Opinião

Opiniao 18 05 2019 8216

Qual desenvolvimento queremos? – (Parte 2) – Fábio Almeida

Ao formularmos um olhar sobre o desenvolvimento econômico e social no Estado de Roraima, devemos ampliar os horizontes para que possamos enxergar todas as possibilidades de geração de emprego e distribuição de renda. A tecla uníssona da produção de grãos impõe um sofrimento lento e doloroso nos últimos 20 anos – o desemprego, a pobreza, o flagelo social bate à porta da maioria de nossas residências.

Alguns setores precisam ser visibilizados para que possamos idealizar programas de geração de empregos. Primeiro é concebermos que os milhares de pescadores artesanais e extrativistas possuem importância estratégica, estes segmentos somados aos pequenos agricultores representam parcela significativa de nossa força de trabalho, porém estão fora de qualquer projeto econômico, vivendo à margem – sujeitos a atravessadores que compram, por exemplo, um milheiro de peixe ornamental a sete centavos. Cadê o Estado? Ausente, estando em Roraima, Mercado e Estado, alinhados na exploração de nosso povo.

A robotização da industrial e de vários serviços impõe remodelarmos a oferta de empregos, mas para isso são necessários três campos essenciais: educação, financiamento e cooperativismo. A lógica empresarial de que um proprietário é dono do negócio não possui mais sustentação. Precisamos fomentar iniciativas coletivas, permitindo uma relação de distribuição de renda – pelo fazer juntos, desconstruindo a ideia do fazer para mim. Assim, pensar o desenvolvimento do setor de serviços é primordial a geração de emprego, tendo alguns setores possibilidades para curto prazo: energia alternativa e turismo.

Em médio prazo podemos, sem medo de enfrentar o debate, formular um conceito de exploração extrativista que fomente o desenvolvimento industrial de parcela da produção. A mineração fora das áreas indígenas e reservas ambientais deve sim ser debatida, sob a ótica da necessidade de empregos e geração de receitas. Mas, a forma de sua organização não pode reproduzir modelos concentradores e deflagradores de problemas sociais e ambientais. Por isso, as cooperativas de garimpeiros possuem importância estratégica ao debate neste setor. A exploração deve ser racional e ambientalmente sustentável.

O mesmo podemos delinear da produção de madeira. A organização de um ciclo produtivo que envolva da extração ao aproveitamento dos resíduos permite em médio prazo um reordenamento dos crimes ambientais que as serrarias cometem no Sul do nosso Estado. Definição de áreas, estabelecimento de metros cúbicos a serem retirados, reflorestamento com espécies nativas, beneficiamento de parte da produção, são processos que gerariam empregos e distribuição de renda.

Em longo prazo podemos pensar o desenvolvimento de uma indústria de cosméticos e fármacos. Vivemos em uma das regiões mais antigas do mundo, cheias de fungo, bactérias e conhecimentos que permitem a construção de um programa ousado. Outro segmento importante diz respeito as condições de operacionalidade da indústria de recicláveis, onde podemos assumir um papel de fornecedor de matéria prima para diversos polos produtivos. Enfim, pensar o desenvolvimento econômico e social impõe ao governante a superação de um conceito único, a especialização produtiva é um erro estratégico, principalmente quando sua base possui a concentração de terra como principal sustentação organizativa.

*Historiador. Especialista em Gestão Ambiental. Candidato ao Governo em 2018 pelo Psol.

Trabalhar é servir – Vera Sábio

A vida é uma constante luta e não há sucesso sem trabalho, por isso é fundamental servir: trabalhar.

Existem ditados que nunca ficam no passado, “mente desocupada, oficina do diabo”, “saco vazio não para em pé”.

Portanto é extremamente necessário que saibamos que toda vida humana ao nascer está pronta para envelhecer e cada dia, cada descoberta, que merece ser respeitada e direcionada para uma ação positiva. Ninguém deve ser um saco vazio que não pare em pé.

Se o bebê consegue segurar a mamadeira, por que segurarmos para ele?

Depois ele consegue ir fazendo os pequenos gestos que para sua idade são grandiosos. Segura a colher, come sozinho, tira as calças, junta os brinquedos, tem alguns horários, faz parte de uma rotina, etc. até chegar o momento que faz suas tarefas escolares, cumpre uma tarefa, uma obrigação, ou seja, começa a trabalhar, servir, é útil…

Assim que todo trabalho seja digno e edificante, que todos tenhamos direito ao trabalho e que servir seja uma das maiores missão do ser humano.

É necessário nascermos para a consciência de que tudo acontece a partir do momento que alguém pensa e alguém faz. O milagre de tudo que existe foi desenvolvido por alguém que se dispôs a fazer. 

É também preciso valorizar aqueles que fazem as pequenas ações, todavia essenciais para nossa sobrevivência; um exemplo são os catadores de lixo, imaginem a importância que eles têm, no momento que não vierem e o lixo tumultuar nossos ambientes?

Porém precisamos valorizar as ações enquanto elas acontecem e não quando sentirmos falta delas.

Trabalhar é uma missão imensurável, principalmente se edificarmos para o bem, já que o mal requer muito trabalho: (roubar, matar, enganar), com certeza cansa e é trabalhoso. Quanto melhor seria se essas energias fossem canalizadas para o bem. 

Pois há tantas mentes ociosas que vivem pensando em prejudicar o próximo; mentes estas, muito inteligentes, com grandes potenciais para fazer o bem.

Observe então o quanto nossas crianças ficam ociosas, olham coisas impróprias na internet e passam grande tempo enfrente a televisão e lembre que “mente vazia, oficina do diabo.

Precisamos ser atentos, ter mais trabalho na construção dos nossos filhos, para que tenhamos pessoas preparadas, esforçadas e dignas no futuro, que é responsabilidade dos adultos de hoje.

Assim, tenhamos consciência do quanto nossas crianças, adolescentes e jovens precisam construir, praticar e aprender a servir para o bem enquanto são pequenas, para que sejam bons trabalhadores quando adultos.

Não faça para o outro o que ele pode fazer. Deixe que ele faça, elogie, incentive e colabore para que todo esforço seja recompensado de maneira correta.

Se você der uma recompensa material para uma criança que tire notas boas, ela aprende que não é sua obrigação ser bom aluno, é por interesses materiais que se torna bom aluno. Por isso, quando não atingir o resultado para ser presenteada, aprenderá a trapacear, ser desonesto para ter o que deseja.

Portanto vale muito mais o aprendizado de que o futuro o recompensará com uma condição de bom profissional, pois tirar nota boa é sua obrigação; vale mais que presentes que logo acabam e não faz com que eles se desenvolvam por vontade e entendimento próprios.

O esforço vale bem mais do que a inteligência sem foco, disciplina e muita persistência. Afinal quando somos persistentes e esforçados, de alguma
forma ou em determinado momento atingimos o que realmente desejamos, é só continuar, o que requer trabalho constante.

Até para se divertir com os filhos, temos o trabalho de conscientizá-los para o bem, ou seja, a vida é um eterno aprendizado, uma lição a cada dia, um trabalho sem fim.

Felizes todos nós trabalhadores na construção de um mundo melhor.

*Escritora, psicóloga, palestrante, servidora pública, mãe, esposa e cega com grande visão interna.Adquira meu livro “Enxergando o Sucesso com as Mãos”Cel 95 991687731 Blog: enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

Como escapar de um relacionamento abusivo – Flávio Melo Ribeiro

Vários são os motivos para entrar ou manter um relacionamento abusivo, desde a insegurança, da autodesqualificação, achar que a outra pessoa lhe traz segurança, sentir-se amada, considerar que mais ninguém lhe fará feliz, o prazer na sexualidade, entre tantos outros motivos. Porém, o que faz a pessoa não conseguir sair de um relacionamento considerado abusivo e que lhe faz mal? 

Não basta se reconhecer no sofrimento, pois isto não é suficiente para a pessoa escapar do julgamento do outro. A saída começa quando a pessoa visualiza outra forma de relacionamento, o qual lhe faz muito mais sentido, um cenário que deseja para si. Quando isto ocorre, possibilita a pessoa avaliar seu relacionamento com outros parâmetros. E, dessa forma, consegue perceber o que está vivendo de negativo, com a possibilidade de lutar para alcançar o que imaginou.

Para facilitar a visualização desse novo cenário é possível prestar atenção em outros relacionamentos, viajar para conhecer novas culturas, ler e se instruir a respeito do que é um relacionamento saudável, estudar sobre bem estar e qualidade de vida. E com essas informações montar o cenário de vida que deseja para si. Uma dica importante é antes de imaginar esse novo cenário, eliminar as barreiras que encontra na vida real. Por exemplo, a pessoa que tem medo da solidão, e por isso pensa que mesmo não estando em boa companhia é melhor do que viver a solidão, deve nesse caso pensar o seguinte “se não tivesse medo da solidão, o que eu faria?”. Então passar a imaginar como deveria ser sua relação. Tentar não imaginar rostos, se deixar livre para compor imaginariamente a relação que deseja ter.

Esses cenários positivos, que trazem a sensação de realização, são ideias para fazer frente ao relacionamento abusivo que está vivendo, e servirem de motivação para escapar de quem lhe subjuga. Porém nem sempre é fácil fazer sozinho caso tenha dificuldade de identificar o que realmente quer para si, ou mesmo buscar orientação em como lidar com a outra pessoa no momento do término, procure ajuda de um psicólogo.

*Psicólogo – CRP12/00449

O poder de amar – Afonso Rodrigues de Oliveira

“O amor introduz a familiaridade, e na medida em que ela entra, a estima sai. Vale mais ser amado com respeito do que com ternura. Esse é o amor que os grandes homens querem.” (Baltasar Gracian)

Não tenho mais paciência para ouvir os programas sobre crimes causados por ciúme. O descontrole nas relações consideradas amorosas, e que na verdade são desastrosas, está se tornando fútil. Afinal de contas, o que é amar? Quando amamos não caímos no lamaçal do descontrole. O amor exige respeito. Ou respeitamos quem amamos, ou não amamos. Simples pra dedéu. Quando não somos capaz de entender isso, não somos capazes de amar. O quarteto que existe na gangorra do amor nem sempre é interpretado como é. São quatro coisas distintas e que confundem os despreparados para o amor. O amor é um sentimento divino e que não deve ser confundido, seja com que for. Ele é só ele. Mas está no grupo dos que compõem o que confundimos com amor. 

Amor, paixão, ciúme, e sexo são um conjunto que não se separa. Mas cada um na sua. O amor deve ser sempre com respeito e sinceridade. A paixão é um descontrole emocional que deve ser visto com tal. Não podemos amar com descontrole. O que devemos é controlar nossas emoções dentro da racionalidade. O ciúme é nada mais, nada menos, do que um descontrole mental. Logo, é uma doença que deve ser vista como tal. Você nunca vai ver uma pessoa mentalmente equilibrada e ciumenta. Assim como nunca irá ver um ciumento mentalmente equilibrado. E o sexo é vida. Sem ele não seríamos. Só somos porque fomos produzidos por ele. Logo, deve ser respeitado, visto com respeito, e não com futilidade. 

Tome cuidado quando se sentir descontrolado, ou descontrolada, no seu amor. Sem respeito não há amor. E quando respeitamos não causamos desconforto causado pelo doentio crime. Mantenha sua mente sadia e equilibrada para poder amar quem você ama, com respeito e dignidade. E respeito e dignidade não se separam. Ou temos os dois ou não amamos. E quando amamos respeitamos a pessoa amada no que ela é, e não no que queremos que ela seja. Se a escolha foi errada, o problema foi seu e não da pessoa escolhida. Ou você entende isso ou não ama de verdade. Está confundindo amor com descontrole mental e emocional. Então é você que deve se cuidar. E quando nos cuidamos com respeito, não desrespeitamos. O amor nunca traz problema. Este está na incapacidade de amar. Que é quando pensamos que tudo podemos porque amamos. O que já traduz um descontrole mental e doentio. Cuidado com a paixão e com o ciúme. Ambos são doenças que só serão curadas quando amadurecermos racionalmente. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460