Opinião

Opiniao 18 04 2019 8030

O Brasil que temos e o que queremos – Flamarion Portela   Ao assistir a um vídeo do escritor e palestrante Ivan Maia, em que ele revela alguns números negativos do nosso País, me questionei: como pode um país tão rico, ter tantas mazelas sociais?

Um dos fatos que mais me chamou a atenção é com relação à educação. O Brasil tem cerca de 50 milhões de pessoas analfabetas ou semiletradas.

Um estudo do Ibope Inteligência em parceria com a ONG Ação Educativa, realizado em 2018, estima que 29% dos jovens e adultos brasileiros de 15 a 64 anos, o que corresponde a cerca de 38 milhões de pessoas, sejam analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever textos, mas não conseguem interpretá-los.

Num ranking de 70 países analisados pelo Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), o Brasil está na 59ª colocação no quesito leitura. 30% dos brasileiros afirmam que nunca leram um livro na vida.

Isso fica ainda mais preocupante quando vemos que os professores brasileiros leem muito pouco. A mesma pesquisa revelou que metade dos professores pesquisados não tinha lido um único livro no ano anterior à análise. Outros 22% citaram ter lido apenas a Bíblia.

Mais, a situação está caótica não é apenas na Educação. Mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada. Isso corresponde à população do Canadá. Mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto. Isso é mais gente que a população da Alemanha.

Para completar, mais de 4 milhões não têm sequer um banheiro dentro de casa e outros 17 milhões não têm acesso à coleta de lixo.

Em 2013, o Brasil aprovou o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), que prevê alcançar, até 2033, 99% de cobertura no abastecimento de água potável, sendo 100% na área urbana e de 92% no esgotamento sanitário, sendo 93% na área urbana. Mas, até agora, os resultados estão distantes do que estimava o governo quando assinou o documento.

O País tem uma das maiores cargas tributárias do mundo e, ao mesmo tempo, é o que oferece o menor retorno dos impostos ao cidadão, com serviços de saúde ineficientes, educação de baixa qualidade, segurança capenga e tantos outros serviços públicos aquém do que o povo merece receber.

E o que mais nos entristece é saber que grande parte dos recursos que deveriam estar sendo investidos nessas políticas públicas está sendo desviada pelos ralos da corrupção, por políticos e empresários inescrupulosos.

O povo brasileiro está mais consciente de seus direitos enquanto cidadão e tem cobrado mudanças, mas ainda falta muito para que possamos ter um país mais igualitário e com a universalização de políticas públicas de qualidade para todos.   *Ex-governador de Roraima

Mudanças! – Selma Mulinari

Finalmente, as fichas de alguns membros dessa administração estadual estão caindo, igual àquelas máquinas de jogo em que você coloca as moedinhas, de repente acerta e um turbilhão de moedas cai. Chega a brilhar os olhos!  Os interesses políticos e os interesses dos políticos vêm sempre à frente dos interesses do povo que os elegeu. Isso é claro como água cristalina! Imagine se alguma pasta de governo vai ter prioridade mediante a vontade dos poderosos interesses dos políticos. Seja ela qual for, não será prioridade. Seja Educação, Ação Social, Agricultura, Saúde…Qualquer uma!

Não é à toa que a crise se instalou nas duas principais pastas do governo, que também são as que detêm os maiores recursos do Estado. Ninguém olha para galinha magra, o olhar está sempre na galinha dos ovos de ouro.

No entanto, no caso da Saúde tem um agravante: morre gente! É o que vem acontecendo aqui em Roraima, por não termos uma assistência médica eficiente, pela falta de atendimento, pelo atendimento precário, pela falta de medicamentos nos hospitais públicos do Estado e da prefeitura. 

Mas dizem que diante do caos é que tudo pode acontecer! Assim sendo, devagar o caos vem se instalando e vamos esperar que algo aconteça. A sociedade pode acordar e se manifestar, pode soar as trombetas para ser ouvida, é preciso sair da inércia e desabrochar para o mundo. Na atual situação, estamos todos inertes! 

Seguindo a máxima de que a corrupção reina no Brasil desde que as caravelas aportaram por essas bandas, cabe dizer que quem concorda com o que está posto é tão corrupto quanto o que implantou todo o sistema. De tal modo que é preciso que se ponha um fim nisso, cada qual no seu quadrado. 

Políticos devem cuidar de seus afazeres e legislar, cuidar do povo que lhes deu um mandato. O que vemos é o calote eleitoral. Cada um cuida de seus interesses, monta empresas e domina vastas áreas de prestação de serviços dentro dos governos. Faz barganha de cargos, de obras, defende os seus interesses particulares com unhas e dentes! Fato!

Assim sendo, a dinâmica é bem simples de entender: cada um quer o seu quinhão e essa questão seria mais simples ainda se realmente essas empresas realizassem a prestação de serviço a que se propõe. Mas o cerne da questão está nas empresas que só têm fachada e um padrinho político. Daí realmente o dinheiro vai pelo ralo!

Para o gestor responsável, resta cumprir o que é sua obrigação, a coisa seria simples, auditar contratos, rescindir contratos fraudulentos, fiscalizar empresas, escarafunchar tudo! Mas o buraco é mais embaixo! Como já disse aqui em outro texto, no campo das falácias tudo é possível. Quero ver é na hora de realizar, de agir de verdade. Daí não vai!

Esse governo que aí está teve toda a oportunidade de colocar a casa em ordem, afinal conseguiu uma intervenção federal, que o credenciou a auditar tudo, poderia ter realizado uma varredura em tudo. Se tivesse problemas, esses seriam sanados. 

E então? Foi feito? Bem, parece que a lição de casa não foi executada. Os problemas continuam e os técnicos que fazem parte do novo governo, que assumiram o discurso e as falácias, sentaram nas cadeiras e já estão chiando. 

Só muda quem tem a caneta! Está errado, conserta; não preenche requisitos, enquadra; está superfaturado, ajusta. Agora, se ficar só no campo das reclamações e acusações, nada sai do lugar. Creio que no sistema público temos mecanismos que podem muito bem exercer assa vigilância, temos controladoria estadual e procuradoria estadual. 

Outro ponto emblemático são os pagamentos aos fornecedores do governo. Foi assegurado que tudo seria resolvido com a intervenção federal. Não podemos esquecer que o interventor foi o governador eleito, que prometeu que ninguém ia levar calote. Antes de assumir tudo foi pactuado, acordado, todos deviam ficar despreocupados que receberiam.Tudo flores! 

Seria necessária somente uma averiguação para comprovar que tudo estava correto, para comprovar que o serviço tivesse sido realizado, para que fossem pagas todas as empresas que tivessem idoneidade e realmente fossem corretas. Até aí, certíssimo!  E agora o que vem sendo realizado é a institucionalização do calote. 

Para o gestor que assume o bônus, deve também assumir o ônus. A dívi
da é do governo e não do governador. Essa questão não é pessoal, como alguns pensam, é institucional. Não é pura e simplesmente uma questão de fingir que não é comigo.  Resta dizer que fazer é mais difícil do que falar que vai fazer. É necessário coerência, conhecimento, vivência na arte de gestar. Governar é muito difícil, precisa mais que um saco roxo, precisa de uma equipe com o mínimo de conhecimento, precisa de competência, precisa querer fazer e ter idoneidade e bom senso. 

Difícil no Brasil e mais que difícil em Roraima. Essas estratégias de pura politicagem são tão surreais, fora de moda, que nem cabem mais. Viram piadas, lembram-se do Charles Chaplin em “O Ditador”! Bem parecido!

* Mestra em História Social; Conselheira do CEERR [email protected]

Acorda, Mané! – Afonso Rodrigues de Oliveira

“O Estado é o mais frio de todos os monstros frios: mente friamente, e eis a mentira que rasteja de sua boca: Eu, o Estado, sou o povo.” (Nietzsche)

Não podemos ficar que nem tontos, querendo pôr na política a culpa pelos absurdos atuais na nossa política. Vamos acordar e ver que a culpa pelos desmandos é nossa e não da política. Ainda não acreditamos que somos nós, eleitores, os culpados pela bagunça que vivemos. Ainda, como Manés, não conseguimos ver que ainda não somos cidadãos. Que não há democracia nem cidadania com a obrigatoriedade do voto. E por isso ainda não entendemos que ainda não estamos preparados para o voto facultativo. E até onde vamos caminhando nessa ignorância política? Quando iremos acreditar que enquanto não nos educarmos, não seremos dignos do respeito de políticos que não nos respeitam, nem merecem respeito. E não nos esqueçamos de que somos responsáveis pela nossa ignorância. E enquanto não nos educarmos, continuaremos elegendo os corruptos da vida, para não fazerem por nós, o que ainda não merecemos; mas os escolhemos.

Vamos acordar. Confesso que estou preocupado com o rumo que continuamos seguindo na nossa política judiada. Vamos respeitar a política para que mereçamos a condição de cidadãos. Porque não vejo nenhum político interessado na nossa educação. Eles têm medo do cidadão. Ainda somos marionetes de políticos titeriteiros que nos mantêm no curral da ignorância política. Se prestarmos atenção, veremos que está se iniciando uma ditadura, brotando de baixo para cima. Bem diferente das anteriores. Está vindo exatamente dos que deveriam combatê-la. E não pensem que estou exagerando. Sei que ela não vai vingar, mas é necessário que tomemos cuidado. O perigo não está no Palácio da Alvorada. Longe dele. 

Vamos prestar mais atenção à nossa condição de pseudocidadão. É nessa ilusão que os espertalhões da política, muitos dos quais nem mesmo são políticos, pintam e bordam com a nossa ignorância política. Vamos fazer nossa parte como ela deve ser feita. Vamos nos esclarecer e aprender a escolher nossos candidatos, de acordo com nossa dignidade. Ou vamos votar por dever ou continuaremos votando por obrigação, o que faz de nós, meros títeres. Vamos nos respeitar e nos educarmos politicamente, para que construamos nosso País. Porque o dever e o poder são nossos. Vamos merecê-los. Vamos parar de mandar para a política os desonestos, analfabetos e incompetentes. Enquanto continuarmos nesse carrossel da ignorância, continuaremos elegendo para nos comandarem, quando deveríamos eleger servidores para trabalharem por nós e para nós. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460