Opinião

Opiniao 04 07 2019 8496

Dê sempre valor ao que tem! – Flamarion Portela   O ser humano, na maioria das vezes, costuma reclamar daquilo que não tem, daquilo que não conquistou. Mas, se esquece de agradecer pelo que tem, de valorizar aquilo ou quem está ao seu lado.

Temos o péssimo hábito de culpar os outros pelos nossos erros, de colocar no outro a responsabilidade por não sermos felizes, de querer que o outro sempre faça algo por nós, mesmo que nós não façamos nada para melhorar a vida do outro.

Na semana passada, recebi de um amigo uma mensagem que me trouxe uma reflexão importante sobre tudo isso e decidi compartilhar com você, leitor.

Espero que ela toque seu coração assim como tocou o meu e lhe faça refletir sobre seus atos e comportamentos. Segue:

“Às vezes guardamos uma sacola de pão depois de merendar e, no dia seguinte dizemos: “este pão está duro”. E é bem provável que realmente ele esteja.

Mas, pensando nisso e em uma grande reflexão de Rui Hernandez, se formou essa mensagem que quero compartilhar com vocês.

O pão não está duro. Duro é não ter pão.

Parece mentira, mas somos especialistas em nos queixarmos e, na maioria das vezes nos queixamos de situações sem sentido, por bobagens, por egoísmo.

O pão não está duro. Duro é não ter pão.

O que isso quer dizer? O trabalho que você tem não é duro. Duro é não ter trabalho.

Que ter o carro arranhado não é duro. Duro é não ter um carro. Talvez por não ter um carro e ter de caminhar para pegar um ônibus, isso é duro? Não, isso não é duro. Duro é não ter pernas, duro é não poder caminhar.

Comer arroz com sardinha não é duro. Duro é não ter comida. Perder a calma em algum problema familiar, isso não é duro. Duro, e creio que muito duro, é perder um familiar. 

Dizer te amo olhando nos olhos de outra pessoa não é duro. Duro é dizer isso em frente ao caixão, onde as palavras já não têm nenhum sentido.

Queixar-se não é duro. Duro é não saber ser agradecido.

Por isso, esse é um bom momento para dar graças a Deus pela vida, pelo que temos. Não é que a nossa felicidade dependa de algo ou de alguém. A nossa felicidade depende de nós mesmos e do quanto somos agradecidos a Deus pelo que temos.

Duro não é mandar essa mensagem a um grande amigo. Duro é não ter um amigo para enviar essa mensagem.”

Enfim, que esta mensagem possa despertar em você o sentimento de gratidão por tudo que já conquistou e que saiba valorizar tudo e todos que estão ao seu lado.    (*) Flamarion Portela é ex-governador de Roraima

A falta de democracia no TJRR 

Na edição de março/abril/2019 a AMB-Informa, jornal oficial da Associação dos Magistrados Brasileiros, ilustrou sua capa com a foto do desembargador presidente do TJRR sob o título: Democracia no Poder Judiciário. Na matéria, em forma de entrevista, os editores destacam o fato do TJRR ser o único Tribunal do país onde, além dos desembargadores, um grupo de juízes também votam para escolha dos gestores do Poder Judiciário macuxi. Também destacam como positivas as consequências desse ineditismo “democrático”, como a ampliação do poder dos juízes e de conquistas de mais espaço na gestão. A participação dos juízes na escolha dos dirigentes do Tribunal é uma antiga demanda da categoria e, mesmo que limitada a um pequeno e seleto grupo entre os juízes, deve ser visto como um avanço, digno de aplausos. No entanto, o judiciário não é formado apenas de desembargadores e juízes vitalícios. Para se declarar democrático, o Judiciário precisa assegurar a participação de todos que o compõe: desembargadores, juízes (substitutos e vitalícios) e servidores efetivos. Mantida a regra atual, nos distanciamos da democracia moderna e nos aproximamos da democracia ateniense ou do Brasil Colônia, em ambos os casos, estaremos diante de pseudo democracia em um Judiciário que faz justiça apenas da porta pra fora.

Na Atenas Clássica a democracia era restrita aos homens – filho de pai e mãe atenienses – e negada aos estrangeiros, escravos e mulheres. Tal lá quanto aqui no TJRR, os servidores seriam os escravos e os juízes substitutos os estrangeiros. Já no Brasil Colônia, seguindo as Ordenações Manuelinas, o direito ao voto era restrito aos chamados ‘homens bons’ – de linhagem nobre. Penso que, na democracia do TJRR, a ideia seja a mesma. Durante o Brasil Monárquico, o voto passou a ser censitário e, entre as várias exigências, só poderiam votar quem ganhasse, no mínimo, 100 mil réis anuais. Estaria o TJRR seguindo a mesma regra? Após o advento da Lei Saraiva (1880), a renda mínima foi elevada para 200 mil réis anuais e só poderia votar quem assinasse o alistamento eleitoral, ou seja, além dos pobres foram excluídos também os analfabetos. Na ‘democracia’ do TJRR, os juízes substitutos seriam os analfabetos e os servidores não votam porque não ganham os 200 mil réis? Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, o voto no Brasil passou a ser universal e igualitário, alcançando o moderno conceito de participação democrática. No entanto, entre os Três Poderes, somente os gestores do judiciário não são escolhidos de forma democrática e direta, o que por si só, já demandaria uma reflexão. A forma de escolha do TJRR, por mais inovadora, além de não ser seguida por nenhuma outra Corte do pais, manteve a democracia de castas.

Ou se é democrático ou não, não existe meia democracia. Para dar exemplo e apresentar-se como um órgão democrático e justo, é preciso que o TJRR reconheça o valor de todos aqueles que o fazem grande e eficiente, dos que suportam as pressões sociais pelo cumprimento de metas e por um judiciário mais célere e justo, estendendo o direito de escolha dos seus dirigentes a todos os servidores e magistrados, com estabelecimento de pesos proporcionais que reflita uma democracia igualitária, e acima de tudo uma democracia verdadeira.  

Luis Cláudio de Jesus Silva, professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]

Sempre vale a pena – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Qualquer coisa na vida vale a pena, se a alma não é pequena.” (Fernando Pessoa)

Quem não tem alma pequena sempre aprende, tanto com os acertos quanto com os erros. Lembrei-me disso ainda há pouco, olhando para aquele abacaxi sobre a mesa. Olhei-o e pensei: como seria se ela tentasse plantar um abacaxizeiro? E é tudo muito simples. Tenho uma filha, carioca, que nunca saiu do Rio de Janeiro a não ser em passeios. Quando saí do Rio, para Roraima, não tive coragem de levá-la com a família, mesmo ela sendo ainda uma adolescente. A dona Salete brigava comigo pelo meu “descaso” com a filha. Levei tempo para convencê-la do porquê, da minha decisão. Sempre considerei que ela é um tipo de carioca para o qual o mundo começa em Nova Iguaçu, acaba em Niterói, o Rio é o centro e o resto é resto.

E isso não significa desprezo com o mundo. É apenas uma ligação racional com sua origem. Não saí do Rio de Janeiro para ser agricultor em Roraima. Mas pretendi viver no interior, na realização de um projeto que programei na
Escola Agrícola Venceslau Belo, no Rio. E porque eu não queria ser agricultor, nadei em águas turvas. Tive que largar todo o plano e ir para Boa Vista, já por conta dos irmãos da filha carioca. Eles também não estavam preparados para o interior. E foi aí que na nova vida começou um novo rumo. Foi legal pra dedéu. Os filhos se arrumaram, e a filha continuou indo nos visitar periodicamente.

Mudamo-nos para a Ilha Comprida no litoral sul de São Paulo. A primeira visita que tivemos na Ilha foi a dela, a carioca, carioca. Uma filha adorável. E foi numa dessas visitas que ela me pediu uma explicação: como plantar maracujá. Ela tentou plantar maracujá, mas ele não brotou. Pedi que ela me dissesse como e onde fez a plantação.

Foi assim, pai: eu peguei um vaso, botei uma terra apropriada, cavei um buraco, coloquei o maracujá dentro do buraco e cobri com a terra. Depois  aguei. Só que o maracujá nunca brotou. O que é que eu faço?

Juro que fiz uma força hercúlea para não rir. Como explicar para uma filha carioca que um maracujá enterrado não é um maracujá plantado? Conversamos sobre o assunto e rimos pra dedéu. Depois fiquei refletindo: será que cometi um erro em não levá-la para Roraima? Claro que não. Acho que o mercado imobiliário foi a solução mais adequada pra ela. E pra mim, claro. Porque sou feliz em ela viver feliz onde está, e amar o Rio de Janeiro como uma carioca. Qualquer coisa na vida vale a pena. O importante é que cada um saiba viver. E a minha carioquinha sabe muito bem. Só não sabe plantar maracujá. Mas isso é outra coisa. Pense nisso.

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