Opinião

Opiniao 23 01 2019 7573

Crise. Quais caminhos?

Fábio Almeida*

A origem da atual crise que enfrentamos tem como fator principal a composição orçamentária. A lei orçamentária anual (LOA) é uma das principais peças da administração pública, estabelece as projeções de arrecadação e despesas a serem efetuadas pelo Governo e demais poderes. A arrecadação fiscal em Roraima amplia-se ano após ano, permitindo, desta forma, que o governo tenha margem de segurança na execução de políticas e garantida a qualidade de serviços públicos.

Porém, as distorções administrativas na elaboração do orçamento, de cada setor ou órgão, impõem um grave desequilíbrio orçamentário, pois considera apenas o valor orçado no ano anterior, acrescido da inflação ou novos projetos a serem desenvolvidos pelo proponente. Essa lógica de composição orçamentária proporciona a manutenção de privilégios, dificultando a aplicação de recursos em setores prioritários, além de muitas vezes os recursos passarem o ano fiscal parados.

Superar a crise roraimense exige a adoção de medidas efetivas pelo governador. A adoção do orçamento base zero é o primeiro passo, tendo em vista que a LOA 2019 está sendo elaborada pelo atual governo, essa reconfiguração, mesmo para setores como educação e saúde que possuem recursos vinculados, permitirá ao Governo reorientar a aplicabilidade financeira. O orçamento base zero induz a gestão pública justificar cada despesa a ser realizada, primando pela eficiência da aplicação dos recursos, garantindo mais recursos às áreas prioritárias.

A suspensão dos fundos de investimento por dois anos é outra medida também a ser adotada, a fim de que possamos qualificar através de Lei a regulamentação destes investimentos, tendo em vista que estes recursos não podem ficar parados, muito menos servirem para ganhos pecuniários de servidores e agentes públicos. A restrição de cargos comissionados a necessidade gerencial da máquina pública também é uma ação urgente a ser tomada – isso infelizmente não é o que temos visto nas nomeações realizadas pelo atual Governo.

As Leis de incentivos e subvenções devem também ter sua garantia suspensa, permitindo desta forma que o Estado possa fortalecer seu caixa, ampliando a oferta de serviços de qualidade e geração de empregos. Pois é necessário que criemos estratégias de monitoramento do efetivo ganho social das isenções dadas pelo Governo do Estado às empresas urbanas ou rurais que por aqui desenvolvem suas atividades.

Estas medidas são urgentes. O atual governador trilhará este caminho ou reproduzirá em curto prazo o triste episódio de atrasos salariais, algo que esperamos não se repita em Roraima, pois além de prejudicar a vida dos trabalhadores que não podem cumprir seus compromissos, impacta diretamente na arrecadação do Estado.

Bom dia.

*Historiador e candidato ao governo nas eleições de 2018

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A hora do turismo

Marcelo Álvaro Antônio*

O principal obstáculo para o desenvolvimento do turismo no país sempre foi a falta de vontade política. De acordo com o último estudo de competitividade do turismo do Fórum Econômico Mundial, num ranking com 136 países, o Brasil aparece na 126ª colocação no quesito priorização do setor de viagens na agenda estratégica de governo. Existe uma unanimidade sobre o potencial turístico do país, a exemplo dos vários atrativos de Roraima, mas nunca houve um esforço concentrado para transformar os nossos recursos naturais, culturais e a tão anunciada hospitalidade brasileira em emprego e renda. A manutenção do Ministério do Turismo como pasta exclusiva pelo presidente Jair Bolsonaro num contexto de enxugamento do governo é um indicativo claro de que o cenário mudou. O setor de viagens, que foi responsável por um em cada cinco empregos gerados no mundo na última década, enfim será prioridade para o governo.

Todo o plano de trabalho será calcado em três pilares fundamentais. O primeiro deles é o fomento ao turismo doméstico, por meio da redução do custo Brasil e do resgate do patriotismo. É preciso despertar no brasileiro o desejo de conhecer o seu país primeiro antes de ir para fora, e o governo tem a missão de criar condições para transformar esse desejo em realidade. Não é possível uma passagem de avião para o exterior ser mais barata que para destinos nacionais. A diminuição do custo operacional, a ampliação da conectividade aérea e a reativação de mais de 100 aeroportos regionais que estão fechados atualmente são urgentes. Nesse sentido, algumas medidas cruciais estão em tramitação no Congresso Nacional. Caso da abertura total das empresas ao capital estrangeiro e da criação de um teto de 12% para o ICMS que incide sobre o combustível da aviação.

O segundo pilar é a atração de turistas internacionais, com a transformação da Embratur em agência e a modernização da promoção do Brasil no exterior. Atualmente mais de 1,3 bilhão de pessoas viajam pelo mundo, entretanto recebemos menos de 0,5% desse total. Num mercado altamente competitivo, cada consumidor é extremamente disputado pelos principais destinos do mundo. Enquanto os vizinhos México, Colômbia e Equador investem respectivamente US$ 490 milhões, US$ 100 milhões e US$ 90 milhões por ano, o Brasil destina apenas US$ 17 milhões para a mesma finalidade. A transformação da Embratur em agência, sem criar mais custos para o governo, permitirá o fortalecimento da divulgação do Brasil no mundo por meio, entre outras alternativas, de parcerias com a iniciativa privada.

O terceiro pilar é a atração de investimentos e o estímulo ao empreendedorismo, com a desburocratização do país e a criação de áreas especiais de interesse turístico. O modelo que melhor retrata o projeto é Cancún. Com pouco mais de 20 quilômetros, a península mexicana injeta anualmente mais US$ 12 bilhões na economia do país. Mais que o dobro que todo o Brasil, com mais de 7 mil quilômetros de praias, fatura com o turismo internacional. Há menos de 50 anos, Cancún se resumia a um imenso pântano. Com a criação de uma política clara, com incentivos tributários e econômicos robustos para os investidores, grandes resorts se instalaram no local e transformaram o destino em um caso de sucesso a ser estudado e replicado.

Um item transversal, que perpassa e influencia toda a estratégia, é o aumento da segurança pública, tema central na agenda do governo. Ao colocar o setor como prioridade e atacar, de forma direta e objetiva, gargalos históricos, o potencial tem tudo para virar realidade. A hora do turismo chegou.

*Ministro do Turismo

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Formas de amar

Oscar D’Ambrosio*

O amor tem numerosas facetas e configurações. Pode-se pensar em possibilidades infinitas e situações inusitadas, comandadas pelos mais variados sentimentos, que vão da posse total do objeto desejado ao desapego de si mesmo para alegrar o outro. Concorrente de Israel ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2019, ‘O confeiteiro’ trata
justamente disso.

O enredo, aparentemente simples, se desdobra em complexidades. Um competente confeiteiro alemão de Berlim e um empresário israelense, casado e com um filho em Jerusalém, se conhecem e se apaixonam na Alemanha. O que poderia ser mais um triângulo amoroso ganha outras proporções.

O empresário falece num acidente de automóvel e o confeiteiro decide ir para Israel e conhecer a viúva, que tem uma cafeteria. Chegando lá, não apenas acaba trabalhando no local como também se envolve afetiva e sexualmente com ela. Isso ocorre ainda dentro de um cenário em que ele enfrenta preconceito por ser alemão e não conhecer a tradição kosher, que proíbe, por exemplo, a mistura de carne e leite.

A direção de Ofir Raul Grazier contribui para um ritmo seguro que apresenta reviravoltas do roteiro significativas, mas suaves. O confeiteiro alemão é movido pelo instinto e pelo destino, sem grandes planejamentos, mas conduzido pelas circunstâncias, que contribuem para um delicado final que aponta para as múltiplas maneiras de amar, longe de ações e pensamentos prontos e consagrados.

*Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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O universo do pensamento

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O cérebro é o aparelhamento material para que o espírito expresse sua vontade, através do pensamento.” (Dr. Ruy Guilherme)

O ser humano vive um processo de evolução que se estende há vinte e uma eternidades. Quando seremos realmente racionais se ainda não somos capazes de uma análise? Mas não importa. O importante é que continuemos na caminhada, rumo ao nosso mundo de origem. Não devemos perder tempo com preocupações que levam a análises infundadas do comportamento humano. Todo o poder de que necessitamos para alcançar nosso retorno está em nossos pensamentos. E só desfrutaremos os resultados quando aprendermos a pensar. O enriquecimento espiritual depende do enriquecimento nos pensamentos. É no nosso cérebro que está o universo dos nossos pensamentos. Há um zilhão de exemplos de acontecimentos inacreditáveis, ocorridos sem ensaios nem preparo. Coisas que indicam o poder que temos em nós mesmos e não usamos, porque o ignoramos.

Todos nós somos capazes de fazer milagres. Mas ainda não somos preparados para executá-los. E nunca seremos se não acreditarmos em nós mesmos. Ainda vivemos um mundo onde atuamos de acordo com os pensamentos das outras pessoas. Somos mais inclinados a acreditar na mentira do que na verdade. Acreditamos mais nos que dizem que não somos capazes, do que nos que dizem que podemos. E porque não acreditamos em nós mesmos, não conseguimos sair do círculo de elefante de circo. Preferimos ficar presos a uma simples estaca a acreditar que podemos derrubá-la com nossos pensamentos positivos. Acredite mais no que você pode fazer do que no que não pode. Nossa crença deve estar em nós mesmos. No que somos e não no que dizem que somos. Somos todos iguais nas diferenças porque somos todos da mesma origem. Viemos todos do mesmo universo para onde voltaremos quando alcançarmos a racionalidade.

Viemos todos do universo racional para onde voltaremos independentemente da vontade de quem quer que seja a não ser de cada um por si mesmo. Seu cérebro é o universo do seu pensamento. É com seus pensamentos que você envia o recado para seu subconsciente, que é o que vai fazer o milagre pra você. É no seu subconsciente que está seu poder incomensurável. E seu subconsciente está no seu cérebro e não no seu coração. Alimente seu coração com a força que você tem no seu cérebro. E ele, o subconsciente, tanto pode levar você para o bem quanto para o mal. Tudo vai depender da sua capacidade de pensar. Reflita e relaxe, pense positivo e será positivo. Porque é assim que você vai alcançar a racionalidade para sua volta a seu mundo de origem. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460