Opinião

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ABERTURA COMERCIAL E CRESCIMENTO

João Carlos Marchesan*

A abertura da economia, a livre concorrência e a redução do tamanho do Estado são ações essenciais para o crescimento via aumento de produtividade. Estes pontos constituíram a base do pensamento econômico hegemônico desde os anos 80 do século passado, mas que ao longo destas últimas décadas foram, crescentemente, confrontados por uma realidade que teimou em não se comportar como o desejado. As premissas adotadas para construir modelos matemáticos de projetação de comportamento econômico, também provaram ser pouco aderentes à realidade, o que ficou evidente com a ausência de inflação, após a forte emissão monetária a partir da crise de 2008.

No que diz respeito à abertura comercial, entendo que a competição é fundamental para a produtividade e esta, por sua vez, é a chave do crescimento econômico. Portanto espero que uma abertura comercial seja implementada ao lado das privatizações das estatais, da redução do tamanho do Estado e das reformas amplamente anunciadas. Mas, tal como a inflação provou não ser simples consequência da emissão monetária, devemos refletir se os resultados de uma abertura comercial unilateral será mesmo o almejado.

Empresas agrupadas em oligopólios tem poder de mercado, o que as tornam imunes às regras da livre concorrência. O tamanho lhe garante condições para criar barreiras à entrada de novos concorrentes. A capacidade financeira permite o domínio em razão dos ganhos de escala. Fica, portanto, difícil o acesso aos mercados nos quais elas estão presentes. Exemplos de grupos assim no Brasil não faltam, dominam os bens e serviços de primeira necessidade como serviços de energia elétrica, financeiros, combustíveis e muitos outros.

Por outro lado, ainda que a movimentação de recursos dos grupos imunes a livre concorrência seja gigantesca, o grosso das atividades produtivas é exercido por inúmeras micro, pequena ou médias empresas que são penalizadas, adicionalmente, por atuarem num país como o Brasil, que é extremamente ineficiente e que repassa esta ineficiência à sua produção local. Deficiências logísticas, ausência de financiamentos de longo prazo a custos adequados, insegurança jurídica, péssimo ambiente de negócios sufocado por uma infinidade de regulamentos e exigências acessórias, sistema tributário complicado, caro e distorcido, juros de mercado não compatíveis com o retorno das empresas, excessiva volatilidade da moeda, são alguns dos fatores que compõem o Custo Brasil que penalizam a produção nacional desperdiçando recursos em quantidade equivalente a R$ 1,5 trilhão todo ano, ou 22% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, segundo o SEPEC do Ministério da Economia. Esses fatores, me faz pensar se o impacto isolado da abertura comercial seria realmente o choque de concorrência.

Considerando o elevado nível de assimetrias em relação aos países da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (22% do PIB) a proteção alfandegária nacional média, atualmente em 14%, ao meu ver não é exatamente uma proteção. Mas parece compensação insuficiente dos encargos que são adicionados pelo custo Brasil aos produtos produzidos localmente. A abertura comercial unilateral para empresas cuja competitividade foi anulada pelas ineficiências impostas pelo Custo Brasil, em sua quase totalidade de micro, pequeno, ou médio porte, trará no lugar do crescimento esperado, o encerramento de atividades domésticas, aprofundando o atual quadro de desemprego e de desequilíbrio fiscal.

Estamos num processo de redução do Custo Brasil, mas as ações realizadas nos últimos dois anos pouco se refletiram em redução imediata dos custos sistêmicos ou em ganhos de competitividade ao produtor nacional, o que sugere que o país ainda não está preparado para avançar a abertura. Assim a sinalização dada aos países do Mercosul, de que o Brasil está iniciando a abertura pelos setores de Bens de Capital e Bens de Informática e Telecomunicação, depõem contra o pensamento econômico liberal pois se traduz como eleição de perdedores nacionais.

Não há dúvidas que as alíquotas de importação precisam ser revistas, décadas de alterações pontuais na TEC (Tarifa Externa Comum), criaram, ao longo do tempo, inúmeras distorções, além dos diversos “regimes especiais”. É muito comum, encontrar matérias primas e insumos básicos mais protegidos que os produtos finais que utilizam estas mesmas matérias primas e insumos em sua produção. Distorções estas, impossíveis de serem eliminadas com redução linear da alíquota por ora proposta. Somente a revisão da estrutura de proteção alfandegária, dentro do conceito de escalada tarifária, tem o potencial de readequar a estrutura e influenciar agregação de valor no país, que concomitantemente com a redução do Custo Brasil garantirá ganhos de competitividade ao bem final nacional, condições necessárias para melhorar a produtividade, ampliar a participação no mercado nacional e internacional, expandir a atividade manufatureira, ampliar a geração de emprego e renda nacional, o que todos nós brasileiros almejamos.

*Administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ

MARKETING: A CIÊNCIA POR TRÁS DO LINKEDIN

Ederson Dé Manoel*

Poucas pessoas entenderam a importância do LinkedIn e como ele de fato funciona.

Talvez estejam perdendo a chance do momento em gerar centenas de oportunidades de negócios ou até mesmo de crescimento profissional. O momento é agora!

Atualmente, o LinkedIn se tornou a maior rede social para negócios do mundo. Já são mais de 700 milhões de usuários, sendo 44 milhões somente no Brasil. Durante a pandemia, foi a rede social que mais cresceu, com aproximadamente 2 milhões de publicações diárias.

Em um único dia, 3 milhões de conteúdos são compartilhados, o que significa que existem mais pessoas distribuindo do que produzindo conteúdo. Além disso, 80% dos usuários do LinkedIn são tomadores de decisão, consequentemente são aqueles que ocupam cargos de liderança dentro de suas empresas, como coordenador, gerente, diretor, presidente e CEO. 

É importante ressaltar que 93% dos profissionais de marketing preferem a plataforma para gerar negócios. Existe uma ciência por trás do LinkedIn, como cientista de marketing, pude fazer experimentos e desenhar novas estratégias. Comprometido em descobrir ferramentas que aprimorem o desempenho de clientes, de como fazer mais rápido, mais barato e com mais eficiência, entregando o melhor resultado.

Nesse contexto, ter conhecimento sobre a mecânica de funcionamento da plataforma é o caminho para conexões de sucesso. Esse foi meu objeto de estudos durante anos, com a finalidade de descobrir o que funciona efetivamente, não considerando somente a quantidade de conexões do usuário na rede. E como qualquer ciência que se baseia na pesquisa, é preciso se questionar:

Quais são as melhores ferramentas?

Quais são os melhores horários?

Qual o m
elhor tipo de publicação?

Como abordar uma pessoa?

Como fazer um Pitch Comercial dentro do LinkedIn? 

Partindo desses questionamentos, quais são os aprendizados que se solidificam?

Seguindo essa lógica, a resposta se deu através de um trabalho vertical no LinkedIn que parte de três pilares. São eles, construção de autoridade, prospecção e venda. Através dessa perspectiva de discurso, podemos refletir:

1) O que é importante para a construção de autoridade?

2) Qual conteúdo funciona melhor?

3) Só texto? Se sim, que tipo de texto (texto com emoji, texto com vídeo, texto com imagem)?

4) Só imagem? Imagem com texto na própria imagem?

5) Somente vídeo? Vídeo longo, vídeo curto, stories?

Os estudos científicos de marketing foram capazes de trazer entendimento do que pode funcionar dentro da plataforma para a construção de autoridade. Como fazer uma boa conexão? Como descrever um bom perfil? Como fazer uma revisão completa de mais de 40 itens? Entre outras dúvidas frequentes.

Quando estamos construindo um perfil, não só o idealizamos visualmente, como também absorvemos informações para o subconsciente, o nosso cérebro. Isso faz com que as pessoas que acessam o seu perfil, sintam uma sensação de autoridade e domínio sobre a área na qual você está tentando se destacar dentro da plataforma.

Após a conclusão das bases para a construção de autoridade, podemos partir para o próximo passo, a prospecção. Como prospectar uma pessoa dentro do LinkedIn? Como fazer uma conexão exata, uma boa conexão com alguém? Onde buscar pessoas para se conectar? Quais grupos participar? Qual a abordagem funciona melhor? Qual mensagem você não deve usar? Qual é a frequência correta? O conjunto dessas questões somado às ferramentas de monitoramento de conversas, podem ajudar na realização de boas prospecções.

Por fim, há a etapa final, a monetização desses Leads, a venda. Como fazer o Pitch de venda? Como automatizar o processo de prospecção, relacionamento e venda? Refletir essas questões faz parte de um processo científico de criação e análise de dados, que surgiu a partir de um comportamento de inconformidade e busca de formas diferentes e mais efetivas de fazer os negócios acontecerem.

Afinal, o que é ciência senão o conhecimento que explica os fenômenos, obedecendo às leis que foram verificadas por métodos experimentais. Nesse sentido, a observação sobre o LinkedIn demonstra que há uma dinâmica muito própria de se trabalhar lá dentro. A forma de atuação na plataforma é única e poucas pessoas perceberam isso. O LinkedIn é um ambiente que não segue a forma tradicional de abordagem, criação de relacionamento com as pessoas e produção de conteúdo. Estamos falando de relações humanas, de como fazer amigos e influenciar pessoas. É a partir disso, que se criam situações para negócios dentro do ambiente digital.

Os estudos científicos mostram que quando você entende a dinâmica do LinkedIn, de como construir a audiência e como construir relevância para essa audiência, você descobre que na verdade os resultados não estão associados a quantidade de números que possui, de seguidores e de conexões. Quando você realmente compreende a lógica da plataforma, o jogo muda e os negócios começam de fato acontecer.

*É Growth Hacker especialista em LinkedIn e Lead Generation. Pós-graduado em Marketing pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), atualmente dedica-se à projetos de Data Marketing, Growth Hacking e Gestão de Experimentos de Marketing Científico. Já atendeu clientes como Google, Corinthians, Vogue, Netshoes, Faber Castell, Cerveja Proibida, entre outras marcas.

NO PALCO DA VIDA

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. (Charles Chaplin)

Ninguém mais do que o Mestre Chaplin sabia e vivia isso. Foi realmente um exemplo, no palco da vida. E ele apenas nos deu o exemplo de como podemos ser o melhor no que fazemos. O importante é que nos conheçamos como somos. De nada adianta ficar tentando mostrar que somos o que queremos que os outros querem que sejamos. Mera tolice e falta de competência. Vamos viver para que sejamos aplaudidos, mas depois do reconhecimento da apresentação.

A cortina da vida é invisível. O palco é incomensurável. O valor está na apresentação, que depende de quem apresenta. Os grandes atores da vida nem sempre têm a convicção do que são. E por isso são o que são. Seja você o dono ou dona do palco. Mas sem se esquecer de que seu valor está no que você é, e não no que você quer mostrar que é. E é na embalagem da simplicidade que está a joia que você é.

Você não é respeitado, ou respeitada, nas exibições, em busca da importância que pensa que tem. O respeito vem no que você realmente é, no palco da grandeza, sem ostentação. Vamos mudar sempre, a cada momento da vida. As mudanças fazem parte da grandeza. Vamos repetir o Victor Hugo: “Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos”. Sou apaixonado por esse pensamento. Li-o pela primeira vez, em um pequeno quadro, na parede da escadaria que desce da Praça do Patriarca, para o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no início da década dos cinquentas. Ainda sinto saudade daquele ambiente.

A vida é um teatro e o palco é todo seu. E a peça depende de sua escolha. O que deve ser levado em consideração, quando você estiver orientando seu filho para o futuro dele. Sua orientação deve ser para o que deve ser feito, de acordo com a personalidade do filho. Como fazer, não se preocupe, vai depender da evolução racional do filho. E tudo que você deve e pode fazer, é fazer sua parte, com racionalidade e respeito. Não há como orientar sem respeitar.

Vamos viver o dia, hoje, como ele deve ser vivido. E cada um de nós tem um caminho diferente, embora sigamos a mesma vereda da arte de viver. Sinta-se responsável pela sua vida, porque é com ela que você constrói a vida do seu filho. E nada de preocupações nem acomodações. Seja sempre responsável e você estará desempenhando seu papel no palco da vida. Somos todos atores no mesmo palco, com a mesma cortina. Sua reponsabilidade está no choro, na dança, no riso, no canto e na apresentação. Pense nisso.

*Articulista

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