Opinião

Opiniao 13 11 2019 9290

O fundamental respeito às leis

Mecias de Jesus*

A sociedade brasileira se encontra, mais uma vez, mergulhada num processo de visível transformação. Mas não é nada que surpreenda ou cause apreensão além do nível normal de nossas preocupações diárias. As sociedades são organismos vivos em constante processo de mudança, ajuste e adaptação. Elas estão sempre se insubordinando.

O Congresso Nacional existe justamente para esse fim: detectar oscilações e movimentos dos representados, estabelecendo, a partir de novos posicionamentos sociais, regras e parâmetros nos quais se ajustam e se acomodam os diversos estamentos da sociedade. As sociedades são dinâmicas e suscetíveis a alterações. Nada é para sempre.

As situações em geral têm de ser equilibradas em delicado processo de maturação. Nada deve ser decidido de repentinamente, sem o devido amadurecimento de ideias e padrões. Os fatos não acontecem ou emergem, simplesmente, da noite para o dia. Todos eles vêm se desenvolvendo e se consolidando ao longo de conceitos e experiências concretas.

A história nos ensina que, nos regimes democráticos, fatos e tendências são fenômenos observados criteriosamente até que a aplicação de novas fórmulas e padrões se tornem exigências de novos tempos. Tudo de acordo com posicionamento alicerçado em inadiáveis imposições.

Nos regimes autoritários, ao contrário, o continuado represamento de alternativas e possibilidades ergue barreira intransponível em que confronto incontornável vai se desenhando como única saída. A ausência do debate e da perspectiva democrática cria cenário de desespero em que o recurso à violência vai dominando corações e mentes.

A história nos tem ensinado que não há nada que consiga impedir mudanças, mesmo nos regimes mais fortes e aparentemente invencíveis, depois que as sociedades se convencem da justeza de seus pleitos e depois que os pactos já estabelecidos não são mais capazes de atender às reivindicações.

Foi assim na queda de monarquias, na derrocada de regimes como o soviético, na destituição de governos absolutistas, como o do Xá Reza Pahlavi (Irã) e Saddam Hussein (Iraque). Mais recentemente, na onda revolucionária que varreu países do Oriente Médio e do norte da África, naquilo que se convencionou chamar de “Primavera Árabe”.

De sorte que, nas ininterruptas alterações que testemunhamos no mundo, nada escapa. Mais cedo ou mais tarde, os acontecimentos nos levam a presenciar a implementação de método que se colocava exatamente do lado oposto ao tradicionalmente tido como legal e imutável. A isso se denomina “revolução”.

Talvez não estejamos chegando a tal extremo no nosso país, mas são visíveis os reclamos por novos parâmetros, suprimindo preceitos ora vigorantes. Daí a importância do regime democrático, com suas instituições funcionando plenamente, e um Congresso Nacional que esteja sempre sintonizado com os seus representados.

O fato é que mudanças constitucionais não devem acontecer ao sabor de impulsos ou episódios imprevistos que exerçam influência negativa momentânea na organização social. A Constituição Federal é como uma bússola, ponto de referência de uma nação. Respeitá-la e preservá-la é garantir o futuro e a segurança de um povo.

*Senador (Republicanos-RR)

NOVEMBRO AZUL Dolane Patrícia*

O Novembro azul é um movimento internacional, comemorado inicialmente na Austrália, em 2003, que agora volta-se para a conscientização do público masculino a respeito do câncer de próstata.

Existem combates na vida que podem ser vencidos antes de serem iniciados. Por isso, em homenagem aos homens, aderimos à campanha “Novembro Azul” da mesma forma que fizemos com a campanha “Outubro Rosa”, que tratava da prevenção como forma de evitar o câncer de mama.

O câncer de próstata, cercado pelo tabu do toque retal, principal exame para sua detecção, avança a cada ano. É necessário alertar a classe masculina sobre a importância de se prevenir. 

Só existe um modo seguro de cura do câncer de próstata: descobrindo-o precocemente, ou seja, submetendo-se ao exame preventivo, afinal, o diagnóstico precoce previne o futuro!

Na verdade, quase todos os tipos de câncer, se diagnosticados precocemente, têm grandes chances de cura, o que comprova que a prevenção é o melhor remédio.

O alerta é pra todos, uma vez que esta doença não escolhe cor, classe social, profissão, ela pode atingir qualquer pessoa. Entretanto, a prevenção ainda é a melhor forma de combater essa doença tão agressiva.

Falando mais especificamente do câncer de próstata, o que entendo ser mais grave é o fato de que aproximadamente 400 mil homens entre 45 e 75 anos no país possuam a doença, mas ainda não sabem.

O diagnóstico precoce é bastante importante, pois esse é um câncer curável nos estágios iniciais. A população masculina procura somente o serviço especializado para uma possível recuperação da saúde ao invés de procurar antes a atenção básica para obter promoção à saúde e prevenção.

O site www.criasaude.com.br, fala sobre a causa da doença: “as pesquisas sugerem que uma combinação de fatores genéticos, hormonais, hábitos alimentares e condições ambientais desencadeiem a doença. Um dos fatores que os cientistas consideram de risco é o histórico familiar de câncer na próstata.”

A alimentação também é importante, a gordura predispõe ao aparecimento dessa doença, sendo que as fibras diminuem sua incidência. 

Vários fatores interferem no momento de optar pela realização do exame preventivo, como o constrangimento, a desinformação, o medo e preconceito em realizar os exames do toque retal e dosagem do PSA sanguíneo.

O Inca – Instituto Nacional do Câncer – informa que “muitas vezes o paciente se queixa de dificuldade para parar de urinar. O fluxo de urina nem sempre sai completamente, urinando aos poucos. Outras vezes, pode-se queixar de constante dor na região pélvica, nas costas ou mesmo na parte superior da coxa. Outros pacientes podem apresentar dor ao ejacular”. Esses sintomas servem de alerta para os homens.

“Pesquisa mostra que 87% dos homens ainda têm receio de fazer os exames que detectam precocemente os tumores malignos na próstata.” Dados do site Saúde.ig informam ainda que: “O que a medicina atesta como uma forma de diagnóstico precoce, protetora da saúde masculina, os homens ainda enxergam como um mecanismo que fere a masculinidade e causa uma experiência dolorida.”

Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia, feita com os pacientes, atestou que até eles reconhecem os problemas provocados pela resistência em cuidar da saúde: 87% apontam o preconceito com os exames retais como o fator que mais atrapalha a prevenção da doença.

““Ainda há uma visão deturpada de que o toque retal causa dor, desconforto e afeta a masculinidade, o que é um erro. Com isso, uma parte significativa dos
pacientes só procura auxílio médico quando os sintomas já indicam situação avançada da doença”, afirma Fernando Maluf, especialista no assunto.

De acordo com os estudos apresentados por Ludmilla Eler, a alimentação pode ser protetora da saúde da próstata. “Existem alimentos protetores que atuam diretamente no controle da dosagem da testosterona – hormônio masculino que, em quantidade elevada, pode aumentar o risco de câncer de próstata”, afirma.

O câncer de próstata é o segundo mais comun entre os homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele.

Os tratamentos empregados nos casos de câncer de próstata podem levar à IMPOTÊNCIA MASCULINA e sua incidência é proporcional à idade do paciente. Nos indivíduos com 40 anos, a probabilidade é de 6%; nos de 70, cerca de 70%, é o que afirma o site www.ibcc.org.br.

Ouvir a história de quem venceu o câncer de próstata é uma forma de se fortalecer durante o tratamento. O ator Ben Stiller, falou sobre a importância da prevenção: “Se o médico tivesse esperado até eu completar 50 anos, eu não saberia que tinha um tumor em crescimento até dois anos depois de eu ter sido tratado. Eu nunca teria sido examinado e não saberia que tinha câncer até ser tarde demais para tratá-lo com sucesso.” 

Em um texto publicado no Medium, Bem Stiller comparou a notícia de que sofria da doença com uma cena de “Breaking bad”: “Um clássico momento Walter White, exceto pelo fato de que era eu e não tinha ninguém filmando nada”.

*Advogada, Juíza Arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Pós graduada em Direito Processual Civil. Acesse: dolanepatricia.com.br- Twiter @dolanepatricia_

Strauss e Martinho da Vila

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Através dos milênios chegamos até aqui na condição de meros espectadores passivos de nossa história pessoal”. (Waldo Vieira) 

Estou ouvindo uma valsa do Strauss. Sempre que ouço uma de suas valsas tento identificá-la. E olha que não sou tão ignorante assim em música clássica. Sou bem capaz de identificar umas duas ou três, se me esforçar. Mas vamos falar sério. Pronto. Identifiquei. É “Danúbio Azul”. Também, pudera, é a mais popular das clássicas. As do Strauss, claro.

E o que é que o Martinho da Vila tem a ver com isso? Acho que você já se deu conta: tudo e nada. Lembrei-me dele, na música do Strauss. É que na década dos sessentas, o Martinho da Vila participou de um dos famosos festivais de música da televisão. A cantora Maísa Monjardim, ainda Matarazzo, fazia parte do júri. Quando o Martinho acabou de cantar, ela fez o seguinte comentário-julgamento:

– Uma droga. Esse senhor não tem condição nenhuma de fazer sucesso. Sua música, além de ruim, é repetitiva. São todas iguais. Nunca muda de estilo.

Antes mesmo que ela acabasse de falar, o Martinho deu-lhe as costas e se retirou. O que levou Maísa, irritada com a atitude dele, a gritar:

– E além de tudo é covarde.

Ouvindo o Strauss, agora, lembrei-me de que, realmente, encontro dificuldade em identificar, empiricamente, suas valsas. Elas seguem o mesmo estilo, a mesma linha. E por isso são Strauss. Assim como o Martinho e muitos outros grandes cantores e compositores, clássicos ou populares, se fizeram pelo estilo, pela linha de trabalho. Não sei se o Strauss terá tido o desprazer de se submeter a julgamentos de pessoas capacitadas, mas despreparadas para julgar. A verdade é que o tempo passa, evolui e as pessoas continuam as mesmas. Não é raro ver-se por aqui, entre nós, formação de jurados em eventos culturais, compostos por pessoas sabidamente competentes; e, no entanto, verdadeiros desastres como jurados. Isso é muito mais comum do que se imagina.

O que leva tais pessoas a se julgarem donas da verdade ao julgar alguém? A Maísa foi, indiscutivelmente, uma das maiores cantoras brasileiras. Porém, longe de ser um bom jurado num concurso de novos talentos. Consideração que deveria ser acolhida pelos responsáveis por qualquer concurso, de qualquer gênero. A escolha de um corpo de jurados vai muito além do mero conhecimento de cada um, na sua área de atuação. Tão importante quanto o conhecimento, são o discernimento, o bom senso e, sobretudo, a sensibilidade abrangente. 

A reação da Maísa foi absolutamente incompatível com um jurado. A imparcialidade só se consegue através do amadurecimento. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460