Opinião

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SETEMBRO AMARELO

Dolane Patrícia*

Setembro Amarelo é uma campanha brasileira e prevenção ao suicídio que teve início no ano de 2015, através de uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida e da Associação Brasileira de Psiquiatria.

O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, um dia que foi criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde.

Inclusive, é também é um tipo de chamamento para que as pessoas percebam que podem ser amparadas em momentos difíceis da vida, para que não cheguem a pontos extremos como o suicídio.

No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte de jovens. 90% dos suicídios poderia ser evitado com ajuda psicológica e com realização de campanhas.

“Todo mês é Setembro Amarelo. Todo dia é Dia D. E essa é uma semana para refletir sobre o tema. A data surgiu há 25 anos. A cor da campanha foi adotada por conta da trágica história de Mike Emme, um jovem americano, de 17 anos que, em 1994, tirou a própria vida dirigindo seu carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem passando pelo mesmo desespero”

A fita amarela virou símbolo do dever de conscientização, de todo mundo, sobre o tema palavras de ajuda e esperança foram colocadas em papel amarelo brilhante e compartilhadas  sendo posteriormente adotadas no mundo inteiro, como símbolo de vida e esperança, com o objetivo de conscientizar a comunidade como um todo do grave problema de saúde pública que é o suicídio.

Nesse contexto, é necessário ter cuidado com as pessoas que possuem doenças como depressão, pois, cada ato de gentileza pode fazer muita diferença, assim como as  palavras, que não são pedras, “mas se forem jogadas com força, machucam”, uma realidade dita numa frase de um autor desconhecido que retrata de forma bem profunda a gravidade de problemas como bullying, uma forma de agressão  psicológica que causa feridas muitas vezes incapazes de serem cicatrizadas.

Falar é sempre muito importante, por isso, nunca permita ser maltratado em silêncio, fale com um amigo, um parente, não permita que essa dor exploda em forma de doenças como a depressão, fale dos seus sentimentos.Ademais, nos lugares em que existem programas de prevenção ao suicídio se conseguiu perceber a redução das estatísticas existentes.Por isso que em Roraima, várias campanhas estão sendo realizadas por vários órgãos em parceria com o Ministério Público de Roraima, onde a Promotoria de Saúde tem desempenhado um papel extremamente relevante.

A psiquiatra Elimar Jacob sobre a importância do tema na pauta de discussão social: “Por muito tempo, foi considerado um pecado, uma fraqueza individual, considerações sempre negativas que a pessoa e toda família ficavam estigmatizados, como se fosse algo contagioso ou uma desonra. As pessoas foram reprimidas de falarem a respeito e porque tinham vergonha de confessar que pensavam nosso, sofriam e, em alguns casos, isso levava à morte”.

A profissional salienta que a Sociedade Brasileira de Psiquiatria considera que a depressão é a principal causa que pode levar alguém a querer tirar a própria vida:

“A depressão é a base da ação. O conceito que adotamos atualmente é de que ninguém suicida se não tiver deprimido. Outros acontecimentos podem contribuir para a pessoa entrar em um pensamento negativo, depressivo, ela sente a vida se afunilar e não enxerga outra saída que não seja o desaparecimento dela, para evitar o sofrimento”, explicou, além de orientar  as pessoas a apoiarem quem estiver nesta situação e indicarem que há ajuda médica para quem precisa.

O Brasil é o oitavo país com mais suicídios no mundo, mas em número de casos por 100 mil habitantes o país passa a ser o 113.º do ranking mundial. O estado do Rio Grande do Sul tem mais casos por habitantes. E o Rio de Janeiro, menos.

Importa salientar que  tratar as pessoas sempre com gentileza é muito importante  porque as doenças emocionais são silenciosas, não escolhem raça e nem mesmo  classe social e as pessoas que possuem essas doenças são pessoas fragilizadas e toda a dor é maximizada, os sentimentos muito intensos e sua situação pode se agravar diante de situações discriminatórias e vexatórias. 

Nesse contexto, é importante destacar a importância de falar sobre o assunto e incentivar a superação, lembrar que a pessoa não está sozinha e rememorar também que é importante deixar o passado para trás e que ainda é possível sonhar.

Afinal, como dizia Abraham Lincoln, o êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas pelas dificuldades que superou no caminho.

*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira, Pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito de Família, Pós-graduanda  em Direito Empresarial, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia. Acesse dolanepatricia.com.br. Baixe o aplicativo DolanePatricia

O VOO ETERNO

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A águia voa sozinha, os corvos voam em bando, o tolo tem necessidade de companhia, e os sábios necessidade de solidão.” (Friedrich Ruckert)

Cada um na sua. E é por isso que não devemos criticar sem o devido conhecimento. E nem sempre somos suficientemente conhecedores. Lembrei-me disso ainda há pouco, ali na varanda, assistindo ao movimento nas ruas cobertas pelo nevoeiro. Já lhe falei disso por aqui. O acontecimento foi há mais de seis décadas. Eu caminhava pela Avenida São João, em Sampa, quando uma cadela vinha pela calçada, acompanhada por quatro ou cinco filhotes ainda pequenininhos. De repente ela parou e postou-se na espera para atravessar a rua movimentada pelos carros. Quando se abriu um espaço entre os carros ela atravessou a rua, com os filhotes. Parou na grama, esperou um espaço no outro asfalto, atravessou, subiu na calçada e seguiu, acompanhada pelos filhotes.

Ontem, enquanto contemplava o movimento, observei; lá do outro lada da Praça, vinha um grupo de cachorros. Eram seis. Caminhavam juntos, em grupo. Aproximaram-se da Candapuí Sul, pararam esperando os carros passarem. Atravessaram e caminharam, juntos, pela avenida São Paulo. Com o mesmo procedimento atravessaram a Candapuí Norte. Pararam e ficaram, como se estivessem decidindo para onde iriam. Três iniciaram a travessia da Avenida. Três ficaram parados na calçada. No meio da avenida os três pararam, olharam para trás e voltaram. O bando seguiu pela calçada. Fiquei observando-os. Lá na frente eles atravessaram a avenida e entraram na Rua Roraima, rumo à praia, na Avenida Beira Mar.

Desliguei-me deles e me concentrei nos montes, lá para os lados doa Município de Iguape. Outro espetáculo que me garantiu um dia feliz. O vento forte e frio, a menos de doze graus centígrados, sacudia forte as palhas dos coqueiros, palmeiras, e a grama alta da Praça. A neve cinza cobria os montes, dando-nos a sensação de uma temperatura mais baixa. Nenhum movimento lá no posto de saúde nem para o Espaço Cultural Plínio Marcos. Voltei o olhar para os montes, mas não os vi mais. Tudo era escuro. Esfreguei as mãos, entrei e fechei a porta.

No sofá, refletindo sobre a vida, achei melhor vir conversar com você. E como alguém já anos disse que
o bom conversador não é o que fala mais, mas o que ouve mais, conto com você. Se o papo não lhe interessar, desculpe-me pela ousadia. Mas gostaria que você estivesse aqui, contemplando essa beleza encantadora. Sei que a essa hora você está curtindo um calor aparentemente insuportável, aí em Roraima. Mas você nem imagina o quanto eu gostaria de estar aí com você. Pense nisso.

*Articulista

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