Opinião

Opiniao 23 09 2019 8982

Opa, parece que algo deu errado

Essa é a frase mais comum nas tentativas de acesso ao portal da transparência municipal nos últimos tempos. E olha que temos nos esforçado para aceitar essa tal migração de sistema como a chegada de um novo tempo na divulgação das informações de interesse coletivo, de forma clara e aberta na cidade de Boa Vista. Se bem que na derradeira modernização do 156, importante canal de comunicação com a população, sumiram reclamações e seus protocolos de demandas.

Mudanças são bem-vindas. Afinal, acrescentar itens e abas pode ser rumo mais fácil para quem precisa ter editais, extratos, contratos para exercer o papel de vereador, ou a consolidação do processo democrático, assim como a prevenção da corrupção. No entanto, o serviço de informação ao cidadão daqui é pesado, ruim de carregar, lento, além da nossa conexão de internet não ajudar em nada. Para piorar, tem login, senha, prazo, janelas numa interface que afasta, ao invés de atrair à coisa pública digital.

O propósito da participação eletrônica é aumentar as habilidades dos cidadãos em participar da governança digital. A clareza na participação corrobora a intervenção das pessoas no sistema político de modo que o monitoramento de contas e obras, e o acompanhamento cotidiano dos seus representantes eduque para uma outra cidadania. 

Vai ver meu estresse digital calhou de acontecer bem na época em que estávamos atrás dos contratos de lixo e, sem acesso, causou uma ansiedade danada por respostas. Se bem que os documentos referentes a pardais e sistemas eletrônicos de monitoramento do trânsito nunca estiveram públicos. Nos mandaram pagar a cópia. Não é pelo dinheiro, ok? Até hoje o telefone da servidora destacada para o assunto está desligado ou fora da área de serviço. 

Os contratos referentes à limpeza urbana, os novos conteineres verdes; o detalhamento especificado para pavimentação e demais obras pela cidade; a reforma de praças em lotes que não permitem verificar valores gastos isoladamente em cada praça são exemplos de como estamos longe de possuir um mecanismo de controle que viabilize uma maior responsabilização política aos olhos de todos os atores de uma cidade. Vi em Florianópolis a reforma de uma calçada com placa mostrando valores investidos em cada rua e cada quadra atendida. 

Outro dia, uma cidadã me perguntou sobre uma passagem aérea vista no Diário Oficial de trecho Hong Kong – Brasília – Boa Vista – Hong Kong. ‘Por que a Prefeitura de Boa Vista pagaria viagem para alguém participar de evento internacional em Brasília no mês de março, se o evento daqui sobre o assunto dele foi em junho?’ Não está no Portal da Transparência. É como a cobra da Selvinha Amazônica na Praça dos Bambus, tudo sem valor publicado. Informações sobre morbimortalidade materna, perinatal e neonatal são de difícil acesso. Seja para a primeira infância ou para adultos, as decisões governamentais precisam estar ao alcance da população, que pode, fundamentada, aprovar, criticar ou acompanhar o desenrolar das ações. 

Vivemos momento de transições do sistema, da consciência política e da sociedade em si na convivência com a Lei de Acesso à Informação e suas implicações na gestão pública. Uma coisa é a propaganda de gestão, seja qual for; outra é a cidadania capaz de avaliar políticas como orçamentos participativos inteligíveis que nos deem Educação Financeira ao alcance de todos; menos burocracia com ferramentas, formulários e rotinas simples de reivindicação pelo cidadão; o efetivo estímulo à consulta pública fazendo de cada um responsável real pela escola, ponto de ônibus, banco da praça e por todas as decisões a serem tomadas. Transparência gera confiança, segurança e permite que a luz do conhecimento adentre as sombras. Fiat Lux.

Linoberg Almeida

A Nova Ordem Mundial – Daniel Severino Chaves*

Embora não tenha em meu currículo a academia de História ou de Sociologia, mas a experiência acadêmica em Relações Internacionais me auxilia no comparativo histórico do capitalismo e comunismo. Reabro a inferência ao encontro entre Roosevelt, Churchill e Stalin em Teerã em 1943, no pico da Segunda Grande Guerra.

A situação geopolítica da Europa, após a eventual vitória dos Aliados, teria que ser redesenhada, haja vista que os países ocidentais e a URSS possuíam projetos políticos diversos como estratégia de poder sobre as massas, apesar de o inimigo ter se tornado comum a todos. Novo encontro em Yalta e Potsdam em 1945, esta última para redesenhar as fronteiras de uma nova Europa e dividir a Alemanha.

Na Alemanha Oriental a imposição socialista nivelou a população. E para impedir que seus habitantes fugissem para a país vizinho, construíram um muro, o de Berlim. Já na Alemanha Ocidental, o capitalismo dividia as pessoas em flagrantes desigualdades de ricos e pobres.

Com a derrubada do muro de Berlim os pobres alemães ocidentais, a escória do capitalismo, conseguiram alçar a classe média comprando as propriedades dos orientais inexperientes em comércio. Com a fusão alemã pela liga metálica do capitalismo, a desigualdade se manteve, mas abriu portas para muitos pobres melhorarem de vida com ajuda do fracasso socialista.

Igual situação ocorre na América Latina com o maior exportador de petróleo da região. O modelo socialista implantado promoveu a igualdade semelhante ao alemão oriental, na ausência de muros para evitar a fuga em massa, e a própria política madura bolivariana promoveu a maior emigração da história mundial por motivos de fome, agravada pelas perseguições políticas do desgoverno central.

Chegou a oportunidade dos pobres, vítimas do capitalismo, se prepararem para alçar a classe média se valendo desta evasão venezuelana de miseráveis. A história há de registrar a quantidade de cidadãos ralés do capitalismo brasileiro se tornando senhores “feudais” no país vizinho. É chegada a hora de comprar os imóveis dos refugiados, pois nota-se que a “fruta” vai cair da madura.

Esse último parágrafo acima mostra a realidade de centenas de pessoas que no aparente do oculto se apresentam como “bons samaritanos”, mas no oculto do aparente estão aproveitando a oportunidade de se capitalizarem se valendo da desgraça alheia. Embora toda capitalização e fruto da exploração, essa é no meu ponto de vista a mais cruel e violenta com requintes de solidariedade.

Em uma rede social que participo é comum as discussões relacionadas às ideologias esquerda e direita, e eu sempre relembro que ao final da frase sempre é: “ordinário marche!”. E foi numa destas discussões que um membro do grupo diz: “Quando a esquerda e a direita derem um passo juntas, será um salto”. Frase prospetivista que me levou a analisar por vários dias, até que intendi o propósito real do pensamento de Rui Lúcio descrito na frase histórica de Neil Armstrong: “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”.

*Prospetivismo

Bodas de diamante – Vera Sábio*

Talvez os mais jovens nem entendam o significado do título deste texto, afinal, não sei se acreditam que alguém pode ficar 60 anos casado com a mesma pessoa.

Então esta é a importância de comemora
r, de divulgar e de propagar esta ideia, já que jornal não é lugar de somente notícias ruins, regadas de sangue. A mídia pode mostrar a benção de estar casado durante 60 anos, construir uma linda história, uma sólida família e poder estar aqui para lhes contar isto.

Assim aconteceu com meus pais. São primos de segundo grau, mas a proximidade se deu mesmo quando seus olhares se cruzaram com reflexo de amor e por isso diminuíram com esforços, com grandes pedaladas de bicicleta e esperas ansiosas, que chegasse o dia do mês que se encontrariam devido à distância de mais de 100 quilômetros. Isto só acontecia uma ou duas vezes por mês, virando rotina durante os dois longos anos de namoro até o casamento, este sim, longo e muito longo, já durando 60 anos.

Podem alguém perguntar o que fizeram para que durasse tanto tempo assim, uma vida toda?

Já pensei bastante nisso e cheguei à conclusão que o que mais importou foi o que não fizeram.

Fizeram raiva, tristeza e até alguma dor, um para o outro. Mas não fizeram traições, infidelidades, a dor do desamor que às vezes dura tempo demais se não tiver perdão, diálogo e retorno aos braços de quem ama.

A cama já foi algumas vezes nova, nestes 60 anos, como a cozinha, o banheiro e mesmo a casa. Mas o companheirismo continuou o velho de sempre, aquele que envelheceu com os mesmos olhares, a mesma confiança e a mesma proteção.

Lembro bem da minha mãe sempre rezando com os filhos e do meu pai, em toda reunião de família, procurando a mão da minha mãe para que rezássemos juntos.

Já gritaram muito, pois italiano pouco sabe falar baixo, mas os gritos foram calados ao perceberem que era hora de voltar atrás, afinal, bravos ou não, sempre dormiram juntos. E nestas horas, sabiam bem como fazer as pazes.

Exemplos, nós, seus filhos, netos e bisnetos, temos de monte, pois a caminhada fala por si própria e quem conseguir chegar com o mesmo vigor e amor nos seus 60 anos de casados, talvez possa jogar a primeira pedra. Até então o melhor é se render aos fatos de que, quando se entrega ao amor, quando deixa ser conduzido pelo amor de Deus, quando se dedica à família, não terá momentos que o perdão não seja usado e de que todos os dias se faça recomeço, pois só dá para chegar aos 60 anos de casados quem estiver disposto a olhar para frente e recomeçar sempre, vivendo a cada dia o melhor que se pode.

Quem ficar preso em alguma falha que já aconteceu, com certeza não tem como prosseguir.

Por isso, muito obrigada meus queridos pais pelo grande exemplo de superação para estarem firmes agora e que Deus os mantenham juntos por mais outros longos anos.

*Escritora, esposa, mãe e filha de Sebastião Sábio e Ilda Cantarelli Sábio Cel 991687731

Blog enxergandocomosdedos.blogspot.com.br

Passando pelo passado – Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Quando se é demasiado curioso de coisas praticadas nos séculos passados, é comum ficar-se ignorante das que se praticam no presente”. (René Descartes)

Uma das coisas mais difíceis para o ser humano é sair do passado. E por isso não conseguimos viver o presente dentro de uma evolução com racionalidade. Falo sério. Ainda não aprendemos que o tempo passa. Que o momento que estamos vivendo, agora, daqui a pouco será passado. E tudo que devemos levar dele é o que aprendemos com ele. São nossos erros que nos ensinam a aprender. E só quando aprendemos é que aprendemos a acertar. Simples pra dedéu. É partindo dessa premissa que chegamos ao nosso destino. Porque nosso destino, nós o construímos. Estamos nos aproximando de uma das decisões mais importantes para nossa vida social. Daqui a mais uns dias estaremos encarando as urnas eleitorais. E será que estamos prontos para o problema? Ou continuamos pensando que não é problema? 

O que queremos e o que esperamos dos nossos candidatos? Taí um problema que não está sendo encarado como problema. Durante a campanha eleitoral, estive analisando os candidatos que se apresentaram. Confesso que estou preocupado. Vai ser necessário muito cuidado e experiência para peneirar na urupema da civilidade, quem realmente deve nos representar. O fechamento do posto de combustível, por exemplo, é um exemplo de como o processo vem de arrastando, há décadas, sem que a justiça acordasse. Mas finalmente estamos tirando a venda. Mas tudo bem. Isso faz parte da nossa evolução. O importante é que aprendamos que ontem é ontem, e nós vivemos o hoje. 

Vamos mostrar para nós mesmos que somos merecedores do respeito que nós mesmos devemos nos dar. Vamos ser maduros para saber o que queremos para nosso futuro. Porque é nele que vamos viver. Não nos esqueçamos de que amanhã o hoje já será ontem. E que vamos viver o hoje e não o ontem nem o amanhã. E não se esqueça de falar pro seu candidato que ele deve, enquanto político e cidadão, lutar pela democracia que ainda não temos plenamente. E que é muito simples. É só se conscientizar que não há democracia com obrigatoriedade do voto. E que não há voto facultativo sem uma educação plena. Se ele for realmente um político, vai entender que o problema está na Educação. E que por maior que o problema possa ser, ele começa no começo. E o começo está no município. Só com competência formamos uma sociedade de pessoas competentes. Olhe nos olhos do seu candidato e veja se ele merece realmente seu voto que vai representar você como um cidadão. O respeito que você merece está em você. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460