Opinião

Opiniao 13 02 2020 9777

Coronavírus: Roraima não está livre de risco

 Flamarion Portela*

 

O surto de coronavírus (2019-nCoV), que já deixou mais de mil vítimas fatais na China, onde foi descoberto em dezembro do ano passado, pode chegar a Roraima, caso não sejam tomadas medidas preventivas pelas autoridades de saúde locais e federais.

Como sabemos, Roraima faz fronteira com a Venezuela e com a Guiana, países em cujas cidades fronteiriças, Santa Elena de Uairén e Lethem, respectivamente, se encontram um grande número de empresários chineses que, obviamente, mantêm algum tipo de contato com seu país de origem e podem ser vetores do vírus.

A maior preocupação é com a nossa fronteira em Bonfim, já que atualmente existe um grande fluxo de brasileiros para Lethem, sobretudo vindos do Amazonas para fazer compras naquela cidade. Mas, embora Santa Elena esteja “abandonada” pelos roraimenses devido à crise por qual passa a Venezuela, também não pode ser descartada a possibilidade de o vírus se propagar a partir de lá, pois sabemos que existe uma entrada indiscriminada de migrantes daquele país para o nosso Estado e que já trouxeram para cá doenças que há tempos já estavam erradicadas por aqui.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura na segunda-feira, 10, o médico e escritor Dráuzio Varella disse que é muito provável que o coronavírus chegue ao Brasil, mas ele confia que os epidemiologistas conseguirão administrar a doença.

De fato, o Ministério da Saúde está tendo uma postura coerente com relação à possibilidade de chegada do vírus ao Brasil, orientando diariamente os estados e a população, divulgando boletins epidemiológicos com o acompanhamento diário da situação da proliferação do vírus pelo mundo e tomando as medidas preventivas necessárias.

Porém, vivemos em um país continental com fronteiras secas quilométricas e com pouco ou quase nenhum controle epidemiológico, como é o caso de Roraima.

Esta semana, foi anunciado pela Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) que o Roraima será o primeiro estado brasileiro a ter um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-nCoV Estadual), que deve funcionar em Boa Vista. É um passo importante, mas não podemos esquecer que o controle maior deve ser focado em nossas fronteiras.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já declarou estado de emergência global por causa da crescente disseminação do coronavírus e é preciso que os países realizem intervenções para se prevenir do contágio.

As mais de mil vítimas fatais ocorridas apenas na China já ultrapassam o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês), que – entre 2002 e 2003 – causou a morte a 774 pessoas em todo o mundo.

Não podemos esperar que o vírus chegue a Roraima para só então tomar as providências necessárias. Prevenir ainda é o melhor remédio.

 

*Ex-governador de Roraima

O lado positivo do desafio de Bolsonaro para redução do ICMS sobre combustíveis

Luis Cláudio de Jesus Silva*

Normalmente, quando se está diante de um grande problema, as pessoas tendem a se concentrar na raiz do problema ao invés de tentar enxergar acima e além, de focar as energias na busca de alternativas de solução. Nos últimos tempos, tenho me valido dessa estratégia com maior frequência, pois tento agir assim todas as vezes que assisto o presidente Bolsonaro criando suas polêmicas palacianas ou falsas crises políticas, travestidas de rompantes de loucura ou de traduções da realidade. Penso que todo pessimista é preguiçoso e, tentando não me enquadrar nesse conceito, sempre busco de forma otimista o que está por trás de cada uma destas polêmicas. Pois bem, a última destas manifestações foi o desafio lançado pelo presidente da República aos governadores, onde, insatisfeito com o preço dos combustíveis ou com a demora em baixá-lo, frente às reduções anunciadas pela Petrobrás, o presidente afirmou que zeraria os tributos federais sobre o preço dos combustíveis, se os governadores zerassem o ICMS. Desafio feito, a mídia tratou de propaga-lo e pautou todas as conversas de buteco e reuniões familiares. Essa talvez seja a faceta mais importante desse desafio. Possivelmente, esse será o principal ganho desta manifestação do presidente, e isso é muito positivo.

Tomo emprestado de Bertolt Brecht um trecho do seu discurso ‘O Analfabeto Político’ e vou adaptá-lo para ‘O Analfabeto Econômico’: “O pior analfabeto é o analfabeto econômico. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos ou da economia. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas e do preço dos combustíveis. O analfabeto econômico é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política e a economia”. Prefiro acreditar que o presidente da República tenta com seu desafio, chamar a atenção para um problema estrutural da política tributária do país, para o peso dos tributos e dos impostos na formação de preço dos produtos que tanto tem maltratado os consumidores brasileiros e, como uma ancora, impedido o país de se desenvolver. Talvez o desafio tenha sido apenas o meio encontrado para nos tirar do pensamento medíocre de só olharmos para o problema, sem nos informamos, propormos e cobrarmos alternativas que mude a desastrosa realidade econômica que vivemos. Tenho certeza que hoje os brasileiros entendem mais de ICMS do que antes e isso é importantíssimo no momento em que o país se prepara para a Reforma Tributária.

Por outro lado, a fala desafiante do presidente não tem nenhum efeito prático e, num olhar mais crítico, pode se dizer que não passa de falácia. Todos sabemos da importância dos tributos e impostos para a manutenção da máquina pública. Somos nós, com nossos impostos e trabalho que financiamos o estado, e isso não mudará. O estado é perdulário, arrecada muito e gasta mal, é moroso e ineficiente, a corrupção é endêmica, cultural e estrutural e tudo isso legou ao Brasil uma situação econômica e fiscal caótica. Nesse cenário de desastre econômico, onde a meta fiscal da União tem um rombo de 124 bilhões, onde Estados e Municípios estão na beira do abismo fiscal ou economicamente quebrados – consequência de décadas de má gestão pública e alargamento dos ralos da corrupção –, falar em acabar com tributos e im
postos sobre os combustíveis não é algo para ser levado a sério.

E, se o presidente, acena com a possibilidade de zerar os tributos, deve haver espaço pelo menos para reduzi-los, então ele que desça do palanque e determine o fim ou a redução nos tributos (Cide e PIS/Cofins) no preço dos combustíveis, e depois cobre dos governadores que façam o mesmo com o ICMS. Nesse caso, creio que o exemplo teria mais efeito prático que o desafio proposto. Pode não existir espaço para zerar impostos, porém existe para reduzir, o que falta é nossos governantes pensarem mais nas alternativas de crescimento econômico, via estímulo a produção e ao consumo.

Por fim, o desafio foi positivo para colocar o assunto em pauta. Fez o brasileiro se informar mais e assim estar mais preparado para cobrar uma Reforma Tributária ampla e verdadeira.

*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]

Inverta os valores

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Ao invés de reclamar quando o relógio despertar, agradeça a Deus pela oportunidade de acordar mais um dia.” (Aristóteles Onassis)

Cada dia é mais uma aventura. Cabe a cada um de nós saber se aventurar. E é no início do dia que devemos decidir o que fazer naquele dia. Simples pra dedéu. Se você prestar mais atenção àquele urubu de asas abertas na ponta do poste, descobrirá o segredo. E o segredo está em saber viver. E só sabemos viver quando damos valor à nossa vida. Quando acordar, pela manhã, prometa a você mesmo que seu dia será o melhor dia de sua vida. E todo o poder de que você necessita para ser feliz está em você. É só você se valorizar. Porque se ficar perdendo tempo com coisas ou acontecimentos desagradáveis, você estará sendo desagradável com você mesmo.

Tudo de bom ou de ruim que acontece faz parte da vida. O importante é que saibamos distinguir o que é bom e o que é mau. O bem e o mal estão à sua volta o tempo todo. Cabe a você saber escolher o que lhe convém. Faça isso, porque é muito simples. É só você ser mais simples no seu pensar. Você tem todo o poder para ser feliz. Então não perca tempo com o que possa lhe fazer infeliz. “Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele.” Quando você se aborrece com o ordinário, está se igualando a ele. Então seja superior a ele não lhe dando bolas. Ninguém engana você quando você é capaz de não se deixar enganar. Seja esperto, para se tornar uma pessoa experta nos conhecimentos sobre a vida.

Não sei se você se lembra do que já lhe falei sobre aquele delegado e polícia. Foi no início da década dos cinquentas quando lhe perguntei, numa conversa particular, por que ele não prendia os praticantes do “Golpe do Vigário.” Ele respondeu: “Afonso… não existiria vigarista se não existissem otários.” Sua justificativa não justifica seu procedimento, mas a banalidade do golpe do vigário lhe traria uma perda de tempo. Só quando somos espertos não nos deixarmos enganar pelos que pensam ser expertos. Mesmo me sentindo repetitivo, vou repetir. Quando estiver se sentindo enganado, ou enganada, olhe-se no seu espelho interior. Quando se vir, pergunte-se: ele me enganou ou eu me enganei com ele? Quando se descobrir no que você é, sorria pra você e esqueça o problema. Senão você será o problema.

Acorde sempre dando bom dia ao seu dia. Ser feliz ou infeliz durante o dia vai depender só de você. Do valor que você pode estar dando ao que não tem valor. E se não tem, não merece. Então não desperdice seu valor aborrecendo-se com coisas ou acontecimentos sem valor. Tudo depende de você. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460