Opinião

Opiniao 15 05 2019 8197

O poder da presença – Priscila Gonçalves

Uma das frases mais ditas, atualmente, quando encontramos alguém é: “…nossa minha vida está tão corrida que a gente só vê nas redes sociais..”. Tratando-se da vida da mulher moderna, isso é quase uma verdade absoluta. Com as conquistas do século XX e outras tantas, neste em qual vivemos, a mulher assumiu diversos papéis já tão comentados, mas não custa lembrar. Mulher, filha, esposa, mãe, profissional, estudante, “atleta” (quando dá tempo), e ainda, sim, tem que sobrar tempo, para cuidarmos de nós mesmas. Do nosso espírito, mente e corpo.

E o que eu quero dizer com tudo isso? Quero lembrar do quanto nossa vida é preenchida por tantos afazeres que muitas vezes esquecemos do “poder da presença”. Nossas amizades quase reduzidas a “likes”, “curtidas”, “visualizações” e “comentários”… É mais fácil se relacionar assim! Fato. Mas, é isso que preenche nossas almas? É o que faz nosso coração pulsar forte? O que nos faz chorar de tanto rir? Estas respostas fisiológicas do nosso corpo nos fazem perceber o quão é importante estarmos presentes. Olho no olho, mão com mão, abraços apertados, beijos carinhosos, afagos e palavras que estimulem a sermos melhores que ontem. Nem mil curtidas traz esta paz de alma e este preenchimento no coração que nos traz o “poder da presença”. 

As redes sociais nos levaram para uma realidade jamais vista. Temos mais de mil “amigos”, 100 curtidas, 200 visualizações e 90 comentários, tudo em uma só postagem. E quanto mais melhor. No entanto, preenche um espaço vazio deixado pela carência de presença? Sim e não. Depende do seu ponto de vista. Porém, a boa notícia em meio a esta realidade é que nós podemos mudar este cenário.

Estes dias, reunida com amigas de toda uma vida, e outras, que chegaram para me completar nesta existência, saboreei este “poder”. O quando é gostoso lembrar de histórias antigas, de sentir um afago carinhoso, um sorriso com olhar, um toque macio de quem está com você para o que der e vier. 

Amizades reais nos fazem esquecer dos problemas, projetos a cumprir, artigos a escrever, professores do mestrado (risos), dos filhos se ‘embolando’ (mais risos) numa luta por um brinquedo, em meio a tantos… A presença terna nos concentra na essência que somos. Desnudos, sem retoques, maquiagem, ou algo que nos distancie de nós. 

Te falta tempo? Priorize. A presença de quem amamos, seja família, marido (esposa), filhos (as), nos aproxima da presença divina. Nestas horas de preenchimento do espírito sabemos o quanto somos amados por Deus e o quanto podemos valorizar ou não estes singelos momentos. Marque uma hora com seus (suas) amigos (as). Você vai entender o porquê deste texto. E, certamente, valerá muito à pena! 

*Jornalista, mãe, mulher e amiga. 

AÇÃO SOCIAL – MÃES VENEZUELANAS! – Dolane Patrícia

“Quem tem fome tem pressa”, é o que dizia o sociólogo militante Herbert de Souza, que, dentre outras coisas, criou em 1994, no Rio de janeiro, a organização não-governamental Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida.

A ADRA – Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, que tem como diretor regional em Roraima Arlindo Kerfler, certificada como OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público é uma organização privada, não governamental e sem fins lucrativos de objetivos assistenciais, beneficentes e filantrópicos. 

Convido você que sente a necessidade de ajudar as pessoas a apoiar o evento “Ação das mães Imigrantes em Roraima” que será realizado com a ADRA, em parceria com esta que vos escreve, e a Clínica Derma Roraima na pessoa da Dra. Ana Paula Vitti, no dia 19 de maio de 2019, com horário das 09h às 17h, nas dependências físicas da Escola Adventista de Boa Vista- EABV, localizada na rua Rocha Leal, 862 – São Francisco.

O objetivo da ação é conceder um pouco de dignidade às mulheres e mães imigrantes, concedendo as mesmas necessidades básicas como cortes de cabelo, recebimento de doações como kit de higiene, roupas, sapatos, alimentos e etc. 

A ideia é fazê-las lembrar de que são mães e que alguém se importa. Assim sendo, é necessário ser solidário, pois, como diz Benjamim Flranklin: “Quando somos bons para os outros, somos ainda melhores para nós.

 Ademais, muitas dessas mães estão sem parentes aqui, com filhos pequenos, sem condições reais de sobrevivência, e por mais que existam brasileiros que também estão precisando de ajuda, é necessário refletir no fato de que a situação dos venezuelanos é bem pior, longe de sua pátria, dos seus familiares, sabendo que quem ficou está passando por privações e que não tem noção do que irá acontecer com suas vidas e com a vida dos seus filhos no futuro!

A ação visa ainda cuidar da saúde, beleza e autoestima. Nesse dia estaremos disponibilizando: Atendimento na área médica, dermatológica e estética, Espaço de alimentação, Espaço kids, Palestra sobre Direitos e outros.

Além disso, teremos uma programação em homenagem às mães imigrantes com os Pequenos Adoradores, um Ministério musical composto por grupos infantis de canto: Mordominhos de Cristo, e os grupos infantis de libras: Amiguinhos de Cristo e Cordeirinhos de Cristo, cantando músicas em homenagens as mães.

Nesse contexto, é importante destacar que as mães venezuelanas veem todos os dias seus filhos sendo privados de muitas coisas, muitas delas sequer falam português e até esquecem de si mesmas, se anulam em prol do filho, porque dedicam a eles toda sua atenção. Pois, não é fácil ver seu filho passando fome, frio, sede e não poder fazer nada e ainda ser julgado por não fazer parte desta nação.

O preconceito existe por parte de muitos ainda. Machado de Assis dizia que “o medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se, basta a simples reflexão.” Então vamos refletir!

Refletir no fato de que nesse momento a situação da mãe venezuelana é muito ruim, elas precisam de ajuda, e temos tanto e poucas vezes dividimos, mas gostamos de carregar o nome de “Cristãos”! Mas, cristãos são aqueles que seguem a Cristo e alguém duvida onde Jesus estaria se vivesse entre nós nos dias de hoje? Com certeza tentando ajudar os mais necessitados e carentes materiais e emocionais, sem olhar cor, nação…

Venha você também colaborar com essa iniciativa do bem, contribuindo com produtos cosméticos (Shampoos, Condicionadores, Cremes e etc.), alimentos e logística para a produção do almoço para as mães (Botija de Gás, Arroz, Carne moída, Verduras, Extratos de Tomates, Queijo Parmesão e etc.). Medicamentos básicos (Analgésicos, Antibióticos, Vitaminas, Anti-inflamatórios, Antialérgicos). Além de alimentos não perecíveis que irão ajudar muitas mães. 

Vamos considerar o fato de que, não é por serem mães imigrantes que não merecem ser lembradas, afinal ser mãe é ser poesia, tons, pausas, letras… Dona de um amor que se recicla e nunca é desperdiçado, até porque nenhum idioma é capaz de expressar a força, a beleza e o amor de uma mãe.

Com a crise na Venezuela, milhares de mães venezuelanas fugiram da fome
e vieram para Roraima, grande parte a pé, em busca de melhores condições de vida. Assim, houve um número imenso de venezuelanos que passaram a residir aqui, do outro lado da fronteira. 

Com a fronteira fechada estavam chegando cerca de mil venezuelanos por dia, agora com a fronteira aberta, o número com certeza vai aumentar.

Enquanto as autoridades discutem, grande parte da população tem ajudado a matar a fome dos refugiados, enquanto viajam para cá e para lá sem tomar nenhuma medida eficaz, mais venezuelanos chegam, sem ter a menor noção do que fazer de suas vidas, sem ter o que comer ou onde dormir. As autoridades são lentas, são omissas ao sofrimento e perda da dignidade de muitos venezuelanos e principalmente dos brasileiros.

A situação dos refugiados venezuelanos que têm entrado no Brasil deve integrar as discussões com autoridades em Brasília, mas é necessário partir para a prática, é necessário que as autoridades se envolvam com a urgência que o caso requer. 

Sema, 18 anos, é refugiada da Síria, é dela as seguintes palavras: “Eu não quero que meu futuro seja como meu passado. Essa é minha principal motivação: a necessidade de sair desse passado e criar um futuro diferente e melhor.” 

Mãe imigrante, filho imigrante, eles não estão aqui por escolha, mas por ser a única opção. Quantas pessoas se comoveram com os refugiados da Síria? Existem refugiados agora bem perto de nós. Vamos ajudar?

*Advogada, juíza arbitral, Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira. Pós graduada em Direito Processual Civil. Acesse: dolanepatricia.com.br. Whats: 99111-3740

Recordações – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração escorrega pelos olhos.” (Bob Marley)

Obrigado, grande Mestre, Jaime Agostinho Agostinho. Você não imagina o bem que me fez com esse extraordinário e-mail sobre os 74 anos do final da Segunda Guerra Mundial. Tenho falado, por aqui, de minhas experiências naquele período drástico e que me enriqueceu bastante, com as vivências nas observações. Eu ainda começava a entrar na vereda da pré-adolescência. O dia 8 de maio de 1945 foi um dia que terminou num vendaval de euforia nas ruas da minha cidade, e em todo o Brasil. 

Já falei daquele dia. Já contei do momento fantástico, que vivi, naquela noite. Eu tinha apenas onze anos de idade. Mas estava dentro de um cinema, assistindo a um filme sobre a Segunda Guerra. O título do filme era: “Fugitivos do Inferno”. Setenta e quatro anos se passaram, mas nunca me esqueci do filme, por conta do alvoroço que vivemos, por conta da comemoração do final da guerra. Naquela época as casas de divertimentos como o cinema, por exemplo, não tinham as necessárias saídas de emergência. E foi aí que a giripoca piou. Era início de noite, o barulho de fogos de artifício, e a gritaria do pessoal nas ruas, assustou quem estava no cinema. Muita gente se machucou na saída, pensando que fosse um ataque aéreo. 

Meu comportamento diante de problemas desse porte sempre foi assim. Nunca perdi a calma. E por isso continuei sentado, esperando que burburinho terminasse. Terminou e eu saí para a rua. Encontrei-me com meu pai que estava desesperado, me procurando na saída do cinema. E juntos saímos pelas ruas participando no festejo em comemoração à vitória. Comemorávamos o final da Segunda Guerra Mundial. Era enorme o número de barris de cerveja, e de tantas outras bebidas, espalhados pelas ruas. Isso é duvidoso, mas é o que dizem: que muita gente saía pelas ruas levantando o copo de cerveja e gritando: “Viva o barril”. 

Foi um período realmente muito importante na minha vida. Dois anos depois, quando os norte-americanos voltaram para os Estados Unidos, a Aeronáutica criou a Escola de Base, na Base Aérea de Natal, onde estudei durantes três anos. Foi um período que me enriqueceu muito nos conhecimentos da história deste nosso querido Brasil, do qual me orgulho, e muito. Foi naquele período que também guardei na memória, o dia 12 de maio, quando, na Escola, comemorávamos o dia de Augusto Severo. Era quando íamos para Natal e comemorávamos em frente ao Teatro Carlos Gomes, com a música: “Foi a 12 de maio lá na França, sob o puro e sereno azul do céu…” Obrigado, Jaime. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460