Opinião

Opiniao 21 01 2019 7559

Armas e automóveis

Vera Sábio*

O ser humano é o único capaz de fazer o mal e destruir o próximo e tudo em sua volta.

Fora esta possibilidade, nem mesmo os animais selvagens e mais violentos como o leão, por exemplo, atacam a zebra que consegue pastar tranquilamente ao lado dele, enquanto ele dorme de barriga cheia. Podem confirmar em documentários.

O instinto animal faz com que eles cacem para se alimentar ou tenham vontade de brincar com as presas. Fácil de verificar quando um gato pega uma lagartixa e não mata de uma vez, e sim acha que está brincando com ela. Ou seja, não tem sentimentos maus e racionais, como os seres humanos.

Somente as pessoas são dissimuladas, maquiavélicas, cínicas, rancorosas e planejam o fim de seus semelhantes, até mesmo de seus filhos e pais.

Pois apenas os seres humanos precisam se defender e fazem casas, erguem muros, constroem armas e veículos para ultrapassarem o tempo e o espaço.

No entanto, é óbvio que aqueles bandidos, maus e perigosos, com certeza possuem armas para cometerem seus mais terríveis crimes. Por isso, não consigo entender, então, qual o problema dos cidadãos de bem, mediante as normas e regulamentos, possuírem armas para sua defesa pessoal?

A posse da arma não é o mesmo que o porte dela; afinal, os bandidos portam armas ilegalmente e sem qualquer requisito. Porque então, os cidadãos de bem, não podem ter em seus lares e empresas uma arma, principalmente para que o bandido saiba que, se ele atacar, corre o risco de ser atacado?

No meu pouco conhecimento, a posse de armas não faz aumentar a morte de inocentes e, sim, serve para impedir inúmeras mortes, simplesmente pela falta de punições severas, que muitas vezes não acontece àqueles que matam até mesmo pelo prazer de matar.

Os bandidos estão armados, isto é fato; porém, esta situação irá diminuir muito ao deixarmos os bandidos cientes que, se atacarem um cidadão de bem, o cidadão pode estar armado e o bandido acabar sem vida.

O que não é justo são famílias sendo destruídas todos os dias, porque a droga rola solta, as armas ilegais existem para aqueles que são ficha suja e deveriam estar presos e não perturbando a paz de pessoas de bem que não têm direito de ir e vir com segurança nem de ter segurança em seu próprio lar.

O automóvel mata muito a todo o momento. Afinal, os carros são armas potentes nas mãos daqueles que não dirigem direito, dirigem embriagados, ultrapassam a lei do trânsito e retiraram habilitação para dirigir sem um critério rigoroso.

Assim também são as armas. Não esqueçamos de que quem está no volante e puxa o gatilho, são pessoas, estas sim são perigosas, e que precisam ser, desde pequenas, bem educadas para um futuro melhor.

“A paz no mundo começa em mim”…

*Escritora, psicóloga, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna.

Adquira meu livro “Enxergando o Sucesso com as Mãos” Cel: (95) 991687731

Blog: enxergandocomosdedos.blogspot.com

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Animalesco cotidiano

Tom Zé Albuquerque*

“Vi ontem um bicho, na imundície do pátio, catando comida entre os detritos; quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava; o bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato; o bicho, meu Deus, era um homem”.

O texto acima, muito conhecido entre nós, intitulado de “O Bicho”, foi escrito pelo insigne Manuel Bandeira, em dezembro de 1947. Retrata, como claramente expresso, o degradante dia a dia de um povo ao ápice da fome, numa época de doenças, recursos escassos, reconstrução de boa parte do planeta e, ao mesmo tempo, a cruel realidade de país provincial, carente, atrasado, com um povo de baixa instrução e muito dependente de influência e interferência externa para se desenvolver.

Assusta-nos que, 72 anos após a publicação do conteúdo desse célebre pernambucano, nos deparamos com essa mesma realidade no Brasil. Nas grandes capitais essa inclemente realidade é visível a olho nu e em todos os cantos, de todas as formas. Arrebata-nos em pensar o porquê de décadas e décadas se passaram e o Brasil ainda proporciona tão deplorável situação ao seu povo, que de tão rotineira há o risco de nos acostumarmos com o caos; e, nesse espectro, todos nós temos maior ou menor responsabilidade. E culpa. Revolta-nos ao assistirmos a países que quase um século atrás estavam destruídos, física e socialmente, mas se ergueram para serem potências mundiais, em desenvolvimento e equidade.

Nesse diapasão, Roraima se evidencia em face da conjuntura gerada pela imigração de venezuelanos. Sim, é comum nos depararmos com esses estrangeiros revirando lixo na porta de nossas casas. O que seria um lixo para um ser humano? Qual a serventia de um saco de lixo (porque é lixo)? O que se espera encontrar no seu interior? Qual o grau de eficácia a cada revirada? Qual a meta diária de um homem que remexe um bloco de lixo? O que sente uma pessoa ao não encontrar o que procura a cada investida?

Há perplexidade no cotidiano nas ruas de Boa Vista, mas há também um desordenamento por parte do Brasil em não saber lidar com o controle migratório. Há ainda uma cultura assistencialista do país bolivariano, cujo poder político optou em adotar o modelo atroz e covarde de perpetuação do poder pela sustentação da dependência social, na preservação de auxílios vários de todos os moldes, blindando a cegueira da sociedade, resguardando o senso comum e cerrando as possibilidades da autossuficiência.

O poema de Bandeira foi escrito na cidade do Rio de Janeiro, logo após as festas natalinas, e é provável que suas linhas tenham explorado o eco dessas fartas comemorações. A abissal lacuna social no país do carnaval é histórica, perversa e impiedosa; a indignação do autor, externada de forma tão coloquial e objetiva, finca a realidade do homem e o seu vislumbre a um ambiente mais justo que, tragicamente, ressoam secularmente sem perspectiva tangível de mudança.

A fome não tem cheiro nem cor, nem racionalidade; daí ser a reação humana comparada ao animal. O repúdio e a lamentação não são suficientes para tamanha degradação física e psicológica. O homem involuiu… e ninguém viu?

*Administrador

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Obesidade: aceitar e tratar

Antonio Monteiro*

Em uma democracia, todos devem dar nossas opiniões e, posteriormente, analisar as opiniões dos que discordam. Essa é a única forma de crescermos e mudarmos a realidade, que muitas vezes consolida erros perigosos. Um desses enganos que tenho observado é em relação à questão da obesidade.

Tenho percebido atualmente uma tendência preocupante de
induzir as pessoas a simplesmente aceitarem sua obesidade; amarem seus corpos gordos e com isso abandonarem qualquer tentativa de tratar essa terrível doença, que sem qualquer dúvida, já é o principal problema de saúde pública mundial crescendo de forma epidêmica.

Na série “Malhação: vidas brasileiras”, apresentada diariamente pela TV Globo, esse erro é claramente cometido. Apresenta-se uma moça com um problema grave de bulimia, mas outra jovem obesa é tratada como alguém muito feliz e de bem com a vida, sem qualquer problema até em seus relacionamentos amorosos.

As duas coisas são muito graves, com a diferença que a obesidade entre jovens e crianças vem crescendo assustadoramente, e eles serão os adultos diabéticos, cardiopatas, hipertensos e com distúrbios de colesterol do futuro se seus pais acharem que é uma mera questão de aceitação de corpos gordos, pois afinal pessoas gordas (obesas ou com sobrepeso) já são maioria da população.

As pessoas obesas têm uma doença grave, que se não for pelo menos controlada trará sérias consequências à saúde delas, à medida que forem atingindo idades mais avançadas.

Uma coisa é lutar para que toda a humanidade tenha acesso às suas necessidades básicas (direitos humanos) e outra é achar que somos todos exatamente iguais e com as mesmas capacidades de realizarmos qualquer coisa.

Isso é hipocrisia! Nós criamos padrões de comportamento, de beleza estética e tantos outros e via mídia estimulamos seus cumprimentos e, de outro lado, ficamos lamentando quando aqueles que não conseguem ou não querem aceitar esses padrões sejam perseguidos ou marginalizados!

Todos têm qualidades e limitações que devem ser respeitadas, mas não é honesto que enganemos pessoas dizendo que seus problemas não existem e que podem ser eternamente felizes aceitando-os fazendo de conta que são exatamente como as outras!

A obesidade é uma doença crônica e como tal deve ser aceita, mas principalmente tratada!

*Médico preventivista e clínico geral, é formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Contato: [email protected]

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Vamos construí-lo

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Brasil, esse colosso imenso. Gigante de coração de ouro e músculos de aço, que apoia os pés nas regiões Antárticas. E que aquece a cabeleira flamejante na fogueira dos Tópicos. Colosso que se estendesse um pouco mais os braços iria buscar as neves dos Andes para com elas brincar nas praias do Atlântico.”

Temos um País de dimensões continentais, que nos enche de orgulho. Mas não o merecemos. Nossa política está depredando o maior recurso que temos. Que é nosso em todas as suas dimensões. Mas, não continuemos na ignorância de mantermos nosso País no patamar dos de segunda categoria. Temos tudo para sermos o líder da América do Sul. Só nos falta educação. Somos um povo amigo. Conquistamos o mundo com nossa amizade. Só não conquistamos a nós mesmos. Ainda continuamos elegendo dirigentes públicos de péssima categoria, que não têm competência nem dignidade para dirigir nosso País, para que ele tenha os filhos que merece.

Chega de discursos de botequim. Meu objetivo é exatamente esse: chamar a atenção dos que continuam como títeres. Para que comecemos a exigir dos nossos políticos a atenção que merecemos, e devemos ao nosso País. E tudo está na educação. E teremos que correr contra o dinossauro da ignorância que nos atormenta. Não consigo me conformar com a desatenção do poder público, no Brasil. Só quando formos um povo realmente educado, seremos capazes de eleger dirigentes públicos que nos respeitem como cidadãos. Já estamos cansando você com esse assunto, mas vamos continuar. Temos somente dois anos para encararmos as urnas, aonde iremos com a ilusão de estarmos cumprindo nosso dever de cidadãos.

Dois anos não é o suficiente. Mas não vamos nos acomodar nesse pensamento vazio, e começarmos a reclamar pelo nosso direito ao voto facultativo. E nos preparemos para os argumentos vazios dos que não estão nem aí para que sejamos cidadãos. Eles sabem que sem educação não conseguiremos realizar nossos sonhos. E como é um sonho que não lhes interessa, tudo farão para que esqueçamos a educação. Mas não vamos esquecê-la. E não vamos mais cair na hipocrisia das cotas. O que precisamos é de escolas de qualidade para que, com elas, nos eduquemos com qualidade. Porque só aí seremos capazes para merecermos a condição de cidadãos, com o voto facultativo. Porque não há democracia com a obrigatoriedade do voto. Todos os povos civilizados no mundo sabem disso. Menos os brasileiros que ainda não estamos civilizados. Lamento dizer isso, mas não estou exagerando nem mentindo. Nunca seremos cidadãos, enquanto votarmos por obrigação e não por dever. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460