Opinião

Opiniao 09 07 2019 8519

O Brincar como ferramenta para o desenvolvimento integral das crianças – Mariângela Carocci

A Primeira Infância é reconhecida como uma etapa crítica para o desenvolvimento humano, segundo as evidências e contribuições da Neurociência e de acordo com o Núcleo de Ciência pela Infância. Essa fase, que se refere aos seis primeiros anos de vida, é responsável pela formação de 700 conexões neurais por segundo. Nos primeiros anos de vida, a arquitetura básica do cérebro é construída através de um processo contínuo, que se inicia antes do nascimento e continua até a maturidade.

O brincar também ajuda a criança a desenvolver habilidades que são as bases de todo o aprendizado. É brincando que a criança estimula a fala, a leitura, a escrita entre outros. Leia livros infantis com e para as crianças com as quais tem contato.

Ao brincar com o adulto, a criança gosta de imitá-lo, dessa forma amplia o seu repertório de experiências e aprendizados. É essencial também, que ela possa vivenciar momentos de um brincar livre, para que faça as próprias escolhas e descobertas. Brinque com seu filho, sobrinho, neto e outras crianças em parques. Vivências na natureza são ótimas para estimular os sentidos delas.

As crianças de até três anos gostam de brincar de esconde esconde, de explorar os objetos, de empilhar coisas e desmontar. Entre 4 e 6 anos é a fase do faz de conta e as relações com seus pares são potencializadas através das brincadeiras.

No entanto é preciso criar espaços lúdicos seguros e adequados para esse brincar, que não se restrinja à escola, à casa da criança ou a parques infantis. Unidades básicas de saúde, hospitais, centros de assistência social e qualquer lugar frequentado pela criança. É preciso pensar no brincar como uma maneira de também favorecer o bem-estar dos pequenos. 

O ambiente dever ser estimulante, com blocos de construção, por exemplo, que possibilita o exercício da criatividade e imaginação da criança. A brincadeira no chão é muito mais segura e possibilita o desenvolvimento motor, principalmente nos primeiros anos de vida. 

O brincar, antes de tudo, é um direito de todas as crianças que está definido no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança, no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância. Portanto, estamos falando de direitos humanos e o brincar é, antes de tudo, um direito da criança! Portanto, brinque com as crianças todos os dias, durante todo o ano e por quantos anos for possível. Assim, teremos jovens e adultos cada vez mais fortes, inteligentes e conscientes de seu papel na sociedade.

*Especialista em Primeira Infância da Plan International Brasile Grente do projeto “Famílias que Cuidam”

Entre cartilhas e armários – Walber Aguiar

“Para tudo há um tempo determinado debaixo do sol.” (Eclesiastes)

Sala de aula. Um alvoroço de meninos e meninas, frenesi diante de cadernos, matérias e professores. No meio da garotada um menino demonstra muita afetividade, educação e sensibilidade. Visto com desconfiança, o garoto começa a ser tachado de “menina”, “gay”, “veadinho”, por aqueles que nunca receberam a mesma educação em casa. Daqueles que são criados na “ponta da bota”, na base da porrada, do grito; assim como Deus criou batata.

Ora, a questão sexual, o que nem é o caso da criança vítima do bullying na escola, não pode ser alvo de caça às bruxas, afinal a opção de cada um deve ser respeitada. O respeito sempre cabe, o que não cabe é você aceitar pra si a opinião e o modus vivendi do outro. 

Se alguém opta por ser gay, lésbica, bissexual ou qualquer outra coisa do gênero, é problema ou solução de quem se vê ou se percebe afeito a uma relação afetiva diferenciada.

Há quem diga que isso é uma questão genética; pelo fato de vivermos e convivermos numa realidade caída, sujeita a todo tipo de pulsão e conduta comportamental. Alguns asseveram que isso nasce na psique, na alma humana, decorrente de algum trauma sofrido em alguma fase da vida. Ainda alguns afirmam ser um problema sociológico, alguma coisa que vem de fora, do grupo social e suas repressões de comportamento.

Opções à parte, é preciso que se tenha muito cuidado no momento de passar às crianças certas questões sobre vícios, relacionamentos, atitudes, condicionamentos, sob o fito de que, em assim fazendo, as mesmas estarão agindo de maneira correta, elegendo assim uma postura ética, um comportamento ilibado, uma visão de mundo equilibrada.

A própria psicopedagogia nos diz que a criança, com a questão sexual ainda latente, não deve ser alvo de determinado tipo de instrução mais aprofundada. Isso, seguramente, deve ser discutido e ensinado com mais detalhamento na adolescência, uma fase em que o indivíduo é dado a extrema curiosidade e costuma perguntar mais do que um adulto ou jovem pode responder. 

Entendo que ninguém pode ou deve ser homofóbico, rejeitando e desprezando o ser humano pela sua particular maneira de ver e agir em relação ao sexo; se assim fosse teríamos que banir do convívio os fumantes, os alcoólatras, as prostitutas e todos aqueles que não optam por um viés sociológico “normal”, aquele que não se encaixa na ótica tradicional que recebemos.

Ora, a escola precisa trabalhar uma visão de mundo onde haja o respeito às diferenças, mas não pode se limitar ao homossexual, apenas. Por causa da visão restrita é que há cotas para negros nas universidades, o que reforça o preconceito sob a ótica do atraso social, da discriminação, da marginalização do elemento negro na história.

Não há que se falar em afunilamento de conceitos, pois se ninguém vai atirar pedras naqueles que são diferentes, também não vai lançar flores sobre a opção de quem quer que seja. O importante é que todos sejam esclarecidos e críticos em relação a qualquer assunto. 

Quanto a sofrer com a vida dupla, penso que seja melhor sair do armário e se assumir. Assim, tanto o armário quanto a cartilha do governo federal devem ser abertos na hora certa… 

*Poeta, professor de filosofia, historiador e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

Bactérias multirresistentes – Marlene de Andrade

“Não abandone a sabedoria e ela o protegerá…” (Provérbios 4:6)

A penicilina foi descoberta em 1928, na Inglaterra, e totalmente por acaso, pelo médico bacteriologista Alexander Fleming. Ele estava observando o comportamento de uma cultura de bactérias, denominada de Staphyloccocus aureus, a qual é comum na pele do ser humano. Se a pessoa estiver bem do ponto de vista imunológico não vai adoecer, todavia esse micro-organismo pode causar infecções graves.

Fleming notou que essa bactéria morria na presença de um determinado mofo denominado de Penicillium notatum. Ele começou a pesquisar mais sobre a descoberta até que, devido aos seus profundos estudos, o antibiótico penicilina se tornou o primeiro medicamento a ser produzido contra bactérias.

Depois da descoberta de Fleming, a penicilina impactou a medicina de forma extraord
inária e o interessante é que outros antibióticos foram surgindo para tratar infecções causadas pelos vários tipos de bactérias, as quais causavam doenças incuráveis como, por exemplo, difteria, blenorragia/gonorreia, tuberculose e entre outras, sífilis.

Quanto aos vírus e fungos, não podem ser tratados com antibióticos. Faço, no entanto, a ressalva de que pode ocorrer uma infecção bacteriana juntamente com a presença de fungo ou vírus. Nesse caso, o paciente terá que fazer uso de antibiótico, porém prescrito devidamente por um médico.

Como se pode perceber, os antibióticos são drogas importantíssimas no tratamento das infecções por bactérias, mas recorrer a esse medicamento nos quadros, por exemplo, de resfriados é absolutamente errado, todavia há que ficar bem esclarecido que essa questão tem que ser avaliada por profissional médico, pois podem estar ocorrendo uma infecção mista por bactérias, vírus ou fungos.

E o maior perigo é que as bactérias podem sofrer mutações e criar resistência aos antibióticos tornando-as fortalecidas e essa situação não é nada fácil de ser resolvida, pois pode chegar ao ponto de uma simples infecção não responder a nenhum tratamento através dos antibióticos, sendo assim, chegaremos ao ponto zero antes de Fleming descobrir a penicilina.

Será que é isso que estamos querendo, morrer devido a uma simples infecção? É inadmissível a automedicação. Além disso, com o início da melhora, o paciente não pode parar o tratamento e sim seguir a prescrição do seu médico até o fim. Todo cuidado, portanto, ainda é pouco, pois a superbactéria resistente existe e não podemos nos esquecer desse fato. 

Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM

Conserve sua liberdade – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Há duas maneiras de perder a liberdade: quando os bobos são ludibriados pelos patifes, e quando os fracos são subjugados pelos fortes.” (Voltaire)

É impressionante como vemos e ouvimos, diariamente, nos meios de comunicação, pessoas reclamando pelo fato de terem sido ludibriadas por alguém. Quantas mulheres reclamando por terem sido maltratadas pelos maridos, durante anos seguidos. Já lhe falei daquele delegado de polícia que conheci no início dos anos cinquenta, em São Paulo. A delegacia ficava bem próximo da minha casa. E como já lhe falei do caso, não vou me estender. Enquanto falávamos dos que reclamavam dos “golpes do vigário,” o delegado me disse: “Não existiria vigaristas se não existissem os otários.” Nada mais natural. E por que ficarmos reclamando e registrando queixas contra os que nos ludibriaram? Vamos ficar espertos para os que são expertos no crime vulgar. Simples pra dedéu. 

Nunca baixe sua cabeça para os patifes. E eles estão em todos os lugares. E sentem o cheiro dos tolos à distância. Alguém também já disse que os cachorros e os covardes sabem quando você está com medo deles. Se você os encarar ele ficam na deles. Mas se você baixar a cabeça eles montam no seu pescoço. Nunca se deixe dominar pelos mais fortes. Esteja sempre alerta para com os patifes. E você nem imagina quantos deles estão no poder, em todas as áreas e atividades. O que exige de você muita personalidade. O mundo gira e no giro ele nos leva para onde queremos ir, ou para onde deixarmos que nos levem. Então não se deixe levar. Seja seu próprio timoneiro. 

Todos nós vivemos no mesmo mundo. Somos todos da mesma origem. Nossa condição social, profissional, e espiritual é responsabilidade nossa. Só nossa e de mais ninguém. Valorize-se no que você é sem deixar de manter na lembrança o que você já foi, para que haja evolução. A evolução está em cada segundo de nossas vidas. E só na procura da reta final é que alcançamos o mais interessante pelo caminho. E o que é mais interessante pra você? Viver sua própria vida ou viver a vida que os outros querem que você viva? Vamos repetir enquanto houver oportunidade de alguém captar: “Somos todos iguais nas diferenças.” Então vamos nos respeitar para que nossas diferenças sejam respeitadas.

O que faz de você uma pessoa superior não é o cargo que você ocupa, mas a maneira de você ocupá-lo. O que ratifica o pensamento do Swami Vivecananda: “Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa e sim pela maneira de ele executá-la.” Não importa o que você faz. Seu valor não está no que você faz, ele está em você. Pense nisso.

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