Opinião

Opiniao 18 03 2020 9941

Quem tem medo de assombração?

Rodrigo Alves de Carvalho*

Vou falar a verdade agora! Ou melhor, vou escrever a verdade agora!

Onde já se viu, em pleno século vinte e ainda existir pessoas que acreditam em assombrações, seres mágicos e almas penadas?

É absurdamente insensato tais histórias e relatos que ouvimos de vez em quando de algumas pessoas que fazem questão de tentar colocar medo naqueles que se impressionam com qualquer causo sobre o sobrenatural.

E existem várias histórias, como a da Noiva Fantasma que aparece em banheiros masculinos ou em estradas desertas para amedrontar marmanjos que fogem ao avistar a mulher vestida de branco com cabelos louros encardidos.

Também falam muito do Cavaleiro montado num cavalo que aparece em estradas rurais depois que anoitece. Relatos de testemunhas que juram por tudo o que é mais sagrado que ao caminhar por essas estradas ouve-se tropéis de cavalo que aos poucos vai se aproximando, quando olham para trás avistam um cavaleiro de sobretudo e chapéu preto se aproximando, o barulho continua por mais um tempo, mas quando está bem próximo, não existe mais cavaleiro e nem cavalo, apenas o silêncio amedrontador da noite escura.

Contam-se também aparições de almas penadas em cemitérios quando o relógio marca três horas da madrugada. Segundo afirmações, nesse horário todas as almas se levantam dos túmulos e preambulam pelo cemitério, num passeio de fantasmas aterrorizante.

Não podemos esquecer também das histórias clássicas de assombração e entidades como a Mula Sem Cabeça, O Fogo Fátuo, o Mapinguari, o Bradador, o Arranca-Línguas, o Capeta da Borda etc.

Agora falando sério. Não dá para acreditar nessas bobagens!

Sabemos muito bem que essas histórias não passam de crendices das pessoas de antigamente, principalmente que moravam na roça quando não existia luz elétrica e ao chegar a noite todos se arrepiavam por causos que povoavam o imaginário dos incautos medrosos.

Hoje vivemos num mundo muito mais racional, onde a ciência prova por A mais B que essas coisas não existem.

Onde já se viu mortos que retornam do além!

Onde já se viu espíritos errantes vagando entre os vivos!

Onde já se viu almas penadas que puxam o pé da gente quando estamos na cama!

Sei lá viu…

Acho que não acredito nisso não…

Mas…

Por vias das dúvidas, vou dormir com a luz acesa essa noite!

*Nascido em Jacutinga (MG), jornalista, escritor e poeta, possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.

COVID-19

E a fronteira?

Dolane Patrícia*

O que se sabe do Coronavírus é apenas o que se tem divulgado pela mídia. Sendo assim, é importante primeiramente saber um pouco mais sobre ele.

Os coronavírus são uma grande família viral, conhecidos desde meados dos anos 1960, que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. Geralmente, infecções por coronavírus causam doenças respiratórias leves a moderada, semelhantes a um resfriado comum. Esse seria um conceito mais resumido desse vírus que revolucionou o mundo e já foi conceituado até mesmo de apocalíptico.

É importante ressaltar que o novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19, após casos registrados na China, e que provoca a doença chamada de COVID-19, por isso a mudança de nome, uma vez que o coronavírus já existia em 1960. O vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa. Particularmente.

Não se fala em outro assunto. Recentemente o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, deu um alerta contra o uso de ibuprofeno (Advil, Alivium ou Ibuflex) em pessoas infectadas.

O site exame.abril.com.br informa sobre alertas mundiais para prevenção de contágio do coronavírus, muitos países entraram em um novo patamar nas últimas 48 horas, com mais relatos fora da China, toques de recolher e fechamento de fronteira. “O Covid-19 já põe em risco a economia mundial”, disse no domingo Kristalina Georgieva, chefe do Fundo Monetário Internacional, na reunião do G-20.

A informação do site acima referido chama atenção pela frase: “Fechamento de Fronteira”. Em Roraima temos fronteira com a Venezuela e a Guiana, onde sempre entram imigrantes clandestinos, e mesmo os que entram de forma regular, não se tem notícia de quais cuidados estão sendo tomados para evitar que pessoas contaminadas entrem por Pacaraima ou mesmo Bonfim.

Nesse contexto, chama atenção até porque muitos chineses tem comércio na cidade de Lethem.

O mundo todo entrou com medidas de prevenção para evitar o contágio e isso é louvável. Em Roraima, o Tribunal de Justiça preocupado com os estagiários e advogados, tomou várias medidas de prevenção.

Algumas medidas também estão sendo tomadas nas igrejas, na Ordem dos advogados do Brasil, Câmara de Vereadores, enfim, diversos órgãos preocupados em não proliferar o vírus no Estado de Roraima.

Mas e a Fronteira? Porque ainda está aberta? Vários países estão isolados, e Roraima como sempre, a grande “mãe” dos imigrantes, deixa a fronteira aberta! É um genocídio coletivo anunciado?

Destarte, vários sites anunciaram o fechamento da fronteira de países, como Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina, esses fecharam total. De forma parcial fecharam a fronteira Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Mas o Brasil, sempre priorizando os imigrantes, acha desnecessário o fechamento da fronteira, será que se a família dos que insistem em deixar a fronteira aberta morassem em cidade uma como Pacaraima, realmente ficaria aberta?

O Presidente da República declarou que “fechar a fronteira pode não adiantar”. Vai adiantar deixar aberta, poderia fazer um cartaz de boas vindas para a família viral.

A fronteira está aberta, venham todos, aqui acolhemos vocês!!! Podem entrar, os hospitais estão abertos para receberem os imigrantes e colocar em risco a vida de quem trabalha nesses serviços essenciais!

O Ministério da Saúde inclui busca por casos suspeitos com a testagem para coronavírus em paciente internados com quadro respiratório grave, independente de viagem ao exterior. E quanto a Roraima, que o exterior é “logo ali”?

A medida vale para as cidades que tenham casos confirmados da doença. Mas a Guiana já registra suspeita e trouxeram o suspeito pra onde? Para Roraima! Só está faltando um convite formal para o Vírus se instalar definitivamente no Estado!

Essa situação lembra muito os filmes apocalípticos de pessoas que precisam se isolar em suas casas para evitar o contágio de um vírus mortal…

 A diferença é que nos filmes a fronteira é fechada!

*Advogada, juíza Arbitral, escritora, apresentadora de TV. Mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, pós-graduada em Direito Processual Civil, Pós-Graduada em Direito de Família, Personalidade Brasileira e Personalidade da Amazônia. Acesse dolanepatricia.com.br. Whats (95) 99111-3740. Acesse o site: dolanepatricia.com.b. Baixe o aplicativo Dolane Patrícia.

Na onda das crises

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Bendita crise que sacudiu o mundo e a minha vida.” (Mirna Grzich)

Saímos do aeroporto, em são Paulo, entramos no carro e fomos para casa. Na Avenida, passávamos por uma banca de jornal e meu irmão, o Adoval, me perguntou:

– Você quer ler o jornal? Se quiser vamos comprar.

Estranhei, porque ele sempre fora assinante da “Folha de São Paulo.” Perguntei se ele não assinava mais o jornal, e ele me respondeu:

– Não… É que sempre que quero me atualizar fico pelo menos, quinze dias sem ler jornal nem assistir à televisão.

Sorri, mas o assunto era sério. E isso faz pelo menos uns dez anos que aconteceu. O Adoval faleceu, e era meu irmão caçula. Lembrei-me de tudo isso, ontem, caminhando com a dona Salete, pelo calçadão da Praça. Estou fazendo as caminhada mais para me afastar da televisão, com medo do coronavírus.

Caminhamos pelo calçadão, rumo ao sul, pela Via Candapuí Norte. Demos a volta e voltamos pela Candapuí Sul, até bem próximo da rodoviária. Demos a volta e voltamos. E foi aí que passando pela quarta rua depois da Avenida São Paulo, no rumo norte, parei e chamei a atenção da Salete:

– Olhe aqui, Tinha… Esta é a Rua Roraima.

– Ah, é, é? Bem pertinho de nossa casa e eu ainda não tinha percebido. Legal.

Continuamos caminhando. Já estávamos pertinho de casa e percebi que a dona Salete continuava caminhando, meio casmurra, calada e de cabeça baixa. Um pouco à frente ela reduziu a marcha e falou, parecendo preocupada:

– Sinho… Faz um tempão que ando meio desconfiando que você está apaixonado por ela. Tenho observado suas atitudes estranhas.

Fiquei grilado. Olhei pra ela e percebi que ela estava mesmo preocupada. Como ela continuou calada, perguntei:

– Por ela, quem? De quem você está falando?

– Ora de quem? Estou falando da Ilha Comprida, ora. Você tem andado registrando ruas, descobrindo nomes de ruas que lembram coisas, e coisa e tal. Muito estranho.

Tive vontade, mas segurei o riso. Mesmo porque ela estava falando sério. Aí fiquei grilado. Será que ela já está pensando em me tirar da Ilha? Ela já fez isso em Mato Grosso, na Confiança, no Cantá. Sei não. Amanhã ela já estará indo ao Rio de Janeiro, enquanto eu vou continuar por aqui, na Ilha, mas agora meio grilado.

Ainda há pouco fui até a varanda, olhei para a Praça, para o Espaço Cultural Plínio Marcos, olhei para o céu e pensei em como eu me sentiria se tivesse que deixar a Ilha. Estou realmente apaixonado por ela. A dona Salete tem razão. E isso me deixa feliz. Porque se um dia eu sair daqui, vou ter muito de que sentir saudade. E tomara que no Rio, não ponham minhocas na cabeça dela. Pense nisso.

*Articulista

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99121-1460