Opinião

Opiniao 10 07 2019 8528

O ensino voltado ao trabalho – Cesar Silva

Os programas de aprendizagem fazem parte do portfólio de programas de educação profissional regulamentados e oferecidos pelas instituições de ensino credenciadas e qualificadas para tal. Integram este portfólio, além dos programas de Aprendizagem, os cursos de Qualificação Profissional, de Formação Profissional e Continuada (FICs), os Técnicos de Nível Médio nas modalidades Sequencial, Integrada e Concomitante, os Superiores de Tecnologia e os Mestrados Profissionalizantes.

Esses programas existem para atender à necessidade de formação de jovens definidas pela lei de número 0.097/2000 e pelo decreto Federal nº 5.598/2005 que, em conjunto, determinam que as empresas de médio e grande porte devem ter de 5% a 15% de sua mão de obra compostas por jovens aprendizes, em trabalho ou estágio.

Os programas de aprendizagem diferem dos demais no eixo da educação profissional, entre outros, por surgirem de acordo com as qualificações demandas pelas empresas, que arcam com os custos dos programas e contrata os formandos.

Neles, os alunos estudam e dão sequência à sua formação profissional. Os cursos apresentam duração significativa, que permite aos estudantes desenvolver competências e habilidades e ter acesso a conteúdos por um período adequado. Este modelo, maciçamente aplicado em países europeus em todos os programas de educação profissional, é o chamado Dual de Aprendizagem, que vincula a atividade prática no campo profissional aos conteúdos teóricos desenvolvidos nas escolas ou unidades qualificadoras, possibilitando sua aplicação no setor produtivo relativo real.

Aplicação imediata do conteúdo propedêutico é um grande diferencial para a consolidação do conhecimento e para a motivação aos estudos. Apesar disso, diferente do que determina a lei, um grande número de empresas ainda não possui o contingente adequado de aprendizes.

Isto se deve à forma como o controle do número de aprendizes em empresas se dá: vistoria presencial realizada por agentes do Ministério do Trabalho e Emprego. Assim, em um país continental e com contingente limitado de fiscais, a eficiência da fiscalização se torna baixa. 

O eSocial, sistema pelo qual as empresas passam à Receita Federal dados sobre recursos humanos em 2018 – e que tem como ano base 2016 – fará com que as próprias empresas demonstrem se cumprem ou não a lei.

Os programas de aprendizagem destinam-se a jovens de 15 a 24 anos incompletos, faixa etária que concentra a evasão nas escolas formais. Assegurar que possam ver a aplicação do conhecimento propedêutico na atividade profissional pode colaborar na reversão do quadro, além de elevar a empregabilidade e a geração de renda.

*Articulista

“CONSTRUINDO VIDA NO EXTREMO NORTE” – Dolane Patrícia

“Cidade do campo, beira-rio, estrela do norte do Brasil, cidade do campo, entardecer Boa Vista linda de se ver. Correm rios de tempo, Águas de Pacaraima, Montes em movimentos, Coração de Roraima.” é o que diz a lindíssima letra do Poeta Eliakin Rufino.

Apesar de ter nascido na Bahia, sou apaixonada por Roraima, chequei em 1993 e me lembro como se fosse ontem, do dia em que estava dentro do avião prestes a pousar em Boa Vista. “No verde do campo vi você”… Era noite, mas dava para avistar a “Cidade do campo beira rio”.

Lembro-me também de quando percorri pela primeira vez a Avenida Ene Garcez, na época, em uma Belina Dourada. Aquelas luzes, aquela Avenida linda. Foi amor à primeira vista. 

“Buriti do campo, que prazer! Igarapé, tão bom te conhecer”. Foi uma noite em que meus pensamentos realmente voaram sobre o Monte Roraima. 

Enquanto o carro percorria as estradas de Boa Vista, cada detalhe me chamava a atenção. Estava no Extremo Norte do Brasil, conheci pessoas de todos os lugares do País, nunca vi tamanha miscigenação.

Quando meu filho Arthur, na época com 4 anos, se formou no SESC, não pude conter as lágrimas ao ouvi-lo cantar a música Roraimeira, também de Eliakin Rufino: “Cai o sol na terra de Macunaíma, Boa Vista no céu, lua cheia de mel, sobe a serra de Pacaraima, eu sou de Roraima surubim, tucunaré, piramutaba sou Pedra Pintada, buriti, bacaba Caracaranã, farinha d’água, tucumã curumim te espera cunhantã um boto cantando no rio beijo de caboco no cio parixara na roda de abril, se abriu linha fina no meu jandiá carne seca, xibé, aluájiquitaia, caxiri, taperebá.” Até hoje esses momentos passeiam por minha mente como se fosse um filme!

Boa Vista é sem dúvida uma cidade que deixa marcas. Muito interessante a sua história, começando pelo fato de ser uma cidade projetada, baseada nas ruas de Paris.

A História de Boa Vista é muito bem relatada por grandes nomes, como Aimberê Freitas e em diversos sites, numa soma de escritos diversos, onde destaca que “no século XIX, quando inúmeras fazendas estabeleceram-se ao longo dos rios que compõem a bacia do Rio Branco, teve início a formação de um pequeno povoado que se chamou Freguesia de Nossa Senhora do Carmo. O lugar teria o nome mudado mais tarde para Boa Vista do Rio Branco. Na década de 1930, uma fazenda do Império – que deu origem a um pequeno núcleo populacional formado nas terras ao redor – passou a chamar-se Boa Vista e deu nome definitivo ao lugar. Com a criação do Território Federal de Roraima, em 1940, a cidade foi escolhida para ser a Capital.” 

Às margens do Rio Branco, Boa Vista imortalizou parte da história da cidade. É a única capital brasileira localizada totalmente ao norte da linha do Equador, ou seja, o calor incomoda “um pouco”. No entanto, não impede que seus moradores contemplem as belezas de suas arquiteturas e também as belezas naturais que a cidade nos proporciona.

Mas as rosas, por mais belas que sejam, têm seus espinhos. O desemprego ainda é muito preocupante, o município não possui indústrias. A grande verdade é que Boa Vista passa por um momento difícil financeiramente, a maioria da população é composta por funcionários públicos, e quem nunca ouviu aquela frase: “espera para o pagamento do Governo ou Município?” 

Ademais, a saúde tem se mostrado frágil e com pouca estrutura, a violência tem aumentado muito e o custo de vida cada vez mais alto, assusta! Muitas pessoas acabam voltando para sua terra Natal em busca de uma vida melhor. Enquanto cada dia chegam mais venezuelanos em busca de uma oportunidade, os boa vistenses já não tinham muitas, ficaram numa situação muito difícil, sendo inclusive ignorados pelas autoridades que fingem que o problema não existe. Os venezuelanos chegam em busca de sobrevivência, precisam ser respeitados, mas a sobrevivência dos roraimenses também não pode ser ignorada, como tem acontecido constantemente.

Outro ponto muito preocupante é o aumento do número de veículos que trafegam pela cidade, acidentes acontecem todos os dias, o que é lamentável! O número de acidentes fatais é alarmante.

Mas alguns fatos persistem na memória. Lembro-me do dia que fui à inauguração da Praça das Águas, pela primeira vez. Aquelas luzes coloridas com aquelas fontes luminosas, as famílias com seus filhos andando de patins, era
um espetáculo dantesco, que ainda se vê nos dias de hoje, com a vantagem do wi fi grátis. 

Ainda tem outros pontos positivos (melhor focar neles), lugares bonitos para o lazer com a família, uma vista linda e um luar incrível.

Posso afirmar que as grandes avenidas ainda me lembram o dia em que pisei na cidade pela primeira vez e cada momento que dirijo pelas ruas da capital de Roraima me faz lembrar a letra do hino de Boa Vista:

“São manhãs de luz, são novas crianças, o sol traz ao campo verdes esperanças para o povo índio, os negros e brancos que semeiam vida pelos verdes campos.”

*Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia. Pós Graduada em Direito Processual Civil, Facebook: Dra Dolane Patrícia. Twitter: @DolanePatricia_ You Tube: DOLANE PATRICIA RR. Whats 99111-3740

Nem tudo está perdido – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Contados os bens e os males da política, os bens ainda são superiores.” (Machado de Assis).

É claro que ainda temos bons políticos no Brasil. O fato é que nos preocupamos com os maus que causam males. Os bons políticos não caem nem saem na política nem pela política. Porque são bons eles não necessitam de alarde. Fazem seu trabalho como ele deve ser feito, e pronto. Só que nós, que nos achamos, porque pensamos que somos cidadãos, ainda não nos educamos politicamente para entender isso. Precisamos de mudanças. E as mudanças exigem transformações. O que exige preparação. Então vamos nos preparar para fazermos as mudanças de que necessitamos. E não as conseguiremos com briguinhas comadrescas, causa do despreparo. 

Discutir política exige conhecimento de política. E o que estamos vendo no movimento político atual é o mesmo despreparo a que vimos assistindo há décadas e décadas. O que ratifica o desconhecimento. Vamos nos preparar para que tenhamos o País que merecemos. Mas só o conseguiremos quando formos o cidadão que o País merece. E é simples pra dedéu. Mas não vamos entender isso enquanto ficarmos nos encantando com os desencantos. Ainda consideramos a política como uma caixa de falcatruas. Ainda recentemente ouvi de um cidadão, que ele votaria no Tiririca, novamente, por ele ser um cara simples e modesto. 

O que podemos esperar do brasileiro, para a melhoria da política brasileira, quando ele a vê como um palco de divertimentos? Infelizmente ainda temos um número fantasticamente grande de brasileiros que ainda não aprenderam a respeitar o Brasil. Ainda não perceberam que ainda somos vistos pelo mundo afora com um país subdesenvolvido. E eles não estão enganados. Ainda temos muito que fazer para que possamos nos orgulhar do que somos. Vamos prestar mais atenção à nossa política, para que possamos respeitá-la. E só entenderemos isso quando entendermos que nós, eleitores despreparados, é que continuamos jogando o País para o fundo do poço político. 

Vamos nos educar politicamente. Porque só seremos cidadãos quando merecermos a cidadania. E só a mereceremos quando soubermos o valor e o poder que temos com o nosso voto. Cuidado com sua escolha do seu candidato para as próximas eleições. Vai ser o resultado do trabalho dele, se eleito, que vai dizer quem você realmente é como cidadão. E não se esqueça de que seu candidato deve ser consciente da importância do voto facultativo para fazer de você um cidadão de fato e de direito. Porque se seu candidato não estiver consciente disso, não vai merecer seu voto se você for realmente digno da cidadania. Pense nisso.

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