racional. E o que devemos fazer é fazer o melhor nas próximas horas que iremos viver. Porque quando evoluímos não perdemos tempo com o que não nos trouxe evolução, do passado. O que nos ensina a viver o presente, preparando o futuro. Quando fizermos isso estaremos preparando o futuro dos nossos futuros descendentes. 

Faça sempre o melhor que você puder fazer no que faz. Só assim você será feliz para transmitir felicidade com seu bom humor. “A vida é uma peça de teatro que não admite ensaio.” E cada um de nós está na ribalta do palco da vida. E você não é diferente. Porque somos todos iguais. As diferenças serão extintas com o bom humor. E este não nos custa nada. O Universo está à nossa disposição. Cabe a você escolher. Pense nisso.

*Articulista Email: [email protected] (95)99121-1460