Opinião

Opiniao 07 03 2019 7793

Taxa de desemprego em Roraima é a maior da história

Flamarion Portela*

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao último trimestre do ano passado, apontam que a taxa de desocupação em Roraima ficou acima de 14%, sendo considerada a mais alta já registrada no Estado desde que iniciou a pesquisa.

Houve um crescimento de 4,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Em números absolutos, estavam desocupadas 32 mil pessoas, 12 mil a mais se compararmos com o período equivalente de 2017.  

A população ocupada em Roraima, no 4º trimestre de 2018, foi estimada em 197 mil pessoas, 66,9% composta por empregados (incluindo empregados domésticos), 3,5% de empregadores, 27,8% de pessoas que trabalharam por conta própria e 1,8% de trabalhadores familiares auxiliares.

Deste total de 197 mil pessoas ocupadas em Roraima, 21,0% estavam no setor privado e com carteira de trabalho assinada, 12,1% sem carteira assinada, 7,5% eram trabalhadores domésticos e 26,3% empregados no setor público.

O contingente de desalentados em Roraima vem diminuindo gradativamente desde o inicio de 2018, passando de 14 mil desalentados no 1º trimestre de 2018 para 10 mil no 4º trimestre, sendo este o menor valor registrado entre todas as unidades da Federação.

Em Roraima, no 4º trimestre de 2018, o rendimento médio real de todos os trabalhos foi estimado em R$ 2.174, continua sendo o maior da Região Norte.

Fazendo uma leitura mais minuciosa desses números, podemos chegar à conclusão que alguns fatores foram cruciais para esse aumento no número de desempregados em Roraima.

O primeiro deles é a própria crise financeira que afetou o País inteiro e que também trouxe consequências para nós, levando em conta que somos um Estado que não tem muitas indústrias e o setor produtivo ainda é incipiente, o que incide sobremaneira na arrecadação de impostos e, consequentemente, no desenvolvimento.

Outro fator importante a ser levado em conta é o grande fluxo migratório de venezuelanos, que aumentou o contingente de trabalhadores disponíveis no mercado de trabalho. Hoje, a grande maioria dos estabelecimentos comerciais de Boa Vista tem um ou mais venezuelanos na equipe de trabalho.

Por fim, a própria falta de infraestrutura de estradas, energética e outros fatores que dependem do setor público, de forma a atrair investimentos no agronegócio, na indústria e até mesmo no comércio, propiciando assim a geração de mais emprego para a população.

O resgate da economia deverá ser uma das prioridades do atual governo, como forma de garantir a geração de emprego e renda para a nossa população tão sofrida.

*Ex-governador de Roraima

——————————————-

Crendo e duvidando

Max Franco*

Francisco França Miguel**

O meu credo não é niceniano, nem calcedônico. Muito menos fundamentado nas epistemologias científicas do norte.  Apenas creio um pouco naquilo que é visível e nas coisas invisíveis. Creio com reservas nos sistemas religiosos e científicos. Penso que viver nesse estado de inacabamento das crenças é fundamental para não ir com muita sede ao pote e beber toda água e secar a fonte. Temos que crer na certeza das incertezas de que permeia todo o existencial humano. Precisamos sempre duvidar de tudo e também estar abertos para crer em quase tudo.

A herança cultural judaico-cristã nos leva a desenvolver uma crença nos feitos dos nossos antepassados. A lógica é seguir os exemplos desses heróis, seguindo suas pegadas, a nossa senda terá céu de brigadeiro. Quando seguimos a “receita” da crença e nada deu certo, o problema não é com a divindade e sim conosco. Nessa perspectiva de crenças, os êxitos são atribuídos aos seres celestiais. E o insucesso, em parte, fica rateado entre o homem e nas costas largas do diabo.

As cruzadas mostraram que crença no sistema religioso é sempre mortífera. Matar em nome de Deus é tarefa fácil. As guerras religiosas pós-reforma protestante reafirmam que uma crença “dominante” tem a chancela para matar usando o nome de Deus. Difícil é morrer de exaustão em trabalhos humanitários nos leprosários na Índia, socorrendo os miseráveis no campo de refugiados no Oriente Médio ou cuidados dos aidéticos na África. Os que fazem este trabalho, cujos nomes nunca saberemos, morrem para Deus.

A Perspectiva Positivista Comtiana apregoava no início do século XVIII, que com o triunfo das ciências, o homem entrava na era plena de desenvolvimento. Adeus às fases mito-religiosas e à metafísica. A deusa da racionalidade deveria receber toda crença, pois, em parte, os problemas que afligiam os homens seriam solucionados. Veio o apogeu das ciências com a Revolução Industrial, seguida de revoluções sociais e políticas, concretizando o projeto burguês que nasceu no fim da Idade Média, com a união da burguesia com a nobreza para desbancar o clero.

O primeiro e o segundo tempo do conflito mundial no século XX vieram colocar uma pá de cal no projeto de que a ciência, de fato e de direito, redimiria o homem. Os cientistas e inventores nos “presentearam” com metralhadoras, tanques e gás que matavam lentamente. No segundo tempo, os submarinhos, tanques velozes, aviões que carregaram a “Rosa de Hiroshima”. A crença no nacionalismo exacerbado trouxe o lado mais negro da alma humana: o holocausto com a morte de Seis (06) milhões de judeus, negros e ciganos.

Creio que tanto a religião quanto a ciência podem ser usadas para trazer conforto à alma humana. Creio que há homens sérios e honestos no mundo religioso e no científico. Creio que não é possível viver esta breve existência sem professar a crença, mesmo que seja em meio às dúvidas. Creio que não será o banimento por completo do mundo religioso que tornará os homens plenos, como também a adesão total lhe trará a plena realização. Creio que um pouco de fé que duvida é uma possibilidade de vida para quem opta pelo misticismo.

Creio que, até mesmo para a ciência, é necessário um pouco de crença. O homem da ciência precisa crer que ele é capaz de trazer à vida algo que ainda não tem existência. Creio que, apesar do engajamento capitalista da ciência, a mesma trouxe grandes avanços para a humanidade. Mas longe de ser “tábua de salvação” na qual os homens podem devotar toda sua crença, crer e duvidar da religião e da ciência deve ser o NORTE para guiar as pisadas do homo sapien sapiens.

*MSc. Em Sociedade e Cultura na Amazônia.

** Mestre em Letras

——————————————-

Como criticar alguém

Flávio Melo Ribeiro*

É bastante comum pessoas criticarem os outros, porém quando são criticadas não gostam e geralmente tentam
se justificar para salvar a sua imagem, ao invés de prestarem atenção no que estão lhe apontando. O interessante é que as empresas de sucesso gastam fortunas fazendo pesquisa a fim de saber a opinião dos clientes, já que sabem que a permanência no erro pode custar ainda mais caro. E em geral as pessoas desperdiçam uma consultoria gratuita, que é a crítica, para se tornarem melhor. No entanto, o problema pode residir na forma como a crítica é feita, fazendo com que o criticado se arme para não se sentir rebaixado. Sendo assim, tem alguma maneira de criticar alguém para que a pessoa reflita sobre si e agradeça por lhe apontar suas falhas?

A metodologia mais comum é iniciar a conversa com um elogio sincero de algo que a pessoa já faz bem feito. Isso serve para evitar uma reação refratária diante da crítica que será feita em seguida. A crítica propriamente dita inicia-se indicando a situação ou um ocorrido de forma breve e, logo após, aponta-se o objetivo, a meta ou o desejo que o outro gostaria de alcançar e que não está alcançando em função do seu respectivo comportamento. Dessa forma, chama-se atenção para um sistema de recompensa. Desde a infância aprendemos a nos orgulhar das vitórias, então sempre que se chama atenção para a pessoa conquistar algo que deseja e não está conseguindo, ela tende a se motivar e a escutar o que será falado.

Uma vez tendo a atenção do outro, está na hora de sugerir ações para que o mesmo alcance seu objetivo. O ideal é, ao citar as alternativas, complementar com exemplos, visto que nem sempre quem foi criticado sabe como fazer. Agindo dessa maneira, o criticado fica satisfeito, pois percebe que o que lhe foi apontado não foi contra a sua pessoa, mas uma forma construtiva de ajudá-lo na realização do seu projeto. Em vez de ficar chateado e querer se justificar, tende a agradecer e sai motivado a corrigir.

*Psicólogo – CRP12/00449

E-mail:[email protected]

Contatos:(48) 9921-8811 (48) 3223-4386

——————————————-

Revivendo os momentos felizes

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O machado era de Assis; A rosa do Guimarães; A bandeira do Manuel; Mas feliz mesmo era o Jorge, que era amado.”

O dia aqui na Ilha, ontem, foi muito agradável. A tarde estava chuvosa, friinha e saudosa. Sentei-me ali na varanda, olhando para os movimentos ali na Praça. De repente olhei para o Monte, com o Cristo, lá no Município de Iguape. As nuvens claras cobriam os Montes parecendo uma fumaça clara. Olhei para minha camiseta e li essa maravilha sobre o machado, a rosa, a bandeira e o Jorge. Esbocei um sorriso meio saudoso. Lembrei-me dela: A queridíssima Paloma, a quem amo sinceramente. Ela nem imagina a felicidade que sinto na simplicidade dessa camiseta com que ela me presenteou. Aí senti saudade. E fiquei realmente feliz. Fiz numa reflexão sobre como o que o ser humano vê, sente e vive com a saudade. É uma tolice inconsequente, classificar a saudade como uma sofrência. Senti-me muito feliz com a saudade que senti de você, Paloma. Continuei contemplando o ambiente lá embaixo, na Praça e as nuvens cobrindo os montes.

Quem sente saudade é porque foi feliz. E somos felizes quando amamos. E eu amo você, Paloma. Continuei navegando nos pensamentos brincando na gangorra da felicidade. Sorri me lembrando que antes de me sentar na varanda, estive numa loja. Quando cheguei ao caixa, a garota olhou pra mim, sorriu e falou agradável:

– Que interessante sua camiseta!

Abri os braços para a garota ler o machado do Assis, a rosa do Guimareãs… Ela riu feliz e eu fique feliz. Pensando sobre isso imaginei o quanto pessoas perdem os momentos de felicidade na saudade, confundindo-a com a sofrência. O Laudo Natel já nos disse que “A felicidade é a presença da ausência”. E quando fomos felizes no presente a ausência nos volta na saudade. O grande Bob Marley também nos diz que “Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos.”

Seja sempre feliz amando. Não há como medir o amor. Ele é incomensurável. E como tal não há como não nos fazer feliz. E não há quem não se sinta feliz lembrando-se de pessoas a que ama. O amor é o sustentáculo da vida. Não há como viver feliz quando não se ama. E quando não amamos não sentimos saudade. Vamos viver cada minuto de nossas vidas com muito amor. Só quando somos felizes podemos viver a felicidade na saudade. Mas não confunda a felicidade com sofrimento ou dor mental. Viva cada segundo de suas lembranças dos grandes momentos do seu passado. É assim que a vida vale a pena. Seja feliz no presente para ser feliz na saudade, mas sem sentimentalismo, apenas com amor. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460