Opinião

Opiniao 05 07 2019 8502

A importância dos limites na educação – Flávio Melo Ribeiro

Lendo um texto sobre como desvirtuar a educação de uma criança, dois pontos me chamaram bastante atenção. O primeiro “comece na infância a dar ao seu filho tudo o que ele quiser. Assim, quando crescer, ele acreditará que o mundo tem a obrigação de lhe dar tudo o que deseja.” O apelo comercial dos dias de hoje faze com que os pais, sem firmeza e esclarecimento, cedam aos desejos dos filhos, passem a comprar tudo, mesmo que para isso se sacrifiquem. O fazem para agradar, para evitar birra, ou mesmo para não escutá-lo chorar, sem darem-se conta do futuro do filho e da armadilha que estão montando para si próprios. Muitos entendem que os filhos assim agem porque são crianças e com o simples passar do tempo se tornarão adolescentes maduros e compreenderão os pais. Ledo engano, ninguém amadurece sem limites, sem compreender a consequência dos seus atos, sem vivenciar que o mundo não gira ao seu redor.

Segundo ponto, “apanhe tudo o que ele deixar jogado: livros, sapatos, roupas. Faça tudo para ele, para que aprenda a jogar aos outros toda a responsabilidade.” Me chamou atenção, não o comportamento dos pais, mas a antecipação que fiz ao procurar visualizar quem seria esse adolescente e passei a reconhecer diversos clientes, conhecidos, filhos de amigos e companheiros de esportes. Todos lidam muito bem quando todo o ambiente está equilibrado, mas na primeira dificuldade, vejo o quanto é fácil acharem culpados. A ênfase com que fazem as críticas aos demais e a facilidade de salvarem a própria imagem é algo visível, despercebido apenas a quem o faz. Muitos pais acham bonita a bagunça que os filhos fazem porque avaliam a esperteza da criança, esquecendo-se de ensinar que a bagunça também pode ser arrumada e é responsabilidade de quem fez. Porém esses mesmos pais ficam horrorizados quando aos 18 anos o filho continua fazendo bagunça e não cuidando dos bens familiares. 

Nos dias de hoje há pais que ainda seguem teorias sem consistência que afirmavam absurdos como a necessidade de um “jardim do Éden” a todas as crianças, como se cada um tivesse o seu próprio mundo. Mas na realidade vivemos todos num único mundo, porém de forma diferente, com significados diferentes para as mesmas situações, pois temos histórias e educações diferentes. Isto contribui para ocorrerem as adversidades e atritos entre as pessoas e a falta de limite vai dificultar ainda mais a resolução dos mesmos, pois a primeira reação é a mágoa, a raiva, o embate; raramente a compreensão, a conquista de espaço levando em consideração as consequências de seus atos e a ética.

*Psicólogo – CRP12/00449 E-mail: [email protected], Contatos:(48) 9921-8811 (48) 3223-4386

Zona cinzenta no tratamento médico – Ana Paula Cury – Fábio Cabar   A falta de acesso e de infraestrutura aos cuidados médicos em muitos lugares do país desviam a atenção do debate sobre o direito do paciente ter respeitada a sua vontade sobre tratamentos que prolonguem a vida. Cidadãos de todas as classes sociais, integrantes dos três poderes constituídos e, particularmente, profissionais e instituições de saúde precisam compreender a relevância da questão e os efeitos que acarretam em nossa vida pessoal e profissional. No âmbito profissional, o Conselho Federal de Medicina já definiu formalmente como os médicos devem atuar ao tomarem conhecimento de conjunto de desejos, prévia e expressamente, manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade. Pela Resolução CFM 1995/2012, tais desejos devem ser formalizados num testamento vital, documento que possui um regramento muito particular para a sua elaboração.   Entretanto, a aplicação do testamento vital dentro das instituições hospitalares, privada ou pública, adentra, de fato, numa zona cinzenta, na qual a prática do que está previsto na norma pode imputar riscos aos profissionais envolvidos. Isso acontece em duas frentes. A primeira ocorre porque a aplicação da regra tem limite pré-definido. A vontade expressada pelo paciente não pode estar em desacordo com os preceitos do Código de Ética Médica, os quais encorajam a aplicação dos recursos disponíveis na busca pela cura do paciente. Este não é um conceito subjetivo. Todos os meios para tratamentos num ambiente hospitalar estão a serviço dos pacientes e devem ser usados. A intenção de quem se vale de um testamento vital é de impedir, por exemplo, tratamentos invasivos que sustentam artificialmente a vida. Nestes casos, o médico pode determinar forma de cuidados indesejados pelo paciente e arcar com as consequências dessa atitude, pois está respaldado pelo artigo 24 do código profissional que veda (ao médico) deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade (médica) para limitá-lo.   Na segunda frente, a situação é ainda mais complexa. De acordo com a norma, a vontade do paciente prevalece sobre qualquer outro parecer não médico, inclusive sobre os desejos dos familiares. Mas, ao impor o expresso no testamento vital, o profissional estará sujeito à reação de familiares e a enfrentar procedimentos judiciais para esclarecimento dos fatos. Infelizmente, os dados publicizados pelas comissões de ética dos conselhos de medicina e nas cortes judiciais demonstram volume crescente de ações envolvendo tais situações. E, convenhamos, o fato de enfrentar e defender-se num processo já é visto como um tipo de punição.   Os cuidados meticulosos com os registros médicos, especialmente com a redação de termos de consentimento, são fundamentais para lidar com quaisquer tipos de questionamentos, especialmente judiciais, mas têm-se demonstrado insuficientes para conscientizar os envolvidos na discussão.   A prática evidencia que as pessoas confundem os desejos expressos no testamento vital como autorização para eutanásia ou suicídio assistido, as quais são proibidas no Brasil. Isso traz insegurança a médicos e hospitais e esclarece porque o testamento tem adesão muito baixa em nossa sociedade. Os relatos a partir dos hospitais mostram ainda que o acionamento de comissões de bioética pouco tem contribuído para aclarar o assunto. Mesmo quando ocorre falta de consenso numa família, e desta com o médico. Pior ainda quando um caso é transferido para os cuidados de conselho médico de uma instituição profissional.   Nas faculdades, este quadro começa a aparecer no horizonte dos estudantes e talvez seja determinante nas escolhas profissionais. Abraçar determinadas especialidades compreende lidar com potencial importante de contencioso jurídico. Aos profissionais do setor cabe se adaptar a este ambiente e suas demandas.   *Sócia-fundadora de CGRC Advogados, mestranda em Direito Médico pela Universidade de Edimburgo e integrante da Comissão de Direito Médico da OAB/SP e da Sociedade Brasileira de Bioética. **Sócio-fundador de CGRC Advogados, médico e advogado, integrante da Comissão de Direito Médico da OAB/SP e presidente da Comissão de Ética Médica do Hospital das Clínicas de São Paulo.      

Então vamos desenvolver – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza.” (Gaston Bouthoul) 

Você faz parte da força que pode e deve mudar a história. Enquanto você continuar votando em candidatos desonestos, o país continuará na lista dos subdesenvolvidos. Reflita sobre isso e perceberá o quanto você é importante para as mu
danças. Somos um país que tem tudo para ser um país desenvolvido.

Só falta a nossa consciência cidadã. E não a teremos enquanto não formos cidadãos. E nunca o seremos enquanto nos mantiverem como marionetes dos que buscam a riqueza na política. E eles sabem que quando formos um povo realmente desenvolvido, eles terão que procurar novo rumo para enriquecer.

Estamos nos aproximando de novas eleições. E o que vemos por aí indica que nada mudou. Apenas um pequeno indício de que a população começa a procurar mais esclarecimentos sobre política. Mas continuamos no anacronismo. Ainda não começaram a nos orientar sobre como ser cidadão. E nunca nos respeitarão enquanto não começarmos a nos respeitar. Então vamos iniciar nossa caminhada pelas veredas ainda escuras da Educação. Porque sem educação não haverá cidadania. E não haverá cidadania enquanto formos obrigados a votar. E nunca teremos a liberdade cidadã para o voto facultativo enquanto não formos educados para a política.

Ser educado para a política não significa entrar na política. Significa apenas saber que futuro político estamos elegendo. E isso exige que você saiba qual o dever de um político, como seu representante no poder público. Simples pra dedéu. É quando sabemos que os que nos representam estão nos representando na consciência de que representam cidadãos que os elegeram. Mas é preciso que nos respeitemos como merecedores da atenção. E você nunca se respeitará enquanto votar por obrigação. E nunca será livre para votar, enquanto não for politicamente educado. Então vamos nos educar.

O Les Giblan também nos disse: “Em nosso mundo moderno simplesmente não alcançaremos sucesso ou felicidade se não levarmos em consideração as outras pessoas.” Então faça isso. Quando se dirigir à urna para votar, lembre-se da responsabilidade no que você está fazendo. Você está votando no candidato que terá a responsabilidade de cuidar, se eleito, de todos os cidadãos, independentemente de eles terem votado nele, ou não. Não sei se você sabe, mas ainda há políticos eleitos que não sabem disso. São os que continuam, absurdamente, beneficiando os que votaram nele. Infelizmente ainda temos que encarar tais aberrações. Mas você tem o poder para mudar isso. Pense nisso.

[email protected] 99121-1460