Opinião

Opiniao 15 01 2019 7528

A morte de um filho

Flavio Melo Ribeiro*

Os pais sonham com o filho e o que farão juntos antes mesmo da gravidez. Esse desejo de construir uma família e de dar continuação ao seu próprio ser através da existência de um filho é uma ideia bastante comum entre pais e mães. O amor pela criança só aumenta com a espera durante a gravidez, os cuidados depois de nascer, as preocupações e a satisfação de vê-lo crescer e descobrir o mundo.

A morte desse filho é um drama que se inicia com a notícia do seu falecimento, visto que o sentido da vida se dá a partir dos desejos e projetos que a pessoa coloca em ação. E a morte é a interrupção abrupta dos projetos ainda em curso. Nesse caso, é uma dupla interrupção, pois além de indicar a perda do filho, desmancha o sonho de compartilhar a vida em família.

Já o nascimento aponta a responsabilidade que a mãe e o pai terão pela frente, fazendo com que mudem sua forma de pensar, de agir e de sentir. Os significados que norteavam sua vida até aqui mudam radicalmente. Então, a notícia de que um filho veio a óbito traz um vazio insuperável. Pode parecer que os pais superaram, mas no íntimo, a lembrança se faz diária através de lembranças e de projeções de um futuro que nunca se deu “o que ele estaria fazendo se estivesse vivo ou como gostaria que ele estivesse participando desse evento”.

Amenizar o sofrimento é construir um novo projeto. No entanto, para isso é preciso ter paciência para que o tempo cicatrize as feridas. E por mais que amigos e conhecidos tentem animar os pais enlutados com frases como “Vocês são novos, podem ter outro filho”, “Faz parte da vida e talvez ele tenha outra missão”, isso não ajuda. Muitas vezes, o resultado é o contrário, faz aumentar a raiva da perda do filho.

Portanto, caso queira consolar com eficiência, fique ao lado em silêncio e no máximo diga que está disposto a conversar. Escute as queixas, as lamentações e as raivas. É isso que uma pessoa que está passando por uma perda quer. Deixe passar uns dias e então, se necessário, converse a respeito e dê sua opinião. Entenda que é o futuro que puxa a pessoa para a vida. E o filho representa o futuro dos pais, por isso é muito difícil lidar com a morte. Além disso, existe a expectativa de que os filhos enterrem os pais e quando o contrário acontece, é difícil aceitar.

*Psicólogo; CRP12/00449 E-mail: [email protected] Contatos:(48) 9921-8811 / (48) 3223-4386

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Acordos e desacordos

Walber Aguiar*

“Pro diabo que os carregue…” (Ariano Suassuna)

A chuva caía com força. Também com muita força eram repelidas as palavras do desequilíbrio e da contenda. De novo, o sapo barbudo deixara escapar mais uma de suas “pérolas”. Um cara que não estudou, que foi a vida inteira um burocrata do partido, um homem que enricou de repente e conseguiu a proeza de engordar os bolsos e a conta bancária de um filho que tomava conta de animais em um zoológico, não tem autoridade pra falar quase nada.

Era um milagre. Não de Deus, mas da corrupção, do desvio de verbas, da avalanche de denúncias que desabaram sobre nossos telhados e cabeças, sobre os trabalhadores que matam um leão todos os dias, aqueles que o diabo de barba diz representar. Era um milagre, fazer de um limpador de m… um milionário, do dia pra noite.

Do outro lado, os “evangélicos”, aqueles que se deixam plastificar por doutrinas de homens e fazem do evangelho moeda de troca e objeto de prestígio. Aqueles que fazem “marchas para Jesus”, sob o signo da troca de favores oficial, do toma lá, dá cá com os políticos de carreira e os fisiologistas de plantão; aqueles que aparecem sorridentes em palanques, querendo usar o povo de Deus como massa de manobra para fins eleitoreiros. No meio de tudo, estão os dois personagens centrais do existir humano. Deus e o diabo.

Sinceramente, não se sabe de quem é a culpa: se dos que usam o nome de Deus para chegar ao poder ou dos que usam o poder para manipular o povo de deus. Dos dois lados, não há nenhum inocente. O cão barbudo diz que os “evangélicos” jogam tudo nas costas do diabo. O bife queimou na frigideira, foi o diabo, o dinheiro sumiu da carteira, foi o diabo, a mulher traiu o cara, foi o diabo, o carro parou no meio da rua, foi o diabo.

Ora, o diabo sempre teve as costas largas. Isso porque os que se dizem evangélicos não assumem sua culpa histórica, não representam bem aquele que dizem representar; hipertrofiam a graça de Deus, invertem os valores com doutrinas humanas, inventam mandamentinhos e obrigam os fiéis a carregar os pesados fardos da religião. Assim, não há ombro que aguente, não há psique que resista. Daí o fato de existirem clínicas psiquiátricas com pessoas neuróticas, por não conseguirem viver nem o evangelho nem a loucura de um mundo enquanto sistema de iniquidade.

Assim, os evangélicos da neurose e dos fardos pesados, dos escândalos e dos lobos vorazes que se intitulam pastores, não podem se indignar tanto com as palavras do diabo barbudo. Ajudaram a eleger o infeliz desgraçado, agora não querem engolir o que ele vomita. Claro, que sempre cabe a crítica. Penso que ele não tem nenhuma autoridade para falar mal dos evangélicos de verdade. Logo ele, o diabo barbudo, que sempre se utilizou do cinismo e do discurso vazio para esmagar e oprimir o povo brasileiro.

O diabo está no subconsciente de quem faz o mal, de quem fala demais por não ter nada a dizer. Deus não passa nem perto dessas discussões vazias e sem graça…

*Advogado, poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras.

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Juntos, venceremos

Marlene de Andrade*

“Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se abalam, mas permanecem para sempre”. (Salmos 125:1)

Há quem diga que em Roraima nada vai mudar, ou seja, estávamos em intervenção militar “me engana que eu gosto” e que os militares fizeram prova de vida, mas que tudo foi em vão. Que discurso é esse se tinha gente morando em Miami e recebendo salário como se fosse funcionário público de Roraima?

Devemos ficar felizes pelas Forças Amadas terem decretado intervenção em nosso Estado e Denarium ter assumido como governador antes do dia 1º de janeiro de 2019, mas ao contrário, alguns ficaram com esse discurso ultrarreacionário.

Creio que nosso Brasil tem jeito, sim, e fico chateada quando escuto alguém proferir esses impropérios em vez de ficar otimista. Devemos ajudar nosso País, acreditando num Brasil melhor e sem corrupção. Nesse viés, acredito, entre outras coisas, que os corruptos vão ser presos, que Lula não vai sair da cadeia e que o STF vai ser dissolvido, pois somente pessoas de bem vão sentar nas 11 cadeiras daquele Tribunal e passando antes por prov
as, pois chega de ministros do Supremo Tribunal entrando pela “janela” a fim de ajudar seus “padrinhos”. Creio que seremos um País de 1º mundo.

Acredito também que os salários serão justos, a saúde funcionará adequadamente, que nossos filhos e netos estudarão em escolas de padrão classe A. Transportes? Serão eficientes e acessíveis à população, estradas nota 10 como são, por exemplo, em Portugal, Espanha e Estados Unidos, países que visitei e que não vi um só buraco nas ruas e com um sistema de segurança respeitável. Claro que nada disso ocorrerá num estalar de dedos, mas temos tudo para sermos dentro de alguns anos, de fato, um País de 1º mundo.

Presos? Vão ter que trabalhar para pagar sua estadia na prisão. Violência urbana? Vai, se Deus quiser, acabar e nós poderemos andar nas ruas com tranquilidade. É ilusão de minha cabeça? Prefiro crer que não. Parece que se instalou uma espécie de doença nos brasileiros e por isso muitos não acreditam mais em nada. Que é isso? Vamos pendurar a Bandeira Brasileira nos nossos telhados e ser patriotas!

Nosso País está cheio de funcionários “fantasmas” e essa história tem que mudar e está mudando. O Brasil ficou 500 anos dormindo sem perceber e sem dar conta da roubalheira dos políticos que se elegiam para enriquecer a custa do dinheiro público, porém, e graças a Deus e da Lava-Jato, nossa história está se modificando para melhor.

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT – CRM/339 RQE341

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A viagem eterna

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A alma humana é como a água: ela vem do céu e volta para o céu, e depois retorna a Terra, num eterno ir e vir.” (Goethe)

E como já estamos no segundo passo na caminhada da semana, vamos nos cuidar. A alma humana normalmente é esquecida por nós. E geralmente a entregamos à responsabilidade dos que dizem saber como orientá-la. Contemple sempre a grandeza da Natureza. E grandeza não está só na beleza. Quando olhamos a força e a dimensão do mar, por exemplo, não nos preocupamos em analisar a força que ele nos mostra. Apenas nos iludimos com sua beleza nos arrufos das ondas. Nem imaginamos, por exemplo, a influência que a lua tem sobre os movimentos das águas. E daí?

Meu fim de semana foi meio “agitado”. Estranhamente encontrei na praia, pela manhã, uma pessoa que nunca imaginei encontrar, principalmente aqui na Ilha Comprida. Cris é uma das pessoas que conheci quando ela ainda era criança. Conhecemo-nos em São Miguel Paulista, em São Paulo, nos anos setenta. Foi um encontro fantástico. Coisas que nos levam a reflexões. Pela manhã de ontem, fui ao Município de Iguape. Um passeio fantástico na observação às imagens na Igreja Histórica. Novamente, caminhei pelas veredas dos pensamentos sobre o que realmente somos neste mundo em permanente transformação.

As belezas naturais nos fazem falta. Com a aparente evolução do ser humano, nos esquecemos de ser o que realmente somos. Nossa condição de animais de origem racional exige nossa observação ao desenvolvimento racional. E continuamos caminhando nas veredas do regresso. Vamos começar a prestar mais atenção às coisas ricas na beleza da Natureza, para que enriqueçamos espiritual e racionalmente. E inicie sua caminhada, não perdendo tempo imaginando que falo de religião ou coisa assim. Nossa felicidade está dentro de nós mesmos. O importante é que saibamos ser felizes. O que não é difícil quando nos respeitamos como seres de origem racional. Porque todos nós somos da mesma origem.

A violência é uma característica do animal. E na medida em que ela aumenta, aumenta nosso grau de irracionalidade. E com esta, não nos preparamos para o nosso ir e vir. Estamos sobre este pequeno planeta, há vinte e uma eternidades. Tempo suficiente para refletirmos sobre nossa estagnação racional. Ainda não refletimos sobre isso. E continuamos reféns das mudanças na Natureza que continua em evolução. E não nos esqueçamos de que no mundo de onde viemos, e para onde voltaremos, não há unidade de tempo. Nossa volta depende de cada um de nós. Então, vamos dar mais atenção às coisas simples à nossa volta, para que sejamos mais felizes. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460