Opinião

OPINIAO 11007

PAIS PROTECIONISTAS, FILHOS FRACOS. PAIS PROTECIONISTAS FILHOS EMPODERADOS

Wender de Souza Ciricio*

Lecionando no Estado de São Paulo alguns vários anos atrás tive uma experiência um tanto quanto nebulosa e pesada com um aluno de ensino médio. Diante de um procedimento desrespeitoso para com os colegas pedi para que o aluno se retirasse da sala. O mesmo revestido de altivez e arrogância se dirigiu a mim e disse: “preto nojento e vagabundo”.

De fato, sou preto, não nego e nem me vejo menor por ter essa cor, contudo ter sido chamado de nojento e vagabundo foi inadmissível, de baixo calão e um ato criminoso. Chamei os pais do mesmo, mas somente a mãe compareceu. Para minha surpresa ela citou dois fatos que me diminuía e empoderava o filho: “olha professor meu filho não gosta de você e o pai dele é policial, tome cuidado.” Notei que empáfia era a tônica que sustentava a família. Lidar com pessoas assim é pisar em cascas de ovos, é desgastante e sobretudo lamentável.

Faço uso dessa triste e medonha experiência com o fim de canalizar nossas mentes para o fato em como nossos filhos estão sendo “deseducados”.  Comparações nem sempre são salutares mas há um abismo entre as gerações do século passado com o século atual. No passado a criação era verticalizada, pais de pouco diálogo e disciplina rígida e sem muita piedade para com filhos petulantes e desobedientes.

Atualmente pais e filhos assumiram uma postura um tanto quanto mais horizontalizada. No ambiente familiar de hoje os filhos falam quase que no mesmo nível dos pais e contemplam privilégios desmedidos encorpados pelo suor e luta dos próprios pais que vivem para e em função dos filhos. Nesse último contexto, por exemplo, torna-se comum ver crianças gritando e impondo aos pais o que se deve comprar quando todos estão juntos num supermercado e filhos adolescentes xingando os pais de “idiotas”.

O que não desejo aqui é fomentar disputas entre gerações, mas em colocar os pés no chão para se ter a percepção dos notórios prejuízos provocados por pais que não admitem que seus filhos sejam decepcionados. Estamos vendendo um mundo surreal para nossos filhos. Esse mundo imaginário revestido de utopias de que nossos filhos não sentirão dor, de que não serão contrariados está formando gerações toscas, fracas e sem as percepções de que o lado de fora de nossa casa é grosso, é duro, tem espinhos, tem barreiras e uma montanha a ser escalada.

Filhos fracos vão chorar e se entranhar de autocomiseração quando ouvirem um sonoro “não”, quando o patrão falar grosso, quando o professor corrigir a prova e a nota for abaixo da média. Os pais não devem, não podem criar um mundo fofo, cheiroso e glamouroso para seus filhos como se tudo fosse perfumado, castelo, passarela, holofotes e como se o mundo lhes pertencesse. O mundo é uma selva onde pessoas transgridem, burlam sistema, assaltam celulares, tem valores diversos ao que aprendemos em casa.  Pais protetores constroem redomas, mas não atentam para as flechadas que vem de fora, assim formam filhos sem resistência, sem fôlego, manhosos, delicados, intocáveis e frágeis. Cuidados papai e mamãe.

Pais protetores, além de querer adequar gestores, professores, patrões e o resto do mundo aos gostos e vontades de seus filhos, costumam suar a camisa para dar tudo que os filhos querem. Prometem ao filho, por exemplo, que caso aprovado na escola irão ganhar um celular. Nada contra presentear filhos, mas os pais devem entender que dever é dever. Presente é um adendo. Assim pais vão empoderando seus filhos. Alimentam seus filhos de um poder que não terão lá fora. Mais uma utopia de que podem exigir, mandar e negociar suas responsabilidades. Como vocês, pais, educam seus filhos? Que filho vocês estão enviando para fora de suas casas?

*Psicopedagogo, historiador, teólogo e professor

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COMO OBTER A POSSE DO IMÓVEL ARREMATADO EM LEILÃO DE FORMA RÁPIDA E LEGAL

Paulo Mariano*

Inicialmente deve se advertir os interessados que 99% dos imóveis que vão à leilão estão ocupados. Resta destacar, ainda, que os imóveis que vão à leilão não vão de uma forma espontânea ou voluntária, eles são na maioria das vezes provenientes de um processo judicial ou extrajudicial. Assim, pode haver uma resistência na entrega ou desocupação deste imóvel. Sendo assim, como deve proceder o comprador de um imóvel adquirido em leilão?

Inicialmente é recomendado a consulta junto a um advogado especializado no segmento de leilão de imóveis. Pois já houve casos em que o adquirente de imóvel no leilão tentou a desocupação de forma voluntária e acabou por ser baleado pelo antigo proprietário (fato verídico).

Mas deve ser analisado se o imóvel foi arrematado em um leilão judicial ou extrajudicial, pois o procedimento e a estratégia aplicada devem ser distintas para cada caso concreto.

Na arrematação extrajudicial, o alienante, em sua maioria bancos, entrega apenas a escritura para o comprador regularizar sua propriedade, não lhe transferindo a posse do imóvel, sendo necessário a interposição da medida judicial cabível.

Na arrematação judicial, já existe um amparo legal previsto no artigo 903, § 3 º do Código de Processo Civil, o qual dispõe que, quando decorrido o prazo para interposição dos embargos, instrumento de defesa de quem está perdendo o imóvel, que será dada a ordem pelo Juiz do processo para a entrega do imóvel ao arrematante por meio do Mandado de Imissão na Posse.

De qualquer modo, a posse pode ainda ser alcançada de forma voluntária, com a desocupação espontânea do ocupante, dependendo da estratégia utilizada pelo advogado. O tempo para aquisição da posse do imóvel arrematado também irá depender de qual estratégia aplicada pelo profissional, em cada tipo de arrematação.

Assim, se conclui que para aquisição de um imóvel arrematado em leilão deve ser anteriormente analisado o tipo de leilão que se deu a aquisição, para ser utilizada a melhor estratégia aplicada ao caso. E claro todo o processo ser acompanhado por um advogado especializado no assunto.

*Advogado especializado em leilão judicial de imóveis, com experiência de mais de 500 processos nessa modalidade de investimento. Já assessorou investidores, familiares e amigos e vem se utilizando do leilão de imóveis para seu próprio investimento. 

Mais informações: www.paulomariano.adv.br

SENTINDO FALTA

Afonso rodrigues de Oliveira*

“Não viva para que sua presença seja notada, mas para que sua falta seja sentida.” (Bob Marley)

Recentemente estive em Natal, no Rio Grande do norte. Senti saudade dos meus tempos maravilhosos da minha juventude. Lamentei meu tempo de visita a Natal ser tão restrito. Mas meu contato com minha prima maravilhosa, Neide Maria Rodrigues, foi muito importante. Neide é, atualmente, um dos nomes mais importantes na literatura de Natal. Ela publicou, em 2019, o livro “Reflexo de um Amor Contido.” A Neide é poetisa, compositora, escritora e excelente cantora.

Numa caminhada, à tarde, a Neide me levou a visitar um dos ambientes que mais me deram felicidade na minha juventude. A antiga residência do escritor Câmara Cascudo, onde vivi, como jovem, momentos felizes, debaixo daquela mangueira, ainda frondosa. Parei nas calçadas, cumprimentando ambientes e coisas que me trouxeram lembranças que não podem nem serão esquecidas.

Depois do passeio parei em frente ao Teatro Calos Gomes. Aí a saudade b
ateu forte, mas não me entristecendo, mas levando-me a momentos felizes. Mesmo que eles, os momentos estivessem apenas na minha memória. Foram momentos inesquecíveis que vivi dentro daquele Teatro. Até mesmo dos momentos pré-adolescentes, dos dias que vivi, comemorando o dia de Augusto Severo. Quando eu ainda estudava na Escola de Base, na Base Aérea de Natal, e íamos comemorar o dia 12 de maio, no Teatro, a morte do Augusto Severo, na França.

Enquanto a Neide batia um papo, com a Salete, eu mergulhei numa tristeza leve, mas triste. O estado de conservação do Teatro estava lamentável. Mas, felizmente, a Neide percebeu e veio até mim, e falou:

– Você sabia que o Teatro vai entrar em reforma daqui a uns dias? Ele está fechado para a reforma.

Agradeci a atenção dela e fiquei pensando no nosso Teatro Carlos Gomes, em Boa Vista. O que será que os salvadores da pátria, candidatos à próxima eleição estão pensando em fazer do que restou do nosso velho teatro? Mas tudo bem. Voltei de Natal muito feliz por ter vivido momentos, que embora curtos, trouxeram-me recordações que não devem ser esquecidas.

Procure sempre buscar, na sua lembrança, lembranças de momentos felizes que você viveu no passado. Quando recordamos momentos felizes não perdemos tempo com momentos que devem ser esquecidos e não lembrados. Ainda há pouco, peguei o livro da Neide, na minha prateleira, li alguns versos interessantes e comecei a navegar na canoa dos pensamentos. Faça isso vez em quando. Os momentos felizes que vivemos não devem ser esquecidos. Cada momento feliz deve ficar arquivado na nossa memória. Pense nisso.

*Articulista

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