Opinião

Opiniao 26 03 2020 Opiniao Opiniao 9982

Todos contra o coronavírus!

Flamarion Portela*

O mundo vive um momento de tensão. O coronavírus, que foi descoberto no final do ano passado na China pode se tornar a maior pandemia dos últimos 100 anos.

Até a última terça-feira, 24, já haviam sido contabilizadas mais de 18 mil mortes no mundo. No Brasil, já são quase 50. Sendo que mais de 80% delas em São Paulo, epicentro da pandemia no país.

Também na terça-feira, foram confirmados mais seis casos de pessoas infectadas pelo coronavírus em Roraima, elevando para oito os casos positivos, sendo que um deles no interior no Estado, no município de Bonfim, na fronteira com a Guiana.

O Boletim Epidemiológico divulgado pela Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) na terça-feira, à noite, revelou que o Estado possui 52 notificações para o Covid-19, de acordo com os critérios de definição de caso recomendados pelo Ministério da Saúde. Sendo que até agora, oito foram confirmados, 16 continuam são suspeitos e 28 foram descartados.

A situação que parecia normal aqui em Roraima até a semana passada, quando ainda não tínhamos notificado nenhum caso de Convid-19, se tornou preocupante quando foram confirmados os primeiros dois casos no último sábado.

As autoridades sanitárias, o Governo e a Prefeitura de Boa Vista, que já haviam tomado algumas medidas preventivas contra a proliferação do coronavírus, imediatamente emitiram novas determinações para a população em geral e a classe empresarial, de modo a tentar conter que o vírus se espalhe rapidamente no Estado.

Foi decretado Estado de Calamidade Pública em Roraima pelo Governo do Estado, está sendo montado um Hospital de Campanha no estádio Canarinho, houve mudanças nos procedimentos de atendimento nas unidades de saúde para priorizar casos suspeitos de coronavírus, as fronteiras com a Venezuela e a Guiana foram fechadas, o comércio também está fechado, salvo aqueles que vendem produtos alimentícios, farmácias e outros do gênero, locais públicos de grande aglomeração foram interditados, enfim, as autoridades estão fazendo o que é possível para tentar conter o vírus.

Mas, a peça mais importante nesse xadrez é a população. Não adiante serem adotadas todas as medidas preventivas se as pessoas não colaborarem. Nesse momento, a coisa mais certa a fazer é permanecer em casa e tomar todas as precauções para se proteger contra o coronavírus.

Fazer a ações básicas de higiene determinadas pelo Ministério da Saúde como lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel; não compartilhar objetos pessoais; cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir; manter os ambientes bem ventilados; e evitar aglomerações é fundamental.

Se cada um de nós fizer a sua parte, vamos derrotar o coronavírus.

Fique em casa!

*Ex-governador de Roraima

CORONAVÍRUS CONTRA A SOCIEDADE MARGINAL: ENFIM, SURGE UM PACOTE ECONÔMICO 

Luis Cláudio de Jesus Silva*

O isolamento social, me fez refletir sobre o comportamento social egoísta daqueles que correm ao supermercado e fazem estoques, esgotando os produtos das prateleiras, ou se apossam de todo o estoque de máscaras, luvas e álcool. Agem sem qualquer preocupação com o outro, como se seu poder de compra superior pudesse livrá-los da contaminação que se alastrará entre aqueles que nada tem.

A sociedade marginal, que fingimos não ver, está ai, as margens do nosso mundo, longe de nossa consciência, sobrevive na miséria ou em condições precárias de subsistência, é formada por pessoas que precisam trabalhar todos os dias para saciarem sua fome e de seus familiares, quando conseguem algum dinheiro, é tão pouco que não se permitem ao luxo do consumo desenfreado e egoísta.

Se o isolamento social está ruim pra você que tem a segurança do emprego fixo e salário garantido (ou pensa que tem), imagina para os pequenos empreendedores, donos dos pequenos negócios que geram a maior parte dos empregos e alicerçam as bases econômicas deste país, que estão proibidos de exercerem suas atividades. Imaginem as consequências para os trabalhadores autônomos, pedreiros, carpinteiros, diaristas, encanadores, eletricistas, carregadores, manicures e assimilados. Imagine o imigrante haitiano, que tentando viver na honestidade e preservar um mínimo de dignidade, trabalha de sol a sol vendendo picolés para ganhar uns poucos trocados por dia.

Para essas pessoas a pandemia causada pelo coronavírus é muito mais cruel e letal. Você por acaso, já se perguntou como essas pessoas estão passando por esse momento? É bom começar a se preocupar…

Sou defensor do capitalista e do liberalismo econômico por convicção, porém essa condição não me impede de ser realista, muito pelo contrário. Para se ter um sistema capitalista forte é preciso o crescimento coletivo, quanto mais pessoas tiverem capacidade de consumir, mais riquezas serão geradas e mais inclusiva será a sociedade.

De que adianta você ter e não poder usufruir? Se você ainda não percebeu, vivemos em isolamento social permanente e não nos damos conta, por medo de assaltos e sequestros nos trancamos dentro de casa e limitamos nossa zona de convivência. Por conta da pandemia, esse cenário tende a piorar. A sociedade marginal, que tem como prioridade máxima a busca por alimentos para manter-se respirando, sem condições de trabalho para aferir alguma renda, se renderá ao estado de necessidade e alguns, por pura falta de alternativas, tomados pelo desespero da fome e tentando salvar a si e aos seus, aumentaram as estatísticas de violência e crimes. Para essa parcela marginalizada da sociedade, o problema maior não é ou será o risco de contaminação, é a fome e a desesperança.

Felizmente, enquanto escrevia essa crônica, fui surpreendido pelo anuncio do Pacote Econômico lançado pelo Governo de Roraima. Entre outras medidas o governo anunciou o Programa Renda Cidadã, que irá beneficiar aproximadamente três mil família carentes com 200 reais mensais. Essa é certamente uma decisão acertada e vinda de onde vem, surpreendente. Antes tarde do que nunca.

Em 2019, quando anunciou que iria extinguir o programa “Crédito do Povo”, contrariando promessa feita na campanha eleitoral, garantiu que iria criar o programa “Renda Cidadã”, transferindo renda de 180 reais para cada pessoa cadastrada. Esta foi, sem dúvida uma boa hora para sair do mundo das promessas vazias e instituir um programa que garanta as pessoas marginalizadas socialmente e que serão as principais vítimas da pandemia, uma renda mínima que remedie a fome e lhes impeça a morte pela inanição e abandono.

Socorrer a sociedade marginal, nesse momento de pandemia, é socorrer a toda sociedade. 

*Professor universitário, Doutor em Administração. [email protected]