Opinião

Opiniao 13 08 2019 8738

A importância da Psicoterapia – Geórgia Moura*

É de suma importância cuidarmos da nossa saúde mental durante todos os dias, todos os meses, o ano todo. Cuidar da mente é cuidar da saúde, do nosso bem mais precioso, que é a nossa vida. Nos permitir parar um pouco, procurar ajuda de um profissional para analisar, com carinho e cuidado, a partir dos fatos e acontecimentos que vamos expor, muitas questões que nos impedem de avançar nos estudos, trabalho, relacionamentos e em todos os âmbitos da nossa vida, pode fazer uma enorme diferença e ser muito positivo.

A psicologia estuda o indivíduo (sua mente, emoções e comportamentos) e seus conflitos consigo mesmo e com os outros, auxiliando-os em suas questões psicológicas. Na psicoterapia buscamos tratar angústias, ansiedades, medos, problemas de relacionamentos, entre muitas outras questões.

Fazer psicoterapia é sinônimo de força, força para mudar o que nos incomoda e nos impede de viver melhor. É coragem para mudar o que nos impede de ser feliz, é investir na qualidade de vida. As consultas precisam ser periódicas, geralmente semanais ou quinzenais. Tudo vai depender do grau de comprometimento do abalo psicológico sofrido pelo paciente.

É importante ficar atento para detectar o momento de procurar ajuda. Muitas vezes, quem de fato precisa está num nível tão grande de sofrimento que não consegue perceber essa necessidade e, quando percebe, muitas vezes tem vergonha de falar com alguém sobre essa questão. Não podemos nos permitir e nos acostumar com um sofrimento constante, com preocupações excessivas e descontentamentos diários. 

Para algumas pessoas, ir num consultório de psicologia é de fato uma necessidade, para outras não, porém, não há dúvidas de que para todos que se permitem viver essa experiência, só há benefícios para a saúde mental e muitas vezes até física, pois o corpo fala através das doenças psicossomáticas (de fundo emocional com sintomas físicos). Ao longo de nossas vidas passamos por situações difíceis (entre muitas experiências pode-se destacar separações, perdas, lutos) e podemos contar com a ajuda de um profissional nesses momentos.

Deveríamos tratar com responsabilidade e compromisso a nossa saúde mental. Fazer psicoterapia nos ajuda a conhecer melhor o nosso interior. É um excelente recurso para fortalecer a autoestima e recuperar a sintonia com nós mesmos e muitas pessoas já perceberam os benefícios e também entenderam que os amigos podem nos dar conselhos, mas esses não são suficientes ou não são exatamente o que precisamos e é nesse momento que os profissionais da psicologia entram em cena, e eles não vão facilitar as respostas, mas vão ajudar a encontrá-las.

Entrar em um processo de autoconhecimento nos permitirá tomar consciência de muitos pensamentos, emoções e atitudes das quais não tínhamos consciência. Fazer psicoterapia é se autoconhecer, não tem contraindicação e o importante é procurar um consultório de psicologia antes de verdadeiramente precisar, e sim fazer isso como forma de prevenção. Nunca é tarde para descobrir os benefícios da psicoterapia. Precisamos ser, a partir de agora, quem queremos ser daqui pra frente e sermos os protagonistas da nossa história.

*Bacharel em Direito e Psicóloga Instagram: @psicologa_georgiamoura Celular: (95) 991112692.

Assim era Luiz – Walber Aguiar*

“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade” (Drummond)

E ele chegava animado. Adentrava o sentimento na tentativa de alegrar as caras tristes, de fazer da geografia da tristeza um espaço do humor, da graça, do espalhafatoso. Era o amigo Luiz Pereira, um menino agitado e autêntico, falador de palavrões e músico de alma. De uns tempos pra cá senti profundamente sua ausência, ainda mais quando Laulimã diz que a vida perdeu parte do encanto sem a sua presença espontânea e grandiosa. 

Ora, Luiz viveu como bem entendeu viver, de astral alto e alegria contagiante. Aquele tipo de alegria que não se torna ridícula, mas que acena para os outros e faz com que as pessoas se procurem e se entendam um pouco mais. Isso porque a vida não pode conter apenas sujeitos macambúzios, tristes, sorumbáticos, casmurros. A vida tem que carregar consigo as mais belas cores e canções, a fim de que celebremos o existir com graça e grandeza. A fim de que contemplemos as estrelas mal contempladas e façamos uma espécie de farra existencial que nos torne seres humanos mais leves e completos.

No Monteiro Lobato, Luiz era uma espécie de líder. Um cara que sempre chegava animando, sempre falante e com alguma novidade para contar. Por ter um sinal no braço e ser um pouco mais amadurecido que os demais, nós o chamávamos de macumbeiro. Isso porque o velho Luiz “jabuti” carregava em sua aura uma espécie de magnetismo, uma coisa que atraía, que cativava, que parecia juntar as pessoas em torno de si.

Mas o tempo, companheiro da alegria e das frustrações, se encarregou de arrastar cada um de nós para ângulos e pontos de vista diferentes. Nesse meio termo em que as definições apareciam e os mosaicos passavam a ser montados com mais consistência, em que vivíamos, no entender de Drummond, a fase das misérias, Luiz optou pela vida militar, apagando fogo e salvando gente, sempre com dignidade. Laulimã assumiu o magistério, fez amigos nas escolas por onde passou, desenvolveu projetos. Chamou Luiz para ser compadre, padrinho do menino Raimundo Neto. Tal relação entre Luiz e Laulimã seria uma espécie de coisa de irmão, de alma gêmea, conforme as amizades mais fraternas e mais lindas e significativas que alguém já conheceu.

Ele carregava tanta alegria dentro de si que passou a tocar um instrumento e cantar, pois quem canta geralmente encanta, ainda mais quando a canção passa de alma pra alma, de coração pra coração, como no caso de Luiz. Sempre curtindo a casa do Neuber, apreciava ritmos regionais e uma boa comida. Um dia me disse que não gostava de poemas tristes, mas disse a ele que, embora tristes, os versos, os poetas fingiam a dor que sentiam, na ânsia de elaborar algo que fizesse cócegas na alma, ou seja, de contar as histórias de um mundo mais alegre e feliz.

Descanse em paz, irmão. Um dia nos encontraremos debaixo das enormes ingaranas do infinito. Aí teremos descoberto a mais intensa, louca e verdadeira alegria…

*Poeta, professor de filosofia, historiador, membro do Conselho de Cultura, advogado e membro da Academia Roraimense de Letras. [email protected]

Não gosto de política – Marlene de Andrade*

Luiz Sayão, no seu livro cujo título é”Agora Sim”, ele cita as lições de Goya e a Teologia na Igreja Evangélica Brasileira. Goya era pintor romântico, o qual, segundo Sayão, foi um dos grandes expoentes da pintura espanhola. Ele afirma que no final do século XVIII esse pintor fez história ao deixar seu famoso quadro, o Sono da Razão. Neste contexto, fiquei pensando o que significava isso, mas depois entendi o que ele quis dizer, pois o texto mesmo explica que esse Sono da Razão produz monstros. Pensei: será que isso tem a ver com alienação ou a maldade entranhada dentro de todos nós, seres humanos?

Há dias eu conversava com duas pessoas quando elas demonstraram claramente que não gostam de política. Cada vez que escuto isso, fic
o pasma. Ora, política é o dia a dia da gente. Segundo andei pesquisando no “Dr. Google”, política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses e que tem a ver com o bem comum de todos.

Sendo assim, argumentei com essas pessoas que nós também somos políticos, pois até mesmo em nossa casa, vizinhança e no trabalho precisamos fazer política, visto que temos que viver debaixo de regras e normas.

Goya viveu em época de guerra e por isso, afirma Sayão, ele percebeu as decorrências do abandono do bom senso e que a razão está a serviço da maldade neste mundo, o qual ele chama de ‘mundo civilizado entre aspas’.

Entendi o que Sayão disse, ou seja, o Sono da Razão produz monstros. Aí perguntei a mim mesma: a maldade humana sempre existiu ou era um caso aqui e outro lá? Nessa reflexão, me lembrei de Calvino que já morreu há quase 500 anos e que explicou que o homem nasce em depravação total. Todavia, acho eu, que essa depravação vem aumentando, pois segundo o que se percebe, o mundo está cada vez mais caminhando para o caos.

Sayão ainda vai mais longe quando afirma que os monstros estão inclusive dentro das igrejas cristãs o que, evidentemente, é muito lamentável. Sendo assim, ele cita alguns desses monstros dentro do aprisco de Cristo, a saber: o monstro do misticismo valorizando e crendo na força dos objetos; já o monstro do sectarismo, afirma Sayão, solapa a unidade cristã, prejudicando o Evangelho que são as Boas notícias de Jesus. Quanto ao monstro da beligerância, tem a ver com a rispidez e a agressividade dentro da igreja, em lugar do amor.

Como se vê, tanto na Igreja quanto fora dela, lamentavelmente vivemos em guerra e Luiz Sayão ainda cita o monstro da indiferença para com a sociedade, a qual agoniza sem esperança, cheia de injustiça social e perversidade.

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM – CRM/RR 339 RQE 431

Quem nos defende? – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“A defesa dos direitos humanos está mais clara e defendida pelos governos das nações mais influentes em geral.” (Waldo Vieira)

Embora sejamos uma nação considerada desenvolvida, ainda temos muito a fazer para desenvolvê-la. Mas desenvolvê-la à altura do patamar em que devem estar seus filhos naturais e adotivos. Afinal somos todos iguais, desde que respeitados como tal. E o respeito deve se iniciar com filhos dos filhos naturais. Ainda continuamos lutando pelos direitos que deveriam vir nos deveres dos que deveriam nos respeitar. Mas como já nos disse o Miguel Couto, “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo.” E como os governantes fazem parte do povo, eles continuam pensando, e até acreditando, que estão fazendo o melhor em nossa defesa. 

Vamos ser mais comedidos nos nossos arrufos. Vamos primeiro analisar o grau de conhecimento político que temos como nação. E a nação é composta pelo seu povo. O que indica que ele, o povo, deve ser educado para que possa engrandecer a nação. Mas um pensador também já disse: “O Estado não investe na educação porque a Educação derruba o Estado.” E isso diz tudo. Por que educar quando um povo educado é mais difícil de ser dominado? Talvez seja esse o pensamento dos que não fazem o que deveriam fazer pela educação do povo. E não nos venham com a churumela de que vamos construir e reformar mais escolas. Napoleão Bonaparte já alertou: “Devemos construir mais escolas para não termos que construir mais presídios.”

Se tivéssemos construído mais e melhores escolas na época do Napoleão, talvez fôssemos mais educados, hoje. Talvez tivéssemos entendido que construir escolas não significa apenas construir prédios para escolas. A construção da escola se inicia no berço da criança. E enquanto nossos dirigentes não entenderem isso, não seremos uma nação influente. Continuaremos como marionetes e títeres de políticos despreparados para governar, eleitos por eleitores despreparados para construírem uma nação influente e respeitada como Nação. O que indica que a responsabilidade no nosso desenvolvimento está na política. E esta está na responsabilidade do eleitor. Cuidado com sua responsabilidade nas próximas eleições. Tudo o que fazemos com nosso voto é construir ou destruir nossa Nação. E o engrandecimento do país pode estar no engrandecimento do município. Visão absolutamente contrária à atual, que nos passam e nos ensinam. A força que vem de cima para baixo é trovão, relâmpago e raios. Que é o que temos em nossa política atual. Cabe a você mudar isso com o seu voto, responsável, na busca da cidadania. Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460