Opinião

Opiniao 19 11 2019 9319

Tecnologia – Quanto da nossa vida real estamos perdendo no mundo virtual?

Geórgia Moura*

Já faz um tempo que a tecnologia faz parte das nossas vidas, é nossa aliada na vida pessoal e profissional. O celular, por exemplo, já substituiu a agenda, o alarme, o calendário, entre outras muitas coisas, e isso com certeza, facilita muito nossas vidas. Porém, o cuidado que devemos ter é com o tempo que ficamos “navegando na rede”, fazendo coisas que não são nada úteis para nossas vidas, falando com pessoas que nem sequer conhecemos e olhando suas redes sociais para saber o que fazem, o que comem, como vivem… E nos deixamos de lado, nos perdemos de nós, da nossa essência, para nos dedicar diariamente às vidas de desconhecidos.

É perigoso nos envolvermos tanto nesse mundo virtual, que nem de longe se parece com o real. Pessoas perfeitas, que levam vidas perfeitas, com corpos perfeitos e blá blá blá…

Definitivamente essas coisas não existem e podem levar a um quadro de depressão ou agravar essa e outras patologias em quem se envolve demais nesse mundo de fantasia, que é uma utopia, por acreditar que todos levam uma vida perfeita, exceto ela (a pessoa que dedica grande parte da sua vida às redes sociais).

Se permitir um tempo, pra inclusive desestressar, ficar no computador ou celular, teclando ou só vendo algumas postagens, tudo bem (se isso não te causar nenhum desconforto), mas não é sensato e nem saudável, deixar de viver sua vida, sua verdade, sua história, para viver atrás de uma máquina, observando coisas e pessoas que não acrescentam em nada na sua vida.

Vivemos todos os dias e precisamos viver da melhor maneira, pois nossa saúde emocional e física dependem disso. Que possamos, a cada dia, nos aproximar de nós mesmos, da nossa verdade, em busca de diariamente melhorarmos como gente. Que não nos afastemos de nós e das pessoas que amamos e que nos fazem bem, que o nosso tempo seja dedicado para melhoria do nosso bem mais precioso, que é a nossa saúde mental, e que vivamos a nossa realidade e que esse mundo virtual não ocupe um grande espaço em nossas vidas, pois uma vida ocupada demais, especialmente com supérfluos, representa um vazio.

*Bacharela em Direito e Psicóloga Instagram:@psicologa_georgiamoura Celular: 9 91112692

Coturnos e cadernos II

Walber Aguiar*

“…e acreditam nas flores vencendo o canhão… (Geraldo Vandré)

Era manhã. Adolescentes marchavam, indo na direção do quartel. Ou melhor, da escola quartelar, ou melhor, militarizada. Marchavam sem saber com que motivação iam; se estavam ali por prazer pessoal ou por uma obrigação de obediência aos pais, ou ainda por um dever de consciência, por se achar muito bom pra viver num mundo ruim, torto, ou muito mau pra se viver num mundo bom, capaz de espalhar o ético e a canção, o sensato e o coerente em meio ao caos.

O cabelo não podia ser pintado, tinha que ser preto, embora a justiça tenha dado ganho de causa à aluna que ousou ser diferente. Devidamente amarrado, como toda a disciplina sem liberdade e prazer de aprender com a arte, com a sensibilidade. Embora não tivessem a mesma motivação, marchavam. À semelhança da “marcha pra Jesus”, que nunca precisou de marcha, pois sua marcha sempre foi na direção do amor, nunca da hipocrisia e da motivação política. Caminhavam, de acordo com a música, mas nem sempre cantavam; visto que os motivos eram mínimos para entoar qualquer canção que fosse. Cerceamento da liberdade, transformação de alunos em fantoches, em soldadinhos de chumbo, extinção quase absoluta da criatividade, da arte, da poesia. Até porque nessas escolas quartelares o aluno não precisa pensar ou questionar, basta baixar a cabeça e obedecer, feito vaquinha de presépio.

Isto posto, sabe-se, portanto, de muitas experiências advindas desse modelo de escola, em sua maioria negativas. Alunos com trauma de farda, apelidos, gritos, aliciamento, assédio moral e até sexual. Profissionais capacitados pela pedagogia e pelo viés didático, sendo humilhados por essa gente de farda, (com exceções), com atos de incompreensão, falta de educação, estupidez.

Sim, de acordo com o poeta, escola não é quartel e aluno não é soldado. Por isso, contando as famílias satisfeitas, há muita insatisfação no seio dessas escolas militarizadas, ou seriam quartéis travestidos de uma pedagogia do recalque?

Naquela manhã, muitos alunos caminhavam. Reprimidos ou não, amados ou não, caminhavam. E muitos, mesmo sem criatividade e sem razão, ainda acreditavam nas flores vencendo o canhão…

*Poeta, historiador, professor de filosofia, advogado e membro da Academia Roraimense de Letras

Relativismo conectado à teologia liberal Marlene de Andrade*

“… algumas pessoas abandonarão a fé porque seguirão os ensinamentos de espíritos malignos e enganadores…” (1 Timóteo 4:1)   O relativismo defende que não há uma verdade absoluta e nem universal. “Dr. Google”, neste contexto, explica que sofisma pode ser interpretado como uma mentira ou um ato de má fé e os sofistas defendiam há muitos e muitos anos, inclusive, o próprio Pitágoras, que tudo é relativo, e tal pensamento vindo dele, que era um matemático, é de cair o queixo. 

O relativismo recusa toda e qualquer verdade ou valor tidos como absolutos. Então questiono: dois mais dois são quatro, ou pode ser cinco? E o sol é uma estrela mesmo, ou isso também é relativo?

Ora, afirmar que toda a verdade é relativa é algo que não dá para entender e pelo que se pode perceber o relativismo afirma que o conhecimento é sempre subjetivo e o pior de tudo isso, é que o relativismo moral é muito forte em todo o mundo.

Essa filosofia afirma que não existem valores éticos absolutos e nem verdade absoluta, inclusive a ideia que se tem acerca de Deus, para eles, é relativa.

Infelizmente, é isso que está sendo ensinado em muitas escolas de nível médio e nas universidades, levando os alunos para o ateísmo, pois passam a crer que não existe o certo e nem o errado, nem tampouco Deus.

Infelizmente, esses ensinamentos podem prejudicar o caráter dos adolescentes e jovens, fazendo-os crer que tudo que tivermos em mente podemos fazer, pois não existe nem o certo e nem o errado.

O liberalismo teológico, por seu turno está conectado com o relativismo e ele destitui a autoridade das Santas Escrituras, não crê nos milagres que Jesus fez aqui na terra, nega tudo que for sobrenatural contido na Bíblia, por exemplo, que Jesus é Deus e que Ele padeceu e morreu na cruz para nos salvar e nega também que Jesus ressuscitou.

Muitos liberais se tornam professores dentro de seminários e em faculdades, até mesmo de teologia, a fim de levar à frente suas vãs doutrinas contra o nosso Deus todo Poderoso, o qual é o Senhor de tudo e de todos.

E se para os relativistas não há nada certo e nem errado, os políticos corruptos, assassinos, ladrões, entre outros, os estupradores, podem bater palmas, pois cada um tem a sua própria verdade, podendo dessa forma realizar na prática tudo que lhes der vontade de fazer. Tod
avia, eles se esquecem, que existem as colheitas boas e ruins, e os corruptos presos pela Lava-Jato que o digam.   *Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANAMT-AMB-CFM

Educando para educar

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. (Miguel Couto)

A educação no Brasil evoluiu nas últimas décadas. Mas mesmo assim ainda nos encontramos na lanterninha, muito atrás de países desenvolvidos. Ainda temos muito que fazer pra sermos um povo considerado educado. Muitos dos que educam nunca foram educados. Está aí uma verdade que assusta por ser verdade. Recentemente estive batendo um papo com uma de minhas sobrinhas em São Paulo. Ela é diretora de um colégio de classe média. Bem recentemente ela teve um entrevero com membros de uma comissão da Educação por se recusarem a aprovar três alunos que não tinham condição para a aprovação. E o argumento dos da Educação era que se ela não aprovasse os alunos, mesmo sem eles terem condições, a média de aprovação da escola cairia. E isso seria prejudicial para a escola. Deu pra entender? Não sei se a escola foi ou vai ser prejudicada, mas minha sobrinha não arredou pé. Ela é tão chata quanto eu. 

Enquanto permanecermos nessa política doentia da irresponsabilidade com os futuros cidadãos, não teremos cidadãos educados nem competentes para o progresso. Continuaremos jogando papéis, garrafas e o diabo a quatro nas ruas, nas calçadas e por aí. Mesmo que comecemos uma campanha acirrada, ainda levaremos muito tempo para alcançar um nível aceitável de educação. Talvez quando os da Educação entenderem que sem cultura não há educação. E poucos entendem isso. Por isso poucos são educados para educar. Mesmo porque poucos entendem que a educação é como a cultura, que começa em casa e não na escola. O que vamos buscar na escola é o conhecimento. 

Enquanto não formos um povo educado não seremos um povo civilizado. Por mais que sejamos treinados para o cumprimento dos deveres profissionais, mesmo os mais simples; que por serem simples não são levados em conta. Por exemplo, ontem, eu estava num estabelecimento comercial de alto nível. Duas funcionárias abasteciam as prateleiras de maneira negligente. Outra funcionária chegou, com jeito de chefia, e reclamou:     – Puxa vida… Você não me falou que viria…     E como a outra não questionou, ela continuou:     – Devia ter me falado pra mim ficar sabendo.      Franzi a testa porque me doeu nos tímpanos. Você pode pensar que é tolice minha. Não é. A maneira de falar é tão importante num ambiente de trabalho quanto qualquer outro comportamento pessoal. Enquanto não tivermos uma educação à altura do profissionalismo, não seremos profissionais à altura. A gramática rasteira remete à vulgaridade. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460