Opinião

Opiniao 22 07 2019 8599

Quantos anos você tem?

Não precisa responder, mas a onda do aplicativo que envelhece aparecer logo em tempos de reforma da previdência e numa sociedade que cobra eterna juventude sem dar valor à experiência e maturidade emoldurada em umas rugas e cabelos brancos vai passar. E você, de qualquer idade, como vai tratar idosos no mundo real?

Do mesmo modo que as pessoas não se preparam para envelhecer, as cidades são omissas nesse assunto. Infantilizam a questão na maioria dos casos, envolvendo violência simbólica com linguagem no diminutivo, falsa acessibilidade, atividades coletivas que não correspondem a assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como sujeito de direitos civis. 

Imagine medo, apatia, dificuldade em tomar decisões, pois as pessoas a sua volta anulam desejos e o poder de decisão. Junte a isso uma cidade pensada para carros e motos, não para pedestres, cheia de obstáculos. Sem esquecer da feminização da velhice, desequilibrando o balanço necessário de se pensar no idoso e na idosa como partes do mesmo sistema de subjetividades relevantes.

E como olhar para o futuro? Encarando o presente. O material didático das crianças de Boa Vista invisibiliza a velhice, nossa história e os antigos de Roraima. Reduzir preconceitos e mitos sobre os mais velhos se faz abordando esses temas na infância, formando cidadãos conscientes. “A vovó viu a uva” não cabe na cidade humana e etnicamente diversa como a nossa. E isso pode ser estimulado em currículos combinados num jeito dialógico de tratar a problemática de forma interdisciplinar, independente do ano escolar.

Com tantos casos de violência financeira, abusos, xingamentos, humilhação, estimular a independência do idoso e da idosa é construir uma rede de atenção e proteção eficiente, que passa por melhorar a abordagem de servidores públicos, com ações institucionais, transformando a relação cidade e cidadãos, incluindo aí produtividade, necessidade de prevenção, qualidade de vida e instinto comunitário. Cuidar das pessoas é dever de todos e todas. 

Quando passaram aferindo sua pressão em casa? Sua ficha na Unidade Básica de Saúde está atualizada? E ioga, tai chi, ginástica nas praças? O agente comunitário de saúde é o profissional fundamental por agir na promoção e prevenção, mapeando e encaminhando pessoas ao serviço de saúde. Precisamos reposicionar o mesmo na nossa cidade, trabalhando em parceria com médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagem, cirurgião-dentista, auxiliar ou técnico de higiene dental, psicólogo, nutricionista e profissional de educação física, perto da família da gente.

Você já tentou atravessar uma rua com passos curtos? Os semáforos estão regulados para atender a uma velocidade de 1,2m/s e a velocidade média do idoso é de 0,4m/s. Nossos recém-instalados pontos de ônibus não têm assentos adequados para atender a um público com mobilidade reduzida. Entrar no lotação ou ônibus não é tarefa simples. Com visão e audição reduzida, sem sinais com dispositivo sonoro, gente desrespeitando vagas específicas, haja trabalho pela frente.

Boa Vista tem que garantir a execução de políticas específicas para a preservação da saúde física e mental do idoso; promover e estimular estudos e campanhas com universidades e faculdades; fiscalizar o cumprimento da legislação, educando; ouvir os interesses dos munícipes e os sensibilizar. Interagir com a cidade real é oportunidade de dar fim ao discurso mascarado de afeto e dar voz e vez a quem tem muito ainda a ensinar.

Linoberg Almeida Professor e Vereador de Boa Vista.

O TESTE MAIOR É QUANDO TUDO ESTÁ BEM – Wender de Souza Ciricio

Dario escreveu seu nome na história como o mais habilidoso rei que o Império Persa teve durante a Antiguidade. Construiu longas estradas, um exímio sistema de correios e para facilitar a administração do vasto império criou um sistema político em que elegeu homens denominados sátrapas, espécie de prefeitos. E dentre esses sátrapas um ganhou notoriedade e status de alguém que nasceu para dar certo. Trata-se de um judeu chamado Daniel. Antes mesmo de Dario assumir o poder sobre os Persas, Daniel foi um dos cativos levados para a região pelo rei babilônico Nabucodonosor, que posteriormente caiu nas mãos dos Persas. Esse judeu era uma exceção entre uma classe política de moral duvidosa e encharcada de artimanhas, inveja e perversidade. 

Daniel era um homem notável e de um caráter sem arranhões e mácula. Não tinha qualquer receio de esconder seu zelo espiritual e sua relação afinadíssima com Deus, o Deus dos hebreus e dos cristãos. Mesmo cativo, distante de seu país, conquistou o respeito de quem sobre ele estava ganhando, por meio disso, cargos de muita relevância e expressão política. Porém, é nesse ambiente do “tudo dá certo” é que mora o perigo. Sharles Swindol, grande escritor norte americano destaca que Daniel, por ser correto e íntegro, pagou um preço nada barato. Não é simples estar lugar mais alto, esse lugar, além do risco de interiormente produzir vaidade e soberba, é disputado e é alvo da obsessão e cobiça de muitos.

Toda classe política foi com gana para cima de Daniel. Queriam derrubá-lo e afundá-lo de vez. Quando as coisas dão certo e quando se alcança um lugar e status, de destaque, o perigo se torna eminente. Lá em cima é lugar onde a maioria quer estar, inclusive os malvados, os inescrupulosos, os insolentes e invejosos. Os camaradas lá do mundo de Daniel queriam seu pescoço e destruir sua honra. Espionaram a vida de Daniel, mexeram em suas gavetas, “quebraram seu sigilo bancário e telefônico”, abriram seus arquivos, “grampearam seu telefone” e vasculharam sua casa, seu mundo e sua realidade. Daniel estava sobrando em termos de limpeza, nada de caixa dois, nada de propina, nada de sujeira. Daniel foi inviolável, um homem eticamente acima da média e acima até de hacker.

Sabe de uma coisa? O maior teste da vida não é quando estamos em crise. Na crise prevalece a humildade e nos quebrantamos facilmente diante das pessoas e da vida. Apreciamos conselhos, ouvimos mais e nos tornamos ensináveis. O maior teste é quando está tudo bem, é quando temos dinheiro e ostentamos bens materiais. O maior teste é quando nossa vida está leve, suave e sem caos. Nessas horas somos consumidos pela tentação de achar que somos autossuficientes, que não precisamos de ninguém e que nada poderá nos fazer tremer e balançar. O risco da vaidade e do “salto alto” ronda quem está no alto. Quando está tudo bem corremos o risco de ignorar e sermos indiferentes na relação com os outros. Daniel esteve lá em cima, e estar lá em cima não fez com que o mesmo abandonasse sua fé e dependência de Deus, nem o fez humilhar e pisar em pessoas e não foi motivo para ter sua reputação maculada e ser refém de invejosos. Quando estamos lá em cima não é fácil descer e abraçar quem está embaixo. Por isso nesse teste da vida de quando está tudo bem nunca abra mão da humildade, da condescendência e de respeitar, valorizar e abraçar quem está pertinho de você. Novamente: “Nós precisamos de Deus, nós precisamos de pessoas, isso em qualquer circunstância”.

*Psicopedagogo, teólogo e historiador [email protected]

“Pãos ou pães, é questão de opiniães”. – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Todos os que vivem nessa terra e nesse universo fazem parte do poder da Mente Cósmica Universal”. (Samuel Dodson)

Qual sua opinião sobre nossa existência nessa terra e nesse universo? As opiniões divergem com os que sabem que vivemos num universo que é apenas uma pequena parte do universo. E que ainda não está pronta para o progresso. E que durante nossa existência por aqui, há vinte e uma eternidades, temos vivido as mudanças necessária para a transformação, mas tão lentas que ainda não nos transformamos no que realmente somos. E isso porque a lentidão no nosso desenvolvimento mental mantém-nos num estágio beirando ao primitivo. Ainda preferimos acreditar que fomos feitos de um bolão de argila, a acreditar que somos de origem racional e parte da Mente Cósmica Universal.

Samuel Dodson também nos diz, no seu livro “O Universo do Poder Mental”, que “Os complexos formam-se com facilidade e podem ser adquiridos nos primeiros estágios da vida de uma pessoa”. E é por aí que ficamos e vivemos a vida toda alimentando complexos que nos mantêm na condição mental de elefantes de circo; incapazes de ir além dos limites do círculo de crendices que nos impõem desde a mais tenra idade. Mesmo quando tentamos resistir, resistimos às nossas resistências. Tememos o pecado e cometemos o pecado do temor. Não conseguimos nos libertar de nós mesmos. Nesse círculo de restrições restringimos a ação de nossa mente que fica limitada ao que querem que sejamos em prejuízo do que realmente queremos ser. Queremos, mas não somos capazes de querer. 

Liberte sua mente. O poder da Mente Cósmica está em você. Seu sucesso está na escolha. Você tanto pode seguir o caminho do bem quanto o do mal. A escolha é sua. E ela vai depender de sua capacidade de entender o quanto você pode. Complexos adquiridos na infância podem levar ao sucesso ou ao fracasso, dependendo de sua capacidade de se valorizar. E você nunca vai se valorizar seguindo caminhos escolhidos por outrem. É quando libertamos nossa mente, que somos capazes de ser o que queremos realmente ser. Cada um procura seu caminho de acordo com sua evolução racional. Nem mais, nem menos. E só evoluímos quando nos libertamos do círculo da mediocridade. Que é quando somos capazes de ser sem precisar dizer que somos. Pouco importando quando o artista popular nos diz que “pãos ou pães, é questão de opiniães”. O que importa é o que ele diz no seu dizer. É a cultura popular que não é inferior nem menor do que a erudita. Somos todos iguais nas diferenças. Pense nisso.

[email protected] 9121-1460