Opinião

Opiniao 12 12 2019 9459

Que Fundo…

 Flamarion Portela*

Num momento em que o país tenta sair de uma recessão de anos, e o Congresso Nacional está discutindo a votação do Orçamento 2020. Dentro desse escopo está a aprovação do novo Fundo Eleitoral, que já deve ter validade para as eleições municipais do ano que vem.

Se o amigo leitor não lembra, a proposta inicial do Fundo Eleitoral era em torno de R$ 2 bilhões e por fim, depois de um grande conluio entre alguns partidos, chegaram ao total de R$ 3,8 bilhões a serem usados pelos partidos nas eleições de 2020. A título de registro, nas eleições de 2018, para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e presidente, foram destinados ao Fundo Eleitoral R$ 1,7 bilhão.

O que mais causa estranheza é que para aumentar esse montante do Fundo Eleitoral estão sendo retirados cerca de R$ 500 milhões da Saúde e R$ 280 milhões da Educação.

Ora, todos nós sabemos como está a saúde em nosso Estado e em todo o país, em situação lastimável, com pessoas morrendo por falta de medicamentos, de atendimento adequado, esperando por uma cirurgia por meses ou até anos. E nossa educação, que também já é capenga, tende a piorar com a redução desses recursos, que significam menos creches para as crianças, e o total comprometimento da qualidade do ensino.

A Saúde é um direito constitucional de todos os brasileiros e não pode ser tratada dessa forma por políticos inescrupulosos que só pensam no seu bem próprio e esquecem o bem comum. A Educação é que transforma a vida das pessoas e a mola propulsora para o desenvolvimento de uma nação. Tirar recursos dessas duas áreas para destinar a bancar campanhas políticas é tirar da sociedade direitos inalienáveis.

A Democracia tem seu custo e quem banca esse preço é a sociedade brasileira através do pagamento de impostos. Mas, não podemos pagar um preço tão alto, tão absurdo, tão exorbitante, sobretudo, nesse momento em que as pessoas estão sem emprego, sem esperança, que o valor do salário mínimo não sobe praticamente nada, e a classe política quer duplicar o Fundo Eleitoral, arrancando da população o pouco que ainda lhes resta.

Existe um clamor da população, sobretudo nas redes sociais, para que essa votação de aprovação do Fundo Eleitoral no Congresso seja aberta, para que se saiba quais parlamentares votaram a favor. Mas, não será nenhuma novidade que seja feita alguma manobra para ter votação simbólica e ficarmos todos “a ver navios” sem saber de que forma cada parlamentar votou.

Por fim, aprovado esse Fundo Eleitoral para o ano que vem, quem fiscalizará a destinação desses recursos? Será que aquele candidato a vereador lá da cidadezinha do interior vai ter o mesmo acesso que o de uma grande cidade? Ou os caciques eleitorais que vão controlar essas verbas, destinando a seus apadrinhados?

Precisamos ficar de olho para não sermos mais uma vez enganados por políticos sem compromisso com o conjunto da sociedade, que vão usar o nosso dinheiro para permanecer no poder ou eleger apenas os seus “afilhados”.

 *Ex-governador de Roraima

QUEM SERVE A SOCIEDADE NÃO PODE SER DEMONIZADO

Luis Cláudio de Jesus Silva*

Vejo como acertadas a maioria das políticas implementadas pelo governo Bolsonaro e torço para que deem certo. No entanto, isso não me impede de uma análise crítica e isenta, e muito menos de, quando entender necessário, expor minha opinião contrária. Trago um exemplo. Não concordo que o governo construa uma narrativa que, para convencer a população sobre a necessidade de reforma nos planos de remuneração e carreira no serviço público, tenha que demonizar os servidores públicos na tentativa de, ao elegê-los como vilões das contas públicas, colocar a população contra os servidores e a favor da reforma pretendida. Na esteira dessa exposição equivocada, o governo faz questão de propagar a última pesquisa feita pelo IPEA sobre a evolução das remunerações no serviço público nos últimos 30 anos, demonstrando que os gastos com servidores públicos cresceram mais no nível federal e menos no estadual, que os servidores do judiciário são os que ganham os salários mais altos e etc. Pois bem, os dados traduzidos em números são passíveis de muitas interpretações e demonstram a necessidade de rediscutirmos o modelo atual, o qual, a meu ver, é defasado e ineficiente do ponto de vista da qualidade dos serviços prestados. Porém, não será apenas reduzindo remunerações que alcançaremos o modelo desejado pela sociedade.

As soluções paliativas são sempre mais atrativas e fáceis de serem implementadas, por isso seduzem os tecnocratas de Brasília com tanta facilidade. Por exemplo, nos tempos de Fernando Henrique, pegaram alguns servidores públicos ou pensionistas de servidores que, com permissão legislativa recebiam altos vencimentos e criaram o teto remuneratório, onde o maior salário do serviço público passou a ser o do presidente do STF, seguido dos políticos e um subteto para os servidores públicos. Ou seja, por falta de coragem para resolver os “problemas” de uns poucos, criaram uma regra geral que atingiu a todos e, indiretamente criou amarras que hoje mais atrapalham que ajudam a gestão. Se pensarmos que o Estado é a organização com maior capacidade financeira e com a mais relevante e nobre das atribuições, servir a sociedade e promover o bem comum, o teto remuneratório inibe a contratação dos profissionais mais qualificados. As melhores cabeças que poderiam estar a serviço do Estado e da sociedade são atraídos pelas multinacionais onde são valorizados e auferem vencimentos e vantagens muito maiores que no setor público. Por outro lado, as autoridades políticas e judiciais, sempre arrumam um jeitinho de burlar o teto e auferir salários astronómicos, extorquindo os cofres públicos.

Na realidade, o estado seleciona e contrata mal; não incentiva a qualificação; não valoriza o mérito e estimula a isonomia nivelando os servidores ‘por baixo’, precarizando os serviços prestados à população. Hoje, muitos dos cargos não justificam sua necessidade e atribuições, estão em completo desuso (ascensoristas, telefonistas, digitadores). Obvio que esse cenário precisa ser revisto. Precisamos, respeitando os diretos e conquistas de quem já está no serviço público, refazer os planos de cargos e salários, focando na valorização de carreiras essenciais para o funcionamento do estado, exigindo maior qualificação e estimulando a formação acadêmica, adotando políticas objetivas de meritocracia, estabelecendo metas de produtividade, premiando com melhores salários as equipes pelo alcance de metas e assim estimulando a concorrência entre servidores e melhorando a produtividade e o atendimento à população.

O governo não precisa torturar os números das pesquisas demonizando os servidores públicos para angariar apoio para a reforma administrativa. Não vai ser propondo o fim da estabilidade, coisa que já não existe desde a edição da Emenda Constitucional19/98 – que instituiu a avaliação periódica de Desempenho de servidor estável – que conseguirá convencer a população. Não vai ser afirmando que o Judiciário e Legislativo pagam mais que o Executivo que angariará apoio. O governo, ao invés de tentar jogar a população contra os servidores que lhes servem, deveria mostrar as vantagens da sua proposta e, assim conquistar inclusive o apoio dos servidores que, antes de se ocuparem de servir, também são sociedade e se servem do serviço público e da mesma forma almejam um serviço público mais eficiente.

*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]

Cadê eu?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Aquilo que você é irá sempre desagradá-lo se você ficar preso ao que você não é.” (Santo Agostinho)

Simples pra dedéu. Você ainda não desconfiou. Ainda não percebeu que vive a vida toda se preparando para os outros. Até mesmo para pessoas com quem você não quer relacionamentos. Os salões de beleza, as alfaiatarias, farmácias e muito mais, estão lotados de pessoas tentando se preparar para os olhares. Mas o problema não está só na beleza física. Mas vamos deixar o assunto para os especialistas. E como especialidade não é minha especialidade, fico por aqui. Mas você não deve ficar. Procure a vereda sem a ajuda do sapo. Mantenha-se fora desse círculo de elefante de circo. Não continue permitindo que os outros digam o que você deve ser ou o que deve apresentar. Seja você no que você é, e fim de papo.

Sua felicidade está dentro de você. Mas você tem que acreditar nisso para poder encontrar a felicidade. O tempo que você perde saindo por aí procurando o que está em você mesmo ou mesma, é uma tolice. Olhe-se no seu espelho interior. Se não se vir como acha que é, é porque está procurando o que não é. Reflita um pouco sobre essa simplicidade. Seu espelho na parede está lhe mostrando a imagem ou figura que você quer que ele veja. Enquanto o seu espelho interior mostra-lhe o que você realmente é. E se você deve melhor ou não, é decisão sua. Sempre que estiver encarando ou não conseguindo encarar um problema, dirija-se ao seu espelho interior e veja em você o que você deve fazer para ser você. Simples pra dedéu.

Quando estiver aborrecido, ou aborrecida com ofensas, mire-se. Olhe-se e se pergunte se ele aborreceu você ou você está se aborrecendo com ele. Com certeza seu espelho interior vai lhe mostrar uma cara de bobo. Você está se aborrecendo com quem não merece seus aborrecimentos. Sorria e lembre-se do Jaime Costa: “Não há bobo mais bobo do que o bobo que pensa que eu sou bobo”. Então, não seja bobo, e viva sua vida com eficiência, coragem e perseverança. O Universo é rico e está à sua disposição. A felicidade está com você e em você. É só você se valorizar. Mas valorize-se em você. Não fique perdendo tempo com a futilidade de querer mostrar o que os outros querem que você seja.

Quando sabemos o que somos não perdemos tempo com o que os outros pensam que somos. Não perca seu tempo, preocupada com a vizinha que fica bisbilhotando para ver que vestido você vai vestir hoje. Valorize seu trabalho no que você faz, fazendo o melhor que você puder fazer. Ninguém é superior a você se você se souber superior. E seja superior respeitando a inferioridade dos outros. Pense nisso.

*Articulista

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99121-1460