Opinião

Opiniao 17 05 2019 8210

Qual desenvolvimento queremos? – (Parte 1) – Fábio Almeida

Políticos, meios de comunicação e empresas apontam a economia primária como via ao desenvolvimento de Roraima. A gestão estadual, fruto de uma aliança oligarca assume a mesma posição. A questão é: qual desenvolvimento queremos? Aquele baseado em um modelo concentrador de rendas ou um que permeie as vicinais e periferias das áreas urbanas proporcionando emprego e distribuição de renda? O modelo até agora implementado privilegia os mais ricos. 

Parte do setor primário recebe desde o ano de 1998 incentivos do Estado. A Lei 215 é um exemplo desta regalia aos grandes proprietários de terra, a isenção de todos os impostos e taxas do Estado até 2050, para o CNPJ principal e os secundários é uma realidade. Subsídios ao calcário, na aquisição de equipamentos e veículos também permeiam a política de concentração de renda. Por que os Deputados quando aprovaram estes benefícios não incluíram os pequenos produtores? Porque o Estado é pensado para um punhado de gente. Veja nossos jovens e crianças sem aula até hoje. 

Dois empecilhos a serem enfrentados, pelo Governador e deputados da ALE, diz respeito à política de isenção de ICMS para compra de hortifrutigranjeiros, que beneficia grandes atacadistas em detrimento do produtor local. Isso mesmo, a farinha produzida aqui paga ICMS, enquanto a farinha de Rondônia é isenta. Outra questão é a criação de uma política de crédito. Agricultura se faz com financiamento. Romper o lobby existente nos bancos que induzem a criação de gado nos assentamentos é primordial para fomentar a produção de alimentos e fomento a pequenas agroindústrias. Romper com a inércia de nossa agência de fomento é essencial.

Roraima, por seu isolamento geográfico, não pode abrir mão de uma política de segurança alimentar, a qual deve ser formulada com amplo apoio aos pequenos produtores. Os milhares de lotes existentes devem sair da invisibilidade e assumir os destinos do efetivo desenvolvimento do setor primário e da indústria de alimentos a ser forjada nas terras de Makunaima. Enquanto isso, o Governo quer reproduzir modelos equivocados nas terras indígenas, arrendamentos negociados com algumas entidades indígenas não constrói autonomia, mas sim dependência e conflitos. Tomar como referência o acúmulo de debates e projetos existentes no Território da Cidadania Indígena seria o caminho mais promissor, não a produção de Commodities como quer o Governo.

Pensar e executar um programa de desenvolvimento impõe a capacidade de dialogar, abrindo a porta aos diversos segmentos sociais e produtivos, a fim de formular um programa de Estado que permeie premissas não apenas econômicas, mais principalmente sociais, diante desta realidade de desemprego e fome que campeia o lavrado e as florestas roraimenses. As correntes que precisam ser rompidas constituem-se nos privilégios e na corrupção que demandam a ação pública e privada nas terras roraimenses. Bom dia. 

*Historiador, Especialista em Gestão Ambiental, Candidato ao Governo em 2018 pelo Psol.

Para não esquecermos o Golpe Militar de 31 de março 1964 no Brasil. – Jaci Guilherme Vieira

O golpe que colocou os militares no poder não foi um movimento conspiratório apenas, mas, ao contrário disto, uma campanha bem elaborada do ponto de vista ideológico, político e militar, organizada através de grupos multinacionais e associados dentro do complexo Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) (DREIFUSS, 1981). Completando essa ideia poderíamos acrescentar que além dessas instituições, participaram da derrubada da democracia no Brasil em 1964 a Escola Superior de Guerra (ESG), O Estado Norte Americano, a Igreja Católica, a mídia e por fim, da classe média que depois viu seus filhos morrerem torturados. Esta campanha teve o seu término em abril de 1964 com uma ação militar para derrubar o governo de João Goulart e conter, daí para frente, a participação dos movimentos sociais tanto do campo como da cidade como um todo. Vivia-se a expectativa de termos, finalmente, uma reforma agraria, mas, para uma burguesia tão atrasada como a nossa, seria inadmissível até mesmo aceitar que Jango ousasse fazer uma reforma agrária em terras públicas controladas pelo Estado. E foi o que ocorreu, Jango anuncia a reforma agrária no dia 15 de março de 1964, no comício da Central do Brasil e não chega ao final do mês como chefe de Estado.

Uma das melhores descrições do sentido do golpe está contida nas palavras de Herbert de Souza, o Betinho:

[…] num primeiro momento o golpe paralisou, para em seguida desarticular as forças embaladas na mobilização social por um país novo, diferente, mais justo e mais livre. Era um processo que seguramente levaria o Brasil para o caminho das reformas. Não estávamos a caminho da revolução, mas da libertação. Mas aqueles setores extremamente atrasados, temendo que isto se transformasse na revolução, resolveram se unir para matar a criança ainda no útero. Foi o primeiro golpe absolutamente preventivo contra a liberalização e a democratização da sociedade brasileira (BARROS, 1991, p.18).

Todos sofremos ainda hoje com o golpe civil militar, implantado em 1964. Não foi um período apenas de retirada de direitos, do fim da democracia, mas foi o período de muita, mas muita repressão e intervenção em todos os setores da sociedade brasileira. Nos sindicatos, nas universidades, na imprensa. Repressão sobre todos aqueles que não estavam alinhados como o novo projeto de governo, baseado na Doutrina de Segurança Nacional (Desenvolvimento e Segurança). Em nome dessa doutrina, para legitimar o Golpe, eles mataram, prenderam, estupraram, torturaram, exilaram e a lista poderia ser ainda mais estendida, deixando um rastro de miséria, de subnutridos e de analfabetos, de abandonados, e uma dívida externa para ser paga com o trabalho e com o suor da classe trabalhadora, além de uma inflação que beirava os 80% ao mês Esse foi o resultado final desse famigerado golpe, que teve seu último presidente, João Batista Figueiredo, saindo pela porta dos fundos, afirmando para a grande imprensa preferir o cheiro de cavalos ao cheiro de povo. 

Mas isso não é tudo. Nesse pequeno artigo, gostaríamos ainda de lembrar o assassinato de mais de 2000 índios Waimiri-Atroari em função da construção da BR-174 que fez a ligação entre a capital do Ex-Território de Roraima, Boa Vista a Manaus, além da perseguição a um clero progressista em toda a Amazônia devido à sua atuação junto aos índios. Tais fatos já eram de conhecimento público há anos, mas em função de uma nova documentação que aparece depois da Comissão Nacional da Verdade criada pela presidente Dilma em 2012, essas questões ressurgem, devem e podem ser rediscutidas. Esse foi o sentido do golpe, atender aos grandes interesses econômicos do capital seja na Amazônia ou fora dela não se importando com que estivesse à sua frente.  

Referencias:

BARROS, Edgar Luiz. Os governos militares. São Paulo, Ed. Contexto. 1991. DREIFUSS, René Armand. 1964 A conquista do Estado: Ação política, poder e golpe de classe. 3ª ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1981.

*Adjunto IV do Departamento de História Universidade Federal de Roraima

AS ESQUISITECES DO AMOR E OUTRAS TRAGÉDIAS Nº 03 – Hudson Romério

19h4
7…

Ela ainda não chegou… está atrasada…

(Será que não vem mais!)

…Por que elas sempre atrasam? …

(O amor só nos ilude nessa eterna espera beckttiana)

Ao conhecê-la, fiquei amnésico… aí tudo ficou diferente, mais estranho… me perdi naquele olhar para sempre. 

O amor que sentimos é proporcional ao amor que não recebemos – ele nos faz passa uma vida toda com o sentimento do improvisório: não sei o que sou hoje, o que fui ontem e a dúvida do que serei amanhã. 

Sempre temos que escolher… mas nem sempre somos a escolha – sempre fui o preterido do amor…afinal sou só mais um! O amor é o paradoxo da liberdade: se aprisiona quando se acha e liberta-se quando se perde.

21h03…

A praça parece maior, mesmo cheia de gente não vejo ninguém! É como se todos os espaços estivessem sendo ocupados por outra forma de vida. Tento reconhecer alguém, procuro em cada rosto, em cada sorriso superficial, o sorriso dela, mas todos são ninguém. 

(Ela não vem…)

22h19…

Já me sinto estranho sentado há tanto tempo nesse banco da praça. Acho que todos que passam por mim já me veem como parte dele – acho que é por isso que eles existem – são os tronos dos desiludidos… dos amantes… dos amores servis…

(Ficarei aqui o tempo que for necessário, não tenho mais nada a perder mesmo!)

23h05…

Todos estão indo embora… o que foi uma esperança, passou a ser um desespero e findou-se numa cruel verdade…

(Ela não veio…)

00h11…

Nunca vai saber o quanto eu esperei…

Foi só mais uma promessa, só mais chance de saber que não valeu a pena…

Não vou nem cobra todas essas horas – até porque aprendi uma coisa: não espere, nunca vem!

(Hoje só liberto, já não espero mais!). 

*Escritor e Cronista [email protected]

Pra que ensaiar? – Afonso Rodrigues de Oliveira

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaio. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” (Charles Chaplin)

A importância do que você faz no que faz é a vida que você vive. Por isso viva cada momento do seu dia, hoje, como se ele fosse o último. O importante é que você viva cada momento antes que a cortina se feche. E ela pode se fechar a qualquer momento. Nunca sabemos em que palco realmente estamos. Mas o que interessa não é o palco, mas o ator. E cada um de nós é um ator da vida. A vida é um palco. Vamos desempenhar nosso papel como ele deve ser desempenhado por um bom ator. E ser ator é saber ser. Você deu bom dia a seu dia, quando acordou? Deveria ter dado. Ele só será realmente bom se você souber vivê-lo. O que indica que o poder de ser feliz está com você, e com mais ninguém, em relação a você. 

Viva cada momento do seu dia com alegria. Os problemas existem para fortalecimento dos fortes. Os fracos caem na ribanceira dos contratempos. Nunca se sinta inferior. Quando você luta pela igualdade é porque se sente inferior. Sua posição social, profissional o seja qual for, faz parte da sua evolução racional. E você só vai evoluir quando se conscientizar do seu dever de caminhar rumo à racionalidade. E ser racional é entender o que é ser. O respeito às outras pessoas é uma característica da racionalidade. Quando nos amamos somos capazes para desenvolver a marcha da racionalidade. É quando sabemos que somos todos iguais, nas diferenças. 

Por que se aborrecer com coisas inferiores? Somos o que pensamos. Então não vamos desperdiçar nosso tempo com coisas que não nos interessa. Valorize-se no que você é. Caminhos e veredas estão sempre abertos para os que querem alcançar o que querem. E o poder maior para a vitória está no seu subconsciente. Ele é o poder que você tem e nem sempre usa. E quando não o usamos não podemos. Converse com seu subconsciente. Mas não fique esperando milagres. Os milagres é você que vai fazê-los com a força que seu subconsciente lhe disponibiliza. Vá pensando nisso enquanto desempenha sua tarefa no trabalho. Simples pra dedéu. O importante é que você não complique sua vida. Não espere que os outros façam por você o que você mesmo, ou mesma, pode fazer. Mas nunca confunda poder com dever. Às vezes você pode, mas não deve. 

A importância que você tem é a que você se dá. Quando você se julga inferior a alguém não há quem possa fazer de você uma pessoa superior. Os covardes e os cachorros sabem disso. E, com certeza, você não é nem uma coisa nem outra. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460