Opinião

OPINIAO 11917

Mãos de Narciso

Walber Aguiar*

É que Narciso acha feio o que não é espelho.

Caetano Veloso

Máquinas fotográficas, celulares e câmeras entravam em ação. Era mais um movimento de doação, de entrega de benefícios. Cestas básicas eram retiradas do carro e entregues aos homens e mulheres absolutamente necessitados. Redes sociais estavam ali, prontas a capturar o cenário fisiologista da piedade, do verniz devocional, do externalismo farisaico.

Ora, a arte política estava em baixa. A economia enfrentava o caos e a corrupção, como que enterrada nos caixões baratos e nos cemitérios periféricos. Assim, o assistencialismo fazia brotar da aridez existencial e econômica minguados seiscentos reais para a patuléia que gemia e chorava diante do terror da fome, da solidão imposta pela quarentena, do vírus desgraçadamente invisível.

Não era o fim do mundo era apenas o escatológico frente ao delírio dos “evangélicos” sem graça e vazios; do povo que, espremido nos templos sem vida, fazia contabilidade de terremotos, mapas estatísticos da fome e da guerra, das pestes e catástrofes naturais. Ainda não era o fim, apenas um prenúncio, o começo do advento apocalíptico, a ponta do iceberg daquilo que estava por vir.

Destarte, no meio do cenário dantesco, alguns irmãos davam com a mão direita e fotogravam com a esquerda. Entregavam com um olhar piedoso, mas filmavam para postar no facebook, no instagram e nas diversas redes sociais. Aproveitavam o advento da pandemia para espalhar as cestas básicas do alarde e da divulgação. O que era pra ser simples, bom e secreto ganhou contornos de sofisticação, eloquência farisaica e toque estridente de trombetas, uma banda de música pronta para desfilar diante dos spots e do glamour assistido da miséria humana.

Assim, o sermão do monte, foi esquecido, deixado pra trás, trocado pelo brilho das telinhas, pelas mãos de Narciso, que, com o ego devidamente incensado, quebrava o princípio de Jesus, a ética do secreto e da discrição, entristecendo a Deus e ferindo de morte o espírito do evangelho.

Dar é uma graça que poucos desejam, um exercício praticado por aqueles que receberam de Deus o privilégio de derramar-se diante do próximo, de se doar ao outro, numa perspectiva de alteridade, esvaziando-se de todo salto alto e vaidade pessoal. Decerto, que a divulgação cabe nos projetos mais amplos, quando interessa a contribuição para alguém que está doente ou até mesmo para a compra de passagens ou feijoadas beneficentes. Ainda mais em ano eleitoral, quando a bondade se confunde com a propaganda dos candidatos.

Ora, percebemos mais grandeza e solidariedade humana no samaritano, naquele que não tinha nenhum compromisso com a religião, com a divulgação de um Jesus pálido e descontextualizado da vida. O samaritano pareceu ser o próximo do que fora vitimado pelos ladrões de estrada, pois agiu sem nenhum interesse, sem os condicionamentos legalistas do farisaísmo, sem as trombetas daqueles que estendem tapete diante da dor e da miséria humanas.

Assim, no dia em que você der algo a alguém, mesmo que seja um abraço ou um sorriso, não esqueça de Mateus 6:2-4. As mãos de Narciso carregam vaidade e aridez. O grande jardineiro rega as mãos que plantam a vida…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected] tel. 99144-9150

ALERGIA

Marlene de Andrade

 

“Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10:31

 

A alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico do corpo humano, o qual funciona como sistema de defesa, a uma determinada  substância estranha conhecida como antígeno, podendo ser formado de moléculas de bactérias, vírus, fungos, helmintos, alimentos e pólen. 

É o sistema imunológico que garante proteção ao nosso corpo, evitando que substâncias insalubres afetem negativamente nossa saúde. Esse sistema é muito complexo e envolve uma série de células e órgãos que  

funcionam em conjunto como uma grande barreira de proteção. 

Os alérgenos podem induzir a uma reação alérgica, ou seja, uma resposta exagerada e excessiva do sistema imunológico contra substâncias diversas, as quais entram em contato com o organismo, seja pela via respiratória, pela via cutânea ou até mesmo por ingestão.  Essa hipersensibilidade pode atingir pessoas de qualquer faixa etária, podendo ser de origem genética. 

Para identificar uma alergia, o médico se baseia, principalmente, no histórico clínico e nos sintomas do paciente. Exames laboratoriais e testes complementares também podem ser necessários e o médico assistente do paciente é quem decidirá os exames a serem solicitados 

Existem inúmeros tipos de alergia e elas podem atacar diferentes sistemas do nosso corpo e serem desencadeadas por diferentes agentes. 

As alergias podem ser devido ao contato com pólen, ácaros, pelo de animais; mofo; exposição a  fragrâncias de loções e sabonetes; produtos de limpeza em geral; a certos tecidos sintéticos; a umidade; frio intenso; calor; sudorese;  estresse emocional, e  entre outros,  certos alimentos, os quais podem desencadear dermatite atópica  caracterizada principalmente, pelo prurido, ou seja, coceira. 

Existem também alergias a certos alimentos como, por exemplo, ovo, leite de vaca, 

. E o pior de tudo isso, é que a alergia pode desencadear quadros clínicos mais graves como o choque anafilático. Ele representa grande perigo à vida humana, pois esse quadro clínico pode levar a pessoa a morte e isso porque o choque anafilático cursa com falta de ar; coceira e vermelhidão da pele; edema (inchaço) da boca, olhos, glote e nariz; náuseas e vômitos; taquicardia e suores intensos. 

Nessa direção, o melhor é trabalhar com a prevenção, pois prevenir é a melhor solução. 

 

Marlene de Andrade 

Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM 

Técnica em Segurança do Trabalho-SENAI/IEL 

Pós-Graduada em Pericías Médicas/Fundação UNIMED

CRM/RR-339 RQE-431 

Cuidado com o que você diz

Afonso Rodrigues de Oliveira

“As consequências das nossas ações nos agarram pelos cabelos sem se importar com o fato de nos termos corrigido”. (Nietzsche)

A resposta vem como um eco. E é o eco que fica na sua lembrança, e não o que o provocou. Quando você ofende alguém e tenta corrigir está nadando em águas turvas. A desculpa é sempre aceita, mas ela não tem capacidade de eliminar a ofensa. Esta está sempre viva. Não se iluda. Quando estiver numa discussão tome cuidado com o que vai contestar. Você pode estar pisando em atoleiro mental, com lama cultural.

Nunca discuta. Quando você não estiver aprovando, seu interlocutor vai entender no seu sorriso maroto e discreto. O que tira dele, o interlocutor, a razão de continuar provocando. Simples pra dedéu. Tem coisas que são muito complicadas, mas muito simples. Cabe a você se decidir se deve ir pelo lado do simples ou pelo complicado. Torne a sua vida mais simples não se deixando ir pelos pensamentos dos outros. Quando o expressado lhe parecer razoável, pare, olhe, medite e decida. Nada de decisões precipitadas. Porque é assim que amadurecemos para a vida que realmente devemos viver. E o campo mais atrativo para as discussões desconectadas é a política. Ela é tremendamente atrativa para os “políticos” que não entendem nada de política. Tanto não entendem que não se candidatam à política. Por exemplo, conhece alguém desse grupo?

O George Burns disse: “Pena que todas as pessoas que sabem como governar o país estejam ocupadas a dirigir táxis ou cortar cabelos”. Porque política não se discute. Faz-se, executa-se e cria-se. E para tal tarefa é necessário que se esteja preparado. E a preparação para a política não está só nos políticos. É necessário que entendamos que nós, eleitores, somos políticos. Porque enquanto formos meros analfabetos políticos não teremos condições de nos libertarmos dos maus políticos. Porque afinal, somos nós os responsáveis por eles.

Você já pensou na politica doméstica? Ela é tão importante que nos domina mesmo sem percebermos. Porque é no nosso lar que aprendemos a viver fora dele. E tudo que expressamos fora do lar reflete na observação dos que nos ouvem, veem, examinam e julgam. E quando colocamos tudo isso no cadinho da cultura, fundimos o que realmente somos. O que indica que cada um de nós é responsável pelo que temos. E por isso devemos ser cuidadosos com o que expressamos, dos nossos pensamentos. Cuidado quando estiver se envolvendo numa discussão política. Quem realmente está na política não tem lado político. A política é uma só. Nós é que devemos segui-la com conhecimento. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460

 

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