Opinião

Opiniao 24 03 2020 9971

Ore e lave as mãos Vera Sábio*

Orar sem ação, não se torna uma oração. porem, ao não cumprirmos o nosso papel, nossas tarefas, é dito: fulano lavou as mãos diante do que viu, do que presenciou etc.

Agora literalmente o clamor é para de uma forma eficiente, bem feita e com responsabilidade; lavarmos as mãos o máximo que pudermos, como prevenção a nós e aos outros. Diante deste vírus tão cruel. Uns vão dizer: mas tem tantas doenças que matam mais, como a dengue por exemplo. Tem sim, no entanto nem uma outra é tão fácil de contaminar, como o Corona . 

Muitos pegaram o vírus do Corona sem saber. Pensaram que fosse apenas mais uma gripe e pronto. o caso é que não é só isto, estas pessoas são os transmissores. ou seja a responsabilidade com o outro é o que salvará muita gente.

É realmente o tempo da solidariedade. Se quisermos que o Brasil não se torne uma Itália, ainda estamos a frente, ainda temos a possibilidade de vermos o triste exemplo dos países que sofrem muito mais do que nós e termos a consciência que não somos os privilegiados. 

Temos condições de tomarmos medidas de prevenções agora e só depende de cada um fazer a sua parte.

Se seus filhos são pequenos e podem ficar sem ir para aula, deixemos eles em casa. Evitem locais cheios e desnecessários, não vá aos shoppings, aos mercados cheios, aos bancos cheios e mesmo as igrejas cheias. 

Aproveitemos nossa condição de ter um Estado pequeno e perto, para andarmos menos de transporte público. Assistamos filmes em casa. Não visitemos nossos idosos. cuidemos para que nossa ausência se torne mais vida para eles.

Enfim o amor se mostra de várias maneiras e a forma agora é o afastamento, a distância que garante a vida.

Saiba também que não se deve ir aos hospitais por pouca coisa, lembremos que hospitais, postos de saúde são locais de pessoas mais fragilizadas, onde a contaminação é maior e precisamos pensar também na proteção aos nossos agentes de saúde. Pois quanto menos tiverem pessoas por pouca coisa procurando os hospitais, mais teremos possibilidade dos casos mais graves serem atendido melhores.

aproveitamos esta crise para voltarmos a Deus, assim em cada lavada de mão, faça uma oração. Pois Deus é quem tem condições para nos livrar de um mal maior.

Agradeçamos pelas bênçãos que o Brasil nos proporciona, pois sabemos o quanto de países estão sofrendo mais do que nós e façamos a nossa parte agora. não deixando para amanha o que pudermos fazer hoje. Afinal prevenir é bem melhor do que remediar.

*Escritora, palestrante, esposa, mãe, cristã e cega com grande visão interna. cel 95 991687731 blog: [email protected]

Love in the afternoon

Walber Aguiar*

“É tão estranho, os bons morrem jovens” (Renato Russo)

Era um dia como outro qualquer . Talvez nem fosse. era um urso polar no Saara, um camelo no Ártico. Tudo tão estranho. Ali, naquela tarde, a vida desenrolava-se feito carretel de linha de menino, totalmente esticada, com a vontade de atingir o inatingível. Ali declamávamos a vida, nos deixávamos fascinar com a grandeza do poente, fotografado por nossas retinas quimericamente fatigadas. 

Era uma tarde quente, na verdade. Muito quente. Nos encontrávamos todos, eu, ele, e todos os que a ele pertenciam e eram pertencidos. Os gêmeos lindos, Sony Ferseck, sua mulher poeta, com Amora, a fruta mais deliciosamente inquietante que um dia tocamos. Também Débora estava lá , com seus olhos profundos e cheios de todo mistério. Ali estava o dono do estabelecimento da praia da polar, seu Manel, que o saudava de forma simples e reverente.

Devair era um homem grande, cheio de estatura e grandeza de ser. Era um jovem senhor, um esteta, um cultuador do belo, do simples, do singular e do inusitado. De repente estávamos na beira d água, sob o guarda sol da grandeza, do delírio e da esperança. Sim, do delírio, da intensidade quimérica, do desejo de que a vida nos desse asas e nos transformasse numa espécie de Ícaro, a fim de que voássemos por sobre todos os problemas do existir. Dos problemas que tentavam diminuir, apequenar a vida. Mas, mesmo com as asas cortadas pela dor da injustiça, do ódio e do esmagamento da felicidade, conseguíamos planar por sobre a exuberância das flores, da arte de falar bem e de escrever sonhos com tinta sangue.

Ali, na praia da Polar, caminhávamos serenemente com um pássaro no bolso e a imensidão no olhar. Ele fotografava com os olhos e me mostrava o crepúsculo dos deuses e o resfolegar da grandeza, ainda que a dor de ser nos arrancasse os cabelos do belo e nos tentasse enfurnar nas masmorras da angústia e do trágico. Depois veio Jama, uma beleza selvagem, uma sinceridade no olhar. Nosso diálogo era uma brincadeira de roda, uma parixara existencial, uma tentativa de mensurar o amor, o sonho, a ternura da poesia, um Deus estranhamente delicioso. 

Estávamos ali, sob o olhar traquino de Macunaima, sob a ingenuidade e a inocência do existir. Éramos parte da água, da areia, do barro, da árvore da vida, cura para os povos. 

Meu menino grande mergulhou nas palavras e emergiu na canção de Belchior, nas léguas tiranas que muitas vezes não conseguiu andar, ou que se arrastou na tentativa de alcançar o inalcançável, de atingir o inatingível. 

Vai, meu irmão, vai meu querido mestre, meu orientador de vida. Um dia nos encontraremos sob as ingaranas do infinito. E ali não haverá nem morte, nem choro, nem dor. Onde o mais simples, finalmente, será visto como o mais importante..

Vá em paz, deixando teu exemplo. Por aqui ficaremos com a saudade e com  tua grandeza de existir. 

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de   [email protected] tel. 99144-9150

Encarando a crise

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Bendita crise que vai fazer o mudo se reestruturar.” (Mirna Grzich)

É claro que não haveria evolução sem crises. Elas fazer as mudanças. Mas, primeiramente é necessário que aprendamos a encarar as crises para que mudemos e nas mudanças cresçamos. Cada minuto da crise é um aprendizado para quem sabe enfrentá-la. Então vamos aprender. E comecemos por não dar tanta importância, assim, aos arrufos causados, não pelas crises, mas pela nossa incompetência em enfrentá-las. Vamos com calma, na luta. As crises são uma fase no desenvolvimento humano. Elas estão em todos os níveis. Vêm de onde menos as esperamos. Chegam de mansinho e dão seu recado de acordo com nossa capacidade de entendê-lo. Então vamos nos capacitar. 

Nada de alardes nem submissão. Vamos encarar a crise com personalidade, responsabilidade, e muita confiança. Somos todos seres humanos em faze de evolução. E nas evoluções os acontecimentos diferem para que aprendamos com eles. E cada crise é um acontecimento. Sua extensão depende do nosso crescimento evolutivo. Porque sem crescimento no há evolução, e vice
versa.

Embora não estejamos prestando atenção a isso, estamos nos aproximando de um novo dilúvio. E é bom que você não ria disso. O tempo no universo é incalculável. Logo não sabemos quantos dilúvios já tivemos sobre a Terra, nem quando teremos o próximo. Pode ser daqui a cem anos ou daqui a cem milênios, quem sabe? Mas o importante é que estejamos preparados para ele. O que certamente não acontecerá. Porque nunca estamos preparados para as crises, por mais simples que elas sejam. Porque nunca aprendemos que elas, as crises, só vêm como consequência do nosso despreparo. E como não estamos preparados para evitá-las, também não estamos para enfrentá-las. Vamos com calma que o andor e frágil e o santo é de barro. Sejamos cuidadosos conosco mesmo e com os outros, e isso independentemente de crises. Só quando aprendermos a viver dentro da racionalidade, em todos os níveis da nossa evolução racional estaremos livres das crises. Então vamos encará-las respeitando seu grau de periculosidade. É importante que nos valorizemos no que somos para podermos encarar as crises como elas são. Vamos à luta. Mas sem medos nem relutâncias. 

De onde vêm as crises, não importa. O que importa é que estejamos preparados para elas. E só depois que elas chegam é que descobrimos que já a conhecíamos. Só que ainda não fomos maduros para nos prepararmos para recebê-las. Nada de apavoramento. Sigamos as orientações que nos dão, mas com amadurecimento suficiente para separarmos o joio do trigo, nas orientações. Pense nisso.

*Articulista [email protected] 99121-1460