Opinião

Opiniao 21 06 2019 8426

A diferença entre SER e TER – Flávio Melo Ribeiro      A diferença entre Ser e Ter, embora óbvia, é bastante confundida. Quando se pergunta a alguém quem ela é, geralmente respondem o que ela faz e tem. Respondem qual a sua profissão, o que gosta de fazer, seu lazer, estudo, atividades profissionais e com quem se relaciona. Muito raramente falam do seu Ser, suas características, seus valores, seus desejos e projetos. Mas o conhecer alguém vai além do que ela adquiriu e do que ela faz. Dizer que conhecemos alguém é conseguir antecipar o que essa pessoa vai fazer diante das situações, pois sabe-se quem ela é em seu Ser. Conhecendo a subjetividade sabemos quem o outro é. 

A maior diferença psicológica que se encontra entre Ser e Ter está na segurança que a pessoa pode ter. Uma pessoa segura de si, primeiramente, sabe quem ela é e, com isso, consegue definir com clareza quem ela quer ser num futuro. Dessa forma ela sabe o que deseja possuir e o que é necessário fazer para alcançar. Sendo assim, mesmo que no caminho ela encontre adversidades, essas não serão um peso para sua vida, mas dificuldades que precisam ser superadas. O caminho percorrido, mesmo sendo difícil, é leve de ser vivido. Em contrapartida, uma pessoa insegura é aquela que acredita que precisa ter determinadas coisas para então começar a fazer e, consequentemente, ela espera que será um destaque, pois se tornará aquela pessoa que no fundo ela já deseja ser, mas não é. Mas dessa forma ela ou paralisa e nem inicia as atividades às quais se propôs, ou as realiza de forma insegura com grande chance de dar errado. Além disso, é bastante comum reclamar das dificuldades que o caminho apresenta.

Uma outra grande diferença se encontra quando se mede a confiança que se tem em alguém. A confiança não vem pelo que a pessoa tem, mas pelo que ela é. A ação de uma pessoa que inspira confiança passa uma certeza, pois ela leva em consideração as consequências que ocorrerão ao seu redor, tanto no campo material, como na relação das pessoas que serão afetadas. E isto só é possível se os valores que constituem sua personalidade são de boa índole.

Experimente numa próxima oportunidade falar a respeito de você e seus projetos. Alguns gostarão, mas outros acharão estranho, porque na realidade não querem saber como realmente você é, apenas manterão a confusão entre Ser e Ter e se enganarão achando que lhe conhecem.

*Psicólogo – CRP12/00449 E-mail: [email protected] Contato: (48) 9921-8811 (48) 3223-4386

PERSPECTIVAS! – Selma Mulinari

Pela segunda vez a equipe de governo do estado de Roraima se volta para realizar visitas em outros estados para tentar sensibilizar investidores a vir para Roraima. O discurso é que o nosso estado é a “nova e melhor fronteira agrícola do Brasil”. Segundo a imprensa o governador apresentou o estado, falando do potencial agropecuário, do potencial turístico e de outras áreas como a de investimentos imobiliários e agroindustriais.

Nesse encontro se falou também em Roraima como um estado que tem opções de trabalho, como um estado cheio de oportunidades, um lugar em franco desenvolvimento e ascensão. Nesses discursos também foi colocado um projeto com metas estruturadas, pensando no futuro do estado até 2030. Nessa premissa fala-se de um estado modelo com uma gestão pública eficiente e equilibrada, onde teremos eficiência nas questões de saúde, educação de qualidade, segurança pública com a polícia na rua dando segurança para população e qualidade de vida.

Tudo isso é o sonho de consumo de todo cidadão, é o que todos nós queremos para nossa família. No entanto, é uma tarefa demasiadamente grande, que pra ser realizada requer muito empenho, conhecimento e principalmente vontade política. Quando pensamos em cada ponto dessa questão podemos concluir que políticos gostam de bravatas. Como podemos ser um estado em franca ascensão se estamos passando pela pior crise já enfrentada por essas bandas. 

A crise na Venezuela nos acertou em cheio, convivemos com essa questão todos os dias quando abrimos a porta de nossas casas e vamos para o trabalho e nos deparamos com os primeiros pedintes do dia. Essa questão está mexendo não só com a situação do aumento visível de pedintes e moradores de rua, mas se apresenta no caos em que se encontra o serviço de saúde pública do estado. Mostra-se diante dos problemas que envolvem as questões educacionais, com o aumento de alunos na rede pública de ensino, que já tinha problemas de sobra somente com a demanda interna. Assim como vemos também essa crise através do aumento dos índices de desemprego e violência urbana.

Voltando à questão do agronegócio, temos que pensar só um pouquinho em alguns problemas que deverão ser resolvidos antes de convidar alguém para se estabelecer em Roraima. O que o produtor precisa para produzir? Em princípio, terra. Terra esta que aqui tem um preço convidativo se tomarmos como parâmetro os estados do sul do país. Mas para ter terra é necessário segurança jurídica para garantir a titulação e com isso garantir que o produtor tenha direito a crédito.

Para trabalharmos no campo com o mínimo de tecnologia precisamos de energia, segurança energética que não temos e nem vamos ter pelos próximos 10 anos. E tudo que se disser sobre essa questão antes disso é mera bravata de político. Para trabalhar no campo precisamos de estradas que possamos trafegar o ano inteiro, com asfalto de qualidade que possa aguentar tráfego de caminhões para escoamento da produção. Estradas trafegáveis pedem pontes também de qualidade, coisa que não temos.

Assim sendo, temos que aceitar que estamos longe de ser a primeira opção para qualquer investidor, sem contar que estamos bem longe do centro do país e isso torna o frete infernalmente caro, onde temos passagens aéreas também muito caras e para coroar uma corrente que deixa o estado fechado durante doze horas. Esses são pequenos itens de entrave que devem ser considerados por um governo que oferece oportunidades de trabalho, divulga qualidade de vida, vende expectativas de crescimento e investimento seguro.

Atualmente temos problemas para atender a demanda dos pacientes que procuram diariamente o hospital geral.  Lá não se realizam as pequenas cirurgias mais simples por falta de material básico como medicamentos, luvas, gaze, seringas e os pacientes esperam nos corredores por falta de leito. Na educação os problemas vão desde falta de merenda e transporte escolar, passando pela falta de material didático, material de consumo, material de limpeza, até falta de professores. Temos ainda escolas que não iniciaram o ano letivo e que vão causar um enorme problema aos alunos e familiares.

Assim sendo, acredito que sonhar não custa nada, mas não vivemos de sonho, vivemos da dura realidade onde o índice de violência está altíssimo, onde a crise está implantada aqui com a presença dos venezuelanos espalhados pela cidade, morando nas ruas e abrigos, sem grandes perspectivas de vida, sem emprego, sem renda e dependendo da boa vontade dos outros, pois as ações governamentais atingem somente uma parte dos refugiados. 

Deste modo, vamos ainda ter muitas dificuldades antes de conseguirmos transpor os problemas que ainda temos para produzir em um lugar que ainda tem que investir muito em estrutura básica. E isso se aplica a todos os setores já que os entraves afetam a p
rodução agropecuária, indústria, turismo, setor imobiliário e construção civil. Vamos ainda padecer muito para mudar a matriz econômica do estado que gere empregos e consequentemente concretize a tão sonhada qualidade de vida que todos nós ambicionamos. Assim sendo, vamos ainda remar muito para atravessar essa tempestade que se apresenta para todos nós!

*Mestra em História Social; Conselheira do CEERR [email protected]

O fogo da alegria – Afonso Rodrigues de Oliveira

“A alegria é o fogo que mantém aceso o nosso objetivo, e acesa a nossa inteligência.” (Helen Keller)

Qual seria o objetivo de uma criança se balançando nos balanços ali na Praça? Ela nem sabe, e por isso é feliz. Elas fazem um alarido, quando estão em grupo. O Sol saiu, a manhã esquentou e ouvi a gritaria transmitindo felicidade até mesmo para quem não gosta de barulho. Enquanto elas pulavam, escorregavam e se balançavam os pais ficavam sentados e os observando, felizes. E é aí que os papos se iniciam. E adivinha que papos saem na felicidade dos pais observadores. Até eu estava feliz, observando-os daqui da varanda. E já estou quase viciado em ficar observando o comportamento entre os cachorros, e as crianças.

Estávamos numa segunda-feira encantadora e as crianças encantavam, nas brincadeiras com um cachorrinho pretinho e pequenininho. O cachorrinho corria, pulava, subia as escadinhas dos escorregadores e brincava com as crianças. Percebi que ele não pertencia a nenhuma das famílias presentes. E foi o que mais me encantou. Porque ele brincava com uma intimidade incrível, e conquistava a confiança do pessoal. Sobre os escorregadores, ele, o cachorrinho, brincava com as crianças, descia e ia brincar com os adultos, nos bancos. E todos o acariciavam como se fossem familiares. 

Aos poucos as crianças iam se retirando com os pais. Ele foi ficando sozinho e pelo que me pareceu, preocupado. Não pude evitar o sorriso. Finalmente ele ficou sozinho. Mas não demorou mais do que minutos e logo apareceu uma garota numa bicicleta. O cachorrinho empinou-se e correu de encontro à ciclista. Ela falou qualquer coisa pra ele, mas não deu pra eu entender. Mas ele entendeu. Deixou a bicicleta passar e a acompanhou, em ritmo acelerado. Lá na frente a garota deu a volta e ele continuou acompanhando-a. Repetiram isso por várias vezes. Até que lá na frente ela não retornou. Seguiu em frente. Mas ele parou e sentou-se no cimento da ciclovia. 

A garota seguiu, mas ele não deu a menor bola. Lá na frente ela voltou e ao se aproximar dele, mudou para a outra ciclovia. Ele não se mexeu. Mas quando ela estava diante dele, ele levantou-se correu ao encontro dela e seguiram em frente. Entraram pela via Candapuí e desapareceram. Só aí percebi que eles eram deles. Senti-me feliz com o espetáculo singelo que nem sempre é observado, e que por isso não faz tanta gente se sentir feliz. Por que sair por ai procurando a felicidade quando ela está em você mesmo, ou mesma? É só você prestar mais atenção às coisas mais simples que refletem a simplicidade da felicidade. Simples pra dedéu. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460