Opinião

Opiniao 26 11 2019 9361

Mais humanidade e sensibilidade com os animaizinhos Geórgia Moura*

Um dos temas da redação da UFRR, no último dia 24, foi sobre: “A utilização de testes em animais pela indústria farmacêutica”. 

Tais testes infelizmente estão presentes e são mais comuns do que se imagina nos produtos que compramos.

A evolução do ser humano, por maior que tenha sido (ou não), ainda não chegou ao ponto de ver os animais como nossos iguais. A ideia de libertar os animais e parar de explorá-los em virtude das nossas “necessidades” mal é debatida.

Entretanto, com o crescimento do veganismo e com uma maior conscientização da população sobre a causa animal, os testes em animais vêm causando revolta, e produtos com o selo de Cruelty Free estão tendo uma maior preferência no mercado. Com o boicote do consumidor às marcas que utilizam animais como cobaias, a consequência é que falte verba para financiar os testes em animais.

Infelizmente, muitas autoridades não enxergam a importância de banir esses testes. Prova disso é o Projeto de Lei 70/2014, que visa a proibição dessas práticas, mas que até hoje não foi aprovado mesmo com a pressão dos ativistas.

Muitas pessoas não enxergam a dor e o sofrimento sentidos pelos bichinhos.

Com o avanço da ciência, testes em situação análoga à escravidão em animais já não se fazem mais necessários. Basta acompanhar um pouco a vida de ativistas pela causa ambiental que logo se torna perceptível a importância de banir os testes em animais.

A psicoterapia pode ser uma aliada nessa caminhada de abrir a mente, ter empatia para com os animais, desconstruir pensamentos sobre a necessidade de ter que comer (acabar com outras vidas para que vivamos), ou ainda porque esse comportamento já faz parte da família desde sempre. Algumas pessoas já me falaram sobre a vontade de mudar esse hábito tóxico, que começaram a perceber o mal que fazem e que de fato se sentem mal (emocional e fisicamente), mas como mudar um costume é mais difícil que mudar uma lei, muitos se acomodam e se acostumam com a infelicidade. Que sejamos, a partir de hoje, quem queremos ser daqui pra frente. Podemos e devemos “cortar o cordão umbilical” com os hábitos das nossas famílias, se percebemos que esses são nocivos à nossa saúde.

Não devemos nos julgar melhores que os de outra espécie, afinal todos nós somos animais, o diferencial da nossa espécie é que nos julgamos “racionais”, então, vamos agir racionalmente e pôr um fim na exploração animal. Os bichinhos não são comidas, são vidas. Nossa saúde física e mental agradecem!

*Bacharela em Direito e Psicóloga Instagram: @psicologa_georgiamoura Celular: 9 91112692

Síndrome de Borges

Walber Aguiar*

“Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons”. (Drummond)

Era o mês de novembro. Lembrei dos velhos. Principalmente de Dona Maria, minha mãe, o anjo de pernas arqueadas. Uma lágrima foi produzida quando passei na Rua Coronel Mota, 1367, lugar da boemia, dos coqueiros, do papo solto, dos sete copos de cachaça de Camiranga, dos canteiros do Tio Zé, do cafezinho quente e cheio de ternura da tia Zélia. Vi meu padrinho sentado na pracinha do esgoto, matutando com a fumaça que saía do cigarro.

Invadiu-me completamente a nostalgia quando passei perto do bar do seu Pinheiro, hoje “amarelinho”. Qualhada estava ali, com Jânio Cachorrão e a turma do prazer etílico.

Meu Deus, quanta saudade dos homens e mulheres que aproveitaram intensamente a vida. Quanta saudade dos canteiros da tia Zélia, dos alfaces, cebolinhas e coentros do velho lago, onde empinávamos papagaio e descaíamos linha na direção do infinito. 

Também refleti sobre as valas abertas e alagações do velho bairro de São Francisco. No tempo em que “Chinelão” ainda não andava cachingando. No tempo em que seu Cleto soltava seus rojões no fim de cada jogo da copa do mundo de 82.

Também me veio à memória dona Dalci e seu Calandrino, cheios de uma beleza no falar e no tratar os outros com urbanidade e simpatia. Seu Zé Niça, pai de Célio Wanderley, com seu jeito sério e um coração do tamanho do mundo. Dona Vevé, sempre disposta a atender as pessoas que chegavam em seu comércio. Também lembrei de dona Iolanda, mãe de Moacir, o “bode”, Barbosa Júnior, Márcio, Lenise e Maurício “bunitin”. 

Como aproveitaram a vida, embalando seus filhos em balanços toscos e alegrias duradouras. Como investiram na molecada, na infância, no coração e na ludicidade das crianças. Por isso todos cresceram sadiamente e hoje também brincam com filhos e netos da mesma forma. Minha memória alcançou dona Nena e Chico Cunha, o homem que matava porcos no quintal de casa e convidava a todos para comer torresmo e a cabeça do suíno. 

Talvez o mais folclórico de todos os velhos foi o alfaiate Raimundo Aragão, o velho Arigó, que costurava roupas e sonhos, que criou os filhos com grandeza e dignidade, que viveu com hombridade e respeito. O Velho que andava de branco sentava em sua velha cadeira de balanço, cheirava rapé e dava enormes cusparadas, na tentativa de desabafar aquilo que lhe percorria a alma. 

Seu Coqueiral e dona Candinha eram os mais antigos. Ali na esquina, conversaram e traçaram planos para filhos e netos. Alzira, Nairon, Darlen e Mirian que o digam. 

Por lembrar de todos eles é que deixo de enxergar o asfalto e passo a ver o barro vermelho, as valas, os sonhos em preto e branco. É que considero extremamente a mãe de Didi, Tunico e Ferrujo, dona Luzia, com seus cabelos de algodão. Gente que vive entre a dor e o prazer, entre o sorriso e a lágrima. Mas que , sobretudo, vive.

É preciso saber envelhecer e não ter medo do tempo que esmaga e tira o viço da juventude. É preciso aprender que não precisamos viver numa bitola, num sistema legalista. Temos que nos dar o direito de errar mais, trabalhar menos, tomar mais sorvete, brincar de roda com as crianças e contemplar, com serenidade, o entardecer e o amanhecer.

Ainda lagrimo todas as vezes em que passo na frente daquela casa vazia e abandonada, de número 1.367. Ainda respiro profundamente ao lembrar de seu Eduardo e de dona Marieta, os pais do Mário. Ainda recordo dos dias em que conversei com o velho Lauriston e dona Licinda, seu Walter Aprígio e dona Doquinha. Também lembro de dona Gertrudes, seu Conceição, o sapateiro, dona Baica, seu Nozinho e dona Joana. Até o vereador Íris Ramalho e sua esposa, pais do grande Dagmar Ramalho.

Era o mês de novembro. Lembrei dos velhos e do destino de cada um. Chorei de saudade, senti um aperto no peito e um gosto de “cafezinho bom” na boca…

*Advogado, poeta, historiador, professor de filosofia e membro da Academia Roraimense de Letras [email protected] 

Nossas perdas são constantes Marlene de Andrade*

“Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito. ” (Eclesiastes 1:14)   Vi em um carro escrito o seguinte: “Estou com Deus
e por isso nunca perco”. Ao ler essa mensagem, fiquei pensando que de fato com Deus nunca perdemos, mas por outro lado pensei: quando um familiar querido morre, é perda? E quando um deles adoece, é perda também? E a perda do emprego, casamento desfeito, a casa destruída por um vendaval, ou por uma enchente? É perda? Evidentemente, que sim.

Perdemos nossa juventude, dentes, objetos de estimação e, entre outros, um amigo muito amado quando morre, ou então, quando perdemos um membro do nosso corpo. E para por aí? Não, pois perdemos cabelo, a flacidez da pele, carro, moto, bicicleta, emprego e tantos outros objetos de nossa propriedade, quando são roubados ou ficam com defeitos irreverssíveis. Podemos perder mais algumas coisas? Sim, a nossa saúde. E assim, pensando bem, chegamos à conclusão que nossa vida, aqui neste mundo, é realmente uma história de perdas. Portanto, dizer que quem está com Deus não perde nada é equivocado, visto que todos os dias, sem exceção, temos que encarar perdas, uma atrás das outras.

Salomão, que foi um homem riquíssimo e muito sábio, disse de si mesmo: “… olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol. (Eclesiastes 2:11).

Em outra passagem Salomão assevera o seguinte: “Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração…” (Eclesiastes 2:23). Então afirmar que quem está com Deus nunca perde nada aqui na terra, não é verdade, pois neste mundo estamos sempre perdendo alguma coisa, haja vista Jó, que perdeu tudo, inclusive a sua família.

Porém, apesar de sabermos que no mudo temos inúmeras perdas, a Bíblia nos consola dizendo o seguinte: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. (João 16:33).

Essas palavras nos trazem grande consolo e por isso temos que confiar que Deus está no controle de nossas vidas. E que com Ele, apesar dos sofrimentos devido aos prejuízos que temos no nosso viver diário, não podemos nos esquecer de que a obra perfeita, realizada por Jesus, na cruz do calvário, nos faz de fato, mais que vencedores e capacitados para suportar as tribulações diárias e as perdas que são inevitáveis. No entanto, há que ficar esclarecido que a salvação concedida por Jesus, na cruz do calvário, é eterna e nunca se perde. 

*Médica Especialista em Medicina do Trabalho/ANANT

O dia é todo seu

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Transforme seus momentos difíceis em oportunidade. Seja criativo(a), buscando alternativas e apresentando soluções ao invés de problemas, veja o lado positivo das coisas e assim você tornará seu otimismo uma realidade.” (Aristóteles Onassis) 

Todos os dias são seus dias. Então procure vivê-los como eles devem ser vividos. Procure nas coisas mais simples, a beleza na felicidade. A Natureza é composta de beleza. O último domingo foi um dia de muita felicidade para mim. Acordei às sete da manhã com a música vinda do “Espaço Cultural Plínio Marcos.” Levantei-me, fui até a varanda e fiquei encantado com o movimento. Eram atividades de corridas, caminhadas e ciclismo. A praça estava movimentada com adultos, idosos, crianças e muito mais. Diverti-me.

O importante mesmo é que aprendamos a ver a beleza nas coisas mais simples. Comecei a observar que nenhum dos corredores que se preparavam para a corrida era corredor. Os da caminhada não mostravam nenhuma aparência de atletas. Comecei a sorrir. De repente o Alexandre bateu na nossa porta. Ele já estava pronto para a caminhada. A dona Salete animou-se e se aprontou: vestiu um short e uma blusa adequada e se mandaram para o evento. E porque ainda não fiz minha cirurgia, não deveria participar. Resolvi ficar fazendo o café para quando mãe e filho voltassem do evento. E foi aí que ouvi o cidadão falar pelo alto-falante: “É só uma caminhada simbólica, tá?”. Aí fiquei mais tranquilo. 

Terminei de tomar o café e fui para a varanda, para ver a partida dos atletas nada atletas. Foi legal. Eles já iam passando quando localizei a mãezinha e o filhão, de bonés brancos, no meio do grupo. Foi uma manhã de alegria e muita felicidade. Mais uma vez observei o quanto é fácil e simples ser feliz. É só você libertar seus sentimentos e deixar que eles nadem no positivo. O “Espaço Cultural Plínio Marcos” é um ambiente simples, mas de um valor importantíssimo para os dias felizes da população da Ilha Comprida. E não estou fazendo mídia. Estou externando minha admiração aos que cuidam da felicidade dos que a merecem e nem sempre a têm à sua disposição. 

Contribua para a felicidade da humanidade sendo feliz. E a felicidade está no amor. Quando amamos a vida, a vivemos como ela deve ser vivida. O que já indica uma divisão de amor, felicidade, e amizade. Não há amizade sem amor, nem amor sem amizade. Um elo de prosperidade e felicidade. Simples pra dedéu. Procure viver feliz sendo feliz, pairando no espaço colorido da felicidade. Só quando somos felizes somos capaz de transmitir felicidade. Então seja feliz no seu dia, hoje. Pense nisso. 

*Articulista [email protected] 99121-1460