Opinião

Opiniao 11 09 2019 8916

Ser feliz doa a quem doer – Marlene de Andrade

“Por isso os ímpios não sobreviverão ao julgamento, nem os pecadores na congregação dos justos, pois conhecer o SENHOR é o caminho dos justos; o caminho dos ímpios, porém, conduz à destruição”. (salmo 1: 5 e 6)

O Brasil está vivendo dias difíceis devido à corrupção e às injustiças sociais. É triste perceber que em outros países também existem problemas nessas áreas. Quem ainda se lembra do escândalo, por exemplo, da Worldcom e da “farra do crédito”, a qual faliu vários bancos nos EUA?

Como se pode perceber, um país tão maravilhoso como é os EUA já sofreu devido também aos escândalos por parte de celebridades como, por exemplo, Michael Jackson, o qual conseguiu sair ileso de seus crimes por pedofilia. E aqui no Brasil? Aqui estamos percebendo muitos políticos vivendo tranquilamente em seus lares e tocando suas vidas para frente, sem que nada lhes aconteça, mesmo tendo cometido crimes atrozes, pois entram na Justiça com inúmeros recursos, pedido de vistas, habeas corpus, apelação e entre outras maquinações, a famosa contestação, e tudo vai acabando em pizza, cervejada e muito riso.

Muitos países, aqui na América do Sul, têm se envolvido nas mais terríveis histórias de corrupção sem que se acabe de uma vez por todas. No entanto, para Deus tudo é visto e revisto. Tudo que plantamos tem colheita, mas os corruptos desconhecem que suas alegrias têm tempo certo, visto que Deus não dorme e nada passa em branco por Ele.

Infelizmente, vivemos numa sociedade que banalizou a moral e os bons costumes, pois tudo vem se tornando normal como roubar, matar e destruir e tanto isso é verdade que o preso, condenado pela morte da filha Isabella, Alexandre Nardoni, obtém o benefício conhecido como ‘saidinha’ no Dia dos Pais e sua esposa, Anna Carolina Jatobá, também condenada pelo assassinato de Isabella, já recebe esse benefício de saída no Dia das Mães desde 2017. Não fosse isso o bastante vemos a Suzane Von Richthofen, assassina dos pais, sendo premiada por essas famosas “saidinhas”. Para por aí? Claro que não. Quem não se lembra do escândalo conhecido como Sanguessuga, Fraude dos Correios, Mensalão, Operação Navalha, Fraude na área da Saúde Pública do Rio de Janeiro, Aeroportos Fantasmas, Operação Arcanjo em Roraima, campos de futebol inacabados a preço de ouro, Petrolão e entre outros, aqui em Roraima, o famoso escândalo dos gafanhotos? Como se pode perceber, vivemos numa sociedade a qual, em grande parte, vive adoecida pela influência da miséria que se instalou em todos os recantos do planeta terra e que se esqueceu de que existem regras e leis para se viver neste mundo já tão contaminado pelo mal.

Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM CRM-RR 339 RQE-431

SETEMBRO AMARELO – O DIA D – *Dolane Patrícia

Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio que teve início no ano de 2015, através de uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida e da Associação Brasileira de Psiquiatria. 

O mês de setembro foi escolhido para a campanha porque o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, um dia que foi criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde. 

Inclusive, é também um tipo de chamamento para que as pessoas percebam que podem ser amparadas em momentos difíceis da vida, para que não cheguem a pontos extremos como o suicídio.

No mundo todo, aproximadamente uma pessoa se mata a cada 40 segundos. Só no Brasil, o suicídio é a quarta causa mais comum de morte de jovens. 90% dos suicídios poderia ser evitado com ajuda psicológica e com realização de campanhas. 

    “Todo mês é Setembro Amarelo. Todo dia é Dia D. E essa é uma semana para refletir sobre o tema. A data surgiu há 25 anos. A cor da campanha foi adotada por conta da trágica história de Mike Emme, um jovem americano de 17 anos que, em 1994, tirou a própria vida dirigindo seu carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem passando pelo mesmo desespero”

A fita amarela virou símbolo do dever de conscientização de todo mundo. Sobre o tema, palavras de ajuda e esperança foram colocadas em papel amarelo brilhante e compartilhadas sendo posteriormente adotadas no mundo inteiro, como símbolo de vida e esperança, com o objetivo de conscientizar a comunidade como um todo do grave problema de saúde pública que é o suicídio.

Nesse contexto, é necessário ter cuidado com as pessoas que possuem doenças como depressão, pois cada ato de gentileza pode fazer muita diferença, assim como as palavras, que não são pedras, “mas se forem jogadas com força, machucam”, uma realidade dita numa frase de um autor desconhecido que retrata de forma bem profunda a gravidade de problemas como bullying, uma forma de agressão psicológica que causa feridas muitas vezes incapazes de serem cicatrizadas.

Falar é sempre muito importante, por isso, nunca permita ser maltratado em silêncio, fale com um amigo, um parente, não permita que essa dor exploda em forma de doenças como a depressão, fale dos seus sentimentos.

Ademais, nos lugares em que existem programas de prevenção ao suicídio se conseguiu perceber a redução das estatísticas existentes.

Por isso, em Roraima várias campanhas estão sendo realizadas por vários órgãos em parceria com o Ministério Público de Roraima, onde a Promotoria de Saúde tem desempenhado um papel extremamente relevante.

A psiquiatra Elimar Jacob sobre a importância do tema na pauta de discussão social: “Por muito tempo, foi considerado um pecado, uma fraqueza individual, considerações sempre negativas que a pessoa e toda família ficavam estigmatizados, como se fosse algo contagioso ou uma desonra. As pessoas foram reprimidas de falarem a respeito e porque tinham vergonha de confessar que pensavam nisso, sofriam e, em alguns casos, isso levava à morte”.

A profissional salienta que a Sociedade Brasileira de Psiquiatria considera que a depressão é a principal causa que pode levar alguém a querer tirar a própria vida:

“A depressão é a base da ação. O conceito que adotamos atualmente é de que ninguém se suicida se não estiver deprimido. Outros acontecimentos podem contribuir para a pessoa entrar em um pensamento negativo, depressivo, ela sente a vida se afunilar e não enxerga outra saída que não seja o desaparecimento dela, para evitar o sofrimento”, explicou, além de orientar as pessoas a apoiarem quem estiver nesta situação e indicarem que há ajuda médica para quem precisa.

O Brasil é o oitavo país com mais suicídios no mundo, mas em número de casos por 100 mil habitantes o país passa a ser o 113º do ranking mundial. O estado do Rio Grande do Sul tem mais casos por habitantes. E o Rio de Janeiro, menos.

 Importa salientar que tratar as pessoas sempre com gentileza é muito importante porque as doenças emocionais são silenciosas, não escolhem raça e nem mesmo classe social e as pessoas que possuem essas doenças são pessoas fragilizadas e toda a dor é max
imizada, os sentimentos muito intensos e sua situação pode se agravar diante de situações discriminatórias e vexatórias. 

Nesse contexto, é importante destacar a importância de falar sobre o assunto e incentivar a superação, lembrar que a pessoa não está sozinha e rememorar também que é importante deixar o passado para traz e que ainda é possível sonhar.

Afinal, como dizia Abraham Lincoln, o êxito da vida não se mede pelo caminho que você conquistou, mas pelas dificuldades que superou no caminho.

 *Advogada, Juíza Arbitral, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira, Pós Graduada em Direito Processual Civil, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia. Acesse dolanepatricia.com.br. 

Sabe o que ele contou? – Afonso Rodrigues

O homem é motorista de ambulância, e como se pode imaginar deve experimentar dias de esgotamento e desassossego. Por outro lado, há também os outros, os dos plantões enfadonhos, de 24hs sem chamado. Foi em um desses. Uma saída de horário de almoço. Ele precisava de um pouquinho de sol, procurou uma praça e sentou ao lado da caixa de doação de livros. Pensou em não pegar nenhum, mas o banco e o sol eram tão convidativos. Eu poderia até dizer que pegou o primeiro que viu, mas quem pega o primeiro? Escolheu. E não só leu, como levou para casa o catálogo de uma exposição de ready mades em homenagem, claro, a Duchamp.

E embora nunca tenha sido um entusiasta da arte – nunca tenha sequer parado para pensar sobre ela –, ficou comovido. A partir dali, foi tomado por um desejo desmedido de produzir, e assim o fez. Dia após dia, juntou pedaços de tudo que lhe parecia feito para se juntar. Uma coisa com outra, outra com uma, até que começaram a surgir objetos invulgares e à medida que eles surgiam, aumentava seu arrebatamento. Ele queria entender. Primeiro o que naquele catálogo o movia, depois por que e como. 

Com seu primeiro objeto em uma mão e o livro na outra, aproveitou a folga do serviço médico e andou até a galeria que expunha trabalhos de um dos artistas contemplados logo nas primeiras páginas do livro. Foi atendido por uma moça estudadíssima que, à primeira vista, lhe lançou um olhar preguiçoso, não, não tinha nenhum interesse na peça. “Não vendemos esse tipo de trabalho”. Mas ele não queria vender, queria entender, já disse. E aí que voltou à praça.

E uma praça não para em pé em uma cidade sozinha, certo? Ela tem que estar ladeada por ruas, prédios, casas, padarias, escolas, restaurantes, farmácias – inúmeras farmácias – e lojas. Ele sentou no mesmo banco, olhou para a cidade e deu de cara com uma loja. Por alguma razão, a loja lembrava, ainda que de raspão, aquela agonia do livro. Nem preciso dizer que, na próxima folga, a loja, o cara da loja, o motorista e o objeto se encontraram para uma tarde longa, preciso?

Ocorre que o ‘cara da loja’ conhece bem essa agonia. Ih, se conhece… O motorista repetiu todas as palavras e era imprescindível que ele ouvisse cada uma delas. Ele ouviu. Sílaba por sílaba. E elas encontraram conforto em seus ouvidos, ou melhor, encontraram companhia. Também já quis entender. Anos atrás, fora beliscado por Duchamp. Vinha se deixando beliscar até então. E já nem se importa com o por quê, o quando e onde. “Bem vindo”, foi o escolheu dizer.

*Articulista [email protected] 99121-1460