Opinião

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O MINISTÉRIO PÚBLICO DE RORAIMA ATUANDO NA CONTRAMÃO DOS INTERESSES SOCIAIS

Luis Cláudio de Jesus Silva*

Nesses momentos de isolamento, obrigados a permanecer em casa preservando nossa saúde e a dos outros, precisamos estar mais atentos com o que está acontecendo na nossa sociedade, monitorando como nossos políticos e autoridades estão se comportando e, principalmente como estão agindo no combate dessa terrível pandemia. Mesmo diante de tantos escândalos de desvio de recursos, de compras superfaturadas e do avanço da corrupção, algumas iniciativas dos gestores públicos nos chamam a atenção.

Me refiro àqueles gestores que diante do agravamento da crise no sistema de saúde, cientes da necessidade de união e concentração de esforços para o enfrentamento da pandemia, paralisam políticas, projetos e obras, economizam recursos e ajudam o Estado no que é mais prioritário e importante nesse momento que deve ser salvar vidas. Infelizmente, esse momento também tem desnudado a ganância, o egoísmo e a completa falta de empatia e preocupação social de alguns gestores e, como não agem e decidem isoladamente, refletem o comportamento da instituição que comandam. Feitas estas considerações, sugiro colocarmos os holofotes sobre o Ministério Público de Roraima (MPE-RR).

O Ministério Público de Roraima, tem se mostrado completamente deslocado dos problemas sociais ao mesmo tempo que se concentra vorazmente em tirar o máximo de recursos públicos para atender necessidades secundárias, entre estas seus projetos de expansão e aparelhamento e, principalmente, para manutenção do luxo e suntuosidade da vida nababesca de muitos dos seus privilegiados membros.

Para sustentar meus argumentos, farei duas comparação entre a atuação do MPE-RR e o Poder Judiciário, com quem o Ministério Público sempre busca equidade de tratamento quando para beneficiar seus membros: Se de um lado, o Ministério Público pressiona o Governo do Estado para liberar mais de 37 milhões de reais que poderiam ser usados nas ações de combate a expansão do coronavírus. Do outro, o Poder Judiciário, ao suspender seus projetos e economizar recursos, tem adquirido equipamento de proteção individuais e doado para os profissionais da saúde e da segurança pública que estão na linha de frente do combate a pandemia e, desta forma, ajudando a proteger aqueles servidores que com seu trabalho socorrem nossa sociedade; Se de um lado, o Ministério Público está preocupado com a construção de sua nova sede, cobra e recebe do Governo do Estado recursos públicos no valor de 5 milhões de reais, dinheiro que faz e continuará fazendo falta para reforçar as ações contra a COVID-19. Do outro, o Poder Judiciário, se esforça para economizar e devolve para os cofres do Estado 4,5 milhões do seu orçamento para ser usado na aquisição de equipamentos e outras ações de enfrentamento da crise causada pelo coronavírus.

A grande dúvida é como o MPE-RR consegue com tanta facilidade arrancar recursos do Poder Executivo e quais argumentos tem usado para essa benevolência do Governador?Pois bem, o Ministério Público de Roraima, além de não fiscalizar adequadamente as denúncias de desvios de recursos e a corrupção crônica no sistema de saúde do Estado, tornando-se um dos responsáveis diretos pela falência do sistema e indiretamente pelas mortes que estão ocorrendo, esquiva-se fazendo de conta que nada está acontecendo e se omite, virando as costas para as necessidades da sociedade.

Se não existe obrigação legal de ajudar no combate a pandemia, existe a obrigação moral. O que justifica um órgão que deveria atuar na defesa da sociedade, em pleno período de pandemia, arrancar dos cofres públicos mais de 42 milhões de reais? Recursos públicos que certamente fazem e farão muita falta nas ações de proteção e defesa social. Esses recursos poderiam ser usados para aquisição de equipamentos e instalação de novos leitos de UTI, mas o MPE-RR, tem outras prioridades mais importantes e urgentes.

Precisamos de gestores públicos capazes de entender os problemas sociais, definir prioridades em favor do povo, defender e contribuir para uma sociedade mais humana e solidária, que compreenda que os recursos públicos devem ser aplicados com austeridade e em favor da coletividade. Infelizmente, o Ministério Público de Roraima, além de não cumprir suas obrigações como fiscal da Lei, só tem atuado em defesa dos próprios interesses, deixando a sociedade desamparada e a mercê da própria sorte.

*Professor universitário, Doutor em Administração. www.professorluisclaudio.com.br

Cúmplices da crise

Luiz Affonso Romano*

O Brasil continua vivendo a síndrome da crise, para a qual foi arrastado pela recessão econômica, manutenção de privilégios, adiamento da discussão das reformas e transtornos na área política. Em nome delas, o desenvolvimento é sucessivamente adiado.Enquanto não ocorre, os braços continuam cruzados. Agora, por exemplo, a desculpa está na definição das reformas. Os negócios, antes devagar e muitas oportunidades perdidas, com a chegada da Covid-19, pararam de vez.

Cabe aos consultores, além de apontar caminhos próprios e independentes para alcançar o desenvolvimento, encaminhar saídas para debate. Nesse terreno, graças às múltiplas experiências, o olhar enviesado e crítico e à própria natureza do nosso trabalho, os consultores sabem caminhar. Essa tarefa pode e deve envolver os clientes, a mídia e as autoridades, apresentando propostas concretas para a retomada do crescimento econômico e social. Caso nada seja feito, seremos cúmplices da crise e responsáveis por mais uma década perdida.

Agora que o pico do coronavírus se aproxima, nosso cotidiano mudou e não temos qualquer referência que nos sirva de bússola. Daqui para frente, os choques socioeconômicos serão devastadores e transformações mais aceleradas no emprego e no trabalho.

Assim, os consultores precisam estar conscientes e persistir na tecla da redução das desigualdades e na busca de parcerias na América do Sul; aqui somos grandes em território, PIB e população e contemporâneos.A democracia permite e exige a participação de todos, o exercício da cidadania na sua plenitude; mormente porque o peixe não entende lá muito bem o que é o mar…Ademais, o passado já está feito, mas o presente pode servir de base para construir o futuro.

 

*Consultor organizacional e de pessoas, CEO do Laboratório da Consultoria, presidente da ABCO e coordenador da pesquisa anual Perfil das Empresas de Consultoria no Brasil.

Não embarque na piroga

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“Embarca morena embarca,

Molha o pé, mas não molha a meia.

Viemos de muito longe,

Fazer barulho na terra alheia.”

Estamos vivendo um momento já vivido em nosso querido, e imenso Brasil. E não estou me referindo à crise do vírus, mas à política. O que indica que ainda não aprendemos a viver politicamente. Que não deixa de ser um vírus bem mais perigoso do que o Corona. Os espalhafatos a que estamos assistindo, no ridículo da comunicação, tanto quanto no da política, é assustador. Vamos maneirar e procurar ver o ridículo a que estão nos submetendo. Decepcionantes as discussões entre imprensa e políticos incipientes.

Estamos embarcando em canoa furada. Mo
lhando pés, meias e outras coisas. Na política não se discute. Conversa-se, ouve-se e a resposta pode, muito bem, ser o silêncio. Ela era uma mulher simples, com pouquíssima instrução, mas sempre que nos repreendia dizia: “Quem muito fala, muito erra.” E esse ensinamento me foi dado por minha mãe, uma mulher adorável que soube nos ensinar a viver harmoniosamente. Abraham Lincoln sentia isso sobre sua mãe, quando falou: “Tudo aquilo que eu sou ou espero ser devo ao anjo que foi minha mãe.”

Quando somos educados no lar, estamos preparados para viver a política, dentro da política. E nem todos os políticos atuais estão preparados para a política. Ainda continuam confundindo-a com palco de fuxicos e brados verbais. Mas tudo está em nossas mãos. Temos todo o poder de virar a página. E nunca conseguiremos isso com alardes nem passeatas nas ruas, mas nos ambientes civilizados que abrigam a educação que continuam escondendo-a, em benefício próprio.

Vamos fazer nossa parte. Porque ainda não conseguimos entendê-la. O John Kennedy nos passou esse recado: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer por seu país.” Simples pra dedéu. Então faça o melhor que você pode fazer pela evolução do seu País. E ele merece muito mais do que estamos fazendo por ele. E cada um de nós tem o poder de mudar o rumo da nossa Nação. Vamos à luta, mas sem lutar. Basta que nos eduquemos conscientizando-nos do nosso dever de cidadãos. E nunca alcançaremos o nosso patamar, com briguinhas comadrescas, vindas de políticos que deveriam se preparar para a política, e não para interesses duvidosos.

“Você é tão pobre ou tão rico quanto o seu vizinho, senão não seria vizinho dele.” E você estará se igualando, familiarizando-se com os que continuam levando você para canoa furada, atravessando os riachos da ignorância política. A política é base fundamental para o desenvolvimento do mundo. Pense nisso.

*Articulista

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