Opinião

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Quais os benefícios de um casal aprender inglês juntinho?

  *Por Márcio Cafezeiro

A canção dos Beatles já dizia que “All You Need Is Love” ou, em português, “tudo o que você precisa é amor”. E, neste mês do Dia dos Namorados, eu lhe pergunto: isso vale também para aprender a língua inglesa? O que eu posso lhe dizer é que ter a chance de estudar com o seu parceiro ou parceira pode ser muito vantajosa para o casal. Não apenas no sentido acadêmico, mas também por tudo o que vocês podem conquistar no relacionamento.

Ter um objetivo em comum e, ainda, desfrutar de todos os benefícios que ser bilíngue proporciona, é uma grande oportunidade de aproximar os casais. Tanto aqueles que já estão em um relacionamento tranquilo, quanto aqueles que buscam por uma reaproximação.

Decidir aprender uma segunda língua pode ter vários objetivos, seja ele profissional, acadêmico ou cultural. Vivenciar as mesmas experiências pode ser um grande estímulo para que o casal aprenda junto.

Conto, inclusive, um fato pessoal. Quando conheci minha esposa, ela não sabia falar nada em inglês. Ao me ver assistindo filmes e compreendendo a língua, ela decidiu aprender. Hoje, quando viajamos, por exemplo, ela não depende mais de mim para conseguir as coisas. Ela é capaz de entrar em uma loja ou em qualquer lugar e fazer o que tem vontade. Isso é muito importante para a relação e eu fico feliz em vê-la conquistando esse espaço.

Outro incentivo para os casais estudarem juntos é eles entenderem o quanto podem se ajudar e descobrirem juntos um mundo completamente novo. Até mesmo porque o inglês abre muitas portas, em diferentes âmbitos da vida em dupla. Com isso, eles aprendem a superar desafios.

Muita gente vê a língua inglesa como um “bicho de sete cabeças”. Quando os parceiros começam a aprendem melhor o idioma e passam a ver que pode ser mais fácil do que eles imaginavam, eles entendem também que conseguem superar outras coisas que achavam difíceis, se fizerem isso juntos.

E isso pode despertar também a curiosidade no casal. A partir do momento que eles começam a descobrir coisas novas, eles sempre vão querer mais. Vão também perceber o quanto é importante ser original. E, aqui, digo original no sentido de assistir a um filme em inglês, por exemplo. Por mais que uma dublagem seja muito bem-feita, o áudio original sempre trará mais emoção a quem está assistindo.

É a partir disso, que os dois começam a enxergar o mundo por outra perspectiva e têm cada vez mais vontade de lerem livros, viajar e se divertirem de maneiras mais criativas e que deixem o relacionamento sempre com a chama acesa. Até mesmo os assuntos a serem conversados entre eles terá um “up”. Os projetos de vida também podem nascer a partir daí. O casal bilíngue pode se programar para trabalhar e morar no exterior, e estabelecer muitos outros planos.

Juntos, os parceiros têm a oportunidade de aprender sem julgamentos. Eles sempre estarão ao lado de alguém que pode tirar dúvidas. Caso o outro não saiba responder, eles vão pesquisar e aprender aquilo ao mesmo tempo. Um não estará interessado em se mostrar melhor que o outro, mas sim em conquistar o conhecimento, para que seja um ganho para os dois.

O que eu costumo dizer é que o casal que aprende uma segunda língua, deixa de aprender “junto”, para aprender “together”.

*Márcio Cafezeiro é diretor pedagógico da IP School – Inglês Particular (www.ipschool.com.br). Autodidata, aprendeu inglês ainda criança, assistindo a filmes e desenhos animados insistentemente. Hoje, possui as certificações Toeic, Toefl e Cambridge, as mais conceituadas do mundo.

O novo educar

Por Fernando Shayer 

Educação é inegavelmente um tópico essencial nos debates sobre o desenvolvimento da sociedade, o que ganhou um novo grau de complexidade com a pandemia. De acordo com a previsão divulgada em 2020 pelo Banco Mundial, na pesquisa “The Covid-19 Pandemic: Shocks to education and policy responses”, esperava-se uma grande queda no nível de aprendizado dos estudantes e uma intensa evasão escolar, principalmente devido a questões socioeconômicas. Talvez, o mais surpreendente seja que esse dado é uma afirmação de que a educação já estava em crise, mesmo antes da pandemia.

Um levantamento mais recente do Instituto Datafolha, divulgado no relatório anual da Fundação Lemann deste ano, observa impactos significativos no aproveitamento do ambiente escolar pelos estudantes: 69% dos pais e responsáveis acreditam que as crianças cursando os primeiros anos do Ensino Fundamental terão atraso significativo na alfabetização e 58% vêm a possibilidade de jovens do Ensino Médio deixarem os estudos. Como se não bastasse, 54% se dizem desmotivados com a sala de aula.

Para desenvolver um olhar mais claro sobre essa problemática, devemos nos voltar às bases do nosso sistema de ensino. Se olharmos para o último século de nossa história, veremos como as mudanças são rápidas, cuja velocidade não necessariamente foi refletida no segmento educacional. Tecnologia e inovação nascem da capacidade da sociedade de se adaptar aos problemas, o que ocorre de forma cada vez mais veloz. Por conta disso, diversos setores – incluindo o da educação – tiveram que incorporar novas técnicas e formas, introduzindo equipamentos e mentalidades distintas, para tornarem seus processos mais eficientes.

Em que medida a escola está adaptada aos estudantes do presente? Além disso, esse modelo os prepara para o futuro? Para que possamos responder  essas perguntas com segurança, devemos reavaliar nossas pedagogias e a própria ideia de ambiente de aprendizagem, voltando os olhares para o nosso público: os estudantes que estão hoje na escola e os que ainda vão ingressar na educação básica.

Esses estudantes são muito diferentes daqueles das gerações passadas. Quando eu estava na escola, o que ditava o sucesso de uma instituição de ensino era a quantidade de conteúdo oferecido que eu conseguia reproduzir nos exames. Isso não funciona mais. Atualmente, temos um estudante na sala de aula que é nativo digital e não tem concentração para assistir passivamente uma aula expositiva de conteúdo por cinquenta minutos – ainda que consiga se concentrar num jogo eletrônico por horas a fio.

O conhecimento de conteúdos fundacionais é – e continuará a ser — indispensável para a aprendizagem (organização e reorganização da memória de longo prazo). No entanto, as máquinas cada vez mais saberão esses conteúdos e os proverão de maneira rápida, personalizada e com baixo custo. As máquinas dominarão as funções que não dependem de interação humana.  Por isso, o jovem que entra hoje na escola fará parte de um mercado de trabalho bastante diferente do nosso. Haverá concorrência não apenas com o colega ao lado, mas com máquinas, e a diferenciação dependerá da sua capacidade de pesquisar e fazer sentido dos dados para, em conjunto com outros profissionais, resolver problemas complexos. Isso requer habilidades interativas como comunicação, criatividade, empatia, autorregulação e senso crítico, assim como saber aplicar conteúdos. Não é o que se ensina ho
je nas escolas.

A resposta para esse novo grau de complexidade se dá em três esferas: a mentalidade, a metodologia e a tecnologia.

O mindset da escola, estudantes, docentes e da instituição como um todo, deve mudar para se adaptar às novas necessidades. Em um mundo onde o professor não é o único detentor do conhecimento, não é mais possível se pensar na escola como o único ambiente educativo. A ordem do dia é o aprendizado, isto é, a construção de uma pedagogia baseada no estudante, para que ele aprenda ativamente.

A pergunta passa a ser: qual é a dose certa de conteúdo nas principais disciplinas? Ao ensinar o conteúdo e sua aplicação, a escola deve medir o engajamento dos estudantes utilizando  projetos em que conteúdo e construção de visão de mundo se integrem. Não existe mais sentido no dilema “conteudismo versus construcionismo”.  Esse novo educar exige a integração de práticas behavioristas (para conhecimento de conteúdos), com práticas construcionistas e construtivistas (para a aplicação dos conteúdos em problemas que engajem os estudantes e os ensine a aprender a resolver problemas complexos em rede).  

Por fim, devemos olhar para a tecnologia e destacar um paradoxo: quanto mais digital for a educação, mais importante o papel do professor.  As máquinas aprendem melhor como máquinas do que seres humanos.  Decoram e reproduzem mais e melhor.  O que nos diferencia e nos torna únicos é a relação humana, que só é desenvolvida a partir da relação entre alunos e professores.  Essa é a oportunidade do digital. Diversidade de formas de conteúdo e mídias, intervenções pedagógicas baseadas em dados coletados em ciclos curtos de gestão da aprendizagem, espaço para interação com professores e colegas a qualquer hora e lugar, e um preço muito mais acessível são alguns dos diferenciais do digital em relação ao livro impresso.

O que chamamos de educar vai muito além dos livros, das carteiras e das lousas. Olhar para esse novo estudante e para este novo educar dentro deste novo mundo é o nosso próximo passo na educação.

Fernando Shayer é CEO da Camino Education e da Cloe

Medindo valores

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Não se mede o valor de um homem pela tarefa que ele executa, mas pela maneira de ele executá-la”. (Swami Vivecananda)

Se você é um profissional ou um simples gari, não faz diferença. O que importa e que verdadeiramente vai valorizar você, é sua competência no que faz. Semana passada um dos meus netos estava sorrindo, enquanto eu colhia folhas caídas do jambeiro. Tenho um método simplíssimo, mas muito interessante para facilitar o trabalho. Quando percebi o sorriso dele, expliquei como e onde aprendi aquela técnica. Aprendi-a vendo um gari fazendo-a, recolhendo folhas na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.  Eu passava pela calçada da praia quando vi o gari trabalhando. Parei e fiquei olhando o movimento dele. Alegre e sem movimento esforçado, ele caminhava lenta e confortavelmente. E lá ia ele enquanto eu ficava parado, olhando-o e me lembrando de coisas que eu aprendera bem antes, e que tinham o mesmo efeito educativo e profissional. E nesses momentos, me sinto muito feliz em estar aprendendo na Universidade do Asfalto.   Você deve estar lembrado de casos iguais aos do gari, que já lhe falei. Aprendi com eles numa grande indústria, em São Paulo. Outros momentos exemplares também os assisti e vivi, na indústria naval, no Rio de Janeiro. Operários que foram e serviram como exemplo de pessoas realmente importantes nas tarefas simples que executavam. Não vamos mais falar deles, apenas mencionar o valor que eles nos transmitiram. Um dos maiores exemplos é o do faxineiro da indústria onde trabalhávamos, que foi indicado pelo Presidente da empresa, para a função de auxiliar do gerente da mecânica da empresa. Aquele cidadão nunca imaginou que foi indicado para a nova função, pelo Presidente da empresa, que ele nunca conhecera. Tenho vários outros exemplos que me enriqueceram profissionalmente.  Nunca se sinta mal por achar que seu trabalho atual não está condizente com sua condição social, ou coisa assim. O que realmente importa e está sendo observado é como você faz o que está fazendo, e não o que você faz. E tenha sempre em mente que onde quer que você estiver, tem sempre alguém observando você. Aquele faxineiro nunca imaginou que era observado, todos os dias, pelo Presidente da empresa, quando este chegava ao trabalho.   Faça sempre o melhor que você puder fazer no que faz. Não importa o que você faz, o que importa mesmo é como você faz. O que tanto pode levar você para o bem quanto para o mal. Porque é o que você está fazendo, enquanto constrói sua vida. É o que você constrói que você vai deixar para o futuro. E sua família está nele, no presente. Pense nisso. 

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