Opinião

Opiniao 23 05 2019 8248

Em um ano, desemprego em Roraima cresceu 56% – Flamarion Portela   Mais uma vez, o índice de desocupação em Roraima volta a crescer. Na semana passada, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao primeiro trimestre deste ano, apontam que a taxa de desocupação em Roraima ficou na casa de 15%, batendo novo recorde, sendo a taxa mais alta registrada desde que teve início esse levantamento.

A título de comparação, Rondônia teve o menor índice da região, com taxa de 8,9%, quase a metade.

Comparando com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 56,0%, o que representa 14 mil pessoas a mais desocupadas, no início deste ano. De acordo com os números divulgados na pesquisa, já são mais de 39 mil pessoas aptas a trabalhar em Roraima que estão fora do mercado de trabalho.

O setor privado de Roraima registra 65,7% dos empregados com carteira de trabalho assinada, enquanto 34,3% são trabalhadores sem carteira assinada neste primeiro trimestre de 2019.

Entretanto, a pesquisa aponta uma queda no percentual de desalentados (pessoas que de tanto procurar emprego e não achar, desistem de tentar trabalhar). No primeiro trimestre de 2018 eram 15 mil pessoas. Já no mesmo período deste ano, são apenas 8 mil pessoas, o que representa uma queda de 46,7%.

Um dado que chama a atenção é com relação ao rendimento médio do trabalhador de Roraima, que permaneceu estável, na casa de R$ 2.207,00, sendo o maior da Região Norte.

Fazendo uma leitura fria desses números e observando o cenário em que se encontra nosso Estado, numa crise financeira sem precedentes e tomado pelo fluxo migratório de venezuelanos, que trouxe milhares de pessoas em busca de uma oportunidade de emprego para garantir sua sobrevivência, podemos constatar que esses dois fatores são os principais responsáveis por esse aumento substancial de desempregados em Roraima.

Em reportagem aqui na Folha de Boa Vista na semana passada, o economista Fábio Martinez destacou que, apesar do aumento da taxa de desocupação, Roraima teve um aumento também no número de pessoas ocupadas, ou seja, houve crescimento no número de vagas no mercado de trabalho no período.

Parece um contracenso, mas isso se explica pela quantidade de pessoas, sobretudo venezuelanos, que estão à procura de emprego no Estado. Nos supermercados, restaurantes, pizzarias e vários outros estabelecimento comerciais de Boa Vista, é surpreendente a quantidade de venezuelanos ocupando os postos de trabalho.

Os governos estadual e federal precisam encontrar uma solução urgente para mudar esse quadro, sobre pena de em pouco tempo, não vermos apenas venezuelanos nos semáforos e nas ruas de Boa Vista, mas o próprio povo roraimense à mercê da própria sorte.   *Ex-governador de Roraima

AS CHANTAGENS DO CONGRESSO NACIONAL – Luis Cláudio de Jesus Silva

O brasileiro inventa e inova em tudo, inventou até o tal presidencialismo de coalizão. No entanto, nunca se pode conceituar tão claramente essa tal coalizão, como no momento atual. Já sabemos que o apoio parlamentar está condicionado ao atendimento pelo chefe do executivo das nomeações de seus indicados para os mais variados cargos da estrutura governamental. Como o mérito é sempre de quem indica e quase nunca do indicado, a administração pública sofre com a ineficiência e o povo paga a conta. Agora também sabemos que a tal coalizão precisa da “articulação política”, e junto com essa revelação vem a tradução de que articular significa a completa submissão do chefe do Poder Executivo ao Congresso Nacional, caracterizada pela montagem do ‘balcão do toma lá dá cá’, onde congressistas possam apresentar suas demandas pessoais e nunca sociais e, se não atendidas integralmente são objeto de chantagens.

O que vemos hoje no cenário político nacional é um presidente da república que por resistir a essas chantagens não consegue governar. Não se pode esquecer que esse governo foi democraticamente eleito o que faz das chantagens do parlamento uma afronta à sociedade e um ataque à democracia. Mesmo que ainda timidamente, já se ouvem os rumores vindo de vários setores da sociedade, que cansados dessas ameaças, clamam por uma atitude mais enérgica, inclusive defendendo o fechamento do Congresso Nacional chantagista. A possibilidade de implementação dessa atitude radical ganha força a cada dia, a cada decisão dos congressistas, a cada chantagem revelada. A história nos mostra que assim começam as rupturas do sistema democrático. É só pesquisar os ataques à democracia do início da Década de 60 e que foram usados como justificativa para o início do regime totalitário e, posterior fechamento do Congresso Nacional.

As chantagens vindas do parlamento nada têm a ver com a necessária independência de atuação do Congresso Nacional. Essa independência não pode ser invocada para justificar a existência de um governo paralelo, pois temos um presidente legitimamente eleito, cabendo a este a chefia do Estado e do Governo. Não se pode reputar legítima a chantagem que ameaçou desmontar a proposta de reforma da máquina administrativa, forçando o aumento de ministérios na esplanada e a elevação dos gastos públicos. É imoral a decisão de retirar o COAF e a segurança pública do Ministério da Justiça, numa clara tentativa de atrapalhar as ações anticorrupção e as apurações da Lava Jato. Não é legítimo agir contra a reforma da previdência – defendida por todos os governos e indispensável para a estabilidade econômica. Por fim, não é legítimo se esconder atrás da suposta independência legislativa para atrapalhar a sociedade e o país.

É preciso ressaltar que o povo não elegeu o parlamentar para praticar chantagem e sim para defender os interesses da sociedade. Sociedade esta, que elegeu democraticamente o presidente da república em apoio às propostas de transformação do país, mudando inclusive a forma de fazer política e as relações imorais entre Executivo e Legislativo. Ou seja, há muito que muitos desses parlamentares não representam o povo e não refletem os anseios da sociedade brasileira. Se faltarem, talvez não façam falta.

*Professor universitário, Doutor em Administração.  [email protected]

Residências mais acessíveis – Caroline Cavalheiro 

O último Censo Demográfico do IBGE mostrou que mais de 45 milhões de pessoas convivem com algum tipo de deficiência. Portanto, empatia e consciência social são necessidades urgentes quando se trata de construção residencial. O ideal é que as novas construções adotem itens de acessibilidade ainda na fase de projeto, envolvendo as áreas de arquitetura, civil, elétrica, eletrônica, mecânica e hidráulica. 

As construtoras precisam respeitar a norma 9050 da ABNT, que estabelece diretrizes e critérios básicos para a promoção da acessibilidade, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Um condomínio precisa incluir itens de acessibilidade desde a entrada, passando pelas áreas comuns, até chegar ao próprio apartamento. Este deve permi
tir que a pessoa com deficiência física ou com mobilidade reduzida consiga se locomover com naturalidade, com circulações que permitam áreas de manobras adequadas para cadeiras de rodas. Portas adequadas, banheiros maiores com barras de apoio, acessos que tenham pavimentação com revestimento adequado e caminhos sem desníveis ou degraus, privilegiando planos inclinados ou rampas, são itens que proporcionam mais autonomia, permitindo a circulação por todo o empreendimento.

O custo de implantação dos itens de acessibilidade é de baixo impacto, encarecendo menos de 1% do valor final da obra. Já adaptar um empreendimento pronto pode elevar o orçamento da obra em até 25%. Além disso, a adoção destas práticas favorece a questão de inclusão social, beneficiando a população e impactando em uma melhor qualidade de vida ao deficiente físico. É necessário entender a norma de acessibilidade não somente para atender uma legislação, mas como uma necessidade de inclusão social, para a construção coletiva de cidades mais humanas.

*Arquiteta e urbanista da Rôgga Empreendimentos

Motive e lidere – Afonso Rodrigues de Oliveira

“Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas façam por vontade delas.” (Eisenhower)

Quem não motiva não lidera. Ainda é preocupante observar-se que nem todas as empresas preparam seus funcionários para a liderança. E esta é fundamental para o desenvolvimento. Ainda vemos muita gente confundindo liderança com chefia. E como esse anacronismo é prejudicial ao desenvolvimento nas relações, ainda temos dificuldade em viver no profissionalismo. As relações humanas são fundamentais para o crescimento, tanto da empresa, quanto dos servidores. Levando-se em conta que a empresa depende mais do servidor para seu crescimento do que este dela.

O que levaria as empresas a refletirem mais sobre a importância do investimento no desenvolvimento dos funcionários. 

Na década dos anos cinquenta, observei isso no procedimento de uma empresa de ônibus em São Paulo. Eu trabalhava na indústria e começava a me interessar nesse assunto. E nos trinta anos seguintes, dentro da indústria, caminhei exaustivamente nesse desenvolvimento encantador, que é o crescimento da humanidade nos seus ambientes de trabalho e de família. Durante toda a década dos sessentas trabalhei numa indústria paulista que foi, para mim, uma verdadeira faculdade. Foi aí que, em contato com o SESI, fiz minha parte no desenvolvimento da qualidade no trabalho. 

De certa forma, sinto-me decepcionado sem oportunidade para colaborar no desenvolvimento da qualidade com as relações humanas no trabalho e na família. Uma conexão indispensável para o desenvolvimento humano e profissional. Conexão que exige educação. E a Educação tem sido um assunto muito discutido atualmente, quando já deveria ter superado essa deficiência. Lamentavelmente a sociedade ainda caminha por veredas ínvias em relação ao desenvolvimento que não irá evoluir enquanto não entendermos o valor da Educação. 

De mil novecentos e setenta para cá, a população do Brasil praticamente triplicou. E não temos sido capaz de entender a desordem em que ela, a população, está crescendo, com a consequência do despreparo na educação na população. Continuamos preparando nossa segurança para o bandido, quando ela deveria ser preparada para o cidadão. Ou nos preparamos para essa realidade, ou continuaremos crescendo populacionalmente, despreparados para o crescimento. Ainda não entendemos a importância do relacionamento entre família e trabalho. O que exige preparo na educação familiar. Porque é nesse berço que nos educamos para as caminhadas fora do lar. Simples pra dedéu. Tão simples que os administradores públicos não entendem. Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460