Opinião

Opiniao 11 10 2019 9094

Os meus medos – Priscila Gonçalves*

Uma das atividades como mãe, que eu amo fazer, é ler em voz alta para meus filhos. Amanda, minha primogênita, adora ouvir-me. Em nossos passeios, ela debruça-se em cada placa explicativa nas praças da cidade e exclama: – Mamãe, mamãe o que diz aqui? Eu, prontamente, atendo aos seus anseios, mesmo sabendo que nem tudo que leio ela entenderá. Porém, pratico a leitura como forma de treinar seus ouvidos. Em casa nos divertimos lendo histórias juntas. Eu para ela e ela “lendo” para mim. E em uma destas leituras deparei-me com uma história que falava sobre o medo de um menino chamado Pedro (mesmo nome do meu caçula) e pus-me a pensar sobre os meus…

Medo de falhar, de não ser feliz, de não realizar meus sonhos, de não ser amada, de perder aqueles que amo, de voar, de me expor; incontáveis são meus medos. E você, leitor, deve estar se perguntando como faço para vencer os meus medos. Cada um de nós temos os nossos. Eu, particularmente, converso com eles. Sim, muitas vezes. E, inúmeras, em voz alta. Quando mais jovem, achava este método meio esquisito. No entanto, dias destes, assistindo a um curso do brilhante escritor e médico Augusto Cury, retratando a importância de conversarmos com nós mesmos. E em voz alta. Pasmem! Confesso que, senti-me aliviada!!

Também utilizo outras técnicas: duvido deles, critico-os e os afronto. Quando recordo do meu primeiro dia de aula, do susto ao acordar com pesadelos e ter que enfrentar a solidão do escuro, da festinha na casa do colega que eu pouco conhecia, as mudanças de escola, novos amigos, o medo de perder meus pais, o medo da rejeição, medo de altura…. sinto um pouco da dor de cada momento vivido. Entretanto, experimento também, o sabor de cada vitória ao enfrentá-los.

Um bom exemplo é o medo de falar em público. Quem não tem? Lembro-me, exatamente, há quatro anos quando fui convocada no trabalho para apresentar um debate. Nunca havia falado para uma plateia! Das câmeras eu nunca tive medo, porém das pessoas, não posso dizer o mesmo… Pois bem, decidi aceitar o desafio. Preparei-me com rigor, fui e venci. Deste então, não parei mais. E como é estimulante encarar este medo e vencê-lo.

Não permito que seus medos me paralisem. Eles existem para que nós possamos superá-los e mostrarmos a nossa força. E esta energia começa na nossa mente. Decida que você é maior que eles. Quando decidi fazer a seleção do Mestrado em Comunicação, quanto medo eu tive!! Todos os dias eles assombravam-me. Todavia, eu decidi vencê-los. Batalhei e consegui fazer um bom trabalho sendo aprovada em primeiro lugar. Agora é a vez do medo da qualificação… mas, pelo menos eu já sei qual caminho seguir (risos).

Existe também uma forma terapêutica, a meu ver uma das melhores, de encarar o medo. E sabe qual é o lugar mais amoroso para enfrentá-los? Dentro de um abraço! É nele que tocamos o coração do outro, que nos sentimos acolhidos, protegidos e seguros. Você tem abraçado aqueles que ama? Tem abraçado seus filhos nos momentos de medo? Abraçado seu marido, sua mulher, seus pais, seus amigos, aqueles que lhes são caros? Ah! Um bom abraço! Ele nos cura de tantos males. Nos faz sentir mais fortes e renovados. Aproveite o dia de hoje, doe e receba uma dose extra de amor: encontre-se num abraço. Eles são calmantes para a alma.   

*Jornalista, mestranda em Comunicação e aprendiz na vida. 

A Europa e seus exemplos ambientais –  Sebastião Pereira do Nascimento*

A partir da segunda metade do século XVIII, o continente europeu fervilhou com as grandes mudanças provocadas pela a revolução industrial, cujo principal interesse era a substituição do modo de produção primária pela produção mecanizada, proporcionando um sistema de produção em grande escala e o aumento do lucro almejado pela economia capitalista.

Essa expansão industrial tinha como uma das potências motriz a madeira, a qual era usada para quase tudo que envolvia o processo de industrialização: a lenha, a fabricação de móveis, a construção civil, a construção naval, etc. E diante da exploração desordenada de madeira, a indústria europeia causou forte desgaste ambiental no velho continente, sobretudo nos países mais industrializados como Inglaterra, Alemanha e França.

Com isso, a maior parte das florestas europeias foi dizimada, levando até mesmo o completo desaparecimento de várias espécies de animais e plantas. Contudo, com o passar dos séculos, muitos líderes europeus entenderam a importância das florestas, vendo que elas conservam as espécies animais, protegem os rios, controlam o regime de chuva, retêm os gases de efeito estufa, entre outras funções que contribuem para a qualidade de vida na terra.

Diante dessa constatação, embora ainda não seja o suficiente, nas últimas décadas a Europa vem com uma política ambiental que integra 39 países do velho continente, os quais dispõem de uma base científica sólida e inovações tecnológicas que permitem alta produtividade em pequenas áreas de cultivos. Ainda como parte desse acordo comum, a Europa vem desenvolvendo também vários programas de conservação e reflorestamento, tendo hoje 42% de seu território coberto por florestas: 4% de matas originais e o restante procedentes de reflorestamento.

Já o Brasil, que até bem pouco tempo vinha na vanguarda das políticas ambientais, hoje sustenta um embate hostil contra essa questão. Onde o governo atual passou ignorar importantes compromissos firmado sem diferentes fóruns mundiais sobre o meio ambiente, partindo para um confronto direto com todos que defendem ou atuam legitimamente em favor das causas ambientais. 

Essa atitude irresponsável vem causado problemas de ordens diversas e até criando discórdias internacionais, levando países apoiadores do Fundo Amazônia sustarem os recursos doados ao Brasil – o “Fundo Amazônia” foi criado em 2008, com finalidade de captar recursos a fundo perdido para apoiar, entre outras coisas, programas de combate ao desmatamento, à redução dos gases de efeito estufa, resultantes da degradação florestal e projetos de uso sustentável tanto na Amazônia como em outras regiões do Brasil.

Porém, diante das violações das normas ambientais e das agressivas declarações apregoadas pelo o atual governo, os países credores desse fundo bilionário, alegam que o governo brasileiro, além de não ter uma política ambiental satisfatória ao país, nãos é confiável politicamente. E que os recursos programados só serão revestidos se as nações apoiadoras tiverem a plena certeza de que os recursos irão atenderem suas legítimas finalidades.

Atualmente o que percebemos é que todos os esforços do Brasil que antes eram usados para conter o desmatamento e melhorar as condições de vida dos povos da floresta, agora são voltados para incentivar o desmatamento, acirrar os conflitos sociais e enfraquecer os órgãos de controle ambiental, transformando o país num dos grandes vilões do meio ambiente. De maneira geral, essa aberração governamental não trata-se apenas de incorporar medidas arbitrárias, mas também tenta convencer furtivamente as pessoas de que tais medidas estão sendo empregadas em conformidades ética e moral.

Por exemplo, quando o governo brasileiro questiona que os países europeus não têm bons exemplos ambientais para nos oferece
r, isso, além de ser uma atitude arrogante, dotada de um idealismo fascista, vai contra uma realidade histórica, visto que a Europa (no apogeu do processo de industrialização) destruiu quase todas suas florestas. Mas que agora vem investindo maciçamente em programas de conservação e reflorestamento. Isso mostra que temos muito o que aprender com esses países, sobretudo como não destruir as nossas florestas e como produzir bem em pequenas áreas produtivas. O apoio financeiro também é crucial para o Brasil, já que o governo dispõe de incentivo apenas para o agronegócio e a mineração – grandes agressores da natureza – e o país precisa retomar sua trajetória conservacionista.

Por outro lado, se tudo caminhar como vem sendo apregoado pelo governo brasileiro, o estado das florestas no Brasil está sujeito às graves alterações ambientais, as quais comprometem profundamente a gestão sustentada dos recursos naturais e consequentemente as suas funções ecológicas, econômicas, sociais e culturais.

*Consultor ambiental e filósofo [email protected]

A beleza está onde e como a vemos – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A beleza é a eternidade a olhar-se ao espelho. Mas vós sois a eternidade e o espelho.” (Gibran Khalil Gibran) 

Levantei-me, pela manhã, não tanto, mas um pouco preocupado com minha saúde. Sinais de cansaço e tontura apareciam, como se eu fosse um velhinho. Tomei café, barbeei-me e fui ao Posto de Saúde. Ele fica bem ali. Quando cheguei lá, por volta das dez horas, eu era o único paciente. A garota, na recepção cumprimentou-me:

– Olá, seu Afonso. Tudo bem?

Solicitei uma medida de pressão arterial. Ela encaminhou-me, e conversei bastante com a enfermeira atendente. Ela encaminhou-me ao Cardiologista, no URA, bem em frente ao nosso prédio.

Voltei para casa caminhando pela calçada. De repente, passando pela praça de treinamentos aquáticos, bem em frente à escola de ginásticas, deparei-me com um cenário simplíssimo e cativante. Três quero-queros nadavam tranquilamente. Uma gaivota branca e linda, praticamente deitada na grama, observava a natação dos três amigos. Não resisti à tentação da beleza, parei e fiquei observando a observadora. Não sei quantos minutos permaneci ali, encantado com o comportamento daquelas aves. E foi aí que veio o mais interessante. Do outro lado do lago, uma gaivota enorme, de pescoço longuérrimo e esticado, gritava espalhafatosamente, escondido por detrás da grama alta. Observei que ele olhava pra mim, como se estivesse avisando à observadora, que alguém oferecia perigo pra ela. Encantei-me com a cena e com a atitude do espalhafatoso que certamente era o marido dela. Foi muito legal.

Não sei se ele viu, mas sorri pra ele e evitei o sinal de despedida, para não assustá-lo. Continuei minha pequena caminhada até a casa, mas não pude deixar de fazer a caminhada toda, com um sorrido indisfarçável. E eu não estava nem aí para quem observasse meu sorriso estranho. O que me importava era que eu estava iniciando um dia muito feliz, com a capacidade de ver a felicidade na beleza da simplicidade. E só amanhã irei ao URA, para o exame cardiológico. Mas fique tranquilo que não há nada de anormal. O Dr. Deodato, no SAS da PM, sabe do que estou falando. É que estamos no mês de eu fazer meu checape, fora de Boa Vista. É só isso. Mas vou me cuidar. Prometo. 

Não sei como você está encarando o seu dia, hoje. Mas tudo que lhe acontecer virá do seu estado de espírito. Seja e sinta-se feliz e a beleza, parceira da felicidade, estará bem aí, pertinho de você. O problema é que você não a vê porque está, preocupado ou preocupada, com pensamentos ruins. Tire-os da sua mente, e a beleza aparecerá de mãos dadas com a felicidade. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460