Opinião

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Desapontado com Cristo

Antônio Paulo de Oliveira*

Ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era dono de muitas propriedades (Mc 10.22)

      O moço rico do evangelho, desapontado com Cristo, representa uma excepcionalidade: em geral, os encontros, conversas e contatos do Senhor com seus ouvintes resultam em respostas favoráveis, em alegria e salvação e não em afastamento e perdição. São raros os que se decepcionam com o Salvador e com sua Palavra, como faz o mancebo rico que perde a alegria e a vida eterna e se afasta de Deus definitivamente.

      O jovem revela contrastes: ao mesmo tempo está perto e longe da salvação. É rico de bens materiais, mas sua decisão mostra pobreza de alma. Se de um lado é conhecedor da lei, de outro, acaba agindo sem conhecimento, pois rejeita a Cristo, aquém Moisés tem em mente ao escrever a Lei do Antigo Testamento (Lc 24.44). Para o leitor do evangelho a decisão equivocada também é frustrante, já que tudo concorre para a salvação do moço.

      Uma análise da passagem bíblica mostra os erros e acertos desse jovem anônimo. Embora não se conheça a hora do encontro, sabe-se que vai a Jesus em sua juventude, melhor momento da vida para se buscar a Deus. Diz Ec 12.1: Lembra-te do teu criador nos dias da tua mocidade… A busca em si revela vazio existencial, a despeito da posição social, da instrução na Lei e da disciplina religiosa. Isso é surpreendente, pois, em geral, se pensa que o rico é feliz, que ri à toa. O interlocutor também acerta na atitude. Ele se aproxima com humildade, chegando a se ajoelhar diante do Senhor (Mc 10.17). Faz bem quem busca Jesus com este espírito, porque a Bíblia declara: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (Tg 4.6).

      Ao vir a Cristo, o mancebo busca a pessoa certa. Somente Cristo, o único Salvador, pode identificar-lhe as necessidades, responder-lhe questionamentos e conduzi-lo no caminho para Deus. A pergunta inicial sobre a vida eterna é legítima e importante: todo ser humano precisa saber, ainda nesta vida, o que lhe reserva o futuro, após a morte. Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? (Mc 10.17) Esta é a maior e mais urgente pergunta que alguém precisa fazer. Tão honesta quanto à pergunta, é a resposta, dada sem rodeios: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me (Mc 10.21).

      Evidentemente, que para entrar no céu, o jovem deve desprender-se dos bens materiais e seguir Jesus. Tal exigência o desaponta profundamente. Esta palavra é outra exceção. A ninguém mais no evangelho Jesus impõe tal condição para ser salvo. A ninguém mais exige renúncia de bens materiais. Se Cristo trata assim o jovem, deve haver razão. A julgar pela reação do ouvinte, fica evidente: ama o dinheiro acima de Deus. Por isso, se frustra profundamente. O preço lhe parece alto demais. O caminho é estreito e sacrifical e não está pronto para tamanha renúncia. Tal atitude confirma quão avarento é o rapaz, a ponto de trocar Jesus e a salvação pelos bens materiais. No início da conversa Cristo declara ao jovem que somente uma coisa lhe falta. Agora compreendemos: falta Deus. Falta fé. Falta decisão.

      A história do moço rico deixa claro que crentes e descrentes precisam ter cuidado para não encontrar em Cristo motivo de tropeço. Às vezes, somos tentados a ficar decepcionados com o Senhor por não obtermos a resposta esperada. Nessas horas, é necessário ter cuidado para que as coisas não nos afastem de Deus e de seu caminho, como se deu com o jovem rico.

*Antônio Paulo de Oliveira é pastor presidente da Igreja Batista Regular Calvário de Boa Vista

Verdadeira Essência

Debhora Gondim

 

“Pensamos em nós mesmos como ‘bons’, e isso torna muito difícil percebermos nossa própria capacidade de causar danos. Precisamos urgentemente nos conhecer melhor”, diz a psicóloga criminal alemã Julia Shaw em entrevista para a BBC.

  “Este é o mal que há em tudo o que acontece debaixo do sol: O destino de todos é o mesmo. O coração dos homens, além do mais, está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida; e por fim eles se juntarão aos mortos.” (Eclesiastes 9:3)

  A verdade é que a psicologia expos uma verdade que está descobrindo, mas que já era um assunto afirmado na Bíblia. As escrituras já haviam deixado claro em várias passagens. De que ninguém é bom, que não há nenhum justo se quer (Romanos 3:10,12 e 3:23), de que a criança já mostra desde a mais tenra idade as intenções e a essência de suas ações (Provérbios 20:11). Somos nascidos e gerados no pecado, a maldade está em nós. Nossos pensamentos, sentimentos e ações na maior parte de nosso tempo vão tender para o pecado, mesmo quando praticamos boas obras. Pois muitas vezes a motivação esta errada, motivado por interesses pessoais.

 

   A única maneira do bem duelar com o mal que há em nossa essência e vencer são quando nos aproximamos de Deus, através de Jesus (Tiago 4:8). Ao crermos Nele como salvador e recebermos o Espirito Santo, que age convertendo a maldade em bondade. Isto ocorre em todos os aspectos de nosso ser.  Pois Ele é a bondade pura e inesgotável (Salmos 119:68). Então assim,  Ele opera o seu querer e o seu fazer (Filipenses  2:13).

 

   Faz parte da cegueira espiritual ter um coração orgulhoso. O que nos impede de perceber que não somos bons como achamos que somos. Esta visão distorcida da nossa essência abre espaço para satanás fazer uso para alimentar ainda mais nosso ego. Ele sabe como nos analisar e nos fazer pensar que não precisamos de Deus, que não precisamos mudar, pois nascemos assim e seremos sempre assim (síndrome de Gabriela). Engana-nos, fazendo pensar que a salvação é mérito das nossas “boas obras.” Impede de enxergar a Cristo (2 Coríntios 4:4) e de reconhecer Deus em cada detalhe da nossa caminhada (Provérbios 3:6).

 

   Quando damos espaço para achar que há bondade em nós e que o sistema é que nos corrompe estamos mais uma vez satisfazendo a meta de satanás desde o inicio da história humana. Que é inflar o ego, fazendo olhar para si mesmo através de um conceito elevado de si. Desta forma o orgulho entra em cena novamente e distancia o homem do seu criador e da construção da sua verdadeira essência. “Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado.” (Lucas 14:11). Perdemos a identidade de humanos e passamos a almejar por tudo o que é desumano, e a viver assim. Pois a essência humana verdadeira só é encontrada e vivida ao cultivar um relacionamento com Deus, através da Leitura das Escrituras e de uma vida diária de oração. 

        Por fim, d
evemos tomar cuidado, pois como a palavra de Deus fala: Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia! (1 Coríntios 10:12) Se analisarmos a caminhada perceberemos que as vezes em que mais falhamos foi quando achamos que somos mais santos e fazemos melhor do que os outros. Que Deus nos transforme a imagem de Cristo para que, tenhamos humildade, vejamos o próximo como alguém superior a nós e venhamos a praticar as características do amor contidas em 1 Coríntios 13. Que Deus nos ajude a sermos bons como Ele é bom.

 

 

*Teóloga e Professora

Ria pela vida

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos?” (Bob Marley)

O importante é que saibamos viver, independentemente dos trancos que enfrentamos. Por que levar a sério os maus momentos, se eles são apenas momentos? Laucides Oliveira, um cara que ainda nos traz saudades, ria muito do meu baixo grau de daltonismo. Às vezes nos divertíamos quando ele percebia que eu estava encontrando dificuldade em separar alguma coisa, pela cor. Era divertido pra dedéu.

Lembrei-me disso ainda pela manhã, quando me lembrei do dia em que cheguei a Belo Horizonte, dirigindo meu carro. Era a primeira vez que eu ia a BH, a serviço de uma empresa paulista. Quando cheguei ao primeiro semáforo, o sinal fechou. Fiquei atônito. Não sabia que cor era. Mas como o trânsito estava quase parado, avancei o sinal. Olhei pelo retrovisor e percebi que os que vinham depois de mim estavam parados. Eu tinha avançado sem saber que estava infringindo. Fiquei três dias em Belo Horizonte, mas só saía do hotel para a empresa que eu estava visitando. É que eu estava acostumado com os semáforos de são Paulo e Rio de Janeiro. E o de BH era diferente dos outros dois. Em Boa vista, atualmente, eu não me atreveria a dirigir.

A minha saída do trânsito de Belo Horizonte foi simplesmente vexatória. Nem vou te cantar. Tive que pedir ajuda aos guardas, no trânsito. De volta a Sampa, respirei aliviado e receoso que empresa me mandasse para outra capital com os semáforos deferentes dos de Sampa. Mais de uma década depois cheguei a Boa Vista. Não havia nem semáforos. Foi o maior alívio.

Os semáforos chegaram e decidi parar de dirigir. Aí comecei a rir dos contratempos que já sofri, sem sofrer, devido ao meu pequeno grau de daltonismo.

Recentemente precisei sair para uma reunião e tive que trocar de roupa. Cheguei ao guarda-roupa e procurei uma camisa. Só vi camisas brancas. Recorri à dona Salete:    

– Tinha… Eu preciso de uma camisa que não seja branca. E aqui só tem branca.

– Acabei de botar aí uma verde clarinha. Tá bem aí.

– Tá não. Só tem branca.

Depois de longa discussão ela chegou, pegou a camisa no cabide e mostrou-me:

– Tá não? E o que é que é isso? Não é uma verdinha clarinha, não?

Mesmo ela parecendo braba, rimos pra dedéu. Durante todas essas décadas de convivência ela ainda não se acostumou como minha dificuldade em saber, quando ela pergunta se aquela cor fica bem pra ela. E na verdade, deve ser chato pra dedé,conviver com uma pessoa que não consegue opinar sobre a cor do seu vestido. Imagina como a coisa fica quando ela compra um sapato. Pense nisso.

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