Opinião

Opiniao 19 01 2019 7552

Insistir na carreira ou começar tudo de novo?

Eduardo Ferraz*

Em algum momento da vida, você, certamente, já se fez a seguinte pergunta: “devo insistir em algo ou desistir e começar de novo?”. É preciso ser persisten­te, dedicado, comprometido e paciente quando se tem um bom processo em andamento – e isso vale para um relacionamento afetivo, aplicações financeiras, estudo, emprego, carreira e amizades.

Uma boa carreira costuma demorar pelo menos dez anos para dar resultados consistentes. Não se consegue um ótimo emprego sem merecimento e, quando conquistado, precisa de manutenção diária para gerar bons frutos (promoção, au­mento de salário, reconhecimento) no futuro.

Agora, quantas vezes você já insistiu em algo só por teimosia, medo de ficar sem nada ou vergonha de admitir o erro? Às vezes, mantemos posições equivocadas para tentar reverter uma tomada de decisão infeliz, e continuar investindo tempo, dinheiro e energia em situações das quais deveríamos desistir só piora o prejuízo.

Falando especificamente da vida profissional, muitas vezes o problema não está no emprego, pois a pessoa está na carreira ou profissão errada. Outras vezes, a carreira é ótima, mas o emprego é ruim.

Se gosta do que faz na carreira, tem perspectivas de evolução nos próximos anos, consegue usar seus talentos com frequência, está motivado para continuar aprendendo, não se vê fazendo outra coisa, você está no caminho certo, com uma carreira promissora, e deve investir toda sua energia para que fique ainda melhor. 

Agora, se você odeia o que faz, tem pouca perspectiva de evolução, usa pouco seus talentos, seus pontos fracos atrapalham muito, acha a profissão desagradável, sente-se desmotivado a maior parte do tempo, seu dia a dia profissional é monótono, pensa com frequência em fazer outra coisa e nunca recebe novas propostas de trabalho, é hora de repensar sua carreira.

Ao analisar esses prós e contras, você pode ter entrado em um dilema ainda maior. Nesse caso, sugiro que concentre seus esforços na parte positiva e tente ajustar, dentro do pos­sível, a parte negativa. Mudança de carreira é coisa séria e complexa, por isso você deveria fazer o máximo para ajustá-la antes de tomar uma drástica decisão de mudar. Não existe carreira perfeita, pois sempre haverá dificulda­des, fases ruins, decisões equivocadas e gente desagradável. Mas também haverá fases ótimas, boas decisões, gente inte­ressante e resultados positivos.

Faz parte do jogo conviver com altos e baixos. Entretanto, tome cuidado com excesso de indecisão: é muito ruim ficar dividido por um tempo pro­longado, pois a dúvida paralisa, trava a tomada de decisões e prejudica os resultados. Logo, não fique em cima do muro. Siga em frente com sua carreira e melhore um pouco a cada dia ou desenvolva um plano B para começar em uma nova profissão mais próxima de seus ideais.

*Consultor em Gestão de Pessoas há mais de 25 anos e autor do recém-lançado “Gente que convence”, pela Editora Planeta.

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As Américas para os Ameríndios, sob uma perspectiva da sobreposição das nacionalidades – PARTE II

Wilson R. F. Précoma*

Há nesta concepção jurídico-antropológico de identidade fundadamente histórica e cultural dos Warao, no que tange, em particular, à sobreposição nacional aos limites transfronteiriços, nítida arguição de que os Estados nacionais existentes atualmente nas Américas, são, sem exceções, destituídos de legitimidade por serem oriundos e efetivados a partir das invasões dos territórios ancestrais dos ameríndios, posto que o propagado discurso afeto aos imperativos dos descobrimentos das Américas não passou, na verdade, de uma fórmula discursiva encontrada pelos invasores europeus para conotar suposta legitimidade para dar suporte geopolítico para fazer frente e tomar o espólio do descobrimento como patrimônio próprio em face dos outros países na pilhagem dos patrimônios culturais ameríndios, uma vez que tais descobrimentos se constituíram e seus efeitos ainda persistem, em apossamentos previamente acordados e resultaram em verdadeiros assaltos genocidas praticados contra os ameríndios.

Os primevos das Américas foram os povos indígenas que aqui chegaram e ocuparam o continente quando não havia ocupantes humanos, portanto, são os ameríndios os verdadeiros descobridores das Américas, coube aos europeus nesta história humana o papel de invasores, genocidas e espoliadores das terras e dos Povos Originários das Américas, contrariamente do propagado pelos discursos oficiais e pelas narrativas aparelhadas pelos Estados nacionais das Américas.

Em suma, por tais parâmetros étnicos, históricos e jurídico/antropológicos consubstanciados no modus operandi pelos quais os ameríndios Warao exercem a liberdade transfronteiriça de ir e vir e permanecer como um fundamento cultural de sobreposição às nacionalidades brasileira e venezuelana, uma vez que se constitui, como já salientado acima, em um modus operandi de perfil fundadamente cultural, intrínseco à maneira de ser e de exercer a própria indianidade, isto é, os Warao atuam junto aos Estados nacionais das Américas, em particular, junto ao Brasil e junto à Venezuela, pelos imperativos históricos e culturais que desenvolveram ao longo da própria história decorrida nos últimos dez mil anos e os aparelhos e os poderes públicos do Estado nacional brasileiro, no caso concreto dos Warao albergados, devem viabilizar que seja reconhecido em favor dos mesmos à indianidade pré-colombiana que ostentam e que reclamam por reconhecimento estatal, antes mesmo de qualquer nacionalidade, facultando-os que assumam, ou não, por desiderato próprio, pelo imperativo da autodeterminação, uma ou mais nacionalidades concomitantes, desde que conveniente à proteção cultural e social e ao desenvolvimento humano e econômico dos seus membros, uma vez que para os Warao os Estados nacionais da América existentes são, tão só, um meio e não um fim em si mesmos, como, aliás, deveria ser assim concebidos, também, pelos não-índios.

*O termo utilizado no texto concernente às expressões sobreposição nacional ou sobre posição nacionais, foram utilizadas visando demonstrar que os direitos originários ameríndios, cientificamente reconhecidos como de formação jurídico/cultural pré-colombiana, portanto, já existente quando da institucionalização dos Estados nacionais americanos, se sobrepõem a estes, expressando o entendimento do autor no que concerne à superioridade desses direitos não só sob o aspecto temporal mas sobretudo em atenção da prevalência dos aspectos jurídico/antropológicos e históricos dos direitos originários ameríndios sobre os Estados nacionais atualmente existentes, no mesmo sentido utilizado pelo termo em inglês “overlap” calcado no domínio territorial pretérito dos Povos Ameríndios às invasões europeias perpetradas nas Américas a partir de 1492.

*Procurador Federal aposentado (Fundação Nacional do Índio – Funai); Advogado especializado em questões indígenas e em Direitos Originários Ameríndios.

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Um compromisso que será cobrado

Camila Asano*

Ao anunciarem a continuidade da Operação Acolhida e suas ações humanitárias em resposta ao fluxo de venezuelanos, os ministros assumem um compromisso em nome do governo Bolsonaro. Qualquer desvio futuro deste compromisso será firmemente cobrado pela sociedade civil. Ontem, o presidente Bolsonaro publicou artigo na Folha de Boa Vista indicando três eixos em sua estratégia para a questão. O acolhimento em cidades roraimenses, fortalecimento das capacidades de registro e imunização na fronteira e a interiorização, são fundamentais e devem ser fortalecidos. O compromisso foi assumido, mas a forma como será implementado precisa ser detalhada e desenhada com a mesma lógica humanitária que temos visto. Por exemplo, é sabido que a emissão de documentos e certidões está comprometida na Venezuela por causa da crise. Aumentar as exigências documentais na fronteira evidentemente não é uma ação de cunho humanitário. A interiorização deve, sim, ser reforçada, mas preservando seu caráter voluntário e informado. E novos locais de abrigamento devem levar em conta a integração local, já que uma localização afastada comprometeria a capacidade das pessoas de buscarem formas autônomas de reconstruir suas vidas. Possíveis novas medidas do governo precisam ser amplamente discutidas com as entidades que já vêm atuando no terreno e acumulam experiência e expertise na questão. Isso inclui Ministério Público, Defensoria Pública, agências da ONU e ONGs. Na coletiva, foi afirmado que há mais de 80 mil pedidos de refúgio de venezuelanos no acumulado até hoje. Não houve uma resposta objetiva, porém, à falta de decisão do CONARE – Comitê Nacional para Refugiados – somam-se aos pedidos de refúgio de venezuelanos que aguardam há meses esse deferimento. A diplomacia de Bolsonaro é contundente em condenar o autoritarismo do regime de Maduro e em afirmar que venezuelanos fogem de uma crise humanitária. Não haveria, portanto, justificativa para o governo Bolsonaro não reconhecer essas pessoas como refugiadas.

*Coordenadora de programas da Conectas Direitos Humanos.

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Não tente lá fora

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Não procure nunca uma motivação fora de si mesmo, dos seus desejos. Tudo está dentro de você, nos seus sonhos.” (André Blanchard)

Nosso processo de evolução é muito lento em função da nossa incapacidade de nos conhecermos. Ainda continuamos pensando e acreditando que nascemos sobre esta Terra porque fomos feitos de barro. Pelo menos foi o que puseram em nossas cabeças durante milênios a fora. Ainda não conseguimos acreditar na nossa origem racional. E porque não acreditamos, não conseguimos ser racionais. Ainda não acreditamos na força e no poder que temos dentro de nós mesmos. E quando tentamos acreditar, queremos fazer milagres ou mágicas. E não é por aí o caminho da racionalidade. Tudo que devemos fazer é nos aprimorarmos na racionalidade para podermos voltar ao nosso mundo de origem. Simples pra dedéu.

É no nosso pensamento que está toda a força de que necessitamos para parar com nosso eterno ir e vir. E continuaremos indo e vindo. Que iremos, iremos. Mas o mais importante é que nos conscientizemos disso e vivamos os momentos que vivemos por aqui. E enquanto não formos capazes de sermos felizes, não viveremos a vida que temos. Deu pra sacar? E o que parece estranho e complicado, é apenas um recado para que acordemos para o que realmente somos. Porque enquanto não nos conhecermos no que somos, não seremos o que realmente somos.

Sempre que a sexta-feira chega, sinto nela o cheiro do fim de semana. E você, como sente e vê seu fim de semana? Um momento para reflexões, ou para divertimentos exacerbados? Tanto faz. Cada um vive seu grau de evolução, dentro do racional. Nada é pecado quando sabemos viver dentro do nosso nível racional. Então, divirta-se no seu fim de semana, mas não procure sua felicidade na vulgaridade. Procure dentro de você mesmo, ou mesma, a motivação para a felicidade. E só você, e mais ninguém, é capaz de fazer isso por você. Não espere que algum, ou quem  quer que seja, faça você se sentir feliz. Sua felicidade está dentro de você. Ponha-a para fora e a viva intensamente. E não se esqueça de que ela, a felicidade, está nas coisas mais simples, à sua volta. Nunca a afaste de você, levado pela influência do negativismo. Todos nós navegamos na nave do ir e vir.

Peneire tudo isso e viva a vida com calma e paciência, independentemente dos trancos e barrancos que possam surgir no seu caminho. Eles fazem parte da evolução. E você vive o processo evolutivo. Ame e sonhe intensamente. O amor é incomensurável. Quando ele começar a enfraquecer, veja o que está errado com você e não com ele. E só quando amamos, somos amados. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460