Opinião

Opiniao 18 03 2019 7847

Indústria alimentícia deve se adaptar ao novo perfil de consumidores – Lilia Kawazoe*

Nos últimos anos temos acompanhado uma mudança significativa no comportamento da população quando o assunto é o consumo de alimentos. Muito além do sabor, hoje, as pessoas também estão preocupadas com as questões relacionadas à saudabilidade daquilo que consomem. Em outras palavras, quais benefícios eles podem proporcionar à saúde e ao bem-estar?

Uma pesquisa divulgada neste ano pela Euromonitor aponta que a venda de alimentos naturais e orgânicos cresceu 98% nos últimos cinco anos, enquanto que a demanda por opções tradicionais cresceu 67% no mesmo período. O estudo ainda mostra que 28% dos brasileiros consideram que o valor nutricional é o mais importante na hora de consumir um produto e 22% das pessoas ouvidas disseram preferir alimentos naturais sem conservantes.

Diante desses números notamos o grande desafio que a indústria de alimentos tem pela frente que é investir cada vez mais em opções saudáveis e naturais, transformando receitas tradicionais em opções ricas em vitaminas, ômegas, fibras e proteínas.  Ao buscarmos exemplos práticos desse trabalho na indústria alimentícia, encontramos as farinhas e óleos obtidos a partir de frutos e sementes da biodiversidade brasileira, como o açaí, cupuaçu e castanha do Brasil. A proposta desses ingredientes é que eles sejam acrescentados a receitas tradicionais do dia a dia, como pães, bolos, cookies, molhos e maioneses, tornando o alimento uma opção de alto valor nutritivo.

Outro ponto que não devemos deixar de lado é a questão dos alimentos orgânicos, pois em janeiro deste ano um estudo feito pela Nielsen mostrou que 33% dos consumidores preferem alimentos orgânicos e pagariam mais caro por isso. Nesse sentido, estamos indo muito além do consumo de um alimento saudável, estamos falando de produtos comprometidos com a questão da sustentabilidade. 

Toda essa evolução do mercado alimentício nos leva a destacar também o segmento de produtos direcionados às pessoas com dietas restritivas. Isso porque, nos últimos anos, as empresas passaram a investir nesse nicho com o grande desafio de oferecer alimentos que possam suprir as necessidades das pessoas alérgicas ou com intolerância alimentar. Para isso, a indústria de matérias-primas para alimentos está focada também na customização de serviços e desenvolvimento de insumos tecnológicos exclusivos.

Esse cenário nos mostra que a indústria de alimentos está passando por um grande processo de transformação, o que envolve a mudança no comportamento do consumidor e a adequação das marcas a esse novo momento do mercado. O resultado certamente trará benefícios a todos e os alimentos saudáveis e funcionais vão se tornar parte essencial do nosso cardápio diário.

*Gerente Comercial da Unidade de Negócio Concepta Ingredientes, e farmacêutica veterinária.

Por que alguém faria isso? – Tom Zé Albuquerque*

O que leva as pessoas a agirem em desconformidade com as Leis, a Moral ou a Ética. Que tipo de sociedade está sendo construída nos países atrasados? Quais as referências, parâmetros ou espelhos que temos para nos guiar? Uma coisa é certa, dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar… é a única!

Nós vivemos numa constância de autodefesa ampla e perene, como se a todo momento fôssemos ser trapaceados. No trânsito, no trabalho, no esporte, na família, ninguém está imune à burla, à desonestidade ou à injustiça. Sem réstia de dúvida, a frase: “… mas tem o jeitinho brasileiro!” é a mais ferina, mais cruel e mais prostituta que se foi criada. Mas, dolorosamente, é aplicada diuturnamente em nosso meio, de idoso à criança, de rico à pobre, homem ou mulher, PhD à analfabeto. Uma lástima.

Um ponto “fora da curva” a ser ilustrado foi o ocorrido no ano de 2012 em Navarra, Espanha, numa maratona esportiva. Durante a corrida, o espanhol Fernandez Anaya era o segundo colocado da prova quando avistou o líder, Abel Mutai, reduzir o ritmo a menos de 20 metros da vitória, por este acreditar ter já cruzado a linha de chegada. O espanhol, ao invés de aproveitar a chance de ultrapassar o queniano e vencer a corrida, diminuiu a velocidade, avisou ao distraído corredor, e seguiu até o final da prova logo atrás do vencedor de direito. Ao ser questionado pelos repórteres sobre o porquê de ter feito aquilo, ele disparou: “Aquilo o quê? De que valia minha vitória sem o mérito?”. E continuou… “Eu fiz o que tinha que ser feito, ele liderava com folga e eu jamais o alcançaria não fosse o seu descuido”.

Fazer o errado não pode virar regra ou ato institucional. O certo é correto mesmo que as pessoas pensem de forma errônea, mesmo que uma sociedade doente como a nossa inverta os valores ao ponto que novas gerações ascendam crendo que a burla, a mutreta, a apropriação indevida, a tapeação ou a tramoia sejam faculdades a serem ampla e naturalmente exercidas pelo ser humano. Quando, por exemplo, cometer crimes passa a ter a farsante desculpa dos males sociais, quando, em verdade, trata-se de desvio de caráter, a legitimação do que é crime ou transgressão sobrepõe a equidade, a isonomia e a legítima defesa.

Digamos que num certame licitatório do qual empresa qualquer logra êxito para fornecimento de produtos a uma esfera pública, mas entrega produto inferiormente diverso do contratado, ou fornece apenas uma parte do legalmente definido, mesmo recebendo posteriormente o pagamento integral. Para um gestor público de um outro país, com uma cultura moralmente elevada e com leis rígidas, isso seria um embuste, ao ponto de por ele ser questionado… “Por que alguém faria isso?”. Pois bem, caro leitor, isso mesmo ocorreu num treinamento para peritos federais, aqui no Brasil. Vergonha para nós.

Como disse o insigne advogado e escritor Antenor Batista, em sua notável obra ‘Corrupção: o 5°. Poder’, “O curso natural do desenvolvimento da personalidade pode ser perturbado quando existe uma satisfação incompleta das necessidades em qualquer fase”. É, a conturbação é ampla e atinge boa parte da sociedade brasileira. 

*Administrador

Trem do tempo – Oscar D’Ambrosio*

Indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação, “Mirai” é um poema visual surpreendente. Traz as principais qualidades da estética japonesa, principalmente no que diz respeito à forma de tratar de maneira delicada questões existenciais profundas. De um enredo aparentemente simples, surge uma profunda reflexão vivencial.

A história é sobre como Kun, uma criança de quatro anos, fica com ciúmes da irmãzinha que acabou de nascer e se torna o centro de atenções da família. Isolado, refugia-se nos trens que ama e nas fantásticas cenas que começa a contemplar no jardim, que o levam a jornadas pelo passado e pelo futuro de seus parentes.

A metáfora do trem é desenvolvida com brilhantismo, pois vão desde a velocidade fascinante do trem bala ao trem da solidão, que recolhe os que não são queridos por ninguém. Dessa maneira, o cotidiano e o fantástico vão conversando e trazendo à tona histórias de guerra, de amor e de laços afetivos recolhidas nos trilhos do trem do tempo.

Estereótipos de masculino e feminino são colocados em xeque, assim como respostas
simples para nossos sentimentos de afeto mais essenciais. O grande ensinamento está em como cada decisão consciente ou cada fato inesperado de nossas vidas traz consequências presentes e futuras. Assim, a animação japonesa anima nosso espírito!

*Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Quem e o que somos – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Eu sou um parapeito à beira da correnteza. Aquele que puder se agarrar em mim, que o faça. Saiba, porém, que não sou nenhuma muleta.” (Nietzsche)

Dona Vitalina já dizia que santo de casa não faz milagre. Então não tente ser santo nem fazer milagres. Faça apenas com que as pessoas sintam o desejo de se agarrarem, não a você, mas a seus pensamentos. O que indica, também, que você deve ser responsável pelo que pensa. Porque é nos seus pensamentos que está o seu poder. Você não será capaz de vencer sem o apoio do seu subconsciente. E este está fazendo pra você o que você lhe disse querer, através dos seus pensamentos. Pense sempre positivo. Nunca diga para o seu subconsciente o que você não quer, mas sempre o que você quer. Porque ele não entende suas palavras, mas os seus pensamentos. Simples pra dedéu. 

Há estudos que dizem que mais de noventa por cento das pessoas que são assaltadas nas ruas, são exatamente aquelas que saem de casa se benzendo para não serem assaltadas. Deu pra sacar a jogada? Nada mais anacrônico do que uma autoridade vir a público instruir as pessoas para terem certos cuidados quando andam pelas ruas. Uma demonstração nítida de que está faltando educação na população. Porque quando não somos educados não sabemos viver a vida no mundo em que vivemos. Não importa em que mundo estamos. O que importa é quem somos nós, neste mundo. O quanto somos capazes para cuidar de nós mesmos. E a educação é o mais eficiente instrumento de defesa. Uma coisa tão simples que é difícil de entender. 

Educar não é só ensinar a ler e escrever, como pensava um Governador que nós conhecemos. Educar é penetrar na sabedoria que cada um de nós guarda dentro de si e que nem sempre sabe que tem. É o saber, o poder que temos dentro de nós e que não sabemos usar. Não é tão importante a quantidade de livros que você lê; importante é o que você lê nos livros. Os livros podem ser o parapeito diante das correntezas. Mas não é tão importante prender-se a eles. As variedades são fundamentais. Quando aprendemos a viver não temos por que viver o inferno na própria vida. Se todos os dias você sair de casa com receio de ser assaltado, ou assaltada, um dia você será. Porque é o que você está transmitindo ao seu subconsciente: um assalto. Acredite nisso e confia mais no poder que você tem e que é o seu guia e seu parapeito diante das tormentas. Nunca desperdice seu tempo com pensamentos e papos negativos. Eles não levam você a lugar nenhum, a não ser à derrota. Confie em você e mereça-se. Você pode, se achar que pode. Seus resultados dependem de você e de mais ninguém. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460