Opinião

Opiniao 18 01 2019 7547

Roraima, prioridade do Governo Federal

Jair Bolsonaro*

O governo federal vai prosseguir com as ações humanitárias que estão sendo promovidas em Pacaraima e na capital do Estado, Boa Vista. Um País com a vocação democrática do Brasil jamais poderia abandonar à própria sorte centenas de venezuelanos que tentam, diariamente, sobreviver à crise humanitária venezuelana.

Mas a Pátria Amada de todos os brasileiros também não pode deixar de dar atenção especial ao povo de Roraima já neste início de mandato. E esta é a principal mensagem que a comitiva de ministros presente em Pacaraima vai transmitir, em meu nome, à população roraimense e ao governador, Antonio Denarium (PSL).

A estratégia possui três eixos, que são o ordenamento de fronteira (para organização da entrada, registro e imunização); o acolhimento em Boa Vista e Pacaraima, para que a população não precise dormir na rua; e a interiorização, para tirar pressão sobre os serviços públicos do Estado e de seus municípios.

Sabemos que o Estado, e Pacaraima em especial, sofre com o fluxo intenso que tem sobrecarregado os serviços públicos. Aliás, aproveito para parabenizar os brasileiros de Roraima pelo apoio manifestado à Operação Acolhida, realizada pelo Exército e pelo Governo Federal.

Apesar da questão complexa que é o acolhimento de refugiados, vejo com otimismo o futuro do Estado. Minha afirmação baseia-se no mais recente relatório da Operação Acolhida, apresentado na 8ª reunião do Comitê Federal de Assistência Emergencial, presidido pela Casa Civil da Presidência da República.

Segundo dados da Polícia Federal, até dezembro do ano passado, cerca de 200 mil venezuelanos entraram pela fronteira de Pacaraima, sendo que 60% deles deixaram o Brasil. E a cidade é apenas a 4ª maior porta de entrada de nossos vizinhos no País. A Colômbia continua sendo o principal destino, enquanto Panamá, Argentina e Espanha recebem mais venezuelanos que o Brasil.

Os números do relatório informam que cerca de 5,7 mil venezuelanos estão acolhidos em 13 abrigos construídos pelo governo federal em Roraima e que pouco mais de 4 mil foram para 29 cidades pelo processo de interiorização. Revelam ainda que nem todos os venezuelanos que chegam ao Brasil permanecem no País.

Por tudo o que Roraima tem feito, pelo seu potencial e importância estratégica, as ações do Governo Federal preveem a manutenção das medidas de ajuda e o programa de interiorização, mas vão além disso. Passam pela melhoria da qualidade de vida da população, pelo desenvolvimento da economia — em especial, da produção agropecuária — e pela geração de mão de obra. Sim, Roraima é prioridade para o Governo Federal.

*Presidente do Brasil

——————————————-

As Américas para os ameríndios, sob uma perspectiva da sobreposição das nacionalidades – PARTE I

Wilson R. F. Précoma*

Em contato mais próximo com alguns membros do Povo Ameríndio Warao e da realidade vivenciada por eles, que, atualmente, se encontram em situação de permanente vulnerabilidade humana, de dignidade e de identidade étnica por estarem sob albergue nos abrigos oficiais institucionalizados nas localidades de Boa Vista e Pacaraima, no Estado de Roraima, e por serem considerados, em decorrência de tais albergamentos, tanto pelos aparelhos do Estado brasileiro, quanto pela sociedade envolvente, como imigrantes, portanto, como estrangeiros, o que implica que ocorra, concomitantemente, a alcunha indevida de estrangeiros, a negação étnica operada pelo Estado nacional brasileiro, que nega, de forma continuada e sistematicamente, em reconhecer a indianidade aos Warao, importando, por tais imperativos de preconceito estatal, no desrespeito aos direitos originários e à condição/qualidade de indígenas que culturalmente ostentam.

Mas no trato direto com os membros do Povo Ameríndio Warao, mesmo junto aos sitiados pelos albergamentos, eles demonstram ter uma percepção muito mais aprofundada e aprimorada da própria identidade étnica e cultural do que representa para eles ser indígena em comparação com os demais povos ameríndios que ainda não trouxeram à tona nas suas respectivas consciências coletivas a práxis cultural da indianidade plena, posto que a consciência autóctone demonstrada pelos Warao provém de uma leitura mais abrangente da história como um todo desde a chegada ao continente americano do povo primevo do qual descendem até as invasões europeias, que implica, principalmente, na absorção, em termos históricos e culturalmente construído com o perpassar do tempo, principalmente, a partir de 1492, quando a dominialidade sobre os territórios ancestrais das Américas e as sobreposição nacionais*, passaram a constituir como práticas de costumes e em não respeitar às divisões geopolíticas impostas pelos Estados nacionais, uma vez que ser, estar e se sentir indígena, no caso específico dos ameríndios Warao, significa, em primeiro lugar, que a designação gentilícia dada pelos invasores europeus se constituem, na verdade, no gênero que abarcou a multietnicidade pré-colombiana existente nas Américas, e, a seu turno, esta multietnicidade composta, dando alguns exemplos, pelos Warao, Pemon, Taurepang, Ingaricó, Makuxi, Wapichana e pelos demais povos ameríndios existentes geograficamente desde o Canadá até a Patagônia, passaram a se constituir em espécies do gênero comum denominado pelos invasores europeus como índios, indígenas, ameríndios, autóctones, povos originários e etc. E, em segundo lugar, por estarem cientes, histórica e culturalmente, de que provém como povo do troco comum a todas etnias pré-colombianas concernente ao primevo grupo de humanos que ocuparam territorialmente o continente que atualmente conhecemos como América, entendem, tanto pela consciência relacionada à origem comum a todas etnias ameríndias, quanto pela ocupação territorial advinda do povo primevo do qual descendem, que, por tal binômio histórico e cultural, não estão sujeitos às divisões geopolíticas impostas pelos Estados nacionais atualmente existentes nas Américas, por se haverem, no caso específico dos Warao, como povo com força de sobreposição nacional, isto é, com força de sobreposição às nacionalidades no âmbito da territorialidade dos continentes das Américas, por se entenderem como povo sem nacionalidade por se identificarem, histórica e culturalmente, como povo pré-existente às invasões das Américas e os países decorrentes destas invasões não foram constituídos e efetivados geopoliticamente a partir do povo Warao, mas em detrimento do mesmo e dos demais povos ameríndios irmanados pela origem comum, portanto, na visão histórica e cultural dos Warao são países forjados pelas forças da ilegitimidade, do genocídio e da espoliação dos recursos naturais com os quais secularmente lidavam, e, ainda lidam, de forma sustentável sem a necessidade de ultimar acúmulos de excedentes predatórios.

*Procurador federal aposentado (Fundação Nacional do Índio – Funai); advogado especializado em questões indígenas e em Direitos Originários Ameríndios.

——————————————-

A força da solidariedade

Graciane Passos*

Hoje vivemos uma, se não a maior, crise do Estado de Roraima. Passamos por todo tipo de provação entrando governo, saindo governo e o povo penando com as consequências da má administração dos recursos públicos. Enquanto isso, a Saúde respira por aparelhos, entre a vida e a morte de quem na maioria das vezes passou anos contribuindo com os mais variados impostos.

Neste momento de crise, recorremos a Deus, rogando por dias melhores, por respeito e por dignidade, o mínimo que pode ser oferecido a qualquer cidadão.

Em tempos difíceis, percebemos o quão importante é termos amigos de verdade. Não é vergonhoso pedir ajuda quando se precisa. Vergonha é pagarmos altos impostos e termos nossos direitos à saúde, educação e segurança jogados na lata do lixo. Vergonha é, em um dos países que mais se arrecada imposto, o cidadão ser destratado e ficar horas, dias, meses e anos aguardando por um procedimento que pode salvar sua vida. A que ponto chegamos? 

Em um país onde a vida humana perdeu valor para seus representantes públicos, sabermos que tem quem ainda a valoriza, é extremamente reconfortante e é o que nos motiva e nos faz refletir sobre a situação na qual nos encontramos. Sobrevivemos pela solidariedade, sobrevivemos dos poucos que ainda acreditam na humanidade.

*Pedagoga e funcionária pública.

——————————————-

Vivendo a vida

Afonso Rodrigues e Oliveira*

“A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem para em qualquer topada.” (Bob Marley)

Viver a vida é algo sério. O importante é que a felicidade faça parte da vida. E a felicidade está em cada um de nós. Infelizmente, a maioria ainda não aprendeu a viver com simplicidade. O orgulho, a empáfia e outros defeitos humanos são a razão de a maioria não ser feliz. Divirta-se. Preste atenção a cada momento de sua vida. Você pode muito bem estar se divertindo enquanto outros estão penando, no mesmo nível de vida. Divirta-se sem parecer tolo. Quando você sabe se divertir, diverte.

Ontem, saímos para resolver uns problemas que não são problemas. Fomos até a Prefeitura da Ilha, para uma informação. Saímos, caminhamos pela Avenida Beira Mar e fomos ao escritório de um arquiteto. Conversamos e saímos em direção à Avenida São Paulo, de volta para o almoço. E foi aí que caí na esparrela de passar pela calçada de uma farmácia. O paraíso da dona Salete. Tentei desviar, mas, como sempre, não deu. Já era hora do almoço e não conseguíamos sair da farmácia. Finalmente saímos. Entramos por uma rua bonitinha, cheia de pedrinhas brilhantes. Parávamos e ficávamos olhando as pedrinhas e falando sobre coisas do dia a dia.

Não sei se já falei pra você, mas essas caminhadas pelas ruas e avenidas da Ilha Comprida são um momento de prazer e alegria. A gente se diverte pra dedéu. E foi aí que a jiripoca piou. Passávamos por uma árvore, quando a Salete curvou-se e apanhou um boletinho da Mega Sena. Critiquei-a por ela ficar apanhando papéis do chão. Ela me deu a bronca alertando que bem poderia ser um boletinho premiado que alguém teria perdido, e nós ficaríamos ricos. Alexandre riu, rimos e seguimos em frente. Um pouco mais à frente, ela viu alguma coisa esquisita entre as folhas caídas de outra árvore. Ela virou-se para apanhar a coisa esquisita. Iniciei outra crítica, quando ela curvou-se, apanhou o objeto esquisito, riu forte, e quase esfregou o cara no meu nariz. Eram duas cédulas: uma de cinquenta e outra de dez reais. Era exatamente o que tínhamos gastado na farmácia. Rimos muito e continuamos a caminhada, já bem curta.

Pra que levar a vida tão a sério? Cada momento, mesmo que seja dentro de uma farmácia, pode ser divertido. Por que não? Melhor ainda quando os gastos na farmácia são com objetos para limpeza de unhas, pés e coisa assim. Que foi o que aconteceu na nossa manhã de ontem. Que é quando o que parece fútil pode ser um momento de prazer, felicidade e amor. Quando amamos a vida a vivemos como ela deve ser vivida. Viva a felicidade dentro de você. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460