Opinião

Opiniao 17 03 2020 9935

Chega de pânico

Marlene de Andrade*

“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei…” (Mateus 11:28)

 É correto nos preocuparmos com uma possível pandemia, aqui no Brasil, devido ao coronavírus, porém ficar em estado de choque não é atitude saudável. O vírus é extremamente perigoso para idosos que sejam portadores de alguma doença e esse é o caso da Europa, pois lá, grande parte da população é idosa.

A primeira palavra de ordem para evitar esse vírus ou qualquer outro micro-organismo, é ser higiênico. Porém esse, infelizmente, não é o estilo de muitas pessoas por esse Brasil afora, pois muita gente tosse na mão, espirra aos quatro ventos, come e bebe água, compartilhando o garfo e o copo das pessoas à sua volta, é promíscuo, inclusive sexualmente e agora querer se apavorar com a possível contaminação do coronavírus, não é correto.

A primeira atitude que devemos tomar é manter a calma e passar a adquirir bons hábitos de higiene, desde a mais tenra idade. Ser higiênico é uma das formas profiláticas para obtermos boa saúde. Outra situação que muitas vezes é descuidada é deixar de fazer preventivo do câncer de mama, útero e da próstata ou então não ser vacinado contra doenças através de vacinas disponibilizadas pela Saúde Pública.

E o interessante, é que ninguém fala da dengue, que mata muito mais que o coronavírus, ninguém fala da hipertensão arterial, diabetes, AVC, câncer e uma infinidade de outras patologias que ceifam inúmeras vidas de forma assustadora. Acidentes de trânsito? São incontáveis, e porque essas situações não trazem preocupação para a maior parte da população?

Temos que nos preocupar com o coronavírus? Temos sim, mas antes temos que nos perguntar: tenho procurado buscar um estilo de vida saudável? Sou sedentário e um descuidado com minha saúde? Roo unhas? Sou obeso, hipertenso, diabético e não cuido de minha saúde? Faço exercícios físicos? Me alimento de forma saudável? Sou tabagista? Bebo todas? Essas sim são algumas das perguntas que temos que nos fazer e antes de tudo, manter a calma, pois se estressar com essa virose, da moda, pode comprometer demasiadamente a nossa imunidade e aí sim, poderemos ficar mais propensos ao adoecimento, não só devido a esse vírus, como o de tantos outros que existem nesse mundo.

Ademais, a própria China já vem avisando que a situação naquele país, em relação a essa doença, está sob controle e, segundo as mídias, a China espera ter esse problema de Saúde Pública atenuado no fim de abril, então prevenir é a melhor maneira de se proceder.

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM

Caboco das águas II

 Walber Aguiar*

Conheci um homem submerso

Que fez da água seu verso

Que fez do verso seu lar…

Sonhei que estava debaixo das ingaranas. Que estava com o caboco das águas. Uma história meio Lula, em que assombrações surgem do meio da mata e crianças choram em galhos de árvore. Que índios aparecem boiando de repente, depois de atravessar o rio de um só fôlego. Assim sonhei que estava com o caboco Dagmar, conversando sobre o futuro, sobre a vida e a morte, sobre as águas que corriam sob nossos pés.

Ele falava num grande reservatório de água. Não, não era o da CAERR, onde aparece aquela gota caindo. Não era o Rio Branco, uma reserva natural. Também não podia ser a minha caixa d’água ou a sua. Era algo lendário, coisa de Lula mesmo.

Contava o caboco que em sonho lhe fora revelado o lugar das grandes águas. Assim tipo o Reino das Águas Claras, de Monteiro Lobato. Uma revelação feita somente aos defensores da natureza, àqueles que amavam a fauna, a flora, os igarapés e buritizais. Por isso fora confiado ao caboco aquele sonho, aquela revelação.

Durante o sonho, um anjo, desses que vivem deitados à sombra, apontou para uma grande serra, um lugar encantado e misterioso. Ali estava o depósito de água mais rico e denso do mundo, e que o caboco das águas seria o encarregado de guardar esse segredo até o dia em que as águas começassem a escassear de sobre a terra.

Depois falamos sobre a preciosidade que ali existia. Pedras preciosas, ouro, diamantes e o maior bem de todos: a água. Por isso o caboco vivia preocupado com a economia, com o desperdício, com o fato de muitos não terem consciência na hora de tomar um banho ou escovar os dentes com a torneira aberta. Daí o caboco e suas campanhas no decorrer de vinte anos em que trabalhou na Companhia de Águas e Esgotos de Roraima.

Ali estávamos nós. Eu, Dagmar e as ingaranas. De repente, assim do nada, seus olhos foram ficando marejados. E o volume de lágrimas foi aumentando, aumentando, até virar um enorme igarapé. O caboco das águas sumira de repente do meu sonho. A mensagem última foi o amor às águas, o desejo de mergulhar, de economizar, de viver submerso.

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras

 [email protected]. 99144-9150

Você é, ou não é?

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Aquilo que você é irá sempre desagradá-lo se você ficar preso ao que você não é.”

(Santo Agostinho)

Já falei mais de uma vez pra você sobre a frase que li na entrecapa do meu caderno escolar, na minha infância. E olha que minha infância está distante pra dedéu. Você já conhece a frase: “A educação é como a plaina: aperfeiçoa a obra, mas não melhora a madeira.” O que signi
fica que há coisas em cada um de nós que não podem ser mudadas. Mas podem ser controladas, de acordo com nossa educação. É realmente preocupante ouvirmos informações tidas como orientações de especialista, através da comunicação televisiva. Os crimes bárbaros a que assistimos diariamente, ocorridos nos lares e nas famílias, mesmo fora dos lares, são vistos por um ângulo puramente primário. E, sobretudo, quando são levados ao ar por especialista.

Mas não vamos debulhar a espiga do problema. Estou apenas externando meu pensamento não como especialista nem entendido no assunto. Falo apenas do que vejo. O que me trouxe ao papo de hoje foi o comportamento das mulheres no seu embelezamento superficial. É inacreditável a batalha que elas encaram, na tentativa de mostrar sua beleza visual. E o que mais me preocupa é que nessa luta encarada como batalha, elas estão tentando mostrar o que já sabemos que elas são: As Deusas da Minha Rua; as Amazonas do século XXI. E como as amo no que elas são. E isso sem se levar em consideração as Amazonas de todos os séculos em que elas viveram. Por que tentar mostrar superficialmente o que são naturalmente?

Sua beleza está em você, no que você realmente é. E isso é válido para todos, independentemente do seu sexo. Pessoas realmente preparadas não podem, e por isso não conseguem, ver a mulher como um elemento inferior. Só os tolos e bobos veem a mulher como elemento inferior. E você, mulher, mostre sua superioridade não perdendo seu tempo com a inferioridade dos idiotas. Porque quando você se aborrece com os bobos está se igualando a eles. Mostre sempre sua igualdade não se preocupando com a superioridade. Porque ela se mostra no valor e não no exibicionismo.

Vamos lutar menos fazendo mais. Os homens realmente homens amam e respeitam as mulheres no que elas realmente são: a razão de nossas vidas. Um dia nós, os homens, descobriremos que sem as mulheres não seríamos nem mesmo homens. Eu sou um homem e por isso amo e respeito as mulheres. A beleza delas, vejo-a nelas. Na sua postura, na sua educação. Chega de briguinhas comadrescas. Vamos, cada um, homens e mulheres, valorizarmo-nos no que somos e não no que queremos que sejamos pelo que veem em nós. Pense nisso.

*Articulista

[email protected]

99121-1460