Opinião

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Convite a Autorrenúncia no mundo da Autoafirmação

Debhora Gondim

    

Lucas 14:33

A história mundial desde que Adão comeu o fruto em nome da humanidade tem sido marcada por tempos difíceis. E ao contrário do que o filosofo Jean-Jacques-Rousseau afirmou, o ser humano nasce ruim e é quem corrompe a sociedade. Basta olharmos e observarmos o cenário mundial, desde os primórdios, que veremos que sempre houve instabilidade política; econômica e social. Sempre houve e sempre haverá, neste mundo caído pelo pecado, conflitos entre povos, nações e ideologias.

Todo este contexto é motivado, nutrido e praticado por egos inflados, possuidores de corações orgulhosos. Está carregando em si um histórico de rejeição, opressão, traumas e anseio poder se sobressair sobre o outro. Tudo isso leva a necessidade de autoafirmação. Seja por parte do opressor ou do oprimido. Grande parte da humanidade busca por seu lugar ao Sol como se isso fosse essencial para ter uma identidade.

 A autoafirmação é um dos conselhos mais difundidos pela autoajuda. O conceito desta palavra está em defender a identidade, os direitos, opiniões e desejos. Nada mais é do que a tentativa de se impor a aceitação do meio. Diante disto faz-se uma analise profunda do que realmente motiva a busca por autoafirmação e aponta para a falta ou para a deturpação da identidade. Indivíduos com complexos de inferioridade, em graus distintos um do outro, em que o ego faz com que achem que devem gritar alto, manifestar de forma aberrativa, protestar com ofensas em redes sociais. Atitudes alimentadas por uma raiva travestida de amor-próprio ou de ser politicamente correto, defensores das minorias. Tudo por acharem que não tem ou que não são tratados com a honra que pensam merecer.

Jesus que sempre andou na contramão do mundo e, tendo o cristianismo que se propõe a ser imitador e seguidor de Cristo vem fazer um convite individual para a pratica da autorrenúncia. Jesus nunca buscou a autoafirmação, mas sempre viver a humildade, oferecer perdão aos pecadores que diariamente optam por viver a vida a sua maneira e o rejeitam. Jesus mesmo sendo Deus não fez disso algo a se orgulhar, mas veio a terra como servo de todos e foi obediente até a cruz. Sejamos seus imitadores, perdendo o que este mundo passageiro oferece e ganhando a eternidade.

Cristo compreendeu nossas mazelas e foi levado a cruz por nossas motivações escusas. Mas ao contrário do que muitos de nós faríamos, Ele não buscou justiça própria ou seus direitos, mas como ovelha mansa ele se entregou a uma morte de cruz para que, nós fossemos justificados, mesmo que nunca a mereçamos, diante de Deus. Ele é nosso salvador, nosso advogado, quem luta as nossas causas, que provê o que de fato necessitamos e planeja com maestria um bom futuro para aqueles Nele esperam. Quando compreendemos que para os que estão em Jesus já não há mais condenação e que somos seus filhos amados, em que Ele se agrada (Romanos 8:1; Marcos 1:11), não procuramos autoafirmação, já não nos importamos com o que outros pensam a nosso respeito e nem o que muitas vezes achamos que somos, e sim com o que Deus pensa a nosso respeito.

Em Tito 2:12 afirma que a Graça de Deus mostra o que devemos renunciar e como devemos viver: “Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente,”. A autorrenúncia está em esvaziar o ego frágil de todo censo falso de merecimento; em procurar cura para nosso coração orgulhoso em Jesus para que, não venhamos a nos ofender por tudo que nos acontece ou nos fazem; em cultivar um coração perdoador, humilde e manso; em praticar o autoesquecimento, considerando o outro digno de atenção e ajuda, tendo a necessidade dele como prioridade, amando de fato (1 Coríntios 13). A renuncia a tudo o que é contrário a Deus é marca do verdadeiro discípulo de Cristo.

*Teóloga e Professora

As veias abertas das incorreções humanas

Sebastião Pereira do Nascimento*

Desde os primórdios da humanidade, a vida em sociedade é marcada por contradições e conflitos. E nos dias atuais, estes fatores estão cada vez mais visíveis na medida em que assistimos atônitos os altos graus de conflitos, contradições e desacertos por parte da humanidade. E recorrendo ao que o filósofo Delmo Mattos apregoa diante de tudo isso, a todo instante somos conduzidos a crer que a incivilidade sempre fez parte da condição humana.

Assim, somos obrigados a fazer os seguintes questionamentos: A vida satisfatória defendida por Aristóteles não nos cabe mais? Não nos cabe mais pensarmos no desprendimento humano? Como argumento a esses questionamentos, podemos dizer que hoje vivemos numa época de muitas transformações em todos os sentidos da vida. E diante dessas transformações, é perceptível que os enfrentamentos que ocorrem nas nossas vidas, vêm em consequência da incapacidade de lidarmos com as coisas salutares apreciadas pela natureza humana. Onde o outro é cada vez mais estranho para nós e está cada vez mais distante de nossa capacidade de vê-lo como um ser humano.

Por conta disso, há quem tema que isso possa ser uma tendência geral, e que essas incorreções sejam incorporadas de forma ainda mais acentuada, com menos compromisso social e sem julgamento nenhum. Em vista disso, tomamos consciência de que os esforços das pessoas que antes eram usados para as coisas satisfatórias, agora são voltados para as coisas lamentáveis. E a potencialidade humana que deveria ser um dote essencial, agora é aliada aos desejos imoderados ausentes de verdadeiros significados humanos.

Dentro desse contexto, um grande fator que contribuiu muito para que a humanidade atingisse níveis intensos de esfacelamento, se deu a partir do momento em que se pensou dividir a sociedade em categorias ou classes sociais, onde os grupos humanos são tratados diferentes entre si e ocupam lugares diferentes na sociedade, contrariando o próprio princípio natural de igualdade do homem. Sim, começamos a sucumbir no momento em que esse processo de diferenciação social sobrepôs o estado de paridade promovendo um estado de segregação.  

Sendo a mais
disforme estratificação social, a estirpe que se convencionou tratar de classe média, que apesar de ser – no mundo – um contingente menor do que as minorias desassistidas é o grupo social de maior potencial de coerção, onde insatisfeito com o estado das coisas que lhe convém e com a ordem estabelecida pelo paradigma social, hostiliza as categorias pobres e bajula os super abonados, ou melhor, é a força motriz que impulsiona a concentração de renda e promove a pobreza extrema. Essa classe social quando exaltada deseja tão somente ampliar sua carga de benefícios muitas vezes impróprios, utilizando todos os meios possíveis de se apossar de interesses existencialmente corrompidos.

A classe média é uma categoria amorfa que sofre de profunda oligofrenia – déficit de inteligência composto pela tríade: debilidade, imbecilidade e idiotia. Portanto, é uma casta humana débil, imbecil e idiota que, de maneira geral, forma a força destrutiva da humanidade. Como diz a filósofa Marilena Chauí, “a classe média é o que tem de reacionário, conservador, petulante e arrogante. Ela é uma abominação política, porque ela é fascista, uma abominação ética porque ela é violenta, e uma abominação cognitiva, porque ela é ignorante”.

Não o bastante, quando as diferentes categorias sociais se unem em prol de interesses mais universais, diluem-se numa massa humana e passam a agir, sentir e pensar contra os próprios interesses essenciais, perdendo todo o poder de reação. Mas, como categorias que vivem em constantes conflitos, passam a ser facilmente doutrináveis. Em muitos casos, permanecem na dependência do poder instituído, sendo incapazes de corresponder aos valores mais relevantes. Pois, como diz outro filósofo, Renato Bittencourt, são socialmente desmobilizadas e desprovidas de uma axiologia pujante que lhes permita transformar a ordem estabelecida num auspicioso progresso social.

Ainda na visão de Renato Bittencourt, a massa social quando é manipulada pelas classes dominantes, torna-se fragilizada emocionalmente e coletivamente e é utilizada como instrumento de manobra. Isso porque ela atua acima de tudo por meio de um sentimento confuso, devido à incapacidade de expandir a sua potência intrínseca, transformadora das boas qualidades humanas.

 

Assim, a humanidade esfacelada em diversas categorias humanas, torna-se difícil alcançar um equilíbrio social consistente. Por outro lado, é importante entender que o ser humano é um ser social, e como qualquer ser social ele necessita viver numa sociedade que ofereça condições de igualdade entre todas as estratificações, sem distinções. Portanto, urge a necessidade de uma reflexão sobre a própria animalidade do homem, para que ele possa restituir a capacidade de moderar seus apetites avassaladores. Contudo, nesse processo ele deve ter cuidado, pois o fato de querer tornar a vida cor de rosa, muitas vezes a pessoa acaba se machucando e machucando o outro. A não ser que a pessoa seja um sábio que, por definição, é feliz mesmo diante das adversidades.

*Filósofo, Consultor Ambiental e Escritor. Autor dos livros: “Sonhador do Absoluto” e “Recado aos Humanos”. Editora CRV.

Quem é você?

Afonso Rodrigues de Oliveira

 

“Em nosso mundo moderno, simplesmente não alcançaremos sucesso ou felicidade se não levarmos em consideração as outras pessoas”. (Les Giblin)

Estamos vivendo o século XXI da era cristã. E se prestarmos atenção veremos que somos os mesmos da AC. Pensamos e achamos que estamos progredindo, mas continuamos na mesma vereda. As barbáries daquela época e as de hoje são as mesmas. Apenas têm aparências diferentes. O que engana e faz com que não saiamos do círculo de elefantes de circo.

Ainda achamos que seja uma filosofia, quando nos dizem que somos todos iguais. Aí rimos e, muitas vezes, balançamos a cabeça, em deboche. Ele não quer ser igual a você porque você é um zé das couves; você não quer ser igual a ele porque ele é um metido a sabido e fica falando filosofias tolas. E muitas vezes isso passa pela nossa cabeça, sem percebermos. Vamos prestar mais atenção a esses transtornos mentais. Vamos analisar os pensamentos expostos. Eles nos ensinam.

Que livro você deu de presente ao seu filho, no aniversário dele? Que livro ele está lendo no momento? Taí uma questão que deveria ser discutida com frequência. Nada de anormal, embora muita gente ache que seja uma tolice. Por que meu filho iria ficar contente com um livro de presente? Infelizmente ainda há quem pense assim. O que faz com que não acompanhemos o ritmo do andar da canoa.

O saber está em todos nós. Só não sabemos disso. Recentemente falei daquele cara que num estudo pelo interior da cidade teve que atravessar, de barco, o rio. Uma lição do saber depende do que você sabe para viver feliz. Tanto pode ser o saber de um intelectual como o de um pescador ou canoeiro. A canoa estava furada e começava a afundar. O canoeiro sabia nadar, mas o intelectual não sabia. Qual a importância do saber, nesse momento?

Vamos nos dedicar mais ao saber. E este está no modo de viver. Não podemos viver o momento atual, ignorando o desenvolvimento à nossa volta. Que somos todos iguais, já sabemos. Mas nem sempre respeitamos as diferenças como o maior valor na igualdade. Nunca seremos desenvolvidos enquanto não respeitarmos as outras pessoas no que elas são. E o princípio básico está no respeito. Quando entendermos isso, a violência entrará no seu quadro, e parará de nos preocupar. O que também não significa que devemos ficar indiferentes à violência. O que devemos é não alimentá-la. E podemos fazer isso não lhe dando a atenção, a não ser quando ela faz parte da nossa defesa. E é nesta que devemos mostrar o que somos realmente. Vamos encarar os trancos como ensinamentos. Os erros e as topadas nos ensinam a evitá-los. Pense nisso.

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