Opinião

Opiniao 20 05 2019 8223

Qual desenvolvimento queremos? – (Parte 3) – Fábio Almeida

Em Roraima, dois vilões são apresentados abertamente, por políticos e empresários, como responsáveis pela falta de emprego e pelos baixos índices econômicos. As políticas indigenistas e ambientais são tratadas como um grave problema administrativo, impeditivas da livre atuação econômica, restringindo a amplificação dos ganhos financeiros da pequena parcela agraciada com as benesses do Estado roraimense.

O pensamento concentrador da terra que permeia o imaginário político roraimense aponta a demarcação de terras indígenas como empecilho. Vejo como oportunidade ao desenvolvimento de programas de geração de emprego e distribuição de renda, tendo como protagonistas os indígenas. Existem propostas construídas e pactuadas coletivamente no âmbito do Território da Cidadania Indígena, que perpassam por oportunidades de ampliação da produção de alimentos, valorização cultural e fortalecimento do turismo.

A política ambiental é criminalizada erroneamente. Não há espaço no século 21 de mantermos a lógica devastadora que impera no país, fruto de seu papel ainda preponderante de fornecedor de matéria-prima para construção do bem-estar-social nos países industrializados. Nossas reservas ambientais devem ser vistas como estratégicas a garantia da nossa qualidade de vida, seja pelo fornecimento da água, manutenção dos ciclos climáticos ou pela disponibilidade de insumos para novos de ciclos produtivos.

Os biomas e seus defensores são criminalizados única e exclusivamente em virtude da sanha concentradora do capitalismo brasileiro, tendo em vista o papel secundário do país na divisão internacional do trabalho. Vivemos um momento difícil, onde o governo federal e o local propõem a mudança de todo o marco legal que nos trouxe a garantia de relegarmos no presente e no futuro um ambiente saudável aos nossos descendentes. O lucro não pode ser mais importante do que nossa qualidade de vida.

A administração pública local sustenta-se na inércia, incompetência e comprometimento de classe dos gestores, assim, é mais fácil culpar alguém ou algo. O reflexo desta realidade é identificado nas Leis orçamentárias que preveem mais recursos para o legislativo do que para a SEAPA, AFERR, Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social – FUNDER, Fundo de Desenvolvimento Industrial – FDI e Codesaima juntos. Outra contradição evidencia-se na Lei 215/1998, a qual beneficia apenas alguns segmentos agrícolas, retirando deste os agricultores familiares, dentre estes os indígenas.

Para avançarmos precisamos superar o discurso anti-indígena e antiambientalismo fruto de um modelo de desenvolvimento arcaico que impõe apenas a segregação social e distanciamento do Estado de diversos segmentos sociais. Portanto, a preservação ambiental e as terras indígenas, são espaços para crescimento econômico, geração de emprego e distribuição de renda, basta nossos administradores superarem o canto da sereia de que a saída econômica roraimense está exclusivamente na produção de grãos. Bom dia.

*Historiador. Especialista em Gestão Ambiental. Candidato ao Governo em 2018 pelo Psol.

“Década e meia perdida no combate à pobreza” – Sabrina Lorenzi 

Meta da ONU não deve ser cumprida, prevê FGV. Saída é unir o País em “agenda econômica e social consistente ” 

Dos maiores retrocessos que o Brasil enfrenta, o crescimento acelerado da miséria e da desigualdade pegou de surpresa mesmo os mais pessimistas. O país que tirou cerca de 30 milhões de pessoas da pobreza em dez anos e se tornou referência em políticas de combate à fome de repente jogou de volta na miséria 6,3 milhões – praticamente um Paraguai.

As sequelas da recessão que devastou o mercado de trabalho e interrompeu o ciclo de redução da miséria não dão sinais de trégua. A menos que governo e sociedade civil se esforcem para redistribuir renda, o quadro social será de estagnação na melhor das hipóteses, alerta Marcelo Neri, diretor da FGV Social, braço da Fundação Getúlio Vargas para esta área.

Em 2030, quando vence o prazo para o cumprimento da primeira meta de desenvolvimento sustentável — erradicar a pobreza extrema –, o Brasil deve no máximo retornar ao patamar de antes da crise, estima Neri. Foi quando o País conseguiu sair do mapa da fome.

Na ocasião os brasileiros superaram com folga a meta do milênio que era reduzir a pobreza à metade num prazo de 25 anos. A implementação do Bolsa-Família para milhões de famílias acelerou esta tarefa no começo do milênio e inspirou outros países a fazerem o mesmo. Mas do final de 2014 a 2017, os indicadores dispararam, qualquer que seja o critério adotado para a definição de pobreza.

Está em condições de extrema pobreza quem ganha até US$ 1,90 por dia segundo critério do Banco Mundial. Em pesquisa recente sobre o tema, a FGV Social calculou linha de pobreza de R$ 233 por mês. Por este critério, o total de pobres no Brasil cresceu 33% em três anos de crise. Em 2018 pesquisadores estimam estabilidade do indicador – nada bom para um ano eleitoral, que historicamente resultados positivos.

Com a substituição da carteira assinada por bicos, cresce o contingente de trabalhadores sem acesso aos mecanismos de proteção social que estão relacionados à formalização, como salário mínimo e aposentadoria. Se nada for feito, a concentração de renda, que já cresce desde o último trimestre de 2014 sem parar, continuará aumentando. O aumento do índice de Gini, que mede a concentração de riqueza, segue num ritmo acelerado não visto desde 1989.

Neri, por outro lado, avalia que existe saída. É preciso olhar tanto para a questão econômica, buscando soluções para o equilíbrio fiscal, como para o social. “Hoje o debate está dividido em dois polos, como se uma coisa excluísse a outra … Mas tudo pode virar a favor se for dado um choque de confiança no sistema. E para isso vai ser preciso unir o país em uma agenda econômica e social consistente”.

A seguir a entrevista da Agência Nossa com Marcelo Neri, um dos maiores especialistas em combate à pobreza do País. 

Agência Nossa: Qual a estimativa da FGV deste ano para o total de pobres no Brasil?

Marcelo Neri: Projetar curto prazo no Brasil está mais difícil do que projetar o longo prazo. Preferimos olhar para o horizonte de 2030, prazo para o cumprimento dos objetivos do desenvolvimento sustentável da ONU cuja primeira meta é erradicar a pobreza. Até lá estimamos que se crescermos 2,5% ao ano (PIB) e mantivermos a desigualdade parada, o Brasil voltará ao patamar de antes desta crise, em 2014 quando 8,38% da população estava na pobreza. Já tínhamos cumprido a meta do milênio em 2015. 

Agência Nossa: Nadamos e morremos na praia?

Marcelo Neri: De 1990 a 2015 reduzimos a pobreza em 75%, superando a meta do milênio que era então reduzir a pobreza à metade em 25 anos. Ou seja, depois de dobrar a meta do milênio, teríamos uma década e meia perdida em termos de combate à pobreza.

Agência Nossa: Esta estimativa considera o aumento da desigualdade social nos últimos anos? Ou haverá trégua na desigualdade
medida pelo índice de Gini?

Marcelo Neri: Sim, estamos considerando que a desigualdade será mantida. Essa projeção é até certo ponto otimista, considerando que a desigualdade avançou por três anos consecutivos o que pode sugerir que entramos na fase ascendente de uma nova onda de desigualdade. Do final de 2015 até junho de 2018, o Índice de Gini de renda do trabalho habitual subiu a uma velocidade 50% maior do que vinha caindo na época de queda da desigualdade brasileira, iniciada em 2001. Isso não acontecia desde 1989, o pico histórico da desigualdade brasileira. Agora, mesmo neste cenário concentrador, investimentos voltados aos mais pobres dos pobres podem ajudar a combater a pior forma de desigualdade associada à pobreza sem gerar stress fiscal. Já dispomos desta tecnologia pronta para ser operacionalizada. 

Agência Nossa: Qual plataforma? 

Marcelo Neri: O Bolsa Família é um mecanismo muito barato de distribuição de renda e de melhora no crescimento pelo lado da demanda. Para cada real gasto no Bolsa Família, há um aumento de R$ 1,78 no PIB no caso da previdência o impacto é de R$ 0,52. 

Agência Nossa: Quais seriam alternativas de combate à pobreza que o governo Bolsonaro poderia adotar?

Marcelo Neri: É preciso privilegiar a igualdade de oportunidades para os pobres e para as novas gerações. Uma reforma da previdência bem desenhada é capaz de fazer isso, a agenda de educação de qualidade incluindo educação financeira e em particular aspectos produtivos na base também. Empreendedorismo e regularização fundiária urbana também são agendas portadoras de futuro para quem ficou parado no século passado. Hoje o debate está apartado em dois pólos: na questão econômica, das reformas, contenção de gastos e aumento de produtividade; e na questão social. Se o governo se concentrar somente no social muito provavelmente vai aumentar a pobreza. Mas também não pode deixar de olhar para o social, investindo em melhoras na produtividade na base da distribuição de renda e na equidade dos gastos fiscais. É preciso trilhar pelo caminho do meio contemplando os dois lados da moeda.

*Agência Nossa

A beleza espiritual – Afonso Rodrigues de Oliveira

“A beleza não é qualidade própria das coisas. Ela existe no espírito que a contempla; e cada espírito percebe uma beleza diferente.” (Gabriel Chalita)

Um espírito evoluído sempre contempla a beleza, e esta está no que ele contempla. Nem todos nós somos capazes de ver as coisas como elas realmente são. Tudo vai depender do nosso estado de espírito. Então vamos procurar estar sempre num estado elevado. E isso é possível quando evoluímos como seres de origem racional. Porque é o que somos. Somos todos da mesma origem. E o mais sensato para que possamos ver a beleza onde estamos e como ela realmente é, é que sejamos donos de nós mesmos. Sejamos donos dos nossos pensamentos e saibamos usá-los dentro da racionalidade, caminhando para o nosso mundo real. 

Vamos iniciar nossa semana com a finalidade de vivê-la na beleza que queremos para nossa felicidade. Procure em você mesmo, ou mesma, o que você realmente quer, em seus pensamentos. Não permita que ninguém lhe diga como você deve pensar ou agir. Toda a força de que você necessita para vencer está em você. E o amor é o passaporte para a felicidade. Mas não se pode amar sem racionalidade. E ser racional é saber dirigir a vida como ela deve ser dirigida. Mas isso requer conhecimento espiritual. 

Você é uma criação divina. O importante é que você saiba respeitar isso, respeitando-se no que você é. O que exige de você, uma preparação para ser o que você deve ser. Comece se valorizando no ser humano que você é.

Nunca permita que ninguém dirija sua vida. Uma educação que deve, e pode, começar ainda no berço. Eduque seu filho orientando-o, mas nunca o dirigindo. A criança que cresce sendo bem orientada tem todas as oportunidades de escolher a vida que quer, como adulto, e vivê-la dento do racional. Cada um de nós está, sobre a Terra, no seu grau de evolução racional. E por isso nem todos veem a beleza da mesma forma; mas de acordo com seu desenvolvimento racional. O que é demonstrado no estado de espírito. Não permita que nada, nem ninguém, tire o seu poder de pensar livremente. É nos seus pensamentos que está a força que você deve usar, mas com racionalidade. 

Bata sempre um papo com o seu subconsciente. É muito simples. É só você lhe transmitir seus pensamentos sobre o que você realmente quer. Mas tenha muito cuidado. Independentemente da azáfama em que você se encontre, seja maneiro, ou maneira, na transmissão dos pensamentos. A transmissão deve ser feita através dos pensamentos e não das palavras. Seu subconsciente não ouve, só entende. E sempre lhe diga o que você quer, e não o que você não quer. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460