Opinião

Opiniao 15 04 2019 8006

Qual planejamento, presidente? – Fábio Almeida

O presidente da Assembleia demonstrou-se um bajulador do presidente da República. Contido em suas palavras – apesar de virulento em seus atos físicos e psicológicos – veio à imprensa enaltecer a comitiva de ministros que não veio. Vangloriar projetos não apresentados. O fato concreto foi a tergiversação sobre “um plano de desenvolvimento”.

Comecemos por reformular a administração pública em Roraima. Hoje, pautada no patrimonialismo e na utilização do espaço público para interesses privados. Muitas vezes escusos, pois dilapidam o patrimônio público, a exemplo dos pés de cafés, carcomidos pelos gafanhotos, trazidos pelas empresas de importação/exportação que lastreiam endereços fantasmas, nas claras águas da lavagem de dinheiro em Roraima.

Precisamos de planejamento – estratégico ou não – reordenando a atuação do Estado, enveredando-o por políticas públicas que busquem um desenvolvimento sustentável que permeie o fortalecimento das comunidades e dos municípios. A descentralização produtiva, seja na transformação de bens ou no setor de serviços, pautada no cooperativismo como estratégia socioeconômica, é uma das saídas para que se impeça a ampla movimentação de jovens em busca de emprego.

Após 20 anos, conclui-se que na administração pública é preciso planejar. Fico feliz. Claro que demorou um pouco. Não adianta também vir dizer que a ALE não possui papel de executar políticas, esse papel é do governo estadual. Mas, a Assembleia possui o papel de legislar. Qual o arcabouço deste planejamento que integra os Planos Plurianuais (PPA) aprovados por vossas senhorias?

Caro deputado, o desenvolvimento reivindicado por vossa senhoria não caminha porque os políticos roraimenses não querem. Vejamos, vivemos em um Estado onde o Ministério Público de Contas possui mais dinheiro do que a Agência de Fomento do Estado. Para completar, vossas senhorias possuem visão de mosca – desfocada – pois, ao falarem de agricultura, desconsideram milhares de famílias assentadas da reforma agrária ou vivendo em áreas de colonização. Essa é a estrutura de um Estado que quer fortalecer o setor primário?

A produção de grãos, desvinculada do seu beneficiamento, produz apenas concentração de renda e terra. Assim, enquanto majoritariamente os parlamentares do “agro é Pop” que permeiam os corredores e as bancadas da “Casa do Povo” não olharem Roraima como um Estado plural de possibilidades, continuaremos na medíocre projeção política de relegar a presidentes da República o desenvolvimento local.

Sua defesa do presidente Bolsonaro sustenta-se apenas nos ditames infames deste cidadão, que prega um discurso de ódio e segregação social, ao defender a revisão de terras indígenas, pauta da elite política e empresarial de Roraima. Temos um programa de Desenvolvimento

Sustentável para Roraima, nele não há espaços para privilégios, mas sim, a defesa irrestrita do pleno desenvolvimento humano. Algo que não integra sua retórica vazia, incrustada no artigo que atesta a inércia da Assembleia Legislativa.

*Historiador. Especialista em Gestão Ambiental. Candidato ao Governo do Estado de Roraima em 2018 pelo PSOL.

É enfadonho viver ao lado de pessoas amargas – Wender de Souza Ciricio

Horrível e desgastante é estar próximo de uma pessoa amarga. Carlota Joaquina, esposa de D. João VI, é nesse sentido uma referência. Passou pelo Brasil e quando foi embora não fez nenhuma falta. Quem, pesarosamente, convivia próximo dela sentiu-se suavizado e liberto de um fardo.

Carlota veio a contragosto, ao lado do marido, para o Brasil em 1808 fugindo das tropas francesas que impunham um bloqueio contra a Inglaterra. Foi embora em 1821 marcada pelo ranço da amargura. Com segurança, pode-se dizer que ela trouxe o corpo, mas sua alma ficou em Portugal, sendo isso um dos motivos que fez dela uma pessoa amarga, inconveniente e cansativa.

A indigesta rainha inviabilizava toda convivência ao seu lado. Sustentada por traições e desconfianças, sua moral era cheia de arranhões e escorregões. Deitava com escravos, menosprezava o marido e fazia pouco de seus filhos. D. Pedro I, por exemplo, foi vítima dessa mãe frívola e indiferente. Era considerada esteticamente feia, casou com um rei considerado mais feio do que ela, por isso não se curvava aos mandos e desmandos do esposo. Tinha uma enorme ambição política e muitos desafetos davam a ela armadilhas e desprezo. Como de costume na época, teve uma negociação para se casar com D. João VI, mesmo não sendo esse o desejo dela. Situações como essas, e outras, fizeram dessa mulher uma pessoa amarga ou, em outras palavras, hostil, desagradável, cansativa e insuportável, pois assim é uma pessoa amarga. A rainha deixa um testemunho histórico com manchas irreparáveis.

De Carlota Joaquina para nosso hoje, nosso aqui e nosso agora. É pesado por demais estar ao lado de uma pessoa amarga. Essa fraqueza de caráter tenta se justificar num passado que não foi dos melhores. Crises familiares das mais variadas, ambientes comunitários sobrecarregados de miséria, falta de recursos financeiros, decepções com pessoas, perdas sem qualquer possiblidade de reparos, violência doméstica, bullying, mortes de pessoas próximas e queridas e frustração por não alcançar objetivos traçados. 

A amargura de alma é um vírus que polui todo ambiente cercado por pessoas. Uma pessoa amarga sufoca, cansa e inviabiliza relações saudáveis, construtivas e agregadoras. Pessoas assim se comportam de várias formas.

– São irredutíveis em suas opiniões. Não cedem e não abrem mão do que falam e pensam, fazem vistas grossas ao mundo plural em que vivemos e não respeitem opiniões contrárias. Se comportam como se fossem absolutos. – Se zangam e se irritam com opiniões alheias tornando-se agressivos e sem pena em humilhar e diminuir quem expõe suas opiniões. – Murmuram de tudo e de todos. O mundo para pessoas amargas é azedo e sem cores. Nada presta e tudo fede. – Intimidam com palavras fortes, pesadas e com xingamentos.  – Usam a palavra estresse como forma de defesa e amedrontamento repelindo as pessoas próximas. – Quebram objetos, esmurram pessoas e sem controle corre-se o risco de agir de modo mais pesado. – Exclui de seus vocabulários a palavra perdão ou “desculpe”. – São ansiosos querendo assim adiantar o amanhã para hoje. Falta-lhes paciência. – Tem muita facilidade em destruir e julgar o caráter alheio. São maldizentes e felinos.

Não resta dúvida que é um mundo “cão” desgastante e cansativo. Existem mecanismos de cura? Você é amargo? Trate a causa, vá à raiz e libere o passado que construiu em você esse caráter antipático e pesado. A questão não é meramente sentimental, é racional. Você libera não necessariamente porque gostaria de fazer isso, mas porque precisa fazer isso. É uma questão de decisão. Não use as decepções para continuar sendo essa vítima coitada e derrotada, o mundo não irá parar porque seus gostos não são supridos, o mundo é exterior a você, quando você for ele continuará sendo mundo. Se ainda for difícil, vá ao especialista e até Deus, ou continue nas pegadas de Carlota Joaquina a megera. Faça as pazes com a vida.

*Psicopedagogo, historiador e teólogo wenderciricio@
gmail.com

Quando irá chover? Quando irá chover? – Vera Sábio

Amanhece e anoitece e a fumaça cresce e as chuvas não chegam…

Não sei por que pouco estou observando falar sobre a seca enorme pela qual estamos passando. Já soube de pessoas que chegaram a ser internadas com problemas de pulmão devido ao nevoeiro de fumaça que percebemos todos os dias.

O calor é intenso, o sol escaldante, e ventos que ajudam o fogo a se espalhar rapidamente.

Cadê as chuvas e a consciência humana para poupar água e não espalhar fogo?

Já sabemos que nem bem 1/3 de água potável temos em nosso planeta; no entanto, muitos são teimosos em pensar que grandes problemas não o atingirão, mesmo estando eles no mesmo barco de todos nós.

Portanto, é hora de parar de brincar com fogo, pois prestes seremos queimados e, pior ainda, mesmo aqueles que lutam pela preservação do planeta, poupando água, não jogando lixo, fazendo economia e mantendo a ordem, se não conseguirem conscientizar os que não agem assim, sofrerão igualmente o mal que os outros fizerem.

É incrível que mediante tantas catástrofes ambientais, ainda tem aqueles monstruosos que colocam fogo, simplesmente por colocarem, para ver queimar, por quererem a destruição; matando a natureza e todos os animais que estão nela. O que será que tem na cabeça de indivíduos assim?

É preciso divulgar mais a necessidade da preservação, colocando penalidades mais rígidas e severas àqueles que colocarem fogo, desperdiçarem água e não terem os cuidados necessários para a preservação da vida.

Enquanto não houver consciência, que haja leis. Para que os que preservam, poupam e cuidam, não paguem pelo desleixo daqueles que são maus e querem ver queimado nosso mundo e nossos sonhos, junto com nosso futuro.

*Escritora, palestrante, servidora pública, esposa, mãe e cega com grande visão interna. Adquira meu livro “enxergando o Sucesso com as Mãos”. Cel 95 991687731 Blog: enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

Vamos construir? – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Uma ditadura é, às vezes, um mal necessário. Mas o que é horrendo é o deserto que deixa após ela.” (LordPalmerston)

Vamos parar com esse pensamento doentio sobre ditadura. Vamos construir nosso futuro construindo um País democrata e democrático. Já tivemos experiências desastrosas produzidas pela ditadura. Até mesmo nos seus modos mais mascarados. Mas deixemos o passado no baú do já foi e vamos cuidar do nosso futuro, para que nele nossos descendentes possam viver uma vida de cidadãos civilizados. É muita tolice ficar esperneando e querendo mostrar o que nem mesmo conhece. Ainda temos muito que aprender sobre política, para querer fazer uma política a nosso modo. Vamos pisar no breque e prestar mais atenção às veredas da política que só serão entendidas quando formos politicamente educados. 

Chega de bagunça. Chega de ficarmos vendo a política como algo nojento. Sem ela, não conseguiremos ser o que queremos e devemos ser: cidadãos. E não conseguiremos alcançar a meta que ainda não traçamos, enquanto não nos educarmos politicamente. Então, vamos fazer isso. Vamos cuidar da nossa Educação, para que possamos erguer os ombros e viver com dignidade, longe da roubalheira, dos escândalos imorais causados pelos que não merecem respeito, muito menos nosso voto. Vamos trabalhar para que possamos viver livres de tornozeleiras dentro dos nossos órgãos políticos. 

E só há um caminho para nossa salvação, na saída desse lamaçal escandaloso: é a Educação. Vamos repetir incansavelmente, o médico carioca, Miguel Couto: “No Brasil, só há um problema nacional: a educação do povo”. Vamos melhorar as condições de nossas escolas, a preparação dos nossos educadores e, sobretudo, a condição social. Mesmo porque a educação não está nas escolas, mas nos lares. E enquanto não formos uma sociedade culta e educada, não seremos capazes de educar nossos filhos. E enquanto não fizermos isso, não seremos cidadãos e continuaremos votando por obrigação e não por dever de cidadão. E comece não recebendo esse papo como uma crítica ou reclamação, mas como uma sugestão calcada em exemplos notáveis, não notados. E não são notados por falta de educação.   

Foi no início dos anos cinquenta do século passado que o deputado paulista Emílio Carlos me disse, referindo-se a um blá-blá-blá que ouvíamos do Jânio Quadros: “São briguinhas comadrescas”. Que é o que ouvimos diariamente, de políticos que nem mesmo são políticos, mas aventureiros eleitos por nós, devido à nossa ignorância política. Afonso Arinos também disse: “No Brasil, ainda temos bons políticos, mas não temos mais estadistas”. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460