Opinião

Opiniao 12 02 2019 7678

A inovação é um trabalho de pessoas inquietas

Luiz Alberto Rodrigues*

Em seu livro “TED Talks”, o presidente do TED, Chris Anderson, conta uma das pequenas histórias mais fascinantes que tive a oportunidade de conhecer em muito tempo. A narrativa aborda inovação, empreendedorismo e, principalmente, criatividade.

Ao viajar para Nairóbi, Quênia, ele e uma colega encontram um garoto de 12 anos chamado Richard Turere. Sua família criava gado e um dos maiores problemas que tinham era o constante ataque de leões à noite.

Logo, Richard percebeu que, se andasse de um lado para o outro com a tocha acesa, os leões se sentiam intimidados e não apareciam. Sabendo disso, ele criou um sistema de luzes que acendiam e apagavam em sequência, produzindo uma sensação de movimento. Tudo foi produzido com sucata – painéis solares, bateria de carro e um visor, e Richard, vejam só, tinha aprendido eletrônica sozinho mexendo com peças tiradas de um rádio dos pais.

Com a invenção, os ataques dos leões cessaram. E não só isso: a notícia se espalhou e outras aldeias decidiram adotar a invenção! Ao invés de matar os felinos, eles se protegeram com a iniciativa de Richard e tanto os aldeões quanto os ambientalistas ficaram felizes.

Esse é apenas um exemplo de como a criatividade está ligada à inovação. Como são duas coisas diferentes que, sem dúvida, se complementam. E de como a inovação precisa ser absorvida no dia a dia das empresas. Tiro dessa história ao menos três lições importantes:

Identificar a necessidade deve ser sempre o início do processo. Richard e as outras aldeias tinham a mesma demanda, por isso, deu tão certo. A curiosidade e a busca pela excelência levam à real solução do problema. Ao invés de caçar os leões, ele procurou fazer com que todas as partes envolvidas na situação se mantivessem intactas. Inovação não é trabalho de gênios e, sim, de pessoas inquietas e curiosas que possuem uma necessidade.

Como criatividade e inovação são muitas vezes confundidas, as pessoas costumam assumir que não é possível impulsionar processos de inovação dentro de uma organização.

Criatividade é a capacidade de conceber algo original ou diferente. Inovação é a implementação de algo novo. Richard criou uma forma diferente de lidar com um problema e o seu processo de inovação, já testado, foi adotado por pessoas que sofriam da mesma situação e mudou toda uma região.

Uma diferença simples: Claro, o próprio termo “inovação” denota algo diferente, novo. Porém, um processo de inovação pode ser muito mais simples e não precisa ser criado do zero. O poder da inovação é reconhecido hoje graças a cases como os aplicativos de serviços de transporte, que criaram uma demanda nova e fizeram com que todos ficassem satisfeitos. Do meu ponto de vista, criatividade é importante no mundo corporativo atualmente, mas é apenas o começo. O que garante uma mudança real e retorno financeiro é a adoção da inovação, que de fato colocam as ideias para funcionar.

*Fundador e CEO na EICON – Inteligência em controles

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Clarinetes na janela

Walber Aguiar*

“E cada qual no seu canto, em cada canto uma dor, depois da banda passar, cantando coisas de amor.” (Nara Leão)

Naquela manhã, o céu estava extremamente azul. Sobriamente, o firmamento vestira seu terno, como se esperasse algum evento cheio de pompa e circunstância. Azul também era a farda dos músicos da banda da Polícia Militar, pronta para embarcar no ônibus que a conduziria até a cidade-porto. Seu Cláudio estava lá, treinando os últimos acordes em seu velho clarinete. A banda estava afinada para mais uma festa.

Na velha estrada de piçarra, o ônibus seguiu seu percurso. Tudo era motivo de riso, desde um simples cochilo, onde o instrumento ameaçava cair, até as piadas de Eugênio “Rififi”. A efervescência era completa, com “Calça Preta”, “Antônio Lata”, “Canguru”, “China”, Coimbra, “Mangulão”, “Genésio do Trombone”, cabo Fátimo e tantos outros.

Finalmente, chegamos a Caracaraí.  Seu Cláudio pediu três ovos cozidos e um café reforçado. Depois, uma cervejinha gelada terminaria de matar a sede, tirando a poeira vermelha da garganta.

O velho “Caboré” estava sempre animado, sempre disposto a “cutucar” os amigos e seus instrumentos. A cidade parecia um agitado caldeirão cultural, à espera da banda passar cantando coisas de amor e de alegria. Com seu clarinete, o velho Cláudio Barbosa anunciou o começo do fascínio e do encanto, do assanhamento juvenil e do garbo esfuziante. O povo não queria apenas ouvir, mas ver de perto cada um dos músicos e suas geringonças mágicas, de onde saíam sons melodiosos, de onde brotavam canções, hinos, marchinhas; de onde a vida irrompia aos borbotões.

Seu Cláudio suava, soprando o clarinete mágico, aquele instrumento preto e nostálgico como a noite. Era uma espécie de “pai da banda”, de todos aqueles que tocavam a vida quando a vida ameaçava tocá-los adiante.

Grão mestre da Grande Loja e adjunto de Ademir Viana, o sereníssimo, Seu Cláudio Barbosa vivia em função de amar a família (principalmente dona Elza), ajudar o próximo e animar o mundo com os acordes bonitos que saíam do clarinete, do clarim que despertava os homens para a tarefa de construir um mundo melhor e mais humano.

O Grande Arquiteto do Universo chamou o velho músico e dedicado maçom para alegrar a Banda Celestial, ao lado de “Calça Preta”, “Canguru”, Antônio “Lata”, Ari, “Coimbra” e tantos outros que desfilavam acordes a fim de que os anjos pudessem dormir com placidez e serenidade.

Naquele dia, a banda não perdeu, nem a maçonaria ficou menor; pelo contrário, nas fileiras de uma e de outra estava ainda mais presente o homem que honrou a vida, o ofício de maçom e a sina de músico.

Seu Cláudio foi embora, deixando Dona Elza, Elzete, entre tantos filhos, netos, parentes e amigos que soube criar e cativar.

Adeus, amigo. Quando os fins de tarde se fizerem silenciosos e o coração saudoso se sentir vazio e sem graça, debruçaremos na janela para ouvir mais uma vez o mavioso solo de seu clarinete…

*Poeta, advogado, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

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A influência da primeira infância na adolescência

Flávio Melo Ribeiro*

A adolescência é um momento de descobertas, de um novo posicionamento diante dos outros e uma compreensão mais abrangente do mundo. E a base para que isso ocorra está no desenvolvimento infantil. O período de maior atividade cerebral que uma pessoa vai ter acontece até os três anos. O cérebro de uma criança com essa idade é duas vezes mais rápido do que de um adult
o, por isso a importância de usar esse momento para ensinar bons hábitos.

Uma forma de melhor desenvolver uma criança é possibilitando o conhecimento na presença dos adultos e outras crianças, pois, acompanhada, ela consegue focar melhor, aumentando sua capacidade de conexões neuronais. Segundo Jack Shonkoff, professor e pesquisador da Universidade de Harvard, a cada segundo o cérebro de uma criança faz cerca de 1000 novas conexões entre células nervosas. É durante esse período que ela conhece o mundo, percebe as pessoas a sua volta e faz relações entre os objetos que a cercam, percebendo as formas, cores e funções. Também começa a aprender uma linguagem e desenvolver sua comunicação. A educadora italiana Paola Strozzi salienta a importância de a criança brincar construindo objetos e histórias, visto que na construção ela dá significado ético e estético aos elementos.

No entanto, para que ocorra aprendizado é necessário que os pais proporcionem certo grau de desafio para que a criança possa alcançar o projeto e ao mesmo tempo se frustrar caso não consiga fazer. Esse equilíbrio exige da criança um caminho, uma ordem e um cuidado para concluir o que iniciou, além de desmitificar a ideia de que tudo é perfeito e tudo acontece do jeito que ela quer. A presença de adultos nesse processo é fundamental, porque, ao ser estimulada, terá incentivos para ultrapassar os desafios que lhe são impostos numa brincadeira e aprenderá a continuar quando não conseguir fazer algo.

Esse conjunto psíquico/social/biológico precisa se desenvolver para chegar à adolescência com conexões neuronais que permitam conviver com os outros, estudar, explorar o mundo da melhor forma possível.

*Psicólogo – CRP12/00449 E-mail:[email protected] Conato: (48) 9921-8811 (48) 3223-4386

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Aprendendo a aprender

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“As pessoas inteligentes aprendem mais dos tolos do que os tolos das pessoas inteligentes.” (Marcos Cato)

Senão cada um não seria cada um. Aprender com os tolos é muito simples, embora meio difícil. A única saída é não ser tolo. Nunca se aborreça com as tolices dos outros. Caso contrário, você estará se equiparando a eles. Simples pra dedéu. Analisar as tolices de alguém pode nos enriquecer, desde que não a discutamos com o tolo. É assim que aprendemos com ele. Discutir é uma banalidade que os políticos ainda não perceberam. Os blá-blá-blás na discussão dificultam a análise sobre quem é o bobo. Quando respeitamos a opinião do outro, consideramos o grau de evolução dele. Se ele está certo ou errado, é um problema dele e não seu. Mesmo que a opinião do tolo esteja afetando você, fique na sua. E é bom não esquecer a fala do pré-marido, na peça de teatro, “Compra-se um marido”: “Não há bobo mais bobo do que o bobo que pensa que eu sou bobo.”

Mostre sua inteligência no aprendizado no dia a dia. E não há faculdade mais eficiente nesse aprendizado do que a da Universidade do Asfalto. É quando aprendemos mais com os tolos do que com os inteligentes, mesmo quando não somos tolos. Deu pra sacar? O que aprendemos com os inteligentes vai depender da nossa inteligência. O importante é que nos aprimoremos na caminhada da vida, para que possamos viver a vida como ela deve ser vivida. A vida não é uma só, mas cada uma deve ser vivida como se fosse a última. Na verdade, não sabemos quantas vidas ainda viveremos neste planeta pequeno e ainda em evolução. E cada um de nós está na gangorra do progresso a regresso. O que indica que para regressarmos ao nosso mundo de origem ainda temos muito a fazer em nossa evolução racional.

Viva cada momento do dia de hoje, como se fosse o último. E não considere isso como pessimismo. Ao contrário. Cada segundo da nossa vida está exigindo de nós o esforço para o progresso. E este está em você mesmo, ou mesma. Busque o que você precisa, em você mesmo. Você tem o poder de vencer todos os obstáculos da vida, desde que não perca seu temo com as tolices e bobagem dos tolos. A evolução espiritual racional e cultural está ao seu alcance. Tudo vai depender da sua capacidade de aprender com os mais fracos intelectualmente. Porque os mais fortes apenas armazenam em você conhecimentos adquiridos com os mais fracos. Busque o saber no positivo. Nada de ficar perdendo tempo com coisas negativas que não levam você a lugar nenhum, na rota do progresso. Você é dono de si mesmo. Avalie-se e vá em frente. O Universo está à sua disposição. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460