Opinião

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O POPULAR ARGUMENTO AD-CUBA

Gustavo Hugo de Andrade Visser

Nesse momento, em que muito tem se falado em Cuba, a preocupação relacionada ao tema, advinda dos brasileiros, não poderia ter outra problematização que não a validação de suas ideologias políticas.

É que, como se sabe, o Brasil, de uns anos para cá, dividiu-se em dois lados, ou seja, dois times, duas torcidas. Posso até invocar, como metáfora, a rivalidade histórica presente no meu estado natal, marcada pelas duas das maiores equipes do futebol paraense: Remo e Paysandu, ou Paysandu e Remo (vai que alguém diz que estou sendo tendencioso por colocar um em primeiro na ordem).

A sensação que tenho sobre toda essa disputa entre adeptos da direita e da esquerda é de que isso se tornou um produto altamente vendável, como um campeonato de futebol, basquete ou até mesmo eventos de artes marciais, estes últimos em crescente expansão de popularidade atualmente. 

O curioso é que o clássico ideológico da esquerda contra a direita e vice-versa não esteve presente em outros tempos da minha geração como estiveram, por exemplo, os animes – Cavaleiros do Zodíaco, Pokémon, Dragon Ball Z, todos vindos da cultura japonesa. 

Como qualquer jovem do final dos anos 90 e primeira década dos anos 2000, embalado pelo ontológico som da internet discada, não presenciei na cultura popular tamanha comoção referente à ameaça petista-comunista ou fascista. Àquela altura, tanto no saudoso Orkut, quanto no emergente Facebook, a temática era muito mais pegar alguém, ou marcar um encontro do grupo na praça da cidade, do que qualquer outra coisa. Talvez esteja emocionado e falando apenas por mim, mas o leitor há de convir que pouco interessava saber se o Francisco Herbert, do segundo ano da Escola América Sarmento, era de esquerda ou de direita. Mais importantes eram as notícias sobre o fim do mundo, que vez ou outra apareciam no Jornal Nacional, sob a convincente leitura de William Bonner.

É notável que a midiatização exacerbada, ora chamada de polarização política, possui ampla relação com a difusão e facilitação do acesso às redes sociais, como Facebook e WhatsApp. Cada smartphone é um WhatsApp, o qual possui inúmeros grupos e notícias compartilhadas a todo momento, sejam verdadeiras ou falsas. Interessante conferir o brilhante artigo de Erica Anita Baptista, Patrícia Rossini, Vanessa Veiga de Oliveira, Jennifer Stromer-Galley – A circulação da (des)informação política no WhatsApp e no Facebook.

Para satisfazer melhor a prosa, indico o brilhante filme “A Onda”, com Jürgen Vogel. Autocracias podem ser de qualquer lado ideológico. Ao debater a atual situação de protestos vivenciada em Cuba, tem sido comum no Brasil atribuir regimes ditatoriais apenas à esquerda, ou apenas à direita. Isso demonstra um deficit de conhecimento histórico, inclusive, da história brasileira. 

Talvez haja a necessidade de revisitar o que ocorreu nas virtuosas terras tupiniquins entre 1964 a 1985, diga-se, uma dita dura circunstância, cujo desfecho se deve também a um forte movimento de protestos nacionais.

O cerne da discussão popular em Cuba continua sendo a luta pelo fim da ditadura em si. Qualquer alegoria atrelada ao discurso, patrocinada por espectadores mundiais, em especial, pelos latino-americanos, torna-se mera falácia para alimentar espaços ociosos nos status de whatsapp.  E, aproveitando o momento, em homenagem à valiosa obra de Aristóteles sobre falácias, eu poderia facilmente dizer que o placar das ditaduras mundiais passadas e atuais apontam para a DIREITA (maior número de ditaduras). 

Isso valida algum argumento para eu defender a esquerda? Para um mau intérprete da língua, sim; porém não passaria de outra falácia. Por isso, seria menos cômico se deixássemos a distinção de esquerda e direita apenas para compreender melhor o GPS, pois a realidade aponta para muitas pessoas que não sabem distinguir nenhuma dessas direções e se veem perdidos quando ouvem a seguinte frase: “dobra a próxima à direita! ”. 

O ponto continua e continuará a ser a objeção indistinta às ditaduras, sejam elas de quaisquer espectros políticos. Viva à democracia!  Aqui deixo minhas modestas palavras, nestes trópicos equatoriais, merecedores de uma BR-174 melhor asfaltada.

Gustavo Hugo de Andrade Visser Advogado eleitoreiro e comentarista político E-mail [email protected]

Respeito e liberdade

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Aprenda a respeitar a liberdade das outras pessoas. Se você quer ser livre, dê e aceite a liberdade dos outros”. (Roberto Shinyashiki)

Não há liberdade sem respeito. Então vamos parar de gritar, como alucinados, sem saber viver a liberdade que deveria ter. porque você nunca vai conquistar a liberdade sem respeitar a liberdade dos outros. Que papel você pensa que está desempenhando quando fica gritando contra seu vizinho porque ele votou no Mané e você votou no Zé? Acorda, Mané. Vamos nos civilizar. E nunca o conseguiremos enquanto não aprendermos a ser civilizados. E é só uma questão de educação.

Napoleão Bonaparte, Miguel Couto, e tantos outros nos alertaram para isso, há muito tempo. Não conseguiremos ser civilizados sem educação. Estamos vivendo uma crise avassaladora. Mais ela não é maior do que as anteriores que vieram no nosso passado.  Provavelmente não será a última. Então vamos nos preparar para vencer esta, e as que virão. E temos o maior exemplo do nosso despreparo, não estando preparados para a atual. Estamos servindo de marionetes para políticos que estão fazendo da crise um instrumento para os arrufos, no palco. 

Voltemos a velhos assuntos usados por aqui. Porque não seremos nada, enquanto não nos valorizarmos para sermos o que devemos ser. Ainda não nos atentamos para o fato de que ainda não somos, verdadeiramente, cidadãos. Ainda somos obrigados a votar, quando deveríamos ter o direito de votar por dever e não por obrigação. Mas também não sabemos que para termos direito ao voto facultativo precisamos ser educados. E por isso vamos nos educar primeiro para podermos exigir o nosso direito, mas sem gritos nem bagunças.

Napoleão disse: “Devemos construir mais escolas, para não termos que construir mais presídios”. Miguel Couto disse: “No Brasil só há um problema nacional: a educação do povo”. E os que deveriam cuidar da nossa educação, não estão nem aí. Talvez porque saibam que se nos educarem perderão a política atual, que é a maior fonte de riqueza. Enquanto para eles, nós não somos mais do que meros garis, para varrer a sujeira. Agora dê uma paradinha, respire e pense devagarzinho: não sou nenhum odioso da política. Ao contrário, amo a política e a respeito.

O que me leva a lutar intimamente, contra os desmandos na política. Comecemos aceitando e respeitando a liberdade das outras pessoas. Elas têm o direito e dever de votar em quem elas quiserem. O que devemos fazer é nos educarmos para que saibamos escolher em conjunto, mas por dever, e não por obrigação. Liberdade e respeito são dois elos. Vamos uni-los na corrente. Pense nisso. 

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