Opinião

Opiniao 05 09 2018 6870

A riqueza do homem

Paulo Eduardo de Barros Fonseca*

Em suas reflexões, há mais de 2.500 anos, Sócrates, tido como o pai da filosofia, já discorria acerca da independência entre o princípio inteligente e o princípio material, bem como sobre a preexistência da alma, que o homem é a alma encarnada, da imortalidade da alma e sobre a reencarnação.

Atualmente, a teoria quântica demonstra a sobrevivência da alma após a morte do corpo físico ao concluir, em síntese, que a alma está contida em pequenas estruturas no interior das células cerebrais e que, como energia, por parte do universo a morte do corpo físico enseja seu retorno a ele.

Portanto, sem adentrar no campo religioso, mas seja no aspecto filosófico ou no científico fato é que enquanto a matéria é finita a alma é eterna.

Essa constatação, filosófica e científica, impulsiona o repensar sobre o apego das pessoas aos bens materiais. Isso porque, tal qual o corpo físico, todas as riquezas materiais são efêmeras, são passageiras. Nessa seara é plausível afirmar que a riqueza material somente dignifica alguém quando serve para beneficiar outras pessoas.

Imagino que, contextualizando esse fato, Sócrates ensinava que “a felicidade não pode vir das coisas exteriores do corpo, mas somente da alma, porque esta e só esta é a sua essência. E a alma é feliz quando é ordenada, ou seja, virtuosa. … para mim quem é virtuoso, seja homem ou mulher, é feliz, ao passo que o injusto e malvado é infeliz. Assim como a doença e a dor física são desordens do corpo, a saúde da alma é a ordem da alma – e esta ordem espiritual ou harmonia interior é a felicidade.”

Exemplo disso são os grandes imperadores romanos que conquistaram o mundo e dele se julgavam donos, mas os monumentos erguidos em honra do egoísmo e da ambição hoje são meras ruínas, as quais, aliás, necessitam de constantes restaurações para continuarem existindo.

Quando há a compreensão disso, toda pessoa está pronta para olhar para si mesmo e combater os vícios que a submetem à matéria e, em contrapartida, valorizar as virtudes que ajudam formar um saldo positivo na conta corrente do banco da vida espiritual.

Ora, “o homem não possui como seu senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante sua permanência na Terra. Mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usufruto e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada do que se destina ao uso do corpo e tudo o que se refere ao uso da alma, a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva consigo, o que ninguém tem o poder de tirar-lhe e o que ainda lhe servirá no outro mundo do que neste. Dele depende estar mais rico ao partir do que ao chegar neste mundo, porque a sua posição futura depende do que ele houver adquirido no bem”.

Enfim, a verdadeira e maior riqueza do Universo está dentro do próprio homem!

*Vice-presidente do Conselho Curador da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

O VÍNCULO AFETIVO E SEUS EFEITOS

Dolane Patrícia*  

Ana Cláudia Araújo**

Podemos conceituar afeto de várias formas, dentre elas, o conjunto de sentimentos e emoções, como carinho, amizade, amor, simpatia, estima ou ternura, que pode ser dedicado a alguém.

Assim, desde o princípio, a família sempre desempenhou um papel de fundamental importância na vida do homem, sendo base e alicerce no início de suas formações e opiniões, no modo de ver o mundo e de ser inserido neste.

O afeto se torna um dos objetos mais importantes das relações de família, devendo ser resguardado e regulamentado pela legislação, e segundo Maria Berenice Dias (2009, p. 69), “o Estado impõe a si obrigações para com os seus cidadãos. Por isso elenca a Constituição um rol imenso de direitos individuais e sociais, como forma de garantir a dignidade a todos. Isso nada mais é do que o compromisso de assegurar afeto”.

“A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos dirigidos a elas”, é o que garante Henri Wallon, médico, psicólogo e filósofo francês.

O afeto é ainda um direito fundamental, garantido pela Constituição Brasileira, mãe de todas as Cartas, pondo a família como uma entidade diretamente ligada a questões relacionadas a esse conjunto de sentimentos.

Para os membros da família que estão na idade adulta, o afeto já é gratificante, no entanto, quando é demonstrado ainda na infância, se torna ainda mais fascinante!

Ou seja, Toda entidade familiar tem sua dignidade protegida e é assegurada a toda criança e adolescente, a convivência familiar, de acordo com o artigo 227 da Constituição Federal.

Existe uma preocupação com a questão afetiva das crianças com seus responsáveis legais. Essa questão deve vencer as barreiras do tempo, (caráter contínuo) e as barreiras trazidas pelo divórcio, que é uma das formas mais bruscas de rompimento do afeto propriamente dito, por questões ligadas a alienação parental.

Neste ínterim, podemos afirmar que o afeto, além de princípio norteador, também pode ser considerado direito essencial, e ser garantido a todos os cidadãos.

A propósito, é relevante e oportuno destacar as questões relacionadas ao abandono afetivo, que podem causar danos irreparáveis no desenvolvimento psicológico de uma criança ou adolescente.

De acordo com Luciane Dias de Oliveira (2016), o abandono afetivo é “oriundo de uma negligência paternal e acaba por gerar uma violência m
oral e sentimental, ferindo as garantias e individuais das crianças de serem acolhidas num seio familiar e amparadas em suas diversas necessidades”.

Precisamente, é quando ocorre uma transgressão ao dever de afeto e aos princípios familiares, e engloba diversos outros fatores, como a assistência moral e material, sustento, guarda e educação do menor tutelado, ou seja, todos os requisitos necessários para garantir uma boa formação para o mesmo.

Talvez, na tentativa de se afastar do ex-companheiro ou ex-cônjuge, acaba se afastando também daquele que mais necessita de afeto, seu próprio filho.

Inclusive, é importante salientar, que o cuidado como valor jurídico foi reconhecido pelo o próprio Superior Tribunal de Justiça, que identificou o abandono afetivo como ilícito civil, possibilitando, a discussão acerca da responsabilização civil por abandono afetivo, que ocorre quando o afeto e a convivência familiar não são garantidos pelos os pais e responsáveis legais.

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo entende que não é preciso apenas pagar a pensão alimentícia, mas também dar atenção e acompanhar o crescimento dos filhos, e obrigou um pai de Sorocaba – SP a pagar à filha indenização de R$ 200 mil por abandono afetivo, por entender que o abandono era passível de indenização por dano moral.

É certo que o Direito não pode impor os pais a amarem seus filhos, embora isso seja um sentimento esperado. Mesmo que não o tenha, é dever dos pais orientar e disciplinar seus filhos.

De fato, a falta de afeto e a dor sofrida por um filho, não é algo que possa ser suprido em totalidade por uma ação de indenização, todavia, a reparação civil em razão do abandono afetivo servirá como uma forma de compensar todos os danos sofridos, e de conscientizar os pais da importância do cumprimento do dever familiar, e também de se fazerem presentes na vida dos filhos.

Destarte, é oportuno destacar as palavras de Suely Buriasco: “É preciso, pois, romper as barreiras do medo e deixar fluir as energias através das manifestações de afeto. Se elas possuem efeito terapêutico até mesmo entre desconhecidos, imagine entre as pessoas de nosso convívio… Cai em grande equívoco quem acredita que os sentimentos são óbvios e, portanto, não precisam ser demonstrados. Sempre há tempo e espaço para permitir que o amor se manifeste e se expanda além de nós mesmos”.

Assim, já dizia Cora Coralina: “Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.”

*Advogada, Juíza Arbitral, mestre em Desenvolvimento da Amazônia – Pós Graduada em Direito Processual Civil – Personalidade Brasileira e Personalidade da Amazônia – Acesse: dolanepatricia.com.br

**Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia

A marcha do tempo

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A política dos governantes sábios consiste em esvaziar a mente dos homens e encher-lhes o estômago. Um povo que sabe demais é difícil de governar.” (Lao-Tsé)

De acordo com a Astrologia Espacial o dia, hoje, não tem mais vinte e quatro horas. A velocidade com que o tempo parece passar não é devida à azáfama do dia a dia. Ela está ocorrendo devido à inclinação do eixo da Terra, que vai acabar nos trazendo mais um dilúvio. E por que será que os políticos não estão interessados na educação do povo? Porque mesmo sem saberem, eles fazem parte do processo. Então vamos parar de choramingar, e fazer nossa parte como ela deve ser feita. Pelo menos, depois do dilúvio, quando voltarmos, voltaremos em uma dimensão racional mais elevada.

Comece sua tarefa fazendo o melhor que você puder fazer hoje. Não importa nem interessa o que você faz. O que realmente vai valer é como você faz. E, nas nossas repetições, vamos lembrar mais um pensamento que nos ensina: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa e sim pela maneira de ele executá-la”. Mantenha sua autoestima elevada. Não se deixe levar por pensamentos desagradáveis nem acontecimentos que lhe pareçam tristes. Faça apenas o que deve ser feito. Nada de se deixar levar por veredas que você não quer caminhar.

Procure o seu outro eu em você mesmo. E como amanhã já será hoje, você deve ser outro, mas sem deixar de ser o que é. “Devemos ser o que não somos, mas sem deixar de ser o que somos.” É assim que caminhamos por caminhos diferentes, sem perder o rumo. O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro me fez lacrimejar. Caminhei muito por dentro daquele monumento. Fui muito feliz conhecendo aquele império de riquezas históricas. Mas não foi o incêndio, em si, que me entristeceu; foi o descaso do poder público com a riqueza da nossa cultura. E saber que os que dirigem mal são nossos servidores que não servem para nada, isso sim, entristece.

Mas voltemos ao Titanic em que naufragamos divertindo-nos. Então vamos nos divertir, mas com responsabilidade. E vamos mostrar nossa capacidade de fazer o que devemos fazer para mudar o mundo, a cujo naufrágio estamos assistindo. Vamos salvar o Brasil com consciência na nossa educação. Porque só ela nos tirará da condição de títeres dos piratas da nossa dignidade. O que estão fazendo com nossa Educação reflete nossa deseducação; o estado degradante em que estão jogando nossa Cultura, nossa Educação e nossa Dignidade. Reflita sobre isso antes de digitar seu voto. Temos muito que fazer para tirar nosso País da fossa. E você pode fazer isso. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460

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