Opinião

Opiniao 19 08 2019 8772

Desordem na política ambiental  – Sebastião Pereira do Nascimento

Qualquer política de Estado, considerando os seus princípios fundamentais: educação, saúde, segurança, trabalho, infraestrutura, etc, tem como propósito levar qualidade de vida à população. Contudo, de nada adianta considerar esses fundamentos se não levar em conta também as questões ambientais do país. Sendo um meio ambiente em equilíbrio, aliado às dignas necessidades fundamentais, é o que vai assegurar o verdadeiro sentimento de bem-estar a toda população, pois não há qualidade de vida humana se não existir um meio ambiente pelo menos próximo à realidade natural.

Porém, diante da política reacionária imposta pelo governo Temer, e agora acirrada pelo governo Bolsonaro, percebemos que a política ambiental do país passa por um quadro violento de despautério, onde o próprio mandatário, em conluio com seus subalternos, vem negligenciando e praticando o desmonte dos principais avanços ambientais que tivemos no Brasil a partir da redemocratização do país. Esse contingente governamental, ao se apossar das instituições públicas sem nenhum sentido de consciência, se esforça para agir contra o próprio dever constitucional, que é de proteger o patrimônio ambiental brasileiro. 

Portanto, essa postura desorientada e articulada com a “bancada do agronegócio”, vem defendendo a redução das unidades de conservação e de terras indígenas, incitando o desmatamento desordenado, abrindo as terras indígenas para atividades de mineração e agronegócio, incentivando o uso maciço de pesticidas e herbicidas, além de ameaçar e contrapor agentes públicos (governamentais e não governamentais) no âmbito do dever funcional de controlar, fiscalizar, preservar, estudar e cuidar do meio ambiente, o que deixa essa questão bastante fragilizada e acercada de um futuro desconhecido. 

Contudo, em relação à região amazônica, experiências passadas podem nos aproximar um pouco do que se espera desse futuro desconhecido. Basta voltarmos às décadas de 60 e 70, período da malfadada ditadura militar, a qual idealizou o plano de “integrar” a Amazônia a outras regiões do país, abrindo imensas estradas na floresta (como a Transamazônica e outras rodovias interiores), sendo a maioria com a intenção de ligar o nada a lugar nenhum. Como a própria Transamazônica (BR 230) e a Perimetral Norte (BR 210), que tencionavam alcançar destinos incertos.  

De tudo isso, o que resultou foram os grandes impactos ambientais e sociais, atingindo drasticamente os povos nativos, chegando provocar a morte de muitos índios e exterminar completamente algumas aldeias. Com o passar do tempo, apesar dos muitos recursos públicos consumidos, a maior parte desses eventos nunca surtiu o efeito esperado e ainda por cima contribuiu para fixação desordenada de latifúndios (abrindo créditos para grileiros construírem pastagens apenas para alegar a ocupação da terra, ainda que não houvesse nenhuma produtividade), aliada às impactantes atividades madeireiras, às degradantes extrações de minérios e às manifestadas violências no campo. 

Mais tarde isso culminou com a devastada corrida do ouro na Serra Pelada (que ficou conhecida como o maior garimpo a céu aberto do mundo) e outras danosas práticas de mineração em várias regiões da Amazônia até o final dos anos 80. Essas atividades, consideradas desequilibradas e desastrosas, também foram responsáveis pelo completo esgotamento de muito recursos naturais. Os quais, se fossem explorados adequadamente, teriam um olhar conservacionista e seriam muito mais proveitosos socialmente, além de corresponder com a maneira sensata de como explorar o imenso potencial da região.

De forma negativa, outras coincidências notáveis entre todos esses projetos mirabolantes foram: a ruína absoluta da maioria dos projetos, a aceleração do desgaste ambiental, poucos benefícios aos povos da Amazônia, a concentração de renda e o favorecimento do êxodo rural, o qual contribuiu para o inchaço populacional dos principais núcleos urbanos da região. Isso tudo mostra uma patética semelhança com os nossos dias atuais, onde o governo age com as mesmas intenções da ditadura militar, e ainda sem perguntar ao povo da Amazônia o que realmente ele deseja para o desenvolvimento regional.

* Consultor Ambiental e Filósofo

Parabéns para nós

Na quarta-feira, 14, no final da sessão da Câmara, naquilo que chamamos de “explicações pessoais”, lembrei do aniversário da prefeita. Desejei à mulher, mãe, avó, gestora meus mais sinceros votos de saúde, sabedoria, entusiasmo e coragem a seguir no caminho do que foi eleita. Entre elogios e críticas, cabe a nós o exercício da tolerância no conviver com a divergência. Ter posições diversas não pode nos tirar a cortesia, a dignidade. Boa atitude com boa intenção pode ser exemplo em tempos de cólera.

Sou dos que considera política, futebol e religião assuntos bons de se conversar. E se conversando a gente se entende, é do diálogo e na prática da tolerância que vencemos corrupção, injustiças e desigualdades. “Mas ela não mandou te cassar?” Chega de olho por olho. No meu ponto de vista, a existência do outro é que me fortalece. Defendo minhas opiniões e uso das teorias que ensino na UFRR de base referencial na argumentação, sem reprodução literal. Interpretar a realidade pode ser a chave para oxigenar a Política e dar lugar a novos personagens.

Outro dia, um grupo de cuidadores trouxe a mim demandas como adoecimento no ambiente trabalho, ansiedade, depressão, falta de preparo psicológico para lidar com alunos que precisam de estratégias de inclusão. Burnout, afastamentos, salas superlotadas, carreira frágil e diversos abandonos de quem acabou de ser contratado como servidor público. Estranho… Boa Vista não é uma das cidades mais felizes do Brasil? Felicidade, pra mim e Seu Jorge, é viver na sua companhia, estar contigo todo dia, saber que eu tenho seu amor. Amor, como o grego ágape, que se doa, incondicional, que se entrega. Vai ver a pesquisa é míope como os que medem a vida em likes, curtidas…

Falando em likes, numa rede social aí, um seguidor cidadão me marcou numa iniciativa aplaudível da prefeitura sobre nove toneladas de medicamentos recém-entregues. No comment, parabenizei e elogiei o time de servidores da Superintendência de Assistência Farmacêutica; também os vereadores que aprovam, estudam e fiscalizam os 230 milhões de reais do orçamento da saúde municipal. E não é que o comentário sumiu. Isso só mostra o quão profunda deve a ser autocrítica sobre esse jeito de fazer política. Num mundo de ideias plurais, as pessoas devem saber conviver com críticas, mas também com elogios, estes mais perigosos, pois escondem o real estado das coisas.

Se bem que, ouvindo a prefeita pelo rádio, na sexta última, tecendo elogios e “saudade” de um ex-senador, percebi que persiste a falta de diálogo com quem hoje tem dever constitucional de nos representar. Águas passadas não movem moinhos, mas se faltam 30 milhões, pediatras, ginecologistas, seletivo não deu retorno, e cabe ao Ministério da Saúde mudar sua percepção sobre nossa “vulnerabilidade social” para termos mais médicos aqui, que tal, ao invés da briga política com parlamentares nas rádios, a parceria? Não é esse o papel de uma bancada federal atuante, valorizada pelo diálogo em que a sociedade toda sai ganhando? Nova idade, novas práticas.

Na Política também se aprende. E olha que tenho aprendido muito observando, analisando. Como estou no começo da caminhada, claro que sei por onde não quero andar. Sei que não há heróis, sei que demonizar não ajuda, a cega dicotomia direita x esquerda, situação x oposição, sem reflexão, só favorece os que se alimentam de ódio e urnas. Aqui, fico com o desejo que as velas desse aniversário tragam a sorte de dias mais tranquilos, independe dos lados, e muitos anos de vida para o nosso bem.

Linoberg Almeida Professor e Vereador de Boa Vista

Proteste em silêncio – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Democracia é o regime que garante: não seremos governados nada melhor do que merecemos.” (Bernard Shaw)

Vamos iniciar mais uma semana cheios de preocupações. O que não deveria acontecer. Não teríamos com que nos preocuparmos se fizéssemos a coisa como ela deve ser feita. Então vamos fazer. E comece a caminhada pensando na sua responsabilidade em criar um futuro melhor, para que vivamos melhor. E nunca devemos esquecer de que somos nós mesmos os responsáveis pelo nosso futuro. Como queremos viver numa terra próspera se não a construirmos? E todos nós sabemos que a construção começa pelo alicerce. Então vamos construir o alicerce da terra que desejamos e queremos. Porque não basta desejar e querer, é preciso querer e construir.

Há um balaio enorme que nem é de gato nem de caranguejo. Nele está tudo de que necessitamos para o que queremos realmente: é a política. E o elemento mais precioso nela é a democracia. E por que inda não a temos no nível que mereceríamos se fossemos realmente merecedores? Falta prepararmo-nos para merecê-la. Então vamos à luta pacífica, que é a Educação. Porque enquanto não formos educados, não seremos capaz de fazer o que merecemos ter. Mas precisamos merecer. E é simples pra dedéu. É só nos respeitarmos como estudantes da democracia.

Não fazemos revoluções pacíficas com gritos nem arrufos. Mas com educação e respeito pelo que realmente somos dentro de uma democracia. Mas precisamos primeiro construí-la. Vamos iniciar a tarefa. Marquemos os terrenos, iniciemos os marcos, e comecemos o alicerce. E nosso início está nas próximas eleições. Quem de nós já escolheu seu candidato? E por que o escolheu? Quais as qualidades que ele demonstra para ocupar o cargo para o qual o estamos enviando para que trabalhe por nós e para nós? Ou você vai votar nele porque ele é um cara simpático? Ou porque é seu amigo? Ou porque ele vai lhe pagar pelo seu voto? Ou porque ele é o cara que rouba, mas faz? 

Cuidado. Política é coisa muito séria. E todos os bens e males que vêm dela é responsabilidade nossa, como eleitores. E por isso, primeiro precisamos ser cidadãos. E nunca o seremos, enquanto formos obrigados a votar. A obrigatoriedade tira-nos o direito do dever. 

E quando não devemos fazer só o fazemos porque somos obrigados. Nada mais simples, e que nos mantém presos no círculo de elefante de circo. Que é o que vivemos no nosso papel de marionetes dos que deveriam nos libertar, mas nos algemam na ignorância política. Vamos acordar, parar de gritar e fazer o que devemos fazer para nossa liberdade cidadã. Faça isso nas próximas eleições. Pense nisso.

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