Opinião

Opiniao 12722

Solidariedade, visão sistêmica e inclusão: Empreendedorismo Social a nova chave para a educação básica

 

Se existe um aspecto que ganhou força nos últimos tempos é o senso de empatia e coletividade. Em meio a maior pandemia das últimas gerações, surgiu uma rede de pessoas com um único propósito: a preservação da vida. O olhar para o próximo, tido sempre como um pressuposto essencial para o funcionamento de qualquer sociedade, parecia ter se perdido na corrida desenfreada por avanços mercadológicos. Mas, com o inesperado surgimento do coronavírus, em dezembro de 2019, a visão sistêmica para combate e enfrentamento da crise sanitária e financeira voltou-se para questões primordiais de sustentabilidade. Afinal como podemos criar um mundo melhor? Ficou claro que uma das respostas é a busca por soluções para preservação do meio ambiente e outras problemáticas da sociedade.

 

Pensando nisso, nota-se um fortalecimento da prática de Empreendedorismo Social, com o desenvolvimento de ações capazes de gerar impactos positivos e transformações no mundo. Adotar essa prática no ensino básico é um movimento inerente da revolução que estamos vivenciando na área da educação.

 

Desde a década de 1980, especialmente quando as iniciativas socioambientais resultaram em negócios rentáveis, o termo Empreendedorismo Social vem ganhando força no Brasil. Nesse período, houve uma queda nos investimentos públicos em programas de assistência social, o que acarretou um crescimento da desigualdade e uma maior participação do setor privado em ações no campo social. Essa movimentação filantrópica passou a ser planejada e monitorada por empresas e cidadãos.

 

Agora, diante de uma nova realidade, o universo da educação incorpora essa vertente e se propõe a engajar as pessoas desde a infância nesse objetivo, que contempla perspectivas históricas, culturais e sociais, para proporcionar um mundo em que todos tenham acesso a direitos básicos e a uma vida digna.

 

Mas como implementar o Empreendedorismo Social no ensino básico? O primeiro passo é pensar na educação como uma comunidade formada por grupos diversos e multietários, com crianças de diferentes idades, realidades sociais e étnicas.

 

O impacto transformacional na educação acontece a partir do momento em que a escola é repensada como um todo em quesitos de locação, papel do professor e trajetória do estudante. Por exemplo, porque não criar um coletivo de mestres, tutores e especialistas de diversas áreas que será responsável por orientar projetos que apresentam soluções sustentáveis? Trata-se da transformação de uma educação conteudista para uma educação com propósito. 

 

Engajar estudantes nesse modelo de ensino requer um trabalho diário para mantê-los informados sobre o que está acontecendo no cotidiano global e regional. Quais são as principais problemáticas mundiais e do país em que vivem? Como a comunidade mais próxima está vivendo? O bairro e arredores da escola estão enfrentando dificuldades? Essas questões interligam os alunos à realidade e, consequentemente, os aproximam de pontos fundamentais para o desenvolvimento humano.

 

Somado a isso é essencial descobrir os principais interesses e necessidades de cada estudante e oferecer autonomia para que, no coletivo de mestres, colegas e familiares, eles proponham soluções para os principais dilemas socioambientais. A tecnologia e a inovação são peças indispensáveis nesse processo transformacional.

 

Quem atua na área de educação sabe o quanto é gratificante ver crianças e jovens motivados e envolvidos em um projeto. Ainda mais quando esse planejamento proporciona mudanças significativas para o mundo. Os 17 objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU visam solucionar problemas relacionados à pobreza, fome, desigualdade social e falta de saneamento básico e devem ser atingidos até 2030. As chances de juntos alcançarmos essas metas não seriam muito maiores se ensinarmos nossas crianças, desde cedo, a terem um pensamento crítico, coletivo, solidário e empático?

 

Mas seria até irônico tentar promover essa mudança significativa considerando apenas o ensino em âmbito privado. Por isso convido vocês a repensarmos a educação como um todo e para todos!

 

Vamos apoiar as escolas públicas, oferecer consultorias e plataformas inovadoras que proporcionem uma metodologia ativa, gestão participativa e, juntos, construiremos uma educação para um mundo melhor.

 

*Raphael Ozawa é empreendedor, especialista em tecnologia educacional e CEO da Lumiar Educação.

Qual a sua opinião?

Afonso Rodrigues de Oliveira

“Há uma coisa muito mais forte que o capricho das crueldades políticas: é a opinião pública de uma nação livre, próspera, feliz, moralizada”. (Rui Barbosa)

E uma nação nunca será livre, nem próspera, sem educação. E sem esses recursos não há como ser moralizada. Que é o que estamos e continuaremos vivendo, pelo que nos parece. As discussões políticas a que assistimos diariamente, em nosso Brasil, mostram o quanto ainda estamos atrasados na caminhada para uma nação livre. Ainda não estamos preparados para expressar nossa opinião sobre a política brasileira. O que ouvimos de comentários sobre a política, todos os dias, nos enjoa. Ainda estamos naquela de que “…os que sabem governar o país estão ocupados cortando cabelos ou dirigindo táxis”.

Vamos refletir um pouco, pelo menos, para ver se conseguiremos noss
a cidadania com os nossos pensamentos e atitudes civilizados. Preocupa-nos pensar em quanto dinheiro foi e está sendo gasto com essa pantomima chamada de CPI. O Brasil vem nadando em águas turvas, na política, há séculos. E pelo que vemos continuaremos nadando no lamaçal da ignorância, por muito tempo.

E como já citamos o Rui Barbosa, vamos citar mais uma das suas maravilhas: “Há os que plantam a alface para o prato de hoje. E os que plantam o carvalho para a sombra de amanhã”. O que nós, brasileiros continuamos plantando? Que semente estamos preparando para as próximas eleições. Que visão estamos tendo para o futuro da nossa política que ainda não amadureceu o suficiente para nos garantir a cidadania? Ainda não nos convencemos de que ainda não somos cidadãos, como os políticos, asseguram que somos.

E o que mais me preocupa é quando uma autoridade vem a público e nos chama de cidadãos. Será que ele sabe que não há cidadania com obrigatoriedade no voto? E como vamos esperar que nos eduquem, quando os que deveriam nos educar não são politicamente educados? Estamos com um engodo do tamanho do mundo. Então vamos nos valorizar e procurar convencer os futuros candidatos de que eles são responsáveis pela política. Porque eles ainda não entenderam isso. Mas tenha em mente que a responsabilidade é de cada um de nós. Porque ainda não somos cidadãos, por ainda não sermos devidamente educados politicamente.

Vamos buscar nossos direitos, mas calcados nos nossos deveres. E é nosso dever buscar o respeito que merecemos, elegendo candidatos capazes. E também não seremos capazes, se não nos educarmos para a política. E a educação é o princípio da vitória. Sem educação não haverá cidadania, sem o que não haverá respeito, e sem respeito não há progresso. Pense nisso.

[email protected]

99121-1460