Opinião

Opiniao 17 06 2019 8397

Padrinho e Comadre

Dias atrás soube do convite a um ministro para ser padrinho da primeira infância de Boa Vista. Meu afilhado me mostra que devemos ir além das boas intenções de momento e focar em políticas de médio e longo prazo que não dependam de comadre e padrinho para se atingir os objetivos de uma cidade. Particularmente, demorei em aceitar ser padrinho de alguém pela grandeza de substituir pais e mães no transmitir valores e bons costumes a uma vida. 

A ausência de articulações fortes, que envolvam responsabilidades pactuadas coletivamente na garantia de direitos e proteção integral às crianças e suas famílias pode trazer marcas que fragilizem o Sistema Único de Saúde e o Sistema Único de Assistência Social, por exacerbar um “primeiro-damismo” ou assistencialismo personalista, que deixamos para trás na política social. Está tudo na Constituição, no Estatuto da Criança e Adolescente, no Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), na Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) que compõem as bases jurídicas e institucionais do que pode ser feito nessa área. Não esqueçamos que o Estado só pode fazer o que está em lei. É aplicar. 

Fazer política de Estado, não de governantes ou de governos, é fundamental para evitar erros do passado. Gestão vem, escolhe uma menina dos olhos. Anos se passam e boas iniciativas com nomes marcantes perdem a embalagem midiática e vão para as lembranças. Os dedos já não tão verdes, os guardas não tão mirins, braços nem sempre abertos em coisa que deveriam Crescer, não diminuir. Quem pode negar a força de uma Família que Acolhe? Mas, não é estranho desacolher, desprezar aquela mãe que com 22 semanas de gravidez não puder fazer parte do programa?

E as outras sem vagas em creches?

O programa vigente não está na Secretaria de Gestão Social. É mais uma pasta dentro do gabinete do executivo com orçamento próprio que busca integrar serviços básicos na relação grávida, mãe e bebê. Desburocratizar? As entrelinhas do programa não mostram sinais de diálogo com psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas daqui. As falas dos nossos Conselhos e sua força de controle social não aparecem. Sobressai-se como solução dar carinho para preencher relações cognitivas e neurológicas, sem justiça e igualdade de condições. 

Aderir aos pacotes que vem de fora e suas soluções para todos os problemas garantindo felicidade tende a reforçar a sensação de grama mais verde do vizinho. Temos que tirar crianças das esquinas para Abrigo Municipal; fortalecer Conselhos Tutelares e Centros de Referência de Assistência Social como casas de serviços de caráter continuado para famílias e indivíduos em situação de risco; ter psicólogos em escolas e unidades de saúde; reduzir a mortalidade materna e neonatal e melhorar a qualidade do pré-natal na atenção básica perto de casa; diminuir o excesso de amido na alimentação infantil; descriminalizar a pobreza dando atenção integral e transversal às famílias. 

Padrinho, os desafios para que de fato sejamos a capital da primeira infância pedem sua presença contínua, com qualidade, coisa que nem sempre acontece nos compromissos com a coisa pública.

Linoberg Almeida Professor e Vereador de Boa Vista    

ESSE SOFRIMENTO QUE MALTRATA – Wender de Souza Ciricio

É admirável como pessoas e mais pessoas escrevem sobre como acertar na vida, como vencer, superar problemas, transpor limites e ser quase invulnerável. Entramos numa livraria recheadas de livros que tentam alimentar nossas almas de esperança. Psicólogos têm todo um arsenal de teorias e conselhos para superarmos angústias e decepções. Gurus tentam nortear nossas vidas para não sermos carregados pelo negativo, pelo pessimismo, desalento e as religiões, que circulam em vários quarteirões das cidades, levantam suas placas convidando para entrar e ali dar fim ao sofrimento. Excelente que exista esse contingente e exército de pessoas que querem salvar homens e mulheres do desespero e dar ao ser uma perspectiva de vida que os leve ao triunfo e à paz.

Mas esse tal do entretanto sempre aparece e diz que apesar das boas intenções e das infindáveis receitas o sofrimento persiste, maltrata, debilita e consome por demais. Um rapaz apaixonado que envia rosas para sua namorada, quase noiva, e quase esposa descobre que ela flerta e deita com outro. Esse rapaz, de uma vida pacata, ouviu promessas dessa moça, investiu toda sua gama sentimental em direção a essa moça e agora descobre que não é exclusivo na vida dela, ou melhor, descobre que é um quase nada para ela. O que fazer e o que falar para esse jovem? E aqueles que já estão casados e passam por capítulos de vida semelhante à desse rapaz, como direcioná-los a um sossego de alma? Pense naquele pai que perdeu uma filha adolescente, linda e maravilhosa, num acidente de trânsito ao ser atropelada pilotando uma moto. E aquele homem que contraiu dívidas cabíveis em seu orçamento voltando para casa depois de uma demissão no trabalho? O adolescente que depois de tanto esforço e dedicação não consegue alcançar a média exigida pelo sistema educacional e que vê seus amigos felizes e sorridentes por terem obtido resultados extraordinários em suas avaliações, pense nele também. 

Muita dor de cabeça, de alma e de coração. Deus resolve? Creio que sim. Mas nem todos creem e enxergam isso, e o sofrimento vai se arrastando e segurando nossos pés. A tormenta é de uma dimensão imensurável.

Um dia, conversando com um jovem delinquente que estava próximo de ser preso, ouvi dele o seguinte: “eu sou um perdido, mas, por favor, não desista de mim”. Esse jovem não foi preso, morreu antes disso, foi assassinado. As pessoas, por pior que sejam, sonham com algo estável, menos opressor e mais saudável. Alguns, porém, jogam a toalha, desistem, cometem crimes, suicídio; exatamente porque algo que fazem por essas pessoas ainda não é o suficiente, não provoca o basta e não alicerça suas vidas.

Se tantos tentam dar essa luz, onde está a solução? Existe. A solução é Jesus Cristo. Não vejo histórica e empiricamente outra solução. As perguntas que faço são: “teria sentido Jesus Cristo vir a esse mundo por nada? Se ele veio não seria porque entre nós humanos há uma limitação para resolvermos nossos dilemas? Não somos finitos demais para alcançar uma alma falida e entregue à desgraça? Jesus veio de mãos vazias, sem competência e sem capacidade para resolver nossa culpa e nossa luta? Jesus é pequeno para aquilo que passamos?

Olha, vou te dizer algo: “Mantenha-se refém de sua angústia se quiser, porque o problema não está em quem tenta te salvar dessa luta ferrenha, mas em você que rejeita a ajuda e benção oferecida”. Em Jesus a luz no túnel nunca se apaga e a esperança nunca morre. Ele convida o oprimido a um encontro, não para dar os recursos materiais necessariamente, mas atingir a alma, o coração e a vida por completo. Pode-se ir ao encontro de um profissional que aconselha e medica? Claro que sim, mas chegue logo em Jesus, ele não cobra, porque sua consulta com ele foi paga lá no calvário. Somos pequenos demais para lidar com outros pequenos, porém o gigantismo de Jesus está aí para você e para todos que vivem no ambiente da tristeza, do medo, da solidão e do desespero. Corra até Jesus.

*Teólogo, psicopedagogo e his
toriador [email protected]

Os corajosos não perdem – Afonso Rodrigues de Oliveira

“É preciso ter força para aceitar perder quando não temos alternativas. Usar a perda como um aprendizado é sabedoria; na verdade, é o ganho do amanhã.” (Luciano Bivar)

Na verdade, nunca conseguiremos alcançar a solução enquanto ficarmos presos ao problema. Aprender com os erros é a coisa mais comum, natural e racional. Os vencedores sabem que é com os erros que aprendemos a acertar. E se é assim, por que ficar se aborrecendo e se preocupando quando errar? Sorria de você mesmo, ou mesma, sempre que cometer um erro. A importância que você se dá é que vai lhe dizer a força e o poder que você tem para encarar os erros. A vida é um ir e vir de erros e acertos. Então seja inteligente o suficiente, para escolher o que realmente lhe interessa. O que realmente é mais importante para você, se os erros ou os acertos. Só quando sabemos o que realmente queremos, sabemos o que nos interessa, nos momentos dos erros.

Na verdade só somos felizes quando sabemos viver. E só quando sabemos viver, vivemos a vida como ela deve ser vivida. Faça isso no seu dia, hoje. Não permita que os trancos e barrancos se transformem em aborrecimentos. Sorria sempre dos seus erros, mas não os repita. Já sabemos que quando erramos não erramos, aprendemos como não fazer. Ser inteligente é saber encarar o adversário como um adversário e não como um inimigo. Valorize-se no que você é e não no que querem que você seja. E por isso procure ser o melhor você que você puder ser. E você sempre pode ser o melhor, respeitando o valor dos outros. Vá sempre em frente. O caminho é longo e exige coragem e determinação. E você tem tudo isso dentro de você. Cuide-se.

Nunca permita que nada nem ninguém, faça você se sentir inferior. Só você tem esse poder sobre você mesmo, ou mesma. Sorria, mirando-se no seu espelho interior. É nele que você vai se ver como você realmente é. Sua imagem é você quem constrói. Então não permita que alguém faça você se sentir infeliz. Esse é um poder que só você tem sobre você mesmo. Não se esqueça de que somos todos imortais. Que vivemos na gangorra da vida. Fazer do ir e vir uma brincadeira, é inteligente. A vida que vivemos é apenas uma pequena vivência. E é por isso que somos todos iguais nas diferenças. Porque as diferenças consistem em respeitarmos o grau de evolução racional de cada um. Cada um está no seu nível de evolução racional. O que nos orienta para que vivamos dentro da racionalidade. E os evoluídos não se preocupam com os erros nem com os trancos que fazem parte da vida. O importante é que saibamos viver, vivendo a vida que devemos viver. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460